Setembro chegou ao fim e chegou também a altura de vos mostrar os livros que chegaram à minha estante.
Oferta Editora
Gentilmente cedidos pela Porto Editora, chegaram dois livros cá a casa: "No Escuro" de Cara Hunter e "As Filhas do Capitão" de María Dueñas. Já terminei a leitura do livro "No Escuro" e é um livro imperdivel para todos aqueles que gostam de se perder num bom thriller. Um livro escrito de forma brilhante. "As Filhas do Capitão" será uma das minhas próximas leituras.
Presente
Uma amiga minha anda a incentivar-me a ler em inglês. Tem sido bastante insistente, tanto que me ofereceu um livro que, segundo ela, faz o meu género. O livro é "The Wish List" de Jane Costello.
Compras
Vi no Instagram um campanha promocional de livros que me chamou a atenção. Eram dois livros que eu queria muito e que novos custavam cerca de 37 euros. Eu adquiri os dois por 14.40. Falo-vos dos livros "A Amiga Genial" de Elena Ferrante e "As Montanhas Ecoaram" de Khaled Hosseini.
Biblioteca
Ainda tive tempo de ir à biblioteca e requisitar dois livros. "A Sibila" de Agustina Bessa-Luís e "Desaparecido" de Susan Lewis. Este ano ando a portar-me muito mal relativamente a leituras lusas. Tenho e meses para inverter a situação.
O tema desta semana apela a uma escrita mais pessoal. Ao longo da vida somos presenteados por diferentes momentos que nos marcam, quer positivos quer negativos. Podia invocar aqui muitos, mas vou recordar o mais recente: o doutoramento.
Fazer doutoramento não era um objetivo a curto prazo. Era um sonho para ser concretizado mais tarde. Mas a vida gosta de nos pregar partidas e abala com os nossos planos. Em 2012 fiquei desempregada. Fui trabalhando noutras coisas, contudo sentia-me cognitivamente pouco estimulada. Precisava de algo que me fizesse pensar e que fosse desafiante. Tanto pensei que, em 2014 decidi candidatar-me a doutoramento. Tinha algum dinheiro de reserva e pensava candidatar-me a uma bolsa da Fundação para a Ciência e Tecnologia.
Foi um percurso cheio de buracos no caminho. Caí muitas vezes ao chão, levantei-me outras tantas. Candidatei-me três vezes a bolsa, sem sucesso. Esfolei-me a trabalhar, aproveitava tudo o que me era possível para ganhar dinheiro. Desenvolvi o meu projeto de investigação ao mesmo tempo que colaborava com outros projetos, dava aulas a alunos de mestrado e ganhava outro tipo de experiência profissional. Estive longe de fazer um percurso linear, porém foi cheio de aprendizagens e onde conheci pessoas fantásticas.
Apesar de todas as dificuldades, o dia da defesa chegou mais depressa do que aquilo que eu estava à espera. É um dia onde as emoções ficam demasiado intensas, em que sentimos que tudo poderá correr muito bem ou muito mal. No meu caso correram muito bem. Ainda com direito a lágrimas, porque a minha orientadora emocionou-se e eu não me consegui controlar. Será sempre uma pessoa que irei recordar para a vida e de quem não quero perder o contacto. Devo-lhe imensas coisas e ser-lhe-ei sempre grata por todas as oportunidades que me proporcionou.
Um dos meus objetivos com o doutoramento era conseguir mudanças na minha vida profissional que me permitissem conquistar a minha total independência (pessoal e financeira). Até ao momento esse objetivo ainda continua por concretizar. Só passaram dois meses desde que terminei, tenho de ser um pouco mais paciente e confiar no futuro. Quero acreditar que as coisas serão diferentes e, num piscar de olhos, a minha independência será conquistada. Nem sempre é fácil manter um espírito otimista, principalmente quando penso em todo o meu percurso e nos sacrifícios implicados e das coisas que abdiquei. Mas lá chegarei.
"Perto de Casa"é o livro de estreia de Cara Hunter e deixa-me antever a qualidade dos próximos livros da autora. É um livro construído de forma diferente quando comparado com outros livros do género e só esse aspeto já lhe acresce um enorme valor.
A narrativa desenrola-se em torno do desaparecimento de uma menina de 8 anos, a Daisy. A partir daqui segue a estrutura de outros livros do género. Investigações policiais, atuação da equipa forense, perícias científicas, interrogatórios, pistas que são lançadas para nos gerar confusão (ou não) e profissionais da polícia em choque perante o crime em que se vêem obrigados a trabalhar. E depois temos um elemento surpresa: a atividade paralela que se desenvolve nas redes sociais.
Atualmente, crimes mais mediáticos acendem a atividade nas redes sociais. De repente, todos são capazes de encontrar os culpados e de os julgar com uma facilidade tremenda. Pela primeira vez na minha vida enquanto leitora de livros do género vi o papel das redes sociais a ser abordado. É muito interessante e realista a forma como a escritora vai encaixando estes elementos ao longo do texto. É muito real, muito próximo daquilo que, nos dias de hoje, facilmente encontramos no Facebook e no Twiter. Foi tão realista que enquanto lia o livro facilmente me recordei de crimes mediáticos que aconteceram em Portugal, nomeadamente o desaparecimento da Joana, da Maddie, do bebé Madeirense... Infelizmente, é um livro ficcional que tem muito de realista e espero que a escritora mantenha este registo.
Servindo-se de todas estas armas narrativas, Cara Hunter atira-nos para o desespero de uma família cheia de esqueletos no armário. E como não bastam os esqueletos da família de Daisy, ainda nos oferece os esqueletos inspetor Adam.
Quanto à família de Daisy, a autora conduz-nos por um ambiente familiar complexo. A complexidade é nos oferecida de forma doseada, mas sem deixar espaço para aborrecimentos. É um livro cheio de ação e de acontecimentos. Não há tempo para o tédio. Ao virar de cada página encontramos algo de novo, algo que nos faz pensar afinal quem é que andou a tramar isto tudo. Tive sempre muitas desconfianças, mas muito poucas certezas.
Achei toda a equipa de investigação muito interessante e muito bem construída. Fiquei com vontade de saber mais sobre todos eles, e espero receber mais informação no livro seguinte. Adam é a cereja no topo do bolo. Um homem com um passado doloroso, que no fim, ao saber o que lhe aconteceu fiquei com o coração apertado. Infelizmente, senti falta de mais. Precisava de ter lá escrito tudo o que aconteceu na vida deste homem um meses antes daquela fatalidade. Precisa de o compreender mais, de ver o seu interior de uma forma mais plena.
O final... Bem, mais um daqueles que jamais irei esquecer. Se por lado foi surpreendente (apesar de ao longo do livro pensar que aquela personagem estava implicada de alguma forma) por outro deixou-me um gosto agridoce. Tenho dificuldade em lidar com injustiças. E este final é de certa forma injusto. Fiquei frustrada porque não fechou da história de forma totalmente conclusiva. Eu precisa de mais. Porém, tenho a leve desconfiança que num próximo livro este caso ainda irá ressuscitar.
Desta vez, pediste-me um livro que te desafiasse, que te fizesse sair da tua zona de conforto. E foi assim que o “Cinder” chegou às tuas mãos.
Agora peço-te que sejas tu a eleger um conjunto de 5 livros que consideres desafiantes e que possam ser boas opções para os leitores explorarem nestes últimos quatro meses do ano.
"Ensaio sobre a Cegueira" de José Saramago - A escrita de Saramago não é fácil e a história é densa. Estes dois aspetos tornaram esta leitura um verdadeiro desafio para mim.
"Messias" de Boris Starling - Para estômagos mais sensíveis este livro poderá ser um verdadeiro desafio. É um policial muito, muito gráfico. Um livro com passagens que me deixaram nauseada.
"Os Maias" de Eça de Queirós - Eu adorei este livro, mas sei que a escrita narrativa e o tamanho tornam-no num verdadeiro desafio para muita gente.
"A Filha da Floresta" de Juliet Marillier - Eu não sou fã de fantasia e gostei muito deste livro, mas também já li muitas opiniões de pessoas que ficaram mais insatisfeitas com a leitura. A partir de uma certa fase do livro a história desenrola-se mais lentamente e isso poderá constituir um desafio para alguns leitores.
"Aparição" de Virgílio Ferreira - Este livro está longe de ser consensual. Aliás, atrevo-me a dizer que são mais as pessoas que não gostam dele do que aquelas que gostam. Eu adorei. É um livro mais instrospetivo e com uma forte carga filosófica. É um livro construído com base em elementos que podem afastar alguns leitores e tornar a leitura num verdadeiro desafio.
"Até que sejas minha" foi mais uma das minhas escolhas cegas na biblioteca. Não conhecia escritora nunca me tinha cruzado com o livro e não tinha lido nenhuma opinião. Vi que era um thriller e decidi trazê-lo para casa. Há sempre aquelas fases leitoras mais sangrentas em que as minhas necessidades só são satisfeitas com leituras um pouco negras.
Todo o livro é narrado, alternadamente, pela Claudia, pela Zoe e um narrador que dá voz a Lorraine Fisher e nos dá a perspetiva policial. Claudia é uma mulher que vive o final da sua gravidez e Zoe, a ama contratada para a ajudar com os dois filhos do marido de uma relação anterior. Lorraine é um elemento da equipa policial que terá dores de cabeça profissionais e pessoais.
Esta opção narrativa da escritora foi soberba, porque só serviu para adensar mais a minha curiosidade e me deixar sempre com vontade de ler mais um capítulo só para aceder a uma perspetiva diferente e recolher um pouco mais de informação. Acho que ia sempre à procura de corroborar as minhas ideias, todas elas alimentadas pela escritora.
Andava eu numa ânsia por confirmar tudo aquilo que estava na minha cabeça que, a cem páginas do fim, decido dar um salto à última página. Bem feita para mim que acabei por me oferecer um bom spoiler. Pensei que a leitura já não iria ter o mesmo sabor. Acabei por fazer todo o filme na minha cabeça, embora com algumas lacunas, e não estava à espera de ser ainda mais surpreendida.
Enganei-me!! A vontade de ler continuou, e foi-me oferecido um final e um desenrolar narrativo que me deixou sem palavras. É daqueles finais que dificilmente se esquecem. É forte, inesperado e muito bem arquitetado.
É um livro que nos mostra os diferentes lados das relações, as dificuldades de se viver em família, as cedências e os sacrifícios. De forma subtil também a doença mental tem um espaço no livro e gostei da forma como a escritora a colocou e a abordou. Permitiu-me refletir sobre um conjunto de aspetos impossíveis de partilhar com vocês porque seria a minha maneira de vos oferecer spoilers.
Caso decidam ler este livro quero que apreciem a beleza da articulação dos acontecimentos e da forma como todos os pormenores são organizados para conduzir o leitor pelos caminhos certos. Um dos últimos capítulos é particularmente enervante, uma vez que as dúvidas sugam toda a nossa sanidade mental. Absorvam tudo! Apreciem cada pormenor, cada discurso de cada personagem e, no fim, deixem que o vosso queixo cai perante a surpresa que só o desfecho é capaz de provocar.
Fiquei extremamente curiosa para ler mais livros da Samantha Hayes.
Este foi um dos anos em que mais pensei em deixar de escrever no blog. Acho que o cansaço estava a levar o melhor de mim. Para além disso, os blogs deixaram de ser tão atratativos a grande parte dos internautas. Apesar de gostar de escrever para mim, de gostar de registar as minhas leituras e o que vou fazendo, apesar de adorar escrever sobre tudo e sobre nada é importante que outras pessoas gostem de ler o que aqui vou colocando, que gostem de passar por aqui (assim como existem outros blogs que vou acompanhando e comentando mais raramente).
Mas aguentei, e estou feliz por aqui continuar.
Quero agradecer a todas as pessoas que gostam de ler as minhas opiniões literárias e cinematográficas (são sempre verdadeiras e espelham aquilo que realmente senti com a leitura), que gostam de ler os meus devaneios e que me vão acompanhando por aqui.
Quero agradecer à Daniela do blog Quando se abre um livro pela presença constante e que vai muito além do blog. Quando pensava em deixar de escrever por aqui, lembrava-me sempre dela e da sua opinião relativamente ao blog constituir uma excelente forma de atividade mental e de nos envolver e motivar para alguma coisa.
Quero agradecer à Asa, à Coolbooks, à Porto Editora, à Quinta Essência e à Topseller por me disponibilizarem novidades literárias para ler e divulgar de forma honestas e sincera. Sem vocês seria muito mais difícil aceder a novos livros e a novos autores.
Espero continuar a ter energia para continuar a escrever por aqui.
Vi "On Chesil Beach" devido à recomendação de uma amiga minha. Que por sua vez, tinha recebido como recomendação de uma formadora de terapia familiar. Ela não tinha visto o filme, mas tendo em conta a pessoa que fez a sugestão, achamos que iríamos encontrar material para uma discussão interessante.
O filme é baseado no livro com o mesmo nome de Ian McEwan (em Portugal foi publicado pela Gradiva com o título "Na Praia de Chesil") e dá-nos a conhecer um jovem casal e a história da sua relação. O filme começa com eles já em lua de mel e vai fazendo alguns saltos temporais ao passado de ambos para ficarmos a saber o que conduziu a esta união.
Achei o filme bastante interessante até conhecer o final e o culminar de um conjunto de coisas que careciam de algum sentido. Aceder às personalidades de cada um deles, ver aquilo que os movia e aquilo que os aproximou e afastou enquanto casal constituiu um contexto narrativo de interesse. Contudo, à medida que o filme evoluía eu ia ficando um pouco aborrecida e frustrada porque não estava a obter resposta a grande parte das minhas questões. Eu senti falta de obter alguma contextualização capaz de justificar, aos meus olhos, o comportamento da Florence. Não fiquei nada convencida de que tudo o que aconteceu entre ela e Edward fosse apenas resultado de pressões sociais. Faltou ali um elo de ligação entre tudo o que assisti e o final que me foi oferecido.
E assim, uma relação auspiciosa entre mim e o filme foi-se degradando ao ponto de apenas esperar o final para ver se obtinha as respostas àquilo que tanto estava à procura.
Ainda não li o livro, mas ainda não decidi se o quero ler. Por um lado, tendo em conta a forma como a história do filme se desenrola não tenho vontade nenhuma de me atirar ao livro. Por outro lado, o livro, geralmente, tem sempre mais a oferecer. O que é que vocês fariam? Liam o livro ou não?
Hoje dei-lhe um estalo. A minha vontade era espancá-lo. Porque é que não respondeu às minhas mensagens? Porque é que ignorou todas as minhas chamadas? É impossível não perder a paciência com um namorado assim.
Só tínhamos aulas de tarde. Assim que acordei, mandei-lhe a habitual mensagem de bom dia, à qual ele respondeu dizendo que ia começar a estudar para o teste de Filosofia. A sério que ele ainda perde tempo a estudar? Ele que não precisa de se dar a esse esforço? Ele tinha era de responder às minhas mensagens, atender as minhas chamadas e ouvir-me. Estava desesperada por lhe contar a horrível discussão que tive com os meus pais logo pela manhã. Mas ele escolheu ignorar necessidades da sua namorada.
Passei o resto da manhã a ferver de nervos. Como é que ele podia ignorar-me? Terminei de almoçar e fui logo para a escola. E o que é que encontrei? O senhor Gaspar no meio daquelas miúdas com os livros de filosofia pelo meio. Há quanto tempo lá estaria? Porque é que as estava a ajudar? Porque é que ele não me respondeu? Custava-lhe assim tanto dizer onde estava, que parte da matéria estava estudar, o que iria ser o almoço dele, o que iria levar vestido para escola… Que nervos!!!
Foi neste estado que me dirigi até ele:
- Gaspar?
Assim que se virou para mim o sorriso desapareceu-lhe da cara. Que mal fiz eu ao mundo para ter um namorado que nos últimos tempos, sempre que me vê, fica com cara de quem está num funeral!
Fiquei ainda mais aborrecida. Levantei a mão. Concentrei toda a minha força nela e bati-lhe. Ficou com os meus dedos marcados na face.
De repente parece que tudo à nossa volta parou. Viu-o respirar fundo várias vezes. Até que finalmente abriu a boca.
- ESTOU FARTO! FARTO DO TEU CONTROLO, DA TUA FALTA DE VONTADE EM FAZER COISAS ÚTEIS. Nunca queres estudar, estás sempre a querer saber tudo da minha vida. Não me dás espaço, não me deixas respirar. Estou cansado disto.
Como é que ele se atreve a questionar os meus atos de amor por ele?
Senti-me humilhada. Virei-lhe as costas. Ainda olhei para trás, talvez ele se arrependesse e viesse atrás de mim, mas não o fez. Isto não ficará assim.