Houve um tempo em que a minha mente era mais filosófica e dada a cenas metafísicas. Nesse tempo eu fui uma enorme consumidora dos livros de Paulo Coelho. Senti-me como se tivesse a ser invadida por algo superior que me alimentava a alma e a minha mente inquieta.
Depois deixei Paulo Coelho para trás e só agora é que voltei a pegar num livro dele.
Não sabia de que é que o livro falava, por isso fiquei extremamente admirada quando me apercebi do seu conteúdo. O livro é narração da viagem de Paulo Coelho pelos caminhos de Santiago. Achei este aspeto curioso porque ando há imenso tempo por fazer o caminho a pé entre Braga e Santiago de Compostela. Já partilharam comigo que é uma caminhada especial e onde facilmente nos perdemos em reflexões pessoais. Infelizmente nunca surgiu a oportunidade.
Esta não foi uma leitura arrebatadora. Li-o quase todo em apenas duas viagens para Braga. A escrita é simples o que facilita imenso a leitura. Achei interessante a parte dos exercícios que o autor foi convidado a fazer ao longo do caminho. Interpretei-os mais como uma espécie de exercícios de meditação. Em alguns casos até senti vontade de os experimentar, mas outros não me despertaram qualquer tipo de interesse.
Foi uma leitura ligeira e que me fez pensar naquilo que o tempo e as vivências provocam em nós. Eu não sou a mesma pessoa. Estou diferente da adolescente que devorava livros de Paulo Coelho como se dentro deles vivesse a maior das verdades espirituais. Apesar disso, hoje sou uma pessoa que é o resultado das vivências enquanto adolescente. Por isso esta leitura foi satisfatória. Não foi uma leitura desagradável, contudo não me proporcionou os mesmos sentimentos que provavelmente proporcionaria há alguns anos atrás.
Eu não resisto a uma bonita história de amor. Se lhe juntarem drama, segredos familiares e personagens femininas fortes, a probabilidade de ter uma boa leitura aumenta.
Comecei a ler Deborah Smith há dois anos. Aquele primeiro livro selou um amor pelas suas histórias que permanece até hoje. É uma autora que considero intemporal, ou seja, não me vejo a desgostar de ler as suas histórias.
O Jardim das Flores de Pedra é um livro sobre as mulheres Hardigree e sobre a sua força. Uma força que é a metáfora do seu ramo de negócio, o mármore. Swan é a matriarca. Fria, distante e de porte régio vale-se da sua mão de ferro para gerir o negócio e manter a reputação da família Hardigree. Darl é a sua neta e será aquela que a desafiará.
É uma história para acompanhar em duas épocas distintas. No passado solidificam-se os segredos e as tragédias. No presente, é preciso derreter o gelo para chegar às camadas mais profundas de cada uma das personagens e dos segredos que encerram.
Eu gostei de ler os dois momentos da história. Do passado guardo a importância da inocência e do amor descomprometido que Eli e Darl oferecem. Guardo a história singular de Swan que merecia um livro só para nos contar a história dela e os desafios que a vida a obrigou a enfrentar e condicionou as suas escolhas. Guardo o amor e a união da família Wade que procuram vencer os preconceitos e lutar pelas suas necessidades. É nesta família que vive um amor entre irmãos bonito e especial. Eli e Bell conseguem passar a importância da união, do respeito e a necessidade de se proteger aqueles que amamos. Ficou também a amizade que Darl oferecia aqueles que lhe tocavam o coração e a nobreza de Eli em ser justo e leal àqueles que ama, sejam eles família ou amigos.
Quando cheguei ao presente foi fácil divertir-me com o humor negro e mordaz que Darl e Sawn usavam durante a sua comunicação. Adorei naquilo que Darl se tornou e na forma que decidiu usar os seus conhecimentos e formação. É uma mulher corajosa, mas ainda com fantasmas do passado a vaguear em volta dela. Sem querer tropeça em Eli, sem saber que realmente é ele. E é assim que as suas amarras se soltam e os fantasmas começam a querer soltar-se.
É um romance ao estilo de Deborah Smith e que acaba por seguir um pouco a fórmula dos livros anteriores que já li. Porém, aos meus olhos, isso não lhe retirou o encanto nem destruiu a capacidade da história me emocionar e me empurrar por uma leitura compulsiva. Apesar deste compulsão há momentos que quis ler mais devagar para que a história não acabasse tão depressa.
Do meu ponto de vista é um livro que merecia integrar uma série. Há três personagens femininas que mereciam o protagonismo que apenas um livro individual lhes consegue oferecer. Este livro não retirou intensidade à história nem a força de carácter às personagens, porém sinto que cada uma delas merecia algo mais.
Se, tal como eu, gostam de uma história de amor bonita, de encontros e desencontros e de segredos que minam a vida de quem os guarda, então atirem-se à leitura deste livro. Quase de certeza que vos tocará no coração.
Nota: Este livro foi-me disponibilizado pela editora em troca de uma opinião honesta.
Chegou a minha vez de me submeter às criteriosas escolhas da Daniela. Ela ainda me questionou se, tal como fiz com ela no livro que lhe enviei, tinha algum requisito que gostasse de ver cumprido. Porém, confiei cegamente na escolha dela e chegou cá a casa....
Desaparecidas
Tess Gerritsen
Foi uma escolha bem acertada. Até ao momento, todos os livros da Tess Gerritsen que a Daniela me emprestou têm sido excelentes leituras.
Nada sabia sobre os Romanov até ter lido o livro A Imperatriz Romanov de G. W. Gortner. Infelizmente, quando abordamos a Revolução Russa nas aulas de História do 9º ano a família imperial e a história em torno da mesma não é abordada nem mencionada.
Fiquei atormentada pela história desta família. Ao ler Os Últimos Dias dos Romanov senti-me enjoada, revoltada, angustiada com todas as atrocidades que foram cometidas. Independentemente das razões que conduziram ao fim da monarquia na Rússia, nada justifica a forma como toda a operação foi conduzida. Nada justifica o silêncio que se manteve durante anos perante os acontecimentos de 17 de Julho de 1918. Não sei como é que os militares envolvidos neste massacre conseguiram seguir com as suas vidas tendo em conta as atrocidades que fizeram.
Este livro, misturando ficção com realidade, narra os últimos dias do último czar da Rússia e da sua família quando estiveram em cativeiro numa zona que pertence à Sibéria. Acompanhamos rotinas, os medos, os receios e as partilhas entre os elementos da família imperial e as pessoas que a serviam. Sinto que tive uma maior compreensão deste livro porque tinha lido A Imperatriz Romanov. Atenção, eles não dependem um do outro. Contudo, o livro editado o ano passado pela Topseller ofereceu-me uma visão pormenorizada do que era a família real Russa, o luxo subjacente ao seu estilo de vida, as relações entre os diferentes membros e deixou-me perceber de que modo a monarquia russa começou a deteriorar-se. Este conhecimento prévio permitiu-me uma maior compreensão e interpretação destes últimos dias dos Romanov. Permitiu-me perceber melhor a relação entre Nicolau e Alexandra, tendo sempre um olhar muito crítico relativamente a ambos e ao comportamento que os atirou para aquela situação.
Eu fiquei agarrada a esta história e a esta família. Ler este livro, deixou-me ainda mais agarrada a esta família e aos mistérios que encerra. Há muito por explicar relativamente ao assassinato dos Romanov e, infelizmente, penso que não serão reveladas novas informações.
Os Últimos Dias dos Romanov apresenta um final que não é verdadeiro, tendo em conta a pesquisa que fiz posteriormente. Contudo gostei da forma como terminou e como nos apresentou um alternativa ligeiramente mais feliz perante a tragédia que a família encerra. Apesar de saber que não espelha a realidade, dei por mim a pensar "E se...?!". Senti muita emoção, amor e tensão nestas páginas. Ao ler este livro pude perceber um pouco mais sobre a Rússia e sobre a sua história. Permaneceu a vontade de fazer a mala e ir até São Petersburgo conhecer as ruas e o Palácio de Inverno, conhecer os tesouros dos Romanov e visitar os seus túmulos. Fico feliz por saber que houve quem não desistisse de procurar Nicolau e a sua família. Apesar de muitos anos se terem passado, a família Romanov teve direito a ser sepultada de forma digna.
É inexplicável todas as sensações e emoções que este livro me provocou. Dei por mim a vaguear na internet procurando mais informações sobre a família e sobre a história da Rússia. Pesquisei imagens do Palácio de Inverno, da Catedral de São Pedro e São Paulo. Procurei perceber um pouco melhor os motivos que levaram sucessivos governos de um país a ignorar um acontecimento tão sangrento. Não obtive nenhum conclusão, mas fiquei preocupada. É um elemento relativamente recente na História mundial, mas por algum motivo, por interesses políticos, por aspetos que eu não consigo enumerar, decidiram não estudar muito bem o que passou naquela madrugada de Julho.
Penso que seja este olhar inconclusivo sobre a vida dos Romanov e sobre tudo o que aconteceu no passado que alimentaram a minha curiosidade. Tenho consciência da imperfeição da Rússia imperial, das suas fragilidades, do modo demasiado luxuoso em que viviam os membros da nobreza, da pobreza da população e do seu descontentamento perante as escolhas de Nicolau, muito influenciadas por Alexandra. Apesar disso, dou por mim a questionar-se se isto justifica o fuzilamento de tanta gente, incluindo crianças inocentes e de as atirar para o esquecimento sepultando-as de forma a tentar esconder a atrocidade cometida. Ainda hoje ao pensar neste livro e na leitura das últimas páginas me arrepio e sou capaz de sentir o medo que ficou impregnado na sala daquela casa.
Não era meu costume assistir a cinema Brasileiro. Porém, depois de assistir ao filme Olga passei a estar mais atenta e a dar oportunidade aos filmes de um país que produz telenovelas capazes de me deixar viciada às mesmas.
Este filme surgiu de um livro, Flores Raras e Banalíssimas de Carmen L. Oliveira, e narra a história de amor entre a poetisa americana Elizabeth Bishop e a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares vivida ente os anos 50 e 60.
É interessante olhar para este filme e analisar a forma como as relações homossexuais eram vividas numa época em que elas não eram socialmente aceites. Há ainda o contraste entre o Brasil e os EUA e a forma como as pessoas destes países se relacionavam com a homossexualidade.
Foi uma história intensa, bem construída e com excelentes interpretações. As relações humanas, o amor, o trabalho a inspiração para a escrita são elementos que estão muito bem representados no filme. Tive momentos em que me emocionei, momentos em que me revoltei e situações que me deixaram zangada. Estas zangas surgiam sempre por causa da Lota. Era mulher muito dominante e, a meu ver, bastante egoísta. Gloria Pires é uma excelente atriz e esteve brilhante no papel de Lota.
O engraçado é que Lota deixou-me tão zangada como fascinada. Era uma mente hiperativa, com ideias fantásticas. Nas relações humanas tinha as suas particularidades, e eram essas particularidades que mancham um pouco a sua imagem aos meus olhos.
Elizabeth precisava de mais garra. Acho que ela não era suficientemente forte para lidar com o espírito de Lora. Este desnível entre as duas foi muito bem dramatizado. Porém, esse desnível era compensado por um amor intenso que produzia uma ligação especial.
O final foi bastante emotivo e diferente do que eu fui construindo à medida que via o filme. Não sei se foi o que aconteceu na realidade (não fui pesquisar), mas achei que era aquele que mais sentido fazia tendo em conta a alma de cada uma destas mulheres.
Recomendo este filme. Está muito bem realizado e produzido, tem boas interpretações e é uma forma de conhecermos outras formas de fazer cinema e valorizar produções para além das norte americanas e inglesas.
Parti para esta leitura cheia de expetativas. Esperava encontrar um livro ternurento, emotivo e com uma relação entre avó e neta daquelas de nos ficar gravada no coração.
Infelizmente não consegui absorver estas sensações, nem sentir todas as coisas positivas que estava à espera. Foi uma leitura satisfatória que ficou um pouco longe de tudo aquilo que eu idealizei para este livro.
Diverti-me bastante com as primeiras páginas e com a Avozinha peculiar da Elsa. Foi engraçado descobrir o lado aventureiro e o comportamento "fora da caixa" que esta idosa tinha. Por vezes, Elsa era mais responsável do que ela.
Com o avançar da história, a minha relação com as personagens e com o conteúdo foi azedando. Esta má relação começou com a confusão que se instalou na minha cabeça quando a quantidade de personagens ia aumentando. Foram muitas personagens e cada uma com um motivo específico para entrar na história. Era muita informação para uma história que eu esperava ser mais simples.
Quem me acompanha há mais tempo sabe que eu não sou fã de Harry Potter, por isso lidar com as enormes referências a esta personagem literária também foi um aspeto que me desmotivou um pouco. Contudo, reconheço que este mesmo aspeto poderá funcionar como um ponto positivo para quem é fã da série que, consequentemente, conseguem perceber melhor o carácter destas referências.
Outro aspeto que me desencantou foi a forma estereotipada como abordam a questão do divórcio o impacto dele na vida das crianças.
A Elsa não foi um criança literária capaz de me deixar fortes lembranças. O seu comportamento e a sua rotina não parecia de uma menina de 8 anos. Houve momentos em que ela se comportava de uma forma demasiado infantil para a a idade. Para além deste aspeto, ainda me questionei se uma criança acerca do desenvolvimento cognitivo de uma criança de 8 anos e forma como interpretam as histórias. Do meu ponto de vista, as crianças de 8 anos já têm capacidade para distanciar aquilo que é a realidade das histórias e aquilo que é o mundo real.
Perante esta minha experiência com o livro e os aspetos que mencionei, fico com algumas dúvidas relativamente à faixa etária a quem posso recomendar este livro. Para crianças de 8 anos poderá ser um pouco complexo e com demasiadas personagens e com demasiado conteúdo narrativo. Por outro lado, sinto que para crianças mais velhas poderá ser um livro aborrecido.
Sei que há mais um livro deste autor publicado em Portugal e tem opiniões bastante favoráveis, por isso quer dar uma nova oportunidade ao autor e sedimentar melhor a minha opinião relativamente ao trabalho deste escritor.
Este ano ando muito fraca de leituras. Ando a ler muito pouco comparativamente a anos anteriores. Não é algo que seja anormal tendo em conta todos os desafios que este ano me tem apresentado. Mas continuo a ler, a um ritmo mais lento, super atrasada no desafio do Goordreads... Porém é sem pressão.
Chega-se ao verão e são sempre vários os desafios que surgem e a vontade mora por aqui. Também mora um pouco a saudade de outros tempos... Tempos em que tinha disponibilidade mental e temporal para criar aventuras com a minha parceira Catarina. Em 2014 fiz o meu primeiro Bingo! Eu e a Catarina organizávamos as Maratonas Viagens (In)Esperadas e em Agosto fizemos algo especial.
A vida dá algumas voltas e somos forçados a deixar algumas coisas de lado. A Catarina deixou a blogoesfera (tenho saudades de a acompanhar) e eu cá continuei, mas sem disponibilidade para me meter em algo assim.
Por isso é sempre bom ver outras pessoas a usar a sua criatividade e a criar conteúdo para nos entreter durante o verão :)
Para ver se me ponho a ler com mais afinco, decidi que este verão iria:
1) Participar numa maratona;
2) Voltar a participar no Bingo Leituras ao Sol dinamizado pela Isa e pela Tita.
A maratona é dinamizada pela Carla e há um grupo no Goodreads para irmos partilhando as nossas leituras.
O Bingo tem novas categorias e há um grupo no Facebook.
Não irei fazer nenhuma lista. Nem para a maratona, nem para o bingo. Vou lendo à medida dos meus gostos e das minhas necessidades. Para a maratona contam apenas as páginas, para o bingo foi encaixando as leituras nas categorias.
Em Setembro, em jeito de balanço, irei responder à Tag que eu e a Catarina criamos em 2014: Leituras com Sabor a Verão
Sol: qual o livro que brilhou mais nesta maratona (livro preferido)
Escaldão: qual o livro que te deixou cheia de arrependimentos (livro que menos gostaste) -
Gelado: qual o autor cuja escrita te deliciou
Bóias: qual o livro que foi custoso de ler mas que conseguiste terminar
Piscina: Qual foi a leitura leve e refrescante
Picnic: Quais as personagens com as quais gostarias de passar tempo