Por detrás da tela | "Wonder - Encantador" (2017)

Classificação: 10/10 Estrelas
Eu queria ter lido primeiro o livro, mas a oportunidade de ver filme surgiu antes de eu ter tempo de ler. Há uns tempos atrás ficaria aborrecida, agora já consigo ver o filme e depois ler o livro sem qualquer problema. Só gosto de deixar passar um pouco de tempo para que a memória não esteja tão nítida. Assim, um dia irei ler o livro.
Relativamente ao filme só posso partilhar com vocês visões positivas. As representações foram magníficas! Conseguiram oferecer o drama e a emoção necessárias e capazes de permitirem a minha ligação ao filme.
A história que o filme apresenta tem uma mensagem muito importante. É por essa mensagem que o filme deveria ser visto e discutido com crianças a partir dos 8/9 anos.
Auggie é uma criança diferente que tem de enfrentar um mundo que não está preparado para a diferença. Porque instintivamente a escondemos e ser diferente é, em geral, motivo para olhares menos discretos e comentários que ferem a alma.
Numa época em que tanto se fala de inclusão, este filme poderá ser um excelente ponto de partida para a reflexão.
Aquilo que os estudos científicos apresentam é que, as crianças em idade pré-escolar, a frequentar turmas inclusivas, não olham para as crianças diferentes como sendo diferentes. Para elas é mais uma criança que está ali para aprender e brincar. Assim, as crianças, desde cedo, estão habituadas a conviver e a respeitar a diferença. Está é uma excelente forma de prevenir situações como as que Auggie foi obrigado a aprender a lidar.
O filme retrata muito bem as dinâmicas entre pares, as dificuldades de integração, a necessidade de termos de fingir para conseguir fazer parte de um grupo...
Uma vez uma criança disse-me que a escola era como uma selva e, para sobreviver, tens de te anular e tentar passar despercebida para que não fosse engolida. Através do filme, em vários momentos e através de diferentes personagens conseguimos perceber a influência do grupo, a necessidade de se ajustarem para se integrarem e as dificuldades de ser diferente num mundo de iguais.
Por outro lado achei extremamente observar e pensar sobre as dinâmicas familiares da família de Auggie. A doença, muitas vezes, absorve os pais. Consome-lhes a sua atenção e energia e modifica toda a rotina familiar. É claro que tem as suas consequências e benefícios e acho que o filme conseguiu retratar muito bem o efeito de uma doença no sistema familiar. Além disso Julia Roberts Owen Wilson estiveram brilhantes no papel de pais.
O filme deixou-me com uma enorme vontade de ler o livro. Se o filme me emocionou, o livro terá uma capacidade redobrada de o fazer.