Opinião | "Bolt" Adaptação de Malgorzata Strazalkowska
Todas as pessoas estranham quando a minha pequena leitora em construção, com dois anos de idade, pede de presente um livro. E mais espantadas ficam com a reação da miúda quando abre a prenda e vê que é um livro. Posso dizer-te que a reação dela é impressionante. Fica eufórica e pede logo a alguém que lhe leia a história. Ela vibra com cada livro que recebe. E sabes o que é mais engraçado? Já diz que os adultos trabalham para lhe comprarmos livros.
Uma pessoa amiga da família começou a oferecer-lhe os livros desta coleção. Este foi o primeiro que lhe consegui ler do princípio ao fim sem ela dispersar. São livros pouco adaptados à idade dela. Têm muito texto e exigem um grau de atenção que ela ainda não tem. Ela está acostumada a ter uma imagem que acompanhe a frase que se lê. Nesta coleção isso não acontece, e a minha pequena leitora passa o tempo a pergunta "Onde 'tá isso?", "Onde 'ta?".
Bolt tem mais imagens e frases mais curtas, o que funcionou bem com ela. Conseguiu acompanhar a história, fez as suas perguntas e comentários. Que comentários deves estar tu a pensar? São coisas simples, designadamente: "Coitadinho" quando alguma personagem passa por algo triste ou que o prejudica; "tão uindo", quando gosta de alguma coisa. E não menos vezes distribui umas "cocas" (beijocas) pelas personagens.
Com o cãozinho Bolt, a minha pequena leitora em construção riu, sentiu tristeza, fez festinhas e ficou feliz porque nas histórias infantis nós já conhecemos o fim e nunca, ou quase nunca acaba mal.
Na minha perspetiva, não achei uma história muito cativante. O Bolt é um cão que não consegue separar a ficção da realidade e nesta confusão perdi-me da real essência da história. Tudo me pareceu um pouco desconexo, apesar de no final tudo ter feito sentido.
Ainda não houve repetição desta história, porque ainda não foi pedido. Sim, imagina o que é leres a mesma história várias vezes por semana ou mesmo por dia. As crianças gostam do que é conhecido e da rotina, por isso é perfeitamente normal elas quererem sempre as mesmas histórias. Eu é que algumas já alcancei a fase do enjoo.
Hei de sobreviver.
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