Por detrás da tela | "Manchester by the Sea" (2016)

Classificação: 9/10 Estrelas
Manchester by the Sea é um filme poderoso. Quando comecei a ver estava longe de imaginar o turbilhão de emoções que este história guardava.
No filme conhecemos Lee Chandler, um homem com um passado doloroso e que a morte do irmão o obriga a enfrentar.
A interpretação de Casey Affleck é brilhante. Eu vi nele um homem perturbado, um homem cheio de angústias e muito magoado consigo próprio. Alguém que cometeu um erro e que o reconhece, carregando-o como se fosse um peso que o impedisse de seguir em frente.
O cuidado do sobrinho adolescente dá-lhe tempo para ele reconstruir as suas memórias e pensar sobre o que terá de fazer no futuro.
A forma alheada como ele vai vivendo aqueles dias onde ele viveu e onde os seus fantasmas ficaram a pairar tornou-se angustiante para mim. Sofri imenso ao ver o Lee sofrer. E ele sofria por não se sentir bem ali. Muitas vezes o senti como se algo o asfixiasse e não o deixasse viver.
Ao chegar a uma determinada fase do filme eu consegui antever o que motivou a fuga de Lee, porém isto não diminuiu o impacto emocional que aquelas imagens tiveram em mim. Foi após esta descoberta que comecei a pensar sobre como é que este homem iria construir o seu futuro. Estava demasiado habituado a estar sozinho, olhava para si próprio como alguém incompetente para tomar conta de alguém. No fundo, a depressão engolia-lhe a alma há demasiado tempo.
Perante este conjunto de fatores, questionava-me como é que ele ia lidar com o facto de se ter tornado o tutor do sobrinho.
E a minha resposta chegou com um final que me apanhou de surpresa pela sua onda inconclusiva. A minha veia positiva esperava um happy end, daqueles bem intensos. Isso não aconteceu, foi ainda melhor do que eu tinha imaginado na minha cabeça. Senti que foi melhor porque foi realista, porque me deixou surpreendida e porque me deixou a pensar em mil e uma possibilidades de tudo o que poderia suceder a seguir. Nem sempre sou fã de finais em aberto, mas neste caso funcionou muito bem.
O filme está muito bem construído com histórias de vida densas e com um forte impacto emocional. Mereceu todos os prémios que ganhou. É um filme que me ficará na memória e que tenho a certeza que gostarei imenso de rever.