Por detrás da tela | "Call me by your name" (2017) e After (2019)
Call me by your name
Assim que terminei de ler o livro, achei que era uma boa ideia ver o filme. Foi a decisão mais acertada!
Temos um filme bastante fiel ao livro, porém há passagens no filme que eu só as compreendi na sua totalidade porque tinha lido o livro (mais especificamente a sequência de cenas com os calções do Oliver).
É um filme que cheira a verão. Que me fez querer ir uns dias para aquela casa, para aqueles pomares , só para sentir o cheiro da fruta madura e a frescura das águas. Isto resulta de um excelente trabalho na construção das cenas e numa boa captação dos cenários.
A narrativa do filme acompanha a narrativa do livro, exceto a parte final. A intensidade da história de Elio e Oliver, a descoberta daquele amor, as dificuldades em geri-lo são aspetos que fazem parte da ação central do livro e que aparecem muito bem representados no filme.
Eu estava com algum receio relativamente à forma como o livro seria transportado para o filme. Este receio tinha como base a minha experiência com a leitura. O livro é muito introspetivo. Vivemos a história sobre a perspetiva do Elio, sendo que grande parte do livro reflete as emoções, os pensamentos e as vivência deste jovem.
Fiquei feliz quando vi e senti que o filme conseguiu captar esse lado mais introspetivo. Há muitas cenas sem grandes diálogos, há espaço para que os acontecimentos se desenrolem e que ganhem o protagonismo que merecem. Considero que isto também só foi possível devido às brilhantes interpretações de Armie Hammer (como Oliver) e Timothée Chalamet (como Elio). Na minha perspetiva, eles conseguiram encarnar muito bem as personagens que ficaram na minha cabeça após a leitura.
O final do livro dá-nos acesso a um pouco daquilo que foi o futuro de Oliver e de Elio. O filme não proporcionou essa possibilidade. Fiquei um pouco triste! Estava à espera que tudo estivesse ali representado.
Sei que o livro tem continuação e espero que o mesmo seja adaptado ao cinema.
After
Ao contrário do anterior, vi este filme sem ler o livro. Fi-lo porque não tenho muita vontade de ler os livros da série. Acho que são demasiado adolescentes para mim. Optei por ver o filme, porque me pareceu uma boa forma de desligar do stress do trabalho.
O filme reúne um conjunto de clichés adolescentes. Acabaram por funcionar no filme, foi capaz de entreter. Contudo, penso que nos livros iria ser mais do mesmo e não me iria divertir ou entreter tanto.
Há ali alguma toxicidade na relação amorosa entre a Tessa e o Hardin. Não achei que estivesse romantizada, e considero que será um bom ponto de partida para um discussão com adolescentes sobre relações amorosas e sobre como as desenvolver.
O Noah é muito desvalorizado e a relação que ele tem com a Tessa é um pouco estranha. Eles assumem-se como namorados, mas todo o comportamento sugere a presença de uma amizade. É uma relação um pouco oca, vazia... Deixa muito espaço à Tessa para ela achar piada a outras pessoas. Penso que ela poderia ter sido construída de outra forma para que o dilema da Tessa fosse mais intenso e fizesse pensar mais.
É um filme que cumpre o seu propósito de entreter e fazer com que o telespetador desligue da realidade.