Opinião | "Os muitos nomes do amor" de Dorothy Koomson
Classificação: 4 Estrelas
Ler Dorothy Koomson é como voltar aqueles locais onde já fomos felizes e nos deixam sempre uma sensação de alegria interior que é impossível colocar em palavras.
Já desde os inícios do ano passado que não pegava em nada da autora, apesar de ter na estante três livros dela a chamar por mim. Escolhi este, dado que foi uma prenda de aniversário especial.
Os muitos nomes do amor é um livro que nos fala de recomeços, de análise interior, de famílias, de vida e de morte, de mudanças... Todos estes aspetos são sentidos na pela da nossa protagonista: Clemency.
Dorothy nunca desilude no que toca à construção da personalidade e dos mudos interiores das personagens. Aos meus olhos consegue torná-las tridimensionais e humanas. Para além disso, consigo sentir que elas existem para além das páginas que compõem o livro.
Quando à narrativa foi aqui que senti algum descontrolo na forma como a autora decidiu encadear os acontecimentos, acabando por nos conduzir a um final pouco satisfatório para mim.
As fotografias servem de mote às viagens ao passado para que possamos construir, tipo puzzle, as partes que compõem a vida de Clemency. É engraçado que eu senti esta reconstrução como um metáfora do mundo interior da Clemency. Ela sempre se sentiu incompleta devido ao facto de ter sido adotada e não conhecer as suas origens biológicas. Penso que a Dorothy consegui passar muito bem os dilemas das personagens envolvidas no processo de adoção. Conseguiu passar as dúvidas, as curiosidades, as incertezas, as lutas internas e os padrões relacionais que se vão construindo e desconstruindo.
Ao longo da narrativa alguns aspetos não foram, na minha opinião, tão bem conseguidos. A (tentativa) de criar um triângulo amoroso só fez com que a estória se arrastasse por um caminho menos interessante e pouco entusiasmante na leitura. Neste triângulo não reconheci a Clemency que conheci nas primeiras páginas. Não consigo percecionar a sua essência, aquilo que a vai movendo ao longo dos seus anos enquanto pessoa adulta.
O final também ficou um pouco aquém daquilo a que a Dorothy no vem habituando. Senti um final desligado, frio, um pouco distante e vazio.
Há personagens de quem ficamos a saber pouco, e outras que sabemos demasiado e que, pessoalmente, acho que deviam saltar fora da estória (sim a do triângulo amoroso).
Queria mais deste final, queria que as coisas fossem resolvidas de forma mais concreta, queria ver a Clemency melhor, com um final mais estável e não tão cheio de reticências que nos deixa a sonhar acordados sobre o que se poderá ter passado.
Apesar destes pequenos pormenores que não me fizeram amar o livro, eu recomendo a todos aqueles que gostam de ler a autora porque o seus ingredientes principais estavam lá.