O crescente número de pessoas que apresenta uma qualquer doença mental é algo que nos deve preocupar. A crise, o desemprego, a solidão são apenas alguns dos factores que, quando associados entre si, podem conduzir às mais diversas patologias!
A doença mental acarreta danos pesados para o doente e para a sua família... A importância de um tratamento multidisciplinar constitui um forma mais eficaz de retirar as pessoas do "buraco negro" em que as suas vidas mergulharam! Cuidar dos doentes mentais implica, esforço, paciência, sensibilidade e, acima de tudo, respeito pela situação frágil e difícil em que a pessoa se possa encontrar!
O preconceito ainda se encontra bem presente na mente de grande parte das pessoas, preconceito este que dificulta a recuperação destes doentes mentais... Preconceito em aceitar uma pessoa com doença mental para trabalhar, preconceito na interacção e relação que possam ser estabelecidas, preconceito em tratar pacientemente este tipo de pessoas, preconceito perante os familiares criando barreiras intransponíveis isolando-as na doença!
O resultado de todos estes preconceitos é o rótulo atribuído às pessoas. É frequente ouvirmos a deprimida, e não uma pessoa que sofre de depressão; a esquizófrenica, e não a pessoa que sofre de esquizofrenia! É extremamente doloroso para os doentes e para os seus familiares conviverem com tudo isto. Cabe-nos à nós, cidadãos responsáveis, agir de forma diferente para que o bom comportamento possa ser imitado por aqueles que ainda deixam o preconceito invadir as suas vidas.
Esta Espécie de Loucura
Esta espécie de loucura Que é pouco chamar talento E que brilha em mim, na escura Confusão do pensamento,
Não me traz felicidade; Porque, enfim, sempre haverá Sol ou sombra na cidade. Mas em mim não sei o que há Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
Afinal, o que seria de Fernando Pessoa sem a sua loucura! Não lhe trazia felicidade, mas permitiu a emergência de um génio inigualável! ?
E porque Florbela Espanca não se dedicava exclusivamente à poesia, deixo-vos aqui um bocadinho da sua prosa! Bonitas estas palavras!
A oferta do destino
Um dia, o destino, trôpego velho de cabelos cor da neve, deu-me uns sapatos e disse-me:
- Aqui tens estes sapatos de ferro, calça-os e caminha...
Caminha sempre, sem descanso nem fadiga, vai sempre avante e não te detenhas, não pares nunca!... A estrada da vida tem trechos de céu e paisagens infernais; não te assuste a escuridão, nem te deslumbres com a claridade; nem um minuto sequer te detenhas à beira da estrada; deixa florir os malmequeres, deixa cantar os rouxinois. Quer seja lisa, quer seja alcantilada a imensa estrada, caminha, caminha sempre!
Não pares nunca! Um dia, os sapatos hão-de romper-se; deter-te-ás então. É que terás encontrado, enfim, os olhos perturbadores e profundos, a boca embriagante e fatal que há-de prender-te para todo o sempre!
Isto disse-me um dia o destino, trôpego velho de cabelos cor da neve. Calcei os sapatos e caminhei, O luar era profundo; às vezes, cantavam nas matas os rouxinois... Outras vezes, ao sol ardente do meio-dia desabrochavam as rosas, vermelhas como beijos de sangue; as borboletas traziam nas asas, finas como farrapos de seda, os perfumes delirantes de milhares de corolas! Outras vezes ainda, nem uma estrela no céu, nem um perfume na terra, e eu ouvia a meus pés a voz de algum imenso abismo. Passei pelo reino do sonho, pelo país da esperança e do amor que, ao longe, banhado pelo sol, dá a impressão duma imensa esmeralda, e vi também as terras tristes da saudade, onde o luar chora noite e dia! Não me detive nem um só instante! O coração ficou-me a pedaços dispersos pelos caminhos que percorri, mas eu caminhei sempre, sem fraquejar um só momento!... Há muito tempo que ando, tenho quase cem anos já, os meus cabelos tomam-se da cor do linho, e o meu frágil corpo inclina-se suavemente para a terra, como uma fraca haste sacudida pela nortada. Começo a sentir-me cansada, os meus passos vão sendo vagarosos na estrada imensa da vida!
E os sapatos inda se não romperam! Onde estareis vós, ó olhos perturbadores e profundos, ó boca embriagante e fatal que há-de prender-me para todo o sempre?!...
Conto de Fadas Eu trago-te nas mãos o esquecimento Das horas más que tens vivido, Amor! E para as tuas chagas o ungento Com que sarei a minha própria dor.
Os meus gestos são ondas de Sorrendo... Trago no nome as letras de uma flor... Foi dos meus olhos garços que um pintor Tirou a luz para pintar o vento...
Dou-te o que tenho: o astro que dormita, O manto dos crepúsculos da tarde, O sol que é d'oiro, a onda que palpita.
Dou-te comigo o mundo que Deus fez! - Eu sou Aquela de quem tens saudade, A princesa do conto: "Era uma vez..." (Florbela Espanca, Charneca em Flor)
Mais uma vez o amor é o tema de fundo do autor Nicholas Sparks. Gostei da história, da forma como ela se vai desenvolvendo e do seu momento final. Em comparação com outros livro do autor que já li, não é o meu livro preferido, mesmo assim a sua narrativa conseguiu-me cativar e senti-me envolvida pelo desenrolar da acção.
Todos nós cometemos erros nas nossas relações, mas existe sempre a possibilidade de darmos a volta por cima dando a oportunidade ao amor de corrigir esses erros. Foi o que aconteceu com a personagem Wilson. Ao cometer um erro, começou a reflectir acerca daquilo que tinha sido a sua vida e naquilo que fez de menos correcto. Estas reflexões são muito importantes para o desenrolar da história, são profundas e sentimentais, transmitindo um homem que ama profundamente a sua esposa e que sente mal por tudo aquilo que foi fazendo para que o seu casamento se tornasse um pouco frio, apagado e se afastasse da sua esposa Jane.
Paralelamente à história de Wilson, é-nos dado o desfecho do casal protagonista do livro o Diário da Nossa Paixão. Este aspecto, para mim, foi um surpresa muito feliz! Eu adorei este livro, já vi o filme muitas vezes e foi bom descobri que este Noah era o mesmo Noah do livro anterior. Aqui mostra-nos como Noah tem vivido depois da morte da Allie e como nem a morte conseguiu apagar esse sentimento. Achei muito bonito a forma como Noah re-descobriu a sua Allie através de um cisne (animal que fascinava Allie) e na simbologia que tinham os comportamentos do animal que foram descritos ao longo do livro. Segundo a minha interpretação de um dos acontecimentos finais do livro em que o cisne desaparece é como se quisesse transmitir que em breve Noah se encontraria em breve com Allie.
A forma como o livro termina é muito boa, porque ao longo da leitura do livro, o leitor é conduzido por um caminho em que os acontecimentos não estão em sintonia com o final. Contudo, ao longo do livro são dadas pistas, que só no fim da leitura nos apercebe-mos, que nos iam dado a indicação daquilo que seria o desenrolar final dos acontecimentos. Este aspecto, na minha opinião, torna o final mais grandioso e comovente.
Por todas estas razões, e para aqueles que não resistem a uma boa história de amor, este é um bom companheiro de cabeceira.
"... vejo que aqueles que me tocaram a alma não conseguiram despertar o meu corpo, e aqueles que tocaram o meu corpo não conseguiram atingir a minha alma..."
Esta é uma história verídica que faz todo o sentido partilhar... Espero que as pessoas reflictam acerca dos seus próprios actos, para que não se voltem a repetir!
Para vosso conhecimento…
Em memória do Buddy…
Acima de tudo, esta é uma história, infelizmente bem real… com isto pretendemos que, de alguma maneira, chegue à leitura da pessoa que foi capaz de fazer isto e que, se conseguir, continue a deitar a cabeça na almofada e a dormir descansada… parabéns!!
Este pobre animal, que muito provavelmente, foi companheiro de alguém… foi jovem e bonito… alegre e leal! … Os anos passaram e ele ficou velho, sem forças, quase cego, dependendo de alguém e da sua bondade/caridade… seria isto pedir muito para tantos anos de dedicação?! Pois parece que alguém se cansou dele por isso mesmo… ficou velho.
Alguém, sem um pingo de humanidade, foi capaz de se “descartar” deste pobre e inocente animal, atirando-o para dentro do canil, de uma altura de 2 metros, onde se encontravam outros cães à solta… foi uma sorte não ter sido atacado!
Mas a queda teve consequências… demos com o cachorro recolhido num canto, completamente aterrorizado, rosnando para tudo e para ninguém… quase não tinha mobilidade nas patas traseiras e tinha um comportamento de total desnorteamento…
Ficou recolhido no canil, isolado dos outros, onde no dia seguinte, o seu estado de saúde se agravou… seguiu para o veterinário onde foi cuidadosamente analisado.
Seu estado… cataratas num estado muito avançado, sua pele estava um caos devido a alguma alergia de longa data, talvez de anos… tinha um pequeno tumor por baixo de um dos olhos, problemas de mobilidade das patas traseiras, quase não se conseguindo manter de pé… e o maior problema foi ter-se chegado à conclusão que a queda pode-lhe ter provocado um grave problema neurológico. Deve ter batido com a cabecinha pois sempre que se tentava colocar de pé, andava á roda, sobre si próprio…
Analisando e ponderando a sua vida futura, que seria uma vida de sofrimento devido ao seu estado de saúde e que, nós, pouco ou nada poderíamos fazer para minimizar a sua dor e, o mais provável, seria ser encontrado já sem vida nos próximos dias… não tivemos outra solução… a penosa e triste despedida.
Recado a seu “dono”: “Um dia… também ficarás velho, como eu… também deixarás de ter a beleza da juventude… também sentirás o peso da idade… também ficarás doente e precisarás de ajuda… o meu desejo? Que quando essa data chegar, te lembres de mim… e que, pelo menos tu, tenhas alguém que te possa estender a mão… e que não sejas ignorado e desprezado como eu fui! Que tenhas a sorte que eu tive em meus últimos momentos… tive alguém perto de mim a aconchegar-me para que partisse em paz… por momentos, fui amado e acarinhado. Não senti dor… só muito sono… adormeci! Que a velhice te seja menos penosa do que a minha foi.”
Em memória do Buddy e de todos os animais que sofreram e continuam a sofrer nas mãos de seres que se dizem racionais… o ser humano!!
É habitual dizer-se que uma imagem vale mais do que mil palavras! Contudo, acho que essas mil palavras podem tornar essa imagem mais rica! Quem é que nunca se demorou longos minutos a olhar para uma imagem, a reflectir com ela, a viajar até às profundezas do seu sub-consciente!?
Aquilo que pretendo com esta rubrica é uma fazer uma reflexão partindo de uma imagem! Neste momento serei eu a escolher as imagens, mas aceito sugestões dos leitores deste blog, se assim o entenderes.
Dia 4 de Outubro - Dia Mundial do Animal ?
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(imagem retirada do google)
Esta imagem apresenta-nos dois dos animais de estimação mais presentes nas casas do ser humano. Infelizmente, são também estas duas espécies que mais sofrem com o abandono dos animais. A época das férias é crítica no que respeita a este flagelo... Aumenta o número de animais abandonados na rua e em canis municipais, porque, de um momento para o outro, aquele que sempre nos acompanhou ao longo do ano torna-se um entrave para as férias!
No momento de abandonar este animais, os dono esquecem-se dos momentos de felicidade, companheirismo, respeito, lealdade... que estes pequenos seres nos proporcionam!
Na minha opinião, os animais são dos amigos mais fiéis que podemos ter! Já pensaram que eles não nos descriminam qualquer que seja o nosso tom de pele, adaptam-se à nossa rotina, são fiéis, estão presentes nos momentos de tristeza e de alegria, sem nunca abandonar aquele que o acolhe, respeita e alimenta... Não demonstram sinais de ingratidão, aceitam-nos tal e qual aquilo que somos. No fundo, nunca nos abandonam!
Antes de adoptar um animal, as pessoas devem pensar que estão assumir uma responsabilidade para a vida e que os animais não são simples objectos que possamos descartar de um momento para o outro! ?
A rubrica mensal A(braços) com a vida pretende dar a conhecer aos leitores a vida e obra de diferentes autores. Ao longo do mês irei postar aspectos que nos permitam conhecer melhor determinados autores!
Para este mês seleccionei uma poetisa portuguesa! É das minhas perferidas, e possui um vida repleta de aspectos interessantes e, muitos deles estão patentes ao longo da sua vasta obra! Assim, ao longo deste mês iremos estar a(braços) com a vida de Florbela Espanca!
Florbela Espanca (1984 - 1930) possui uma vasta obra: escreveu poesia, contos, um diário... Traduziu diferentes obras e, ainda, colaborou em jornais e revistas de índole diversa! Apesar desta vasta actividade é com a sua poesia que se torna conhecida! Desta forma, termino este primeiro post com o poema mais conhecido da autora, é que constitui a letra de uma música!
Ser poeta
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma e sangue e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
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Curiosidade: Este poema é retira do livro Charneca em Flor livro que Florbela organizou e acompanhou durante a edição de Guido Battelli (professor regente do Curso História da Literatura Italiana da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra) lhe conseguiu em Coimbra depois de ter conhecido os seus poemas através de um jornal. Florbela chegou mesmo a rever muitas das provas tipográficas, mas suicidou-se (08-12-1930) antes da sua publicação (Janeiro de 1931). (Florbela Espanca, Poesia completa - Publicações Dom Queixote, 6 ed. 2007).