Opinião | "Apenas um desejo" de Barbara O'Connor

Classificação: 5 estrelas
Apenas um desejo foi dos livros mais ternurentos que já li. É tão fácil sentir carinho pela Charlie, pela Bertha, pelo Gus e por toda a família de Howard.
Embarcamos nos sonhos da Charlie é um privilégio para o leitor. Charlie é genuína, cheia de garra e com uma perceção sobre si própria que muitos adultos não têm. É uma crianças que apenas precisa de amor, que precisa de sentir que pertence a alguém. É de apertar o coração ler acerca de uma menina que sentia que não pertencia a ninguém. E, pior ainda, é ver que ela sabia que isso não era algo muito comum na vida das crianças.
Charlie, uma criança feita de sonhos, que acredita nas estrelas cadentes capazes de tornar os desejos em realidade, vê-se obrigada a lidar com algo muito duro na vida de uma criança. Porém, a resiliência dela suplanta qualquer expetativa da parte do leitor. Ela seguiu o seu próprio caminho, deixou-se absorver pela sua genuinidade e pela sensibilidade que ela foi alimentado dentro dela. Toda esta mistura de cores que habitam dentro dela tornam-na especial e muito realista. Eu consegui ver aquela criança, como se ela estivesse ao meu lado. E depois temos a forma como ela lida com o Osso da Sorte e com o Howard. Aí conseguimos ver que ela é cheia de amor para partilhar, só precisa de alguém a quem o oferecer. Como é muito genuína e verdadeira acaba por magoar os outros, porém a compreensão que eles têm para com ela é extremamente importante.
Bertha e Gus são uma casal excecional. O amor, a partilha, a compreensão, os bons sentimentos habitam dentro deles com uma força desconhecida. Eles exercem uma verdadeira parentalidade positiva com a Charlie. São pais no coração, apesar de a natureza não lhe permitir extrapolar esse amor parental que habita dentro e entre eles.
Não podia deixar de falar no Howard... Que miúdo consciente e de bem consigo próprio. Identifica os seus defeitos e sabe lidar com eles de uma forma muito natural. Fiquei deliciada com a sua dedicação a Charlie. Gostava que houvessem mais miúdos assim. Fáceis de encontrar e que iluminam qualquer vida.
Pessoalmente, não consigo dizer o que é mais me tocou o coração. Quando olho para o livro sei que será por muito tempo que vou recordar a natureza esperançosa e corajosa da Charlie, o amor e encanto que Bertha e Gus partilham entre eles e com o mundo que decidem abraçar e a doçura e assertividade de Howard a lidar com o mundo que nem sempre é simpático com ele.
Do meu ponto de vista é um livro excelente para ser lido em conjunto com crianças. Através dele podemos chegar à reflexão de temas extremamente importantes para o desenvolvimento infantil. Questões como o bullying, a família, a agressividade, a importância de acreditar e mantermos a esperança são temas que habitam estas páginas e que podem ajudar outras crianças. Sem dúvida, um livro merecedor da nossa atenção.
Nota: Este livro foi-me cedido pela editora em troca de uma opinião honesta.