Há pessoas que durante as férias gostam de ler livros com histórias divertidas, alegres e com finais felizes. No fundo, há quem procure livros que não exijam muito da nossa concentração nem ativem o nosso pensamento, levando-o para reflexões mais profundas.
É neste sentido que hoje quero deixar-vos 5 sugestões de livros para quem procura um livro descomplicado.
Verão da Riviera (Elizabeth Adler) - Este livro cheira a mar... Aliás todos os livro desta autora nos fazem desesperar por férias. Suspiramos por passar uns dias nos cenários que ela nos apresenta. Este em particular tem algum mistério, o que pode ser um ponto positivo para quem goste de um livro que espicace a curiosidade.
Dias de Ouro (Jude Deveraux) - Apesar de ser o segundo livro de uma série, podem lê-lo sem ler o primeiro. Estes livros podem ser lidos de forma descontinuada, pois a história é compreensível mesmo sem o conhecimento da história do livro anterior. Dias de Ouro é uma história de época. Tem momentos divertidos aliados a uma bonita história de amor. Um livro para nos fazer sonhar.
Sozinhos na Ilha (Tracey Garvis Graves) - Sempre que penso em férias e em mar lembro-me deste livro. Foi uma excelente surpresa. É uma história de sobrevivência com muito amor à mistura.
Verão em Edenbrook (Julianne Donaldson) - Este livro é um romance de época cheio de ternura. A história decorre no Verão e as descrições facilmente nos transportam para aqueles campos verdejantes e para os aromas do pomar. Deixa-me Odiar-te (Anna Premoli) - Se querem um livro que vos faça rir do princípio ao fim, agarrem este. É maravilhoso! Diverti-me tanto com esta leitura. Uma história descontraída, feliz e com uma mensagem muito positiva e otimista.
Partilhem comigo outras leituras descontraídas para estes dias mais quentes :). Para a semana partilho aqui as vossas sugestões.
A Costureira de Dachau é o livro que nos conta a história de Ada Vaughn. Ada é jovem, ambiciosa e demasiado inocente. A conjugação destas características tornam-na numa personagem um pouco irritante e fizeram com que muitas vezes me enervasse com ela. Houve outras tantas vezes que me apeteceu saltar para dentro do livro e dar-lhe alguns abanões, principalmente porque percebemos que ela jamais irá aprender com os seus erros.
Ada tem um talento especial para a costura, mas um dedo podre no que toca às escolhas de pessoas para construir relações. São as escolhas e as pessoas a quem se vai associando que tornam o percurso dela doloroso e cheio de sofrimento.
Não é um livro comum relativamente ao tema da 2ª Guerra Mundial. A degradação humana que encontrei neste livro é um pouco diferente daquele que já encontrei em livros que decorrem neste espaço temporal. É diferente porque apesar de sentir pena por Ada, também me revolta imenso porque ela colocou-se a jeito daquilo que foi encontrar na vida. Uma sucessão de más escolhas conduziu-a por diferentes espaços durante a guerra, mas ela consegue superar as adversidades e a vida volta a dar-lhe uma oportunidade.
Pensei que no pós Guerra, Ada se comportaria de forma diferente. Acreditei que ela iria aprender com os erros do passado. Acho que ela tinha alguns problemas de inteligência, pois não conseguia antever consequências dos seus atos.
É um livro com descrições muito intensas. Tem cenas duras e capazes de produzir uma enorme angústia. As personagens estão bem apresentadas pois provocaram-me sentimentos, deixaram uma marca em mim.
O final do livro é dos mais inesperados com que já me cruzei. Um verdadeiro desespero!! Apesar de todas as más opções de Ada, o final que lhe foi reservado é injusto. Eu fiquei sem pinga de sangue, quando me apercebi do rumo dos acontecimentos. É um final forte e impactante e que, por muito tempo que passe, acho que irei sempre recordar.
A Costureira de Dachau é um livro com uma carga emocional muito dura e sem espaço para respirar e apreciar coisas positivas. É uma verdadeira amostra da podridão do ser humano, um retrato das pessoas que não olham a meios para atingir os seus fins e satisfazer os seus caprichos. Um livro que encaixará nas minhas memórias mais duras e tristes.
Nota: Este livro foi-me disponibilizado pela editora em troca de uma opinião honesta.
Chegou mais um livro surpresa vindo da parte da Daniela.
O mês de Julho foi intenso para mim. Fechei o ciclo de doutoramento com a defesa! Estou cansada e um pouco perdida. É uma sensação de vazio um pouco intensa.
Por tudo isto pedi à Daniela um livro leve, divertido e que me fizesse rir. Queria ler uma comédia.
Eis que ela me surpreende com este livro...
Deixa-me odiar-te
Anna Premoli
Quando indiquei as características à Daniela, ela disse-me que tinha de ir buscar o livro a um armário, onde ele estava guardado. Inconscientemente, comecei a formular na minha cabeça que seria um livro bastante antigo. O envelope chegou e fiquei muito surpreendida e feliz quando abri o livro.
Tenho de admitir que sempre tive alguns preconceitos com os livros de Saramago. Pelo que ouvia outras pessoas falar, por aquilo que me diziam... De mãos dadas com os preconceitos andava o medo. Sim, eu tinha medo de pegar nas obras do autor e odiar. Senti que não seria algo muito justo de se escrever, ainda por cima sobre um autor vencedor de um prémio Nobel.
Não foi uma leitura fácil. Aqui vejo-me obrigada a concordar com a Célia Loureiro. Tal como ela, acho que a escrita é uma verdadeira floresta de silvas. É genial a forma como ele articula discurso direto com indireto, mas inicialmente foi penoso para mim. Senti algumas dificuldades em adaptar-me. A partir do meio do livro, as coisas ficaram melhores. Já conseguia acompanhar melhor a história, mas a estranheza continuava lá.
A história foi uma boa surpresa. Acho que é um daqueles livros capazes de inspirarem boas discussões em torno das interpretações que surgem desta leitura. À medida que ia lendo, dava por mim a pensar no quão bom seria ter o meu professor de Português do secundário a analisar esta obra.
Senti-me intrigada por tanta coisa que aconteceu neste livro. Em muitos momentos pensei em Saramago e em que é que ele estaria a pensar quando escreveu aquela cena. Queria conhecer as motivações pessoais por detrás da ficção.
Achei interessante a ausência de nomes das personagens. Não sei se é prática comum do escritor, mas aqui fez todo o sentido. Nesta história, aquilo que interessava eram as características das personagens. Interessava conhecer as suas motivações, as suas dificuldades... Era importante perceber de que forma elas passavam a lidar com a sua nova situação.
Muitas partes do livro eu interpretei como uma crítica à sociedade. A forma como os cegos viviam na clínica onde foram isolados é uma pequena amostra daquilo que nós, cidadãos, vivemos em liberdade. Há sempre aqueles que se aproveitam dos mais fragilizados, há aquele que no meio de toda a cegueira social consegue ver mais além e orientar de forma positiva os outros, há aqueles que se sentem simplesmente perdidos e desamparados e há outros que nasceram para serem lideres. A imundice, a sujidade e as necessidades fisiológicas básicas são tão bem descritas que me causaram repulsa. Cheguei a sentir-me verdadeiramente enjoada com algumas situações.
Quero ler mais livros de José Saramago. Penso que com o hábito me consigo adaptar a escrita. Que livro do autor recomendam para uma próxima leitura?
As Pontes de Madison Couty é um filme com uma intensa e bonita história de amor. É uma história intemporal que queremos guardar no coração e recordá-la ao longo dos tempos.
Não foi um filme que me conquistou logo do início, muito porque não concordo com traições.
O filme começa com os filhos mais de Francesca Johnson, interpretada por Meryl Streep, a tratarem do seu funeral. Através do testamento e de algumas coisas que Francesca deixou, os filhos vão desfiar uma parte oculta da vida passada da mãe.
A partir daqui vamos viajando no tempo para conhecer o que se passou na vida desta mulher. O passado começa por demonstrar a insatisfação de Francesca com a sua vida familiar monótona e pouco estimulante. O marido e os filhos viajam e ela acaba por ficar sozinha durante uns dias. Logo após a partida da sua família, Francesca conhece Robert Kincaid, uma fotografo de uma revista que está na região para fotografar.
Comecei por ficar aborrecida quando percebi que o filme ia retratar uma situação de traição. Contudo, há medida que ia conhecendo mais da história de Francesca o meu envolvimento com o filme e com a história que contava começou a aumentar.
Para minha grande estranheza, comecei a sentir empatia pela Francesca. Eu também me sentiria morta se vivesse a vida dela. Atenção! Nada justifica uma traição. Consigo percebê-la, mas não a consigo aceitar na totalidade. Porém, quando me esquecia que era uma traição e me focava na interação entre Robert e Francesca ficava fascinada com a intimidade que existi entre eles, com o amor que facilmente partilhavam...
Ao longo daqueles dias, Francesca consegui expressar os seus sentimentos com Robert. Partilhou os seus sonhos, as suas angústias. Robert ouviu-a atentamente, valorizou-a e partilhou com ela as suas aventuras pelo mundo.
Contra tudo aquilo que ele esperava, acaba por se apaixonar verdadeiramente pela Francesca.
Há uma cena mais no final do filme é que me cortou a respiração. A tensão e o suspense criados é fenomenal. Fiquei ali na expetativa para saber quais as escolhas de Franscesca. Adorei a cena. Fiquei emocionada com a carga emocional que Meryl Streep ofereceu à personagem.
O fim é emotivo e espelha as diferentes formas do amor. Francesca amou o marido como sabia e podia. Porém, lá num lugar bem especial do seu coração também guardou o amor de Robert. E se em vida dedicou o amor ao marido, na morte ela quis partilhá-lo com Robert.
Uma das mais bonitas histórias de amor a que já assisti na sétima arte.
Li o primeiro livro de Lesley Pearse há mais de dez anos. Foi um presente de Natal e depois da leitura tornou-se num livro precisou. Fiquei fã da história e da escrita da escritora. Desde aí já foram vários os livros que li dela e grande maior parte deles ficaram-me na memória e no coração. Pensar em Lesley remete-me para histórias memoráveis, onde acompanhamos a vida de uma personagem de forma intensa e pormenorizada e onde o drama é usado de uma forma irrepreensível. Para mim, são poucas as escritoras que escrevem histórias dramáticas como a Lesley escreve.
Dada a minha obsessão com os livros da Lesley fiquei imensamente feliz quando recebi este livro cá em casa.
A história tem como espaço temporal os anos sessenta e retrata o contexto social e o lugar que as mulheres ocupavam na sociedade da época.
A nossa protagonista é uma jovem mulher, Katy, cheia de garra e que luta por aquilo que quer e defende com garra e perseverança aquilo em que acredita.
Para além de Katy há duas outras personagens femininas com um papel muito importante na história. Gloria e Edna são duas personagens secundárias que mereciam um livro só delas. Mereciam que as suas histórias de vida fossem contadas.
Katy sonhava com mais para a sua vida, mas quando o destino trocou-lhe as voltas e vê-se abraços com um problema para resolver. O pai é acusado de ser o responsável pelo incêndio na casa da Glória. Confiante na inocência do pai, acaba por se meter num grande sarilho.
Hilda, a mãe de Katy, é outra personagem feminina muito intrigante. Tem uma personalidade muito peculiar e que não mostra muita empatia por ninguém.
Este é um livro de personagens cheias de contrastes e recantos obscuros. Pessoalmente, o que mais gostei foi conhecer esses recantos desconhecidos e cheios de histórias ocultas. Foram esses recantos que me fizeram conhecer um bocadinho melhor as personagens e me trouxeram lembranças daquilo que é o estilo da Lesley.
Este livro careceu de profundidade. Faltou-lhe aquele toque de detalhe muito característico na forma de contar histórias desta escritora. Há partes muito apressadas, comparativamente a outros livros. Há determinadas cenas e personagens que mereciam mais protagonismo.
O epílogo ofereceu-me um vislumbre daquilo que foi o futuro de Katy. Porém eu não queria apenas o vislumbre, eu queria o pacote de experiências completo.
Apesar de ser um dos livros mais sintéticos da autora, mantém a mesma qualidade comparativamente a outros livros que já li da escritora, mantém a intensidade de emoções e a capacidade de nos contar uma história que ficará na minha memória.
Nota: Este livro foi-me disponibilizado pela editora em troca de uma opinião honesta.
Estava cheia de vontade de ler este livro. Queria encontrar todas as emoções que a escrita do autor me proporcionou quando li Perguntem a Sarah Gross. Contudo, a intensidade desta história não foi suficiente para mim. Faltou-lhe o poder narrativo que encontrei no livro anterior.
Não foi um livro fácil de ler. A história é uma verdadeira manta de retalhos que se vão encaixando e que me fizeram desesperar por compreensão. Optando por fragmentar uma história entre passado e presente, com um passado marcado pelo aparecimento de muitas personagens não funcionou muito bem comigo. Foi uma enorme confusão para a minha cabeça, sempre que voltava ao passado, identificar quem eram quem e qual o seu papel na narrativa. Com o avançar da leitura a confusão foi diminuindo, mas o estrago já estava feito. Assim, como não me consegui vincular logo no início a estas personagens e toda a história, porque estava com dificuldades em assimilar tudo, tudo me pareceu distante e pouco emotivo.
O que me deixa com mais pena é ter plena consciência do talento do escritor e que, apesar desta minha experiência menos favorável, está bem presente neste livro. Eryk, Yankel e Shionka protagonizam um dos melhores triângulos amorosos com quem já me cruzei no universo literário. O alargado conjunto de personagens não me permitiu agarrá-los no coração nem torcer por um final em específico. Senti-me muito distante deles, dos seus dilemas, das suas tristezas e dos acontecimentos terríveis que foram obrigados a viver. Eu precisava de sentir mais deles e com eles para que eles e a sua história ficassem agarrados a mim.
Sou capaz de compreender a relevância de cada uma das personagens que foi chamada pelo escritor a contribuir para a construção desta narrativa. E apesar de, para mim, me ter gerado confusão, acredito que poderá apaixonar outros leitores.
Os meus ideias pré-concebidos com a leitura do primeiro livro do autor fizeram-me resistir a esta história porque, lá no fundo, eu queria uma narrativa que não me fizesse dar tantos saltos narrativos e com tanta gente ao barulho. No Perguntem a Sarah Gross também acontecem saltos narrativos, mas são mais claros e têm tempo suficiente no livro para me agarrar e ficar a desejar ler o passado sempre que iniciava o presente ou vice-versa. Em Os Loucos da Rua Mazur não se verificou esse desejo, porque aquilo que lia do presente ou do passado não me apaixonava, não era 100% compreensível para mim e não me cativava o suficiente.
É um livro com algumas surpresas, que foge ao óbvio ou àquilo que esperamos. De alguma forma conseguiu surpreender-me.
No fim da leitura senti-me muito triste e frustrada porque queria ter gostado muito mais deste livro. Sabem aqueles escritores por quem vocês desenvolvem uma certa admiração? Eu desenvolvi esta admiração pelo João Pinto Coelho, pela sua escrita ímpar, minuciosa e ilustrativa de uma enorme pesquisa para a construção de um livro com uma história coerente e cheia de emoções. Neste livro, eu consegui identificar a mesma escrita e a mesma capacidade de trabalho do autor, mas faltou-me a emoção e a minha capacidade de me sentir dentro da história a viver os horrores e as alegrias daquelas personagens.