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Por detrás das palavras

Projeto Conjunto | Empréstimo Surpresa [O desafio]

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A Daniela vai ficar um bocado chateada com o meu desempenho neste desafio, mas foi o me que saiu. Na altura em que li este livro, andava cheia de coisas a que dar resposta (ainda ando) e por isso era complicado ir anotando as minhas perceções acerca da leitura.

Para complicar lia poucas páginas de cada vez que pegava no livro, o que em nada ajudava.

Acabei por conseguir escrever apenas uma entrada para um diário. Cá vai:

22 de maio de 2021

 O tempo e a disponibilidade para a leitura não têm sido muitos. A minha cabeça anda cheia de conteúdo porque são muitas as coisas às quais tenho de dar resposta. Já há muito tempo que não me sentia assim. Há tanto que já nem me recordo com exatidão da data. Isto atrapalha a forma como me relaciono com os livros. A relação é construída de forma intermitente, impactando negativamente a minha experiência leitora.

Hoje terminei a leitura da 1ª parte. Setenta e poucas páginas em duas semanas. São poucas páginas para muitos dias. Desta primeira parte fica a certeza de que Aciman tem uma delicadeza e sabedorias especiais para juntar palavras. O livro está escrito de forma delicada e num tom muito introspetivo. Estou a gostar de Olivier, apesar de só o conhecer através palavras e pensamentos do Elio. Também estou a gostar de acompanhar a intensidade crescente de um amor que se irá tornar avassalador, pelo menos é essa a sensação com que estou a ficar.

Parto para a leitura da segunda parte com a expetativa de Elio dar voz e materializar tudo aquilo que está a viver no seu interior. Quão difícil deve ser para um jovem assumir a sua homossexualidade numa sociedade pouco compreensiva, empática e tolerante. Esta é a reflexão que paira na minha mente ao terminar esta primeira parte.

Depois desta entrada não consegui escrever mais nada. Desculpa Daniela pelo fraco desempenho na resposta a este desafio.

Projeto Conjunto | Empréstimo Surpresa [Os motivos]

Desta vez fui eu que demorei muito tempo a enviar o livro para a Daniela. Os dias sucedem-se, o trabalho acumula-se e o tempo para ler reduz de forma drástica.

Quando passa muito tempo entre os envios, há uma quebra de ritmo e eu fico sempre com mais dificuldade em escolher o livro para enviar à Daniela.

Acabei por laçar a votação no Instagram. Coloquei quatro livros para que as pessoas pudessem votar.

Os livros a votação foram:

  • A filha do comunista de Aroa Moreno Durán
  • Um por um de Chris Cartes
  • Viver depois de ti de Jojo Moyes
  • Em nome do amor de Lesley Pearse

Foi uma votação muito alucinante. Não consegui gravar a votação final, mas os valores foram muito próximos. Acabou por ganhar o Viver depois de ti de Jojo Moyes.

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Passem no blog da Daniela para conhecerem a reação dela à chegada do livro.

Maio | Quem chegou?

Maio foi um mês calmo de leituras e livros que entraram na estante.

Foi mês de ir à biblioteca e trazer os únicos dois livros que entraram cá em casa no mês passado.

As minhas escolhas foram Fantasmas do passado de Minette Walters e Eva de Arturo Pérez-Reverte.

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Foram duas escolhas feitas ao acaso. Não tinha qualquer referência relativamente a nenhum dos livros em questão. Quando cheguei a casa e fui ao Goodreads, fiquei um pouco chateada por ver que Eva faz parte de uma série. Espero que dê para compreender mesmo sem ter lido o anterior.

Já leste algum destes livros? Conheces algum deles?

52 perguntas | 23 # o teu percurso académico

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Os anos que passei na universidade foram dos melhores anos da minha vida. Pode ser algo cliché. Pode ser algo que todas as pessoas dizem. Mas corresponde exatamente aquilo que senti.

Não fui pessoa de grandes festejos académicos. Não era de convívios e jantares. Mas encontrei as minhas pessoas. Pessoas de quem gosto muito, com quem partilhei ideias, alegrias, momentos de vida inesquecíveis. Éramos pessoas muito diferentes, mas respeitávamos a diferença de cada uma.

Sempre adorei estudar e a universidade é uma porta aberta ao conhecimento. Ao fim de cinco anos, saí com a certeza de que iria voltar. Mudei de casa para fazer o doutoramento e não me arrependi da escolha.

Trouxe muita coisa boa de Coimbra. Trouxe uma formação teórica e prática excelente que fez de mim uma profissional em crescimento e com ferramentas diversas e me deixou o bicho da investigação.

Não acredito nas mesmas coisas que acreditava quando terminei o curso. Mudei as minhas visões teóricas sobre o atendimento psicológico. Aprendi e desenvolvi-me. Hoje continuo na segunda casa académica. Inesperadamente, trabalho num lugar onde nunca pensei trabalhar. Apesar de nem tudo ser cor de rosa, estou a adorar trabalhar naquele lugar, estou a adorar os trabalhos nos quais estou envolvida. Acima de tudo estou muito grata por esta oportunidade.

Espero que o meu percurso continue por este caminho e que a minha vida profissional não retroceda.

Aventuras-te a escrever ? | Ser mulher

Lisboa, 1910

Sou mulher e não me sinto livre. Tive acesso à melhor educação, mas não posso exercê-la porque o meu papel é fazer um bom casamento e gerir a casa e cuidar do meu marido. Quer ser livre, quero escrever para o jornal.

Estou sentada, a beber o meu chá. Aproveito para ler o jornal enquanto estou sozinha.

– Outra vez a ler o jornal, Adelaide? Isso não é ocupação para si.

Reviro os olhos e suspiro antes de me voltar na cadeira para encarar a minha mãe. Opto pelo sorriso plácido e submisso que tanto derrete o coração da minha mãe.

– Senhora minha mãe, não há mal nenhum em ler notícias e perceber o que passa além dos muros da nossa propriedade.

– As mulheres não precisam de se preocupar com aquilo que passa fora das paredes das suas casas.  Aliás, a gestão doméstica é ocupação suficiente.

A minha mãe analisava a sua manicure enquanto divagava sobre as funções femininas e a gestão doméstica. Enquanto a ouvia, pensava naquilo que tinha visto na última página do jornal: queriam pessoas que escrevessem para o jornal. Na minha cabeça pensava nos temas sobre os quais gostaria de escrever. Queria escrever sobre muitas coisas, mas as questões políticas e o clima tenso que se vivia no reino faziam com que a minha cabeça fervilhasse.

– Adelaide, ouviu o que eu lhe disse?

Tinha-me perdido nos meus pensamentos que desliguei da conversa da minha mãe.

– Peço desculpa, minha mãe! Estava a pensar no que vestir para o baile de primavera na casa do Marquês.

Sorri por dentro ao ver a minha mãe sorrir. Sabia que este era o tema certo para desviar a sua atenção sobre os meus verdadeiros sentimentos.

– Será uma festa maravilhosa. Cheia de cavalheiros distintos que Adelaide deverá conhecer.

– Não duvido minha mãe. Se me dá licença, vou retirar-me para o meu quarto. Estou a sentir-me um pouco cansada.

Minha mãe assentiu com a cabeça. Levantei-me e fui para o meu quarto. Fui direta à minha escrivaninha peguei numa folha de papel e no meu lápis. Ia escrever o meu primeiro artigo para o jornal.

Decidi que para o meu primeiro artigo iria escrever sobre o ensino e a importância do país escolarizar todas as pessoas.

Na minha opinião todas as pessoas deveriam aprender a ler. Deveriam ter a oportunidade de serem instruídas. Era importante alfabetizar todas das pessoas. Ricos e pobres deveriam de ser capazes de ler os jornais, as revistas, os livros… Depois de escrever revi o meu texto, tarefa que me ocupou até à hora de jantar. Amanhã iria ao jornal apresentar o meu artigo para ser publicado.

O dia amanheceu fresco. Estava com pressa de sair e de ir ao jornal. Não me queria cruzar com ninguém e ter de dar explicações sobre a minha saída. Consegui tomar o pequeno almoço sozinha e sair sem que me cruzar com a minha mãe.

A redação do jornal ficava numa rua próxima de minha casa, por isso segui até lá a pé. Entrei no edifício, subi a escada e pedi para falar com o responsável. Um senhor muito simpático indicou-me a porta do gabinete de quem eu procurava. Bati à porta e entrei.

– Bom dia! Posso entrar?  – Do outro lado o homem respondeu-me com um gesto que me incentivada a entrar. Eu entrei e continuei. – Chamo-me Adelaide, vi o anúncio no seu jornal que pediam pessoa para escrever artigos para o jornal. Eu gosto muito de escrever e queria que o senhor visse o meu artigo e me dissesse se era possível publicá-lo.

– Com certeza menina Adelaide.

Ele estendeu a mão e eu dei-lhe a folha que continha o meu trabalho.

Vi pequenas rugas a desenharem-se na testa do homem enquanto lia o meu texto. Algumas expressões sugeriam que ele estava a gostar do que lia. Ele terminou e olhou-me nos olhos.

–  O seu artigo está muito bom, mas eu não posso publicá-lo.

– Não pode? Como assim?

– Menina, o anúncio era dirigido apenas aos cavalheiros. Não aceitamos artigos escritos por mulheres.

Queria protestar, mas aquilo tinha-me deixado sem energia. Parece que a única regra para ter voz na sociedade era ser homem. Que poderia eu fazer? Afinal, ser homem era a única regra.

Opinião | “Quando o sol brilha” de Rui Conceição Silva

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Desde o momento em que aprendi a diferença entre o contar e o demonstrar que a leitura se tornou diferente para mim. Esta aprendizagem permitiu-me olhar para a histórias de outra forma e perceber melhor o porquê de alguns livros não funcionarem comigo.

Quando o sol brilha fez-me perceber a importância do demonstrar para que uma história ganhe dimensionalidade para mim. É verdade que parti para a leitura com expetativas bastante elevadas. As pontuações e opiniões do Goodreads sugeriam uma boa leitura.  Contudo, logo nas primeiras páginas senti que iria ter pela frente uma leitura exigente e que estava longe das promessas que antevi no Goodreads.

Como deves perceber pelo meu primeiro parágrafo, este livro revela algumas fragilidades estruturais. O contar é aquilo que domina o livro e pouco espaço sobre para o demonstrar. As páginas em estilo relato sucedessem-se umas às outras. Pelo meio surgem diálogos, por vezes, artificiais; contruídos através de frases feitas que não representam as personagens deste livro. Não são frases de gente simples, de um Portugal demasiado rural e a sair de um período de ditadura que o desgastou. Há excesso de purple prose que torna a leitura frustrante e onde me arrastei na esperança de que as coisas melhorassem.

Outro problema do livro é o seu foco, o seu objetivo. A minha sensação é que o escritor quis abraçar o mundo e acabou por se perder nele. As temáticas são flutuantes, os acontecimentos sucedem-se uns aos outros e os conflitos não são esgotados de forma a dar um propósito e uma orientação clara à história e às suas personagens. Temos um livro cujo início se centra quase em exclusivo na dinâmica de uma aldeia e das pessoas que lá vivem; depois aflora-se a história de Felismino e Alice, sem se aprofundar verdadeiramente as emoções e os acontecimentos; seguem-se as tragédias de Edmundo, um homem simples que gosta de ler, muito contadas e pouco demonstradas.

Sendo uma narrativa cuja a ação decorre, maioritariamente, na década de 70, está demasiado despedia de contextualização Histórica. De referências que levem o leitor para aquele espaço, para aquele tempo e para aquele lugar. No final, elas aparecem de forma mais vívida, mas em grande parte do livro senti que poderia ser uma história passada numa qualquer aldeia do interior nacional na década de 90.

Há uma enorme miscelânea de assuntos que o livro aborda: demência, luto, alcoolismo, saúde mental. Apenas faltou uma abordagem que esgotasse estes assuntos de uma forma mais realista e, no caso da saúde mental, mais respeitável e verdadeira. Na fase final do livro, há um conjunto de páginas cujo foco é a saúde mental. Confesso que a forma como o assunto foi tratado me revoltou. Achei as cenas pouco coesas e que ilustravam pouco o que era ser doente mental na década de 70.

Além da saúde mental, há outro aspeto do comportamento de Edmundo que me pareceu demasiado normalizado. Não quero entrar em pormenores para não deixar spoilers, mas não achei o comportamento coerente com a situação nem com a personagem em questão.

Desta leitura irei guardar a ruralidade presente em muitos dos momentos do livro. Viver num universo rural permitiu-me identificar com alguns aspetos e situações do livro. Há passagem que me remetem para as histórias que os meus avós, os meus pais e amigos da família partilhavam de como era viver numa aldeia mais interior nas décadas de 70 e 80.

Classificação

Inquietação #7 | Separar o(a) escritor(a) da sua obra

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Quando se gosta de um livro é muito fácil criar-se uma ligação que transforma aquelas páginas numa realidade muito próxima. Um livro bem escrito é capaz de gerar todo o tipo de emoções, das mais positivas às mais negativas.

Não sei como é contigo, mas eu nunca me lembro do(a) escritor(a) enquanto me perco numa história. Para mim, história e escritor são duas identidades separadas. Não há espaço para as confundir; ou pelo menos não deixo espaço em mim para as confundir.

Há alguns escritores(as) que tenho curiosidade em conhecer, mas só porque há uma ligação, mais concretamente porque fui leitora beta. Fora esta situação, não tenho uma grande curiosidade em conhecer.

Isto é muito importante quanto estou a escrever uma opinião ao livro que leio. A minha opinião é totalmente centrada naquilo que li e naquilo que me é oferecido por aquelas páginas. O(A) escritor(a) existe enquanto pessoa que é mais do que a obra que escreveu. Merece a sua identidade, o seu anonimato se assim o preferir e não deve olhar para as opiniões como um ataque pessoal.

Sinto que muitas vezes os(as) leitores(a) têm dificuldade em separar a obra do(a) escritor(a). Quem escreve sobre história com uma forte componente racista, não significa que ele(a) seja racista. É engraçado que eu tenho sempre outra leitura. Quando leio algo fora daquilo que são os meus valores e aquilo que defendo fico irritada e penso: Que grande trabalho do(a) escritor(a), conseguiu colocar no papel um tema difícil e escreveu-o de uma forma tão boa que despertou a minha raiva.

Por vezes surgem indignações sobre como é que determinado(a) escritor(a) teve a audácia de abordar determinadas coisas e sua forma menos bonita de o fazer. Há quem inflame e escreva os seus pensamentos num tom um pouco agressivo para com a pessoa que colocou aquilo no papel.

Acima de tudo, leitores(as) e escritores(as) devem ter um comportamento empático. Respeitar o outro e o seu trabalho. Apostar numa postura assertiva e não ofensiva. Expor a opinião de uma forma clara, objetiva e fundamentada e não em forma de ataque ou desprezo. Opiniões são apenas opiniões. Não são verdades, não são leis universais… São apenas o reflexo dos nossos pensamentos e emoções e definem-nos como pessoas. Por sua vez, os livros resultam de histórias que alguém quis contar. São realidades paralelas que alguém escolheu passar para o papel. É claro que essas histórias levam um pouco de quem as escreveu, mas não são a pessoa que as escreveu. Elas não nos dão acesso à personalidade ou à essência de quem as materializou. São apenas o reflexo de um talento que é costurar palavras e construir uma história que desperte emoções no leitor.

Será assim difícil distinguir a obra da pessoa que a escreveu?

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