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Por detrás das palavras

Opinião | "Segredos do passado" Deborah Smith

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Tal como em 2020, quis começar 2021 com uma leitura positiva, ou seja, quis que o meu primeiro livro do ano contivesse uma história de amor, com uma mensagem positiva e com um final feliz. Andei a ver a minha estante e resgatei o livro "Segredos do passado" de Deborah Smith. As minhas leituras anteriores de livros desta escritora reuniram os requisitos que eu queria encontrar na minha primeira leitura do ano. 

Deborah Smith é uma escritora de fórmulas. Agarra em famílias, junta-lhe uns conflitos, um romance que será posto à prova e um reencontro após anos de ausência e a história acontece. Talvez este tipo de livro te aborreça. Eu, na generalidade, gosto! Não os posso ler muito seguidos, mas dando o espaço temporal correto entre eles tornam-se boas leituras e ótimas para aligeirar a mente e semear em mim emoções positivas. 

"Segredos do passado" é um livro que em que a escritora seguiu a sua receita à risca. Claire tem uma família grande e financeiramente próspera. Roan vive no extremo social oposto. Algo acaba por uni-los. Aos meus olhos foi uma união um pouco forçada e artificial. Talvez tenha sido a diferença de idades que me tenha causado estranheza. Cinco anos não é uma diferença etária muito vincada quando falamos de jovens adultos. Porém, em momentos mais precoces da vida humana, separa a infância da adolescência; e aqui as diferenças demarcam-se e afastam crianças e adolescentes. Claire era cinco anos mais nova que Roan e por isso aquela ligação do passado não me convenceu muito. 

O tempo passa e a estranheza de Roan e Claire enquanto casal esbate-se. Este avanço cronológico também oferece revelações interessantes que dão um toque especial à história e às vidas das personagens. É, em alguns momentos, uma narrativa bastante emotiva. 

Tal como o esperado sobressai a amizade, o amor e as mensagens positivas que só as relações humanas bem desenvolvidas deixam sobressair. Há conflitos que se resolvem, personagens que se superam e há amor suficiente para me derreter o coração e dar esperança num futuro incerto e um pouco aterrador. 

Para mim, foi um livro que trabalhou as minhas emoções. Que me permitiu pensar nas oportunidades que a vida nos pode dar e de que formas as podemos agarrar. Que abriu espaço a reflexões sociais e à crueldade que por vez afeta algumas infâncias. No fim, deixou em mim aquela sensação de que o ser humano é complexo e que tem capacidade de dar e receber na mesma proporção, mas que, para tal, precisa de se sentir preparado e de coração aberto.

Classificação

Inquietações #2

Quantas histórias cabem neste pedaço de História?

Ninguém deve sair daqui, pois poderia levar para

27 de janeiro, Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto

76 anos depois da libertação de Auschwitz continua a ser fundamental não esquecer as histórias que a História guarda. Para nós é impossível imaginar as dores que as vítimas do Holocausto carregaram e carregam, mas inquieta-me o medo que devem ter sentido anos antes. O medo que sentiram quando o mundo entrou numa mudança que culminou numa guerra e num racismo e xenofobia sem precedentes. 

Numa altura em que os movimentos de extrema direita ganham força na Europa, espalhando mensagens de intolerância, urge lembrarmos cada uma das pessoas que lutou, sobreviveu ou que sucumbiu ao comportamento desumano de homens que tiveram coragem de fazer coisas horríveis a seres tão humanos quanto eles. 

Os anos avançam e vão sendo cada vez menos as testemunhas vivas dos horrores do holocausto. E, por isso, é cada vez mais importante avivar a memória e aprender com a História para que não se repitam os horrores de outros tempos.

Muitas vezes me perguntei o que pensavam e o que sentiam todos aqueles que espalharam o terror nos diferentes campos de concentração. O que é que eles sentiam a olhar para aquelas crianças, para aqueles homens e mulheres que ficavam sem nada. Até a dignidade lhes era roubada. É certo que devem ter recebido uma boa lavagem cerebral. Foram treinados e instruídos para espalharem aquilo que só era terror aos olhos dos outros. Cognitivamente consigo entender. Emocionalmente só nascem dúvidas e incompreensões. 
Como terá sido para eles o depois. A guerra acabou, os campos foram libertados e os horrores foram ficando visíveis. Como é que ficou a consciência destes homens e mulheres que durante anos se dedicaram a criar e alimentar um inferno real? 

Talvez não haja uma explicação em concreto. O ser humano é mau por natureza. O ser humano consegue fazer o melhor e o pior com o seu comportamento. A humanidade e a empatia existiam em doses pequenas, ou simplesmente não existiam. 

Hoje em dia parece que estas doses continuam a ser servidas em doses pouco saudáveis. E isso tem dado espaço aos discursos sensacionalistas, ao ódio gratuito e à intolerância perante a riqueza que nasce da diversidade do ser humano.
Não podemos calar as vozes que semeiam concórdia, paz, respeito, humanidade e empatia. Devemos exaltá-las para que consigam se sobrepor a discursos que conduzem ao fim de um conjunto de direitos e deveres que outros, no passado, lutaram para conquistar.

Por tudo isto, hoje é dia da memória. É dia de lembrar aqueles e aquelas que caminharam sobre a neve que cobria caminhos de dor, sofrimento. A fome foi uma companheira fiel daqueles e daquelas que tiveram a sorte de escapar as seleções indiferenciadas para os "banhos" finais. É dia de admirar cada um dos prisioneiros que teve de engolir o seu próprio sofrimento, adormecer as suas emoções para, a cada dia, ser capaz de enterrar um dos seus ou colocá-los nos crematórios. 
É dia de lembrar, também, os gestos de bondade que aconteceram em silêncio. Lembrar aqueles e aquelas que lutaram contra as regras e ajudaram anónimos, amigos e conhecidos. 
Quero acreditar que foram muitos os gestos de bondade. Só foram insuficientes porque a máquina de destruição foi enorme e movida com um tipo de ódio que não está, ainda, eliminado. 

Cabe-nos a nós mantê-lo adormecido, lembrando estas lutas e aprendendo com aquilo que a História nos deixou. 

Projeto Conjunto | Empréstimo Surpresa [Os motivos]

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Comecei o ano com um bom ritmo de leitura... Tão bom que numa semana consegui ler o livro que a Daniela me tinha enviado e enviar-lhe outro de volta. 

Andava indecisa entre três livros, mas acabei por lhe enviar aquele que tenho mais curiosidade na opinião dela.

Assim, enviei-lhe "Lá, onde o vento chora" de Delia Owens.

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Sabia que era um livro que estava na lista de leituras da Daniela. Sabia que ela andava curiosa com o livro. E eu ainda mais curiosa por saber a opinião dela e discutir com ela o livro. Como quero discutir o livro com ela tinha de lho enviar enquanto as minhas memórias estão frescas.
Não gostei tanto deste livro como a maioria das pessoas. O livro tem feito imenso sucesso. Tem uma mensagem bonita, mas não me convenceu na totalidade. O que será que a Daniela irá sentir com esta leitura?

Passa no blog Quando se abre um livro para conhecer a reação da Daniela.

52 perguntas | 4 # lugares que queres visitar

Dando continuidade ao desafio da biiyue, esta semana o objetivo é indicar lugares que quero visitar. Para mim o mais difícil é reduzir a lista... Vou apresentar-vos cinco sítios que quero muito conhecer.

Estocolmo

933656741.jpg(imagem retirada daqui)

Não tenho uma explicação racional para este meu fascínio com os países nórdicos. O que é certo é que a Suécia paira nos meus sonhos de viagem há muito tempo. Quero mesmo muito conhecer Estocolmo.

Paris

Paris_montage_2013.jpg(imagem retirada daqui)

Paris, a cidade das luzes e do amor. Acho que deve ser uma cidade bonita e cheia de recantos interessantes para conhecer. Mais uma cidade que paira nos meus sonhos há muito tempo.

Moscovo e São Petersburgo

Untitled design (10).jpg(imagens retiradas daqui)

Posso culpar os livros pela minha vontade de conhecer estas duas cidades russas. Depois de ler "A imperatriz Romanov" de C.W. Gortner e "Os últimos dias dos Romanov" de Robert Alexander que fiquei com imensa curiosidade em conhecer os palácios, os locais e as coisas que pertenciam à família imperial Russa. 

Auschwitz

mw-860.jpeg(imagem retirada daqui)

Não sei como ficarão as minhas emoções quando conseguir visitar este lugar de respeito. Respeito por todos aqueles que lá perderam a vida, respeito pelo sofrimento que ficou impresso em cada metro quadrado, respeito pela história que a História guarda e que nunca deveríamos esquecer. Tenho a certeza que será uma viagem intensa.

Costa amalfitana

cidades-costa-amalfitana-1.jpg(imagem retirada daqui)

Itália, é Itália! A costa amalfitana é preenchida  de cidades demasiado bonitas. Uma viagem de sonho para uma férias que, para já, só em sonhos.

Vale a pena ler # 1 | "Piano surdo" de Olinda Gil

Hoje inicio uma nova rubrica aqui no blogue. Devido às exigências profissionais não consigo manter ativo o Bando Lusitano, mas não é por isso que irei deixar de divulgar autores(as) e livros nacionais.

Aliada a esta minha vontade, comecei a pensar que há pessoas que preferem ser convencidos sobre determinado livro com um pequeno conjunto de frases. 

Conjugando estes dois aspetos, lanço o Vale a pena ler. Irei dar prioridade aos autores nacionais, mas irei ter outros livros também. 

Para inaugurar este meu primeiro post, escolhi o conto "Piano surdo" de Olinda Gil. O conto está disponível gratuitamente aqui

Vale a pena ler.jpg

Ficaste com vontade de ler este conto?

Para esta rubrica também gostava de ter a tua colaboração. 
Pensa num livro que tenhas lido. Agora, pensa em alguns motivos pelos quais outra pessoa o deve ler. Envia-me a informação para o e-mail pordetrasdaspalvras@gmail.com e a tua sugestão aparecerá nestes espaço. 

 

Por detrás da tela | "Variações" (2019)

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O primeiro filme que vi em 2021 foi "Variações". Infelizmente, vejo poucos filmes de produção nacional e é algo que é importante mudar. Aproveitei que este passou na RTP e decidi assistir.

António Variações e a sua música fez um pouco parte da minha infância e adolescência. As letras inconfundíveis e a sonoridade que fica gravada na memória acompanharam algumas fases da minha vida. 
Não conheci este homem, mas conheci aquilo que lhe foi possível deixar. Ele morreu antes de eu nascer, mas a sua arte teve o impacto suficiente para permanecer ao longo dos anos. 
Não sei se o filme romantizou demasiado aquilo que foi a realidade deste homem. Eu gostei imenso do filme, do guarda-roupa e da banda sonora. Porém, acho que este homem sofreu mais do que aquilo que o filme nos permite ver. Ser diferente, numa época pouco tolerante deve ter sido complicado. 
Das muitas relações interpessoais que Variações construiu e que o filme nos possibilitou conhecer, a relação que ele mantém com a mãe é um exemplo positivo de uma mãe que aceita o filho tal como ele é, que fica contente com as suas conquistas e que sofre com o sofrimento do filho.

Admiro a luta por fazer valer o seu talento. A música estava-lhe no sangue. As letras brotavam de uma imaginação rica e observadora da condição humana. Variações foi apenas um ser humano que nunca desistiu de fazer valer os seus sonhos, de concretizar aquilo que o fazia feliz. O palco da vida foi demasiado curto para ele. Não lhe deu mais tempo para saborear os lucros da sua persistência e resiliência. 

Mas a sua genialidade persistiu ao longo dos anos. Ainda hoje, as suas letras deixam mensagens marcantes. Ainda hoje, a sua história de vida tem algo a ensinar a quem se permite refletir sobre ela.
Este é um daqueles filmes para rever ao longo da vida, porque nunca é demais inspirarmo-nos na luta por aquilo que nos deixa feliz. 

Classificação
/5

Nota: foi preciso uma semana para a música "Toma o comprimido" me saísse da cabeça.

Opinião | "À procura de Sana" de Richard Zimler

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"À procura de Sana" encerrou o meu ano literário de 2020. Já há muito tempo que queria experimentar ler um livro de Richard Zimler. Por diversas vezes já me tinha cruzado com opiniões muito positivas ao trabalho deste escritor. 
Surgiu a possibilidade de trazer o livro da biblioteca e, assim, criou-se a oportunidade de conhecer o trabalho deste escritor.

O que é que sobressaiu aos meus olhos desta leitura? Sem dúvida que a escrita. É tão agradável e bonita que quase me senti embalada na leitura. É claro o cuidado dispensado à escolha de palavras e à forma como elas se articulam. Este foi um elemento essencial para criar uma narrativa apelativa para uma história que se revelou demasiado complexa e cheia de recantos desconhecidos. 

A complexidade da narrativa é da responsabilidade de Sana. A vida desta mulher cruzou-se com a de Zimler e ele sentiu necessidade e responsabilidade em contar a história desta mulher. E, assim, viu-se arrastado para um conjunto de vidas marcadas por um conjunto infinito de pontas soltas. Isto causou alguma entropia na minha compreensão mais profunda da história. Senti-me perdida com alguns avanços e recuos. Senti-me com alguma dificuldade em criar uma ligação com as personagens e com os acontecimentos. 

No fim ficou-me a sensação de não ter conseguido absorver tudo aquilo que a história tinha para oferecer. Acho que não consegui reter com eficácia a sequência dos acontecimentos, cujo seu encadear se traduz naquele final. Após a leitura sobreviveu a vontade de voltar a ler mais livros do escritor. 

Classificação

Top ten tuesday # 68 | Livros que queria ter lido em 2020

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São sempre mais os livros que tenho para ler do que o tempo disponível para os ler. Como é óbvio havia alguns livros que eu queria ter lido em 2020, mas que acabei por não ler. Deixo aqui uma lista de dez livros que gostraria de ter lido em 2020.

  1. "A filha do barão", Célia Loureiro
  2. "A mulher casa", Tânia Ganho
  3. "Os doentes do Dr. García", Almudena Grandes
  4. "Não contes a niguém", Karen Rose
  5. "O cavalheiro inglês", Carla M. Soares
  6. "Um estranho caso de culpa", Harlen Coben
  7. "Nome de código", Karen Cleveland
  8. "O teu rosto será o último", João Ricardo Pedro
  9. "Sensibilidade e bom senso", Jane Austen
  10. "O filho de Thor", Juliet Marillier 

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