À semelhança do que aconteceu em 2020, este ano tentei completar as letras do abecedário com os sobrenomes dos escritores.
Alexievich, Svetlana - "Vozes de Chernobyl" Baldwin, James - "Se esta rua falasse" Chris, Carter - "O assassino do crucifixo" Domingues, Júlia - "Acredita: A vida sabe o que faz" E Fernandes, Telma - "A rainha desejada" Gerritsen, Tess - "Seita maldita" Hunter, Cara - "Pura Raiva" Immergut, Debra - "A reclusa" J Kaur, Rupi - "O que o sol faz com as flores" Laurens, Stephanie - "Inocência impetusosa" McPartlin, Anna - "Ninguém me conhece como tu" Nepomuceno, Nuno - "A célula adormecida" O Pedro, João Ricardo - "O teu rosto será o último" Q Roberts, Nora - "Sem medo do destino" Smith, Deborah - "Segredos do passado" T U V Walters, Minette - "Fantasmas do passado" X Y Z
Deixei 10 letras por preencher (mais duas do que no ano passado).
Lesley Pearse é uma escritora que segue uma fórmula na construção das suas histórias: uma personagem feminina que sofre, vive uma quantidade considerável de dramas, ultrapassa obstáculos e encontra o seu lugar no mundo. Porém, esta linha narrativa é, geralmente, acompanhada por boas contextualizações históricas e questões morais que levam o leitor a questionar-se e a refletir sobre as situações. Os saquinhos brilhantes que acompanham os livros oferecem-lhe uma falsa identidade e não acompanha o conteúdo que preenche as suas páginas.
Neste livro, é contada a história de Rosie, uma criança que vive num meio masculino onde a violência. É uma criança que cresce com algum amor parental e com a tirania dos irmão mais velhos. A coragem dela oferecer-lhe-á um novo caminho, mas não isento de desafios. É um caminho novo, que acabará por lhe permitir um futuro diferente.
Temas como a violência doméstica, a violação, a perda, o perdão e a saúde mental figuram ao longo destas páginas. Cada um deles vai assumindo protagonismo, mas há momentos em que eles se cruzam de uma forma dolorosa. Todos eles carregam reflexões importantes e que me permitiram diferentes reflexões, nomeadamente:
A importância da evolução nos cuidados na saúde mental A saúde mental é a minha área profissional. Tenho consciência que ainda há muito trabalho que carece ser feito. Há, ainda, muitos tabus e preconceitos que precisam de ser quebrados e ultrapassados. No entanto, comparando a atualidade com a realidade retratada neste livro fez-me sentir grata à ciência e à evolução que ela permitiu. O tempo que Rosie passa no hospício trouxe-me das cenas mais duras de ler. O desrespeito pela doença mental, a falta de profissionalismo, os tratamentos horrendos que faziam parte do quotidiano desta instituição fez-me pensar no poder da ciência para a evolução nos cuidados de saúde e o impacto que tudo isto tem na saúde da comunidade.
É importante separar os filhos daquilo que são os erros dos pais Rosie sofreu devido às suas origens. A sua família de origem ofereceu-lhe uma história de vida que a revestia de preconceito. Nem sempre é explicito este julgamento, mas ele existe e acabou por condicionar o comportamento Rosie em alguns momentos.
Cabe-nos a nós quebrar ciclos de violência e de más relações Talvez fosse mais fácil para a Rosie sucumbir aos caminhos marginais que lhe eram familiares e ceder à podridão humana. Contudo, ela escolheu ser diferente e quebrar o padrão familiar que conhecia. Nem sempre é fácil e linear quebrar com estes ciclos. Infelizmente não basta a vontade de fazer diferente. É essencial que as circunstâncias à nossa volta se ajustem à nossa vontade para que a mudança acontece. Neste sentido, Rosie teve essa possibilidade e soube usá-la para quebrar com uma realidade dura.
Uma relação amorosa deve ter reciprocidade Rosie, quando vive o seu primeiro amor, dá tudo de si. Entrega à pessoa que a conquistou todo o seu amor e dedicação. Fica sensibilizada pelas declarações de amor, pela atenção e pelo afeto que sempre foram tão escassos na sua vida. Isto faz com que ela vá ignorando alguns sinais de alerta. Um comportamento de posse que faz com que ela se vá anulando. Ela olhava para a falta de reciprocidade como uma manifestação do amor. Chega a lucidez e ela consegue perceber que tipo de comportamentos devem acompanhar as palavras de amor.
Estamos na presença de um livro muito rico em termos emocionais e históricos. Houve alguns momentos em que senti que a narrativa carece de alguma objetividade e de um maior desenvolvimento. Arrasta-se e parece atrasar a leitura. Contudo, é um livro bem escrito e que respeita a identidade literária de Lesley Pearse.
Este desafio foi criado pela @marciafilipa15 e consistia em ler um livro por mês para cada um dos temas definidos. Comecei muito bem. Depois, a vida aconteceu, sobressaiu e o desafio descarrilou. Mesmo assim faço um balanço bastante positivo. Só falhei em três meses.
Janeiro: histórias inspiradoras- Svetlana Alexievich: "Vozes de Chernobyl" Fevereiro: romance- Stepnhie Laurens: "Inocência Impetuosa" Março: poesia- Rupi Kaur: "O que o sol faz com as flores" Abril: não-ficção- Júlia Domingues: "Acredita: A vida sabe o que faz" Maio: clássicos- James Baldwin: "Se esta rua falasse" Junho: leitura nacional- Rui Conceição Silva: "Quando o sol brilha" Julho: ficção- Cara Hunter: "Pura Raiva" Agosto: young-adult - Colleen Hoover: "Sempre tu" Setembro: literatura erótica Outubro: romance histórico Novembro: thriller- Dorothy Koomson: "Conta-me o teu segredo" Dezembro: fantasia/sci-fi
Os livros da Sveva Casati Modignani marcara a minha transição entre as leituras infato-juvenis e as leituras mais adultas. Na altura, devorei todos os livros que a biblioteca municipal tinha e conheci histórias que me marcaram e fizeram refletir. "Lição de tango" é, até hoje, o meu livro preferido da escritora. Não sei se o encanto se manteria caso decidisse reler o livro. O meu "eu" leitora cresceu, está diferente e tenho necessidades literárias diferentes. Por isso, evoco só a memória sem perspetiva de uma releitura (não vá a magia quebrar-se).
Apesar de tudo, os livros desta escritora funcionam como leituras de conforto. Sabe-me bem perder-me nas suas histórias, nos seus dramas familiares e nas narrativas alimentadas de emotividade e clichés diversos.
"O falcão" representa um desvio na rota de escrita desta autora. Geralmente, é uma mulher que assume o protagonismo das suas histórias. Aqui, é o Rocco Di Falco que protagoniza grande parte da ação. Há também um mulher com um papel importante, Giulietta Brenna. Contudo, os acontecimentos importantes têm como ponto de partida Rocco.
Rocco e Giulietta partilharam um amor muito intenso na juventude. Um acontecimento doloroso marca um afastamento e a vida, e a vontade de Rocco, proporcionam um reencontro. Neste reencontro são evocadas memórias e Rocco apresenta a sua vida como se estivesse a limpar os nós e a confusão de fios de um novelo de lã.
Há dores para curar. Há segredos para desvendar. Verdades para assumir. Dores emocionais que abrem feridas que afinal não estavam muito cicatrizadas. As revelações ativam muitas emoções e sentimentos e agiram a existem deste dois adultos em busca de respostas para o que lhe ficou por explicar.
Ao mesmo tempo que se dedicam a uma amor mais maduro, Rocco e Giulietta alinham as peças conjuntas da sua vida que foram desalinhadas pelos acontecimentos com os quais se confrontaram.
Não foi uma leitura intensa nem memorável. Mas foi um livro que me permitiu descontrair, conhecer o lado tumultuoso e sereno do amor e desfrutar de uma leitura menos exigente.
Classificação
Nota: O livro foi-me disponibilizado pela editora em troca de uma opinião honesta.
A Daniela criou este desafio com o objetivo de despachar os livros que estão na nossa estante.
As leituras foram pontuadas de acordo com o ano em o livro tenha chegado cá a casa.
O meu objetivo no início do ano era chegar ao nível 3 (Nível 3 - 50 a 120 pontos). Será que consegui?
- "Segredos do passado", Debora Smith (2019): 3 pontos - "Vozes de Chernobyl", Svetlana Alexievich (2020): 2 pontos - "O teu rosto será o último", João Ricardo Pedro (2019): 3 pontos - "Inocência impetuosa", Stephanie Laurens (2021): 1 ponto - "Mistérios do sul", Danielle Steel (2017): 5 pontos - "Seita maldita", Tess Gerritsen (2020): 2 pontos - "Ninguém me conhece como tu", Anna McPartlin: 6 pontos - "Encontro em Itália", Liliana Lavado: 1 ponto - "Acredita: A vida sabe o que faz", Júlia Domingues: 1 ponto - "Quando o sol brilha", Rui Conceição Silva: 1 ponto - "Duquesa do meu coração", Maya Banks: 1 ponto - "Sem medo do destino", Nora Roberts: 4 pontos - "Pura Raiva", Cara Hunter: 1 ponto - "Não contes a ninguém", Karen Rose: 5 pontos - "O cavalheiro inglês", Carla M. Soares: 2 pontos - "Susana em lágrimas", Alona Kimhi: 1 ponto - "O falcão", Sveva Casati Modignani: 1 ponto - "Uma mulher em fuga", Lesley Pearse: 4 pontos - "Até os comboios andam aos saltos", Célia Correia Loureiro: 1 ponto - "Cuba libre", Tânia Ganho: 1 ponto - "Sei lá", Margarida Rebelo Pinto: 1 ponto
Total: 47 pontos
Por três pontos não atingi o objetivo. Li, no total, 21 livros da minha estante o que considero um bom número tendo em conta o meu total de leituras.
Não sei a Daniela, vai dinamizar novamente este desafio. Eu conto repeti-lo em 2022. Será que é para o ano que consigo chegar ao nível 3?
Tenho andado muito desaparecida, mas na vida há prioridades e eu estive dedicada a elas. As leituras nunca estiveram totalmente paradas, refletindo-se nas 10 opiniões que tenho para partilhar contigo. Queria publicá-las todas antes do final do ano, mas é impossível (além de que não quero inundar o blogue com opiniões em série). Vou, pelo menos, tentar publicar uma por dia.
Raparigasilenciosa foi o último livro da estante da Daniela que veio parar cá a casa e que me permitiu continuar a acompanhar o trabalho da inspetora Jane Rizzoli. Eu gosto muito dos livros desta série. São leituras quase sempre certeiras: bons momentos de suspense, uma narrativa interessante e um desfecho imprevisível.
A China e as suas lendas são uma das grandes fontes de inspiração para tudo o que aconteceu às personagens não residentes. Para mim foi muito interessante ler algumas destas lendas, perceber a influência destas na forma de estar e de pensar das pessoas e de que forma isto causa confusão nos ocidentais. Foi muito interessante perceber que este livro é o mais intimista da escritora. Nele, ela semeou as suas memórias das histórias que a sua mãe partilhou com ela. Senti que o livro era uma espécie de homenagem à infância que a mãe passou na China e à bagagem cultural que passou às gerações seguintes.
É um livro com pouco espaço para as personagens residentes. Há um grande foco nas histórias de vida paralelas à situação de crime que é preciso de resolver. Além disto, o livro tem a capacidade de levar o leitor a pensar sobre os dilemas morais que muitas vezes a vida oferece ao ser humano. O que é a justiça? De que forma é que as pessoas sentem que as instituições responsáveis foram justas perante os problemas que as assolam? Quem tem a legitimidade para fazer justiça?
Neste livro, encontrei uma história que revela as diferentes tonalidade daquilo que é a justiça humana, o certo e o errado. Não foi o meu livro preferido da série, mas as lendas e a cultura oriental ficaram-me na memória.