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Por detrás das palavras

Balanço | Bingo Viajar através dos livros 2021

Hoje apresento-te o último balanço dos desafios de 2021. Assim, já me sinto com legitimidade para apresentar os desafios para este novo ano.


Este desafio foi criado pela @horizontedoslivros. O desafio consistiu em ler um livro que encaixasse nas categorias do Bingo, ou seja, que o livro escrito seja escrito por um autor nativo ou que a ação decorra no país escolhido. Não havia um país específico de forma a dar alguma liberdade ao leitor.

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O balanço é positivo, deixei apenas três categorias por preencher.

Opinião | "Até os comboios andam aos saltos" de Célia Correia Loureiro

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"Até os comboios andam aos saltos" é o espelho da coragem de uma jovem adulta que passa para o papel os pensamentos e as emoções mais íntimas. Ler estas páginas e ver a alma da Célia a despir-se de filtros e da desejabilidade social. É trazer para estas páginas aquilo que realmente sente, sem o medo de ferir a suscetibilidade de quem a lê. Avançar despida deste medo, é coragem. E eu sentia em cada relato que expunha as suas relações mais profundas. 

Como escrever sobre um livro que é o espelho de uma alma humana? Como colocar em palavras todos os pensamentos que me atravessaram a mente enquanto acedia ao interior da Célia? É difícil!! Qualquer coisa que eu possa escrever acerca de tudo isto é injusto. São as vivências de uma pessoa, são as dores físicas e emocionais de gentes reais, são pensamentos que moldam a personalidade de uma pessoa que eu admiro.

O meu primeiro contacto com a Célia foi em 2015 (se a memória já não me está a falhar) e cheguei até ela pelas mãos de outra escritora que me indicou como leitora beta. E, assim, o primeiro livro que leio da Célia é "Uma mulher respeitável" ainda antes deste livro nascer fisicamente. Depois desta experiência fui lendo tudo da Célia. Adorei a escrita e a maturidade com que ela construía enredos e personagens. "Até os comboios andam aos saltos" ajuda a compreender de onde vinha a maturidade dela e como é que ela conseguia entrar na mente das suas personagens de forma a fazer sobressair universos emocionais credíveis, complexos e multidimensionais. A vida e as pessoas com quem se cruzou obrigaram-na a desenvolver essa maturidade que ela tão bem direcionou para as suas histórias. 

Este livro é um diário intimista, com relatos duros e crus. Não há filtros que dourem os pensamentos e as relações que vão sendo apresentadas. Os alicerces relacionais são frágeis e  a Célia vive imensa num conjunto de fatores de risco que deixam vulnerável. Os avós são proteção e neste livro está subjacente o quanto ela se agarrou a eles para fintar caminhos de risco. Conhecemos a disfuncionalidade que se adensa e transforma, mas que nunca interfere na lucidez da Célia. Isto é admirável. 

Eu já tinha um enorme respeito pela Célia, posso até dizer admiração dado que conheço alguns acontecimentos da vida dela. Este livro aumentou a minha empatia para com ela e admiração pela sua coragem em fazer diferente e em quebrar os padrões disfuncionais que ela conheceu. 

Sei que há aqui um toque ficcional que é essencial para nos deixar na dúvida e não quebrar uma espécie de encanto que caracteriza este livro. Em alguns momentos acho que consegui perceber quando estava perante um elementos de ficção. Nestas partes, senti a falta da profundidade emocional que tão bem contextualiza alguns momentos cruciais do livro. 

Estive para não atribuir estrelas a este livro. Estava a fazer-se confusão classificar a dor humana, as vivências singulares de uma pessoa comum. Após alguma reflexão, decidi que poderia classificá-lo com base na coragem exposta e na forma como as palavras são capazes de ilustrar emoções. E, assim, nascem as cinco estrelas bem merecidas.

Classificação

 

Opinião | "Conta-me o teu segredo" de Dorothy Koomson

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Cá continuo na saga de partilhar as opiniões de livros que li em 2021. Poderia deixar de as publicar, mas não me faz sentido deixar de partilhar só porque foram lidos o ano passado. Peço-te mais um pouco de paciência com a enchente de publicações, mas quero deixar tudo alinhado para me dedicar ao conteúdo deste ano.

Os livros mais recentes de Dorothy Koomson representam um afastamento do seu estilo inicial. Os mais recentes têm alguns contornos que os aproximam mais do género thriller/suspense. Independentemente do género pelo qual a escritora opte, eu gosto quase sempre dos seus livros. Gosto da escrita, dos bons diálogos e da forma como ela consegue colocar em palavras as várias tonalidades da essência humana. 

O assassino da venda é o elo de ligação entre a voz narrativa de Pieta e a voz narrativa da Jody. Uma é jornalista, a outra é inspetora da polícia. As vivências pessoais de cada uma delas cruzam-se no presente, mas é no passado que se começa a delinear aquilo que as une na atualidade. O assassino da venda deixou marcas na vida destas duas mulheres e é essa pessoa que as vai levar por novos caminhos.

Jody tem uma necessidade pessoal de encerrar o caso e dar descanso aos fantasmas que as atormentam. A Pieta só quer que os seus fantasmas permaneçam no lugar onde ela os decidiu encerrar há muito tempo. São duas posições antagónicas que geraram conflitos e adensaram a narrativa. Foram também estas posições que possibilitaram o crescimento das personagens e um melhor reflexo daquilo que eram as vulnerabilidades de cada uma delas. Além disso, a partir daqui que novas informações sugiram com o avançar da narrativa. 
Alguns aspetos eram previsíveis, mas a escritora conseguir criar bons pontos de tensão e interrogação no leitor. Assim, apesar de eu já desconfiar de algumas coisas relacionadas com Pieta, o meu interesse na narrativa manteve-se. Isto aconteceu porque a minha maior motivação era aceder ao universo emocional desta personagem. 

Para mim, o ponto forte do livro está relacionado com a tentativa da autora em desmistificar o papel de vítima.
Há fatores de risco que aumentam a vulnerabilidade de uma pessoa e, consequentemente, fazem disparar a probabilidade de se ver envolvida em determinadas situações de risco e/ou perigo. Por exemplo, ser-se mulher aumenta a probabilidade de ocorrência de situações de abuso sexual; um bebé com um temperamento mais difícil aumenta o risco para a ocorrência de situações de maltrato ou negligência. É com base nos fatores de risco que, muitas vezes, se constrói o perfil da vítima. 
Porém, é essencial que haja sentido crítico e abertura para entender e assimilar situações que se possam afastar destes perfis.

Dorothy Koomson expõem esta situação de uma forma muito compreensiva. Além disso, foi capaz de construir cenas que sensibilizam para a importância de não nos agarrarmos àquilo que são os "típicos" perfis de vítima. 
Foi a primeira vez que me cruzei com esta abordagem nos livros. Considero que o assunto foi bem abordado, quer pelo lado das vítimas, expresso no receio de pedir ajuda policial pois sentiam que as suas queixas seriam ignoradas; quer pelo lado das autoridades/pessoas próximas da personagem que desvalorizavam os pedidos de ajuda por não acreditarem nas histórias nem no estatuto de vítima associado àquela pessoa. 
É muito importante termos consciência dos fatores de risco que aumentam a vulnerabilidade humana, pois são eles que ajudam a delinear intervenções dirigidas aos grupos que pretendemos capacitar e, também, facilitam a ativação de estratégias de apoio. No entanto, estes fatores de risco não devem ser olhados de uma forma inflexível, uma vez que ela nos pode cegar perante situações diferentes.  

O final é imprevisível e bastante surpreendente. Dificilmente me irei esquecer das reviravoltas que as realidades da Pieta e da Jody sofreram, bem como da revelação do assassino da venda.

Classificação

 

Balanço | Português no feminino e no masculino

Português no feminino e masculino.jpg

Tal como o ano passado, não consegui ler seis livros escritos por homens. Já no que respeita a livros escritos por mulheres, ultrapassei o número seis.

6 livros escritos por homens
1. "O teu rosto será o último", João Ricardo Pedro
2. "A célula adormecida", Nuno Nepomuceno
3. "Quando o sol brilha", Rui Conceição Silva
4. "A mão que mata", Lourenço Seruya

6 livros escritos por mulheres
1. "A rainha desejada", Telma Monteiro Fernandes
2. "Encontro em Itália", Liliana Lavado
3. "Acredita: A vida sabe o que faz", Júlia Domingues
4. "A breve história da menina eterna", Rute Simões Ribeiro
5. "O cavalheiro inglês", Carla M. Soares
6. "Até os comboios andam aos saltos", Célia Correia Loureiro
7. "Cuba libre", Tânia Ganho
8. "Sei lá", Margarida Rebelo Pinto

Estou bastante satisfeita com este resultado. Estou longe de números antigos no que respeita a leituras de livros escritos por autores(as) nacionais, por isso será sempre um comportamento a melhorar.

Quantos livros de escritoras nacionais leste ao longo de 2021?

Balanço | Mestre do Crime 2021

Criei este desafio em 2020 e correu mal. Em 2021 acabou por correr bem melhor. Faltaram-me apenas dois livros para completar o desafio. 

Sem Título.jpg

Nível I
1. "O assassino do crucifixo", Chris Carter (escrito por um homem)
2. "Nome de código: Traição", Karen Cleveland
3. "Seita maldita", Tess Gerritsen
4. "A célula adormecisa", Nuno Nepomuceno

Nível II
5. "Fantasmas do passado", Minette Walters
6. "Sem medo do destino", Nora Roberts
7. "Pura raiva", Cara Hunter
8. "Para lá do inverno", Isabel Allende

Nível III
9. "Eva", Arturo Pérez-Reverte
10. "A mão que mata", Lourenço Seruya
11. "Não contes a ninguém", Karen Rose
12. "Rapariga silenciosa", Tess Gerritsen

Nível IV
13. "Conta-me o teu segredo", Dorothy Koomson
14. "A reclusa", Jo Immergut

A entrada num novo ano

Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, voc

Entrar num novo ano, corresponde a celebrar a vida. A agradecer pela oportunidade de ter tido a oportunidade de usufruir de 365 dias onde se escreveram histórias que me definiram enquanto pessoa. Ao mesmo tempo, tentar construir alguma serenidade para as novas portas que se abrem, para as novas possibilidades e para um conjunto de dias que não sabemos o que nos reservam. 

A imprevisibilidade dá origem a uma certa ansiedade (o que é perfeitamente normal); o importante é tentarmos mantê-la em níveis saudáveis e que nos permita estar recetivos(as) a novas histórias, novas oportunidades e novos objetivos. É, também, essencial limpar a toxicidade que se enraíza à nossa volta (qualquer dia escrevo sobre isto). Esta libertação deixa-nos mais recetivos às mudanças positivas para a nossa vida. 

Não consegui cá passar no Natal para deixar uma mensagem bonita, mas não queria deixar de desejar um feliz 2022 a todas as pessoas que usam do seu tempo para ler as minhas palavras, para comentar os meus post e para me incentivar a continuar por estes lados. Desejo que seja um ano de bons objetivos delineados e alcançados. Que haja espaço para sonhos e para os realizar. Que não faltem bons momentos a cada um(a) de vocês. Espero que o teu 2022 seja bom, generoso e sereno.

A todos aqueles(as) que ajudam à sobrevivência deste espaço expresso o meu sincero obrigada.

Registo de leituras 2022

Leituras 2022.jpg

Janeiro
1. "A doçura da chuva", Deborah Smith
2. "A maldição do marquês", Tiago Rebelo

Fevereiro
3. "Fica comigo", Noelia Amarillo
4. "Cerimónia mortal", J. D. Robb

Março
5. "O homem das castanhas", Soren Sveistrup
6. "Palavras amargas", Vi Keeland e Penelope Ward
7. "A grande solidão", Kristin Hannah

Abril
8. "Curar as energias negativas", Anne Jones

Maio
9. "Eu sei o que vocês fizeram"; Dorothy Koomson
10. "Traz-me de volta", B. A. Paris
11. "Aquorea - Inspira", M. G. Ferrey
12. "Voltar a encontrar-te", Marc Levy

Junho
13. "Olá, Sapo!", Gabriele Clima
14. "A terapeuta", Gaspar Hernàndez
15. "Uma aposta perversa", Emma Wildes

Julho
16. "Pessoas altamente sensíveis", Elaine Aron
17. "A máquina de fazer espanhóis", Valter Hugo Mãe
18. "O egomaníaco", Vi Keeland
19. "O panda que tinha piolhos", Christine Beigel

Agosto
20. "Boneca de trapos", Daniel Cole
21. "Intervenção psicológica com ludoterapia", Raissa Santos
22. "A última vítima", Tess Gerritsen
23. "Pessoas normais", Sally Rooney

Setembro
24. "Conduz o teu arado sobre os ossos dos mortos", Olga Tokarczuk
25. "Posso espreitar a tua fralda?", Guido Van Genechten
26. "Posso espreitar o teu bacio?", Guido Van Genechten

Outubro
27. "Salva por um escocês", Sarah MacLean
28. "Romance de verão", Emily Henry

Novembro
29. "A música das abelhas", Eileen Garvin
30. "Sopro do mal", Donato Carrisi
31. "Trincas, o monstro dos livros", Emma Yarlett

Dezembro
32. "A vida sem ti", Tânia Ganho
33. "Bolt", adaptação de Malgorzata Strazalkowska
34. "O que seria eu sem ti?", Guillaume Musso
35. "12 Regras para a vida", Jordan B. Peterson

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