Kitty sente-se prisioneira de um casamento infeliz e de um estilo de vida que está longe de ser aquele que sonhou para si. Sem que tivesse obtido a notoriedade social que desejava e afastada do seu país e da família devido à profissão do marido - bacteriologista destacado para Hong Kong - , a jovem acaba por encontrar algum consolo numa relação extra-conjugal. Mas a traição acaba por ser descoberta pelo marido, que leva a cabo uma estranha e terrível vingança...
Opinião
Há alguns anos, sem querer, vi o filme o "Véu pintado"! Adorei o filme, mas andava longe de saber que tinha sido baseado num livro! Tal só aconteceu à algumas semanas atrás o que, desde logo, despertou em mim a curiosidade de ler o livro!
Agora que terminei a leitura sinto-me um pouco desiludida com o livro... Acho que é a primeira vez em que, na minha opinião, o filme supera o livro...
O tema que está presente no livro é, a meu ver, bastante interessante. O casamento forçado, a época dos loucos anos vinte, a personalidade frívola de Kitty, o embaraço ?de Walter... Tudo isto, parecem-me ingredientes de qualidade para uma história de qualidade. Contudo, acho que apartir do momento em que Walter decide partir para Mei-tan-fu com Kitty devido a traição desta, a narração fica pobre em termos de acontecimentos... Acho que a narrativa ficaria a ganhar se, tal como aconteceu no livro, houvesse uma maior exploração da relação deste casal que é obrigado a conviver mais, a falar, a re-descobrir-se... O autor vai dando indícios de uma mudança de opinião de Kitty em relação àquilo que pensa do marido, contudo não a concretiza em termos e atitudes. O que vai sendo mais visível é o desenvolvimento de Kitty ao nível da sua personalidade e na forma como encara a vida. O narrador descreve grandes reflexões desta em que há uma comparação das diferentes fases da sua vida... Em relação ao final do livro, fiquei com uma sensação de vazio... Parece que falta alguma coisa... Na minha opinião é um final um pouco vazio em termos de conteúdo...
Aspecto positivo: Considero como positivo as reflexões acerca da vida e das relações humanas que o narrador vai construindo em relação à Kitty.
Aspecto negativo: Como negativo, aponto o facto do pobre desenvolvimento da relação entre Kitty e Walter quando se encontram em Mei-tan-fu.
O Teu Olhar Passam no teu olhar nobres cortejos, Frotas, pendões ao vento sobranceiros, Lindos versos de antigos romanceiros, Céus do Oriente, em brasa, como beijos,
Mares onde não cabem teus desejos; Passam no teu olhar mundos inteiros, Todo um povo de heróis e marinheiros, Lanças nuas em rútilos lampejos;
Passam lendas e sonhos e milagres! Passa a Índia, a visão do Infante em Sagres, Em centelhas de crença e de certeza!
E ao sentir-se tão grande, ao ver-te assim, Amor, julgo trazer dentro de mim Um pedaço da terra portuguesa! Florbela Espanca, "A Mensageira das Violetas"
Não é verdade que existem quatro cavidades. Na verdade, o coração divide-se - como sabemos - em tantas assoalhadas quantas as pessoas que ocupamum lugar dentro de nós.
Este foi apenas o terceiro livro que li de Nora Roberts por isso não posso fazer uma justa comparação com a vasta obra da autora. Contudo, em relação àqueles que já tinha lido (Era uma vez um estrela e Oferenda Mortal) assume a posição central.
A sinopse que é apresentada na contracapa não corresponde, na minha opinião, à estória que encontramos no livro. Pela minha leitura, a interpretação que faço é que não era Tate que andava atrás da Maldição de Angelique e sim o Matthew e o seu tio Buck! Eles é que influenciaram Tate e os seus pais e os motivaram para a procurar desta jóia.
Confesso que, inicialmente, não fiquei logo presa ao enredo. Foi um processo gradual. Acho que fiquei completamente presa a esta "busca ao tesouro" a partir da segunda parte do livro quando a família de Tate se encontra com Matthew e Buck, passados oito anos após terem trabalhado junto uma primeira vez! A partir deste ponto, a narrativa torna-se mais complexa, com mais pormenores acerca das características das personagens e das relações que elas vão estabelecendo ao longo do desenvolvimento dos acontecimentos.
Pontos positivos do livro: Na minha opinião, o tema da busca ao tesouro e da simbologia que este envolve esta muito bem desenvolvido. As personagens Tate e Matthew juntam esforços para procurar algo que tem uma grande importância para ambos, mas conferem-lhe um significado diferente. Enquanto que para Matthew o valor monetário e a possibilidade de se vingar de Silas (o vilão da trama) é o motor motivacional para procurar arduamente a Maldição de Angelique, por seu lado Tate é movida pelo gosto cientifico e histórico que está inerente a este objecto. Porém, embora ambos sejam movidos por objectivos diferentes, tal não impede que se articulem profissionalmente. Esta busca ao tesouro oferece-lhes um "tesouro" com valor superior: o amor e a paixão! Esta paixão, ao longo do livro conhece altos e baixos, mas no fim este é o tesouro que as personagens mais valorizam.
A opção da autora de dividir o livro em três momentos principais - passado, presente e futuro - é um outro aspecto que eu considero positivo, uma vez que confere ao livro uma certa dinâmica narrativa e evolucional da estória. Oferece ao leitor uma perspectiva do tempo em que a acção se desenvolve.
Pontos negativos do livro: Na minha opinião, o único aspecto negativo do livro é a forma como se desenrola a relação amorosa entre Tate e Matthew quando se encontram, passados oito anos, depois de se terem separado. Acho que a autora acabou transformou o amor que se viveu na primeira parte do livro em atracção física na segunda parte. No fundo, no final do livro as coisas acabam por retomar a essência mais romântica, mas pareceu-me algo estranho o aspecto frio com que a relação recomeçou por parte de ambos os personagens.
Quem te disse ao ouvido esse segredo Que raras deusas têm escutado — Aquele amor cheio de crença e medo Que é verdadeiro só se é segredado?... Quem te disse tão cedo?
Não fui eu, que te não ousei dizê-lo. Não foi um outro, porque não sabia. Mas quem roçou da testa teu cabelo E te disse ao ouvido o que sentia? Seria alguém, seria?
Ou foi só que o sonhaste e eu te o sonhei? Foi só qualquer ciúme meu de ti Que o supôs dito, porque o não direi, Que o supôs feito, porque o só fingi Em sonhos que nem sei?
Seja o que for, quem foi que levemente, A teu ouvido vagamente atento, Te falou desse amor em mim presente Mas que não passa do meu pensamento Que anseia e que não sente?
Foi um desejo que, sem corpo ou boca, A teus ouvidos de eu sonhar-te disse A frase eterna, imerecida e louca — A que as deusas esperam da ledice Com que o Olimpo se apouca. Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"