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E chegou o último desafio. Foi o que menos gostei de escrever. Sinto a minha cabeça cansada e a escrita custou muito a fluir. A ideia do conto já estava na minha cabeça há alguns dias, mas é daqueles que funciona melhor na imaginação. Acho que não consegui materializar bem a ideia em palavras. Deixo-vos o melhor que consegui.
Agradeço à Elisabete e à Vera esta possibilidade de desenvolver histórias. Obrigada pelo vosso trabalho, pelo vosso incentivo... Obrigada pela vossa generosidade em partilhar a vossa paixão pela escrita com todos(as) nós.
Agora, o conto:
O que é bom acaba depressa
Deu-me uma bússola e um mapa. E agora, o que é que eu faço com isso?
― Estás a olhas para isso como se não soubesses o que isso é?
― Sei sim, capitão. Não sei é que espera que eu faça com isto.
― Então marujo. É para descobrimos o tesouro. Temos de lá chegar primeiro que os piratas. Toca a pegas nos remos. E tu vais orientar a nossa viagem.
Pegamos nos nossos remos. Remamos com quanta força havia. O mar agitava-se à nossa volta. Tínhamos pressa de chegar.
Remamos…. Remamos…. Remamos… Parecia que nem saíamos do lugar. Mas de repente…
― Olha marujo, os piratas devem ter mandado alguém primeiro. Olha como ele faz buracos naquela zona da ilha. Vamos atracar e atacar o invasor.
Atracamos o nosso barco e saltamos para terra. Em silêncio, pé ante pé lá fomos em direção de quem esburacava a terra em busca de um tesouro.
Saltamos e agarramo-lo. Pernas e braços confundiram-se no ataque. Não podíamos ficar feridos. O enviado resistia. Conseguiu escapar às nossas investidas e corria de forma desgovernada pela ilha. Nós fomos atrás dele. Corríamos, corríamos…. Mas ele era resiste.
― Capitão, Capitão! Vai ser difícil apanhá-lo. Ele corre demasiado depressa.
Paramos. O cansaço era grande. O nosso inimigo também parou. Olhou para nós. Parecia divertido por ver que estávamos cansados.
É então que ele começa a correr na nossa direção. Corre cada vez mais depressa. Salta para cima de nós e acabamos todos no chão….
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― XAVIEEEEEEEEER! MATIIIIIIIIIIAS! É hora do lanche.
A mãe aparece à porta das traseiras. Os olhos arregalam-se perante a confusão que se instalou no jardim. Os miúdos e o Oliver estavam engalfinhados uns nos outros. As gargalhadas dos miúdos eram contagiantes. O Oliver, o cão da família, soltava pequenos latidos de alegria e, nos entretantos não poupava as crianças de umas boas lambidelas.
O jardim esta um cão. A bacia, que outra tinha água limpa, estava meio vazia e com uma água um pouco escura. Ao lado jaziam vassouras e esfregonas. Assim como um mapa roubado do carro do pai e a bússola que Xavier havia recebido no Natal. Numa outra parte eram tantos os buracos feitos pelo Oliver que mais pareciam as crateras da lua.
― Meninos, podem dizer-me o que é que se passou por aqui?
Xavier e Matias libertam-se de Oliver e vão ter com a mãe.
― Bem, mãe… Só estivemos a brincar aos marinheiros e aos piratas. Andávamos à procura de um tesouro. Mas o Oliver fez demasiados buracos.
― Estou a ver!! Só quero saber é quem vai arrumar esta confusão e tapar os buracos.
A mãe olha para Oliver. O cão parece divertido. A língua ainda está de fora devido ao esforço da brincadeira.
― Mãe? – Xavier chamou a atenção da mãe que ainda estava concentrada em avaliar os estragos da brincadeira dessa tarde.
― Sim, filho.
Baixou-se para ficar ao nível deles e poder olhá-los nos olhos.
― Nós ajudamos a arrumar tudo e a tapar os buracos, mas…
― Mas?
Os dois irmãos trocaram um olhar de reconhecimento.
― Precisamos de uma piscina… Como uma daquelas que vimos no supermercado ao lado da casa da avó. É que navegar numa bacia é muito mau. Não temos espaço. Eu e o mano ficamos muito apertados. Batemos com os nossos remos uns nos outros.
A mãe abanou a cabeça e sorriu. Não havia nada a fazer. A imaginação fértil daqueles miúdos nunca iria acabar. E ainda bem.
― Promoto que vou pensar no vosso pedido.
― Tens de pensar rápido. Queríamos o nosso mar antes que o verão e as férias acabem.
Soltou um suspiro e ergue-se. Pegou nas mãos dos filhos e levou-os para dentro.
― Vá, vamos limpar o corpo da sujidade da vossa aventura e vamos lanchar.