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Por detrás das palavras

Opinião | "O teu rosto será o último" de João Ricardo Pedro

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"O teu rosto será o último" de João Ricardo Pedro foi o vencedor do Prémio Leya em 2011. Muitas vezes, quando leio livros que venceram um qualquer prémio literário questiono-me acerca dos critérios usados pelo júri para selecionar a obra vencedora. Tenho consciência que a leitura e a interpretação que cada um faz das obras que lê tem uma forte componente subjetiva, mas acho que deveriam existir critérios mais específicos de forma a tornar transparente todo o processo.

Quando uma obra sai vencedora de algo é inevitável que eu, enquanto leitora, crie expetativas um pouco elevadas relativamente à obra. Estava ligeiramente expectante em relação a este livro. Pensei que me ia trazer uma história envolvente de um Portugal diferente daquele que eu conheci. Mas este histórico e político e mal explorado. Vão surgindo algumas referências à ditadura, à revolução e ao pós 25 de abril, mas não ocupam grande destaque na contextualização da obra.

Quanto ao resto, senti-me a oscilar entre a compreensão e a confusão. Há passagens interessantes, com um conteúdo que me permitiu acompanhar o crescimento das personagens, mas existiram outras partes pouco claras, confusas e que não pareciam encaixar de forma coerente e sequencial na história que estava a ser contada. Há momentos muito aborrecidos, onde a narração se resume à partilha de factos do quotidiano. Apesar de eu ter conseguido perceber qual a intenção do escritor, só me senti a navegar por palavras e factos desprovidos de emoção e de profundidade. 

É difícil para mim identificar uma tipologia de leitores a quem este livro possa interessar. É complexo e está muito dependente da nossa subjetividade e experiência enquanto leitores. Por isso, na dúvida experimenta e arrisca a ler este livro.

Classificação

Por detrás da tela | "Debaixo do céu" (2019) e "Uma pista para o amor" (2017)

Debaixo do céu

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No final de janeiro, na RTP 2, passou o documentário "Debaixo do céu". Neste documentário são partilhados relatos de judeus que conseguiram escapar ao campos de concentração e, na sua fuga, passaram por Portugal antes de rumarem a outros destinos.

Cada um dos sobreviventes partilha a sua história de vida antes, durante e após a fuga. Vão traçando um relato daquilo que era viver em países sobre o domínio nazi, da sua fuga e da sua passagem por Portugal. Apesar dos relatos serem mais focados nestes períodos, conseguimos perceber para onde estes refugiados foram depois de saírem de Portugal. Foram igualmente exploradas as memórias que tinham do país e de como foi passarem por aqui. 

O documentário é constituído pelas narrações de cada um, acompanhadas por imagens da época. 

São relatos que conjugam dor, sofrimento, resiliência e boas memórias do espaço português. É interessante a sua visualização porque nos permite conhecer outras realidades para além dos campos de concentração. Realidades estas que são menos exploradas no cinema e na literatura. É um documentário bem feito e que facilmente captou a minha atenção. 

Classificação

Uma pista para o amor

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Há alturas em que precisamos de um filme levezinho, de fácil visualização e que não exija muito da nossa capacidade cognitiva. "Uma pista para o amor" é uma boa opção para estas alturas. 

Em traços gerais o filme narra a vida de Emily James, uma patinadora no gelo considerada brilhante que, por motivos de força maior teve de deixar as pistas de gelo. Tornou-se treinadora de crianças, mas a chegada de um novo treinador acaba por despertar-lhe a vontade de competir. 

Pelos traços gerais é possível perceber que o filme é previsível, com romance e drama à mistura. Porém, traz uma história que consola e que permite que se desligue do stress e da agitação dos dias. 
Os atores não têm desempenhos brilhantes (algumas representações são até um pouco fraquinhas), mas a energia positiva que emana do final é capaz de ofuscar aquilo que funciona menos bem.

Classificação

52 perguntas | 8 # amizades do coração

daisy-3392654_1920.jpg(Fonte)

Às minhas amizades do coração...

No meu coração vivem pessoas especiais. Umas que se ficaram no passado, outras que se arrastam no presente em direção ao futuro e outras que se constroem a partir de hoje. Já sofri muito por aquelas que tive de deixar no passado. Hoje em dia aceito-as com uma maior leveza. Continuo a gostar delas por aquilo que representaram para mim, pelo apoio e suporte que me deram nessa altura e pelas boas memórias que me ofereceram. Foram importantes nessa época. Serenei o meu coração perante a inevitabilidade de as ter perdido. Há coisas que acabam. O para sempre é algo fantasioso que nos foi oferecido pelos contos de fadas. 

O passar do tempo deixou que a qualidade das relações ganhasse mais significado. Hoje posso ter poucas pessoas que envergam o título de amizades do coração, mas o vínculo que existe é mais coeso. Preenchem espaço no meu interior emocional que me acalenta a alma. São parte integrante da minha tribo que me empurram para o meu trilho quando algo me desequilibra e me afasta da rota.

São pessoas que me fazem ver as coisas positivas do meu percurso. São pessoas que abraçam o coração com palavras. São pessoas que enxugam as lágrimas e me fazem rir, mesmo quando não estou para aí virada. São pessoas que respeitam a minha necessidade de silêncio e reclusão. São pessoas que aceitam o jeito introvertido e reflexivo. São pessoas que me deixam felizes com as suas conquistas. São pessoas que me dão a honra de fazer parte dos seus dias de festa e dos seus dias de tempestade.

São a família que eu escolhi. Uma família com vínculos mais sólidos que uma família de sangue. 

Nas páginas do meu caderno # 12

O que é que a escrita significa para ti?

art-1868727_1920.jpg(imagem retirada do pixbay)

Escrever foi uma paixão tardia. O amor pela leitura surgiu muito antes da escrita, mas reconheço que foi este amor que me oferece esta paixão.

Não me considero uma escritora. Nunca fui além de uns micro contos escritos aqui para o blog. Nunca escrevi um livro, nunca publiquei nada. Mas escrever é, para mim, a minha forma de expressão preferida. As palavras são um veículo fenomenal. Aproximam-me do mundo e do outro. Através delas consigo dar corpo à confusão do meu mundo interior e do meu mundo emocional.
Aventurar-me para além deste meu espaço assusta-me e significa sair um pouco da minha zona de conforto. Não sei se serei capaz de enfrentar um desafio tão grande como o de escrever um livro.

Escrever tornou-se numa necessidade. Num alimento que me enriquece enquanto ser pessoal e enquanto ser profissional. Permite-me chegar a ti e oferecer-te visões, pensamentos, reflexões, emoções... A escrita também constrói pontes comunicacionais. Aproxima-me do mundo.

A escrita também significa liberdade. A escrita, para mim, é liberdade!!

E para ti, o que significa a escrita? Por que é que escreves?

Por detrás da tela | "Clínica Privada" (2005 - 2013) e "Gru, o maldisposto 3" ( 2017)

Clínica privada

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"Clínica Privada" é uma spin-off da série "Anatomia de Grey" e foi criada para dar continuidade à personagem de Addison Montgomery. 
O ano passado comecei a ver "Anatomia de Grey" e viciei (manifesto aqui o meu descontentamento com a FOX Life que decidiu não transmitir as temporadas 14 e 15, porque irão estar disponíveis numa plataforma de streaming paga e saltou logo para a temporada 16 ). Como tal tinha de acompanhar "Clínica privada" e conhecer de forma mais profunda a Addison. 

A série não é só sobre a Addison. Há todo um grupo de médicos residentes que contribuem para o desenvolvimento da trama e adensam os conflitos que vão sendo criados. E além das vidas pessoais surgem casos médicos que abordam temas que convidam à reflexão. 

Acompanhei as seis temporadas e gostei muito. 
É uma série leve, com momentos divertidos, com romance na dose certa e com temas sociais pertinentes.
Apesar e gostar muito da série, acho que acabou na hora certa e da forma certa. 

Se procuras uma série para desligar dos momentos pesados do dia a dia e do aborrecimento da rotina, "Clínica privada" é uma boa escolha. 

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Gru, o maldisposto 3

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Não sou uma entusiasta desta série de filmes. Acho engraçado o conceito por detrás da personagem do Gru e acho uma certa piada aos Minions. Porém, sinto alguma dificuldade em me conectar emocionalmente com os filmes. 

Eu gosto muito de ver filmes de animação. São ótimas fontes de inspiração para as intervenções com os miúdos e para refletir sobre questões que povoam o universo infantil. 
Aqui o foco são as maldades. 

Gru vai-se transformando ao longo dos diferentes filmes e é engraçado acompanhar a evolução desta personagem e o impacto que as relações que ele vai construindo tem no ajuste da sua personalidade. O meu interesse neste filme reside aqui: no poder da mudança e no poder curativo das relações. 

São filmes que animam os mais pequenos e que ensinam sempre qualquer coisa ao adulto que os decidi ver. 

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52 perguntas | 7 # escreve sobre a felicidade

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(Imagem de Alexas_Fotos)

O desafio para hoje é escrever sobre a felicidade. Gosto de comparar a felicidade às bolas de sabão.
Uma bola de sabão voa livre pelo ar, ao mesmo tempo que reflete cores bonitas. Transmitem leveza, serenidade, plenitude e são finitas. Quando atingem um determinado ponto rebentam. 

Para mim a felicidade é um pouco como as bolas de sabão. Acho que é impossível olhar para a felicidade como um sentimento constante, imutável e permanente. Ao longo da vida colecionamos diferentes momentos de felicidade. Uns mais intensos outros menos. Uns mais duradouros outros menos. Uns que refletem mais cor, outros menos. São estes momentos de felicidade que nos transmitem leveza, sensações positivas e nos permitem ganhar forças para enfrentar dias mais cinzentos.

Que nunca nos faltem bolas de sabão!

Opinião | "Vozes de Chernobyl" de Svetlana Alexievich

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Demorei a ler este livro. O confinamento e o teletrabalho deixou-me menos tempo para ler, mas a densidade emocional subjacente aos relatos que são eternizados nestas páginas exige tempo. Não se pode ler depressa, há a exigência de uma leitura mais lenta como se só assim pudéssemos respeitar as memórias dolorosos de todos aqueles que viveram Chernobyl. 

Svetlana criou o seu próprio estilo literário: dar voz às histórias de pessoas reais e eternizá-las nas páginas de um livro. E o resultado é muito positivo, porque eu me senti envolvida em cada uma dos relatos de todas aquelas pessoas. A organização das entrevistas, conferindo-lhe um fio condutor, revela um trabalho exímio e uma sensibilidade sem limite por parte da escritora. 
Raiva, tristeza, resignação, incompreensão, revolta, amor e angústia são apenas alguns dos sentimentos espelhados nestas narrativas. São vozes duras! Vozes que guardam memórias que só eles conseguem perceber. Por muito que se conte, por muito que eles partilhei as suas histórias com o mundo, é percetível que as dores são muito próprias. Este lado pessoal da dor talvez seja o resultado de só eles conhecerem muito bem as consequências que o acidente nuclear teve nas suas vidas. 

É doloroso perceber que o sofrimento de muitas pessoas é consequência de um conjunto de más decisões. É revoltante perceber que a política se sobrepôs à ciência e, com isso, o impacto do desastre nuclear foi ainda maior. O desconhecimento por parte das pessoas, a resistência de algumas delas em abandonar o seu lugar e a forma desequilibrada como tudo foi gerido são temas comuns a muitos dos monólogos. 

"Vozes de Chernobyl" é um livro para reler e respeitar a histórias que marcaram a História. O livro expõe muitas das consequências das explosão nuclear, contudo acho que há muitas que continuam no silêncio. O impacto psicológico que este desastre deixou deve ser inimaginável e penso que pouco foi feito a respeito disso. 

É impossível ler ser fazer alguns paralelismos com a os tempos atuais. Tal como a radioatividade, a Covid-19 é um inimigo invisível e duro de combater. É ler este livro e refletir sobre as consequências que estes acontecimentos têm no quotidiano das pessoas e do mundo.

Quanto à escritora, tenho a certeza que é para continuar a ler.

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