Terminada a leitura do livro "A mão que mata" tenho dificuldade em perceber o que tanto cativou os leitores, principalmente aqueles que leem muitos livros dentro deste género literário.
Começando pelos aspetos positivos e que eu acho que foram bem conseguidos:
A capa e o aspeto gráfico do livro. Eu não sou muito de prestar atenção ou de me importante com as capas (não sou esquisita), mas esta capa captou bem a minha atenção. É visualmente bonita e tem a capacidade de me transportar para um ambiente mais sombrio. É um elemento que acaba por orientar o leitor para a atmosfera que a história pretende transmitir. O interior do livro também revela muito cuidado e tem pormenores nas primeiras páginas de cada capítulo que são muito bonitas e sugerem cuidado no momento de criar o objeto.
O título. Aos títulos já costumo prestar mais atenção. Este é daqueles que tem a capacidade de me intrigar e que me faz querer ler o livro. Na minha opinião, foi bem conseguido e tem um forte poder de atração.
Estes foram os aspetos que me cativaram. Tudo o resto que compõem este livro trouxe-me bastante insatisfação. O livro insere-se num género literário que gosto muito e que faz parte da minha rotina de leitora. Este aspeto talvez faça de mim um leitora mais exigente e mais atenta ao que encontro na história.
O que é que não funcionou neste livro?
📌 Escrita A narração é marcada pelo uso exagerado das vírgulas, pelas comparações onde falta a originalidade e pela predominância do contar. Realmente, senti muito a falta de que a escrita me mostrasse as coisas, me mostrasse o que se estava a passar. Dá a impressão que o livro recebeu uma revisão pouco cuidada, pois muitos destes elementos poderiam ter sido corrigidos. Acho que jamais me irei esquecer da expressão "Arfavam como cães (...)" (p.215). Foi uma má escolha de palavras para enquadrar uma descrição de uma cena que deveria ser caracterizada pela sensualidade. É uma expressão que tira elegância à cena e não dá o tom que deveria dar. Há partes demasiado contadas, quando deveriam ser mostradas. Por exemplo, nas cenas de interrogatório, quando a personagem precisa de falar sobre o que aconteceu, o autor atalha caminho e, em meia dúzia de linhas conta o que se passou. Seria muito importante mostrar! Como estava a testemunha? Qual a sua linguagem corporal? Que sinais dava enquanto descrevia a sua posição perante o acontecimento? Estes elementos perdem-se quando se opta por contar em vez de mostrar.
📌 Diálogos Na sequência da minha última observação surgem as limitações dos diálogos deste livro. Muitas vezes me questionei se as passagens que estava a ler tinham como real objetivo mostrar um interrogatório policial. Fez-me confusão ver investigadores e suspeitos a dissertar sobre questões sociais /pessoais (por exemplo: a decisão de uma mulher ter ou não filhos, a vida pessoal do inspetor Bruno), quando o que se devia estar a fazer era recolher informações que permitissem resolver o caso. São diálogos desconexos, que não contribuem para o desenvolvimento da narrativa. Soam de forma artificial e parecem ter sido encaixados de uma força demasiado forçada.
📌 Personagens Eu não consegui gostar de nenhuma das personagens. Todas elas carregam demasiados estereótipos, fazendo com que se tornassem unidimensionais aos meus olhos. Eu adoro personagens com muitas camadas, em que o desenvolvimento da narrativa me permite aceder ao interior de cada uma delas. Aqui, isso não aconteceu com nenhuma. Os inspetores da Polícia Judiciária são machistas, pouco profissionais e ocos. Estão tão estereotipados! É a preocupação com o aspeto físico, a necessidade de impressionar as mulheres e a preguiça que os impede de usar o cérebro. O polícia experiente preguiçoso versus o jovem polícia com capacidades sensitivas que ajudam a resolver o caso. Tanta gente a fazer tão pouco e onde os chocolates que comem ganham mais destaque. A família Ávila e todos os que a rodeavam encaixam em diferentes clichés associados a famílias de classe alta. Há adultério, há políticos, há corrupção, há depressão, há quem não tenha sorte no campo financeiro como grande parte dos familiares, há a tia irascível de quem ninguém gosta, há os jardineiros que dão cor às vidas aborrecidas das patroas chiques. Atenção, eu não sou contra o uso de clichés! Aborrece-me é o seu uso exagerado e a má exploração dos mesmos. A Susana, namorada do Bruno, é demasiado infantil e imatura. O papel dela no livro é ir preenchendo uns espaços na vida do jovem inspetor e dar algumas cenas de sexo de má qualidade ao livro. Ainda houve espaço para meter uma jornalista que nada acrescenta àquilo que o leitor quer saber, que é: Quem matou a tia que não gostava de ninguém. É uma cena descontextualizada, desnecessária e traz alguns momentos que me provocaram algumas paragens cerebrais. Não conseguia perceber a intencionalidade daquelas descrições e daqueles acontecimentos para o real conteúdo do livro, e o meu cérebro parava em desespero. A criança da história também foi demasiado infantilizada. Espera-se outro tipo de comportamento de uma criança com 7/8 anos. De acordo com as descrições e comportamentos, eu diria que esta criança tem 5 anos.
📌 Enredo (Esta parte poderá conter spoillers) O enredo precisava de ser extremamente cativante para que pudesse camuflar todas as fragilidades até aqui apontadas. Partindo de uma premissa muito usada era necessário inovar e trazer coisas interessantes e desenvolver o conteúdo de forma a causar algum impacto. Houve passagens que me ultrapassaram. Coisas em que se afiguravam como impossíveis aos meus olhos. Recolher amostras de ADN de alguém que está a dormir, justificando que o sono era demasiado pesado para dar conta? Lamento, mas por muito pesado que seja o nosso sono é impossível alguém enfiar-nos alguma coisa na nossa boca sem nos apercebermos. Isto foi uma tentativa irrealista de complexificar algo que seria simples para outras personagens (escova de dentes - entendedores, entenderão). Enfiar um abre cartas dentro de um urso de peluche sem descoser e voltar a coser? Sim, fez-me confusão. E depois há uma miscelânea de assuntos que não interessam nada para o cerne do livro e para a história que ele se propõe a contar. Parece que o escritor queria meter muitos assuntos ao barulho numa mesma obra e acabou por arriscar demasiado. Tudo o que se escolhe introduzir num livro deverá ser coerente e enquadrar-se na linha narrativa que se opta seguir. Colocar coisas só porque fazem parte da agenda sociocultural e sem que se relacionem com o conteúdo narrativo é oferecer ao leitor passagens desnecessárias.
Sei que esta minha opinião é impopular. As opiniões com as quais me tenho cruzado seguem uma tendência positiva. Por vezes, quando as leio, sinto que li um livro diferente. Eu senti necessidade de expor de forma detalhada tudo aquilo que considerei não funcionar, tal como faria numa leitura beta.
Já sabes, a caixa de comentário está aberta às tuas visões sobre o livro. Se quiseres, por favor, partilha-as.
Acho que as histórias de espiões não são para mim, ou eu nunca me cruzo com este tipo de livros na altura certa para os ler. Não sei se o facto de não ter lido o primeiro volume desta série, e que antecede este livro que partilho hoje contigo, me dificultou esta leitura. Consegui perceber, em traços gerais, o que norteava a história de "Eva", contudo, foi doloroso avançar na leitura.
Senti falta de ação, de dinamismo, de personagens carismáticas capazes de me tirar o fôlego. Tudo se arrasta, como se o calor de Tânger se infiltrasse nas personagens e as limitasse na gestão os seus comportamentos. Foi como se o calor as adormecesse e fizesse levitar em torno dos locais e das situações.
A Eva apareceu demasiado tarde no livro. Ela tinha uma dinâmica interessante com Falcó, mas surge na última parte do livro e deu pouco de si àquelas páginas. Falcó parece um burguês que se perde nos bares e entre os lençóis de mulheres atraentes. As suas competências enquanto espião ficam um pouco apagadas por entre a "mastigação" de situações que vão desfilando ao longo do livro. Tem ali algumas questões se saúde que se traduzem em comportamentos caricatos, mas em nada acrescentam à história e à forma como tudo se desenvolve.
Há umas lutas e umas conspirações que, na minha opinião, não têm o protagonismo necessário. A riqueza do contexto histórico também não é aproveitado pelo escritor. Acho que poderiam ter sido introduzidos mais elementos sobre a Guerra Civil Espanhola e sobre o clima que pairava antes da Segunda Guerra Mundial ter explodido na Europa.
Não fiquei com vontade de ler mais livros desta série. Acho que até foi uma experiência de leitura um pouco traumatizante. Lia sempre na esperança de que algo interessante me apanhasse e me envolvesse na história. Infelizmente, esse momento nunca chegou e só o terminei porque quando a vontade de desistir começou a soar na minha cabeça já ia com a leitura bem avançada. Este meu arrastar pelas páginas, a dificuldade em avançar na leitura e a desconexão que eu sentia com tudo aquilo que lia, estavam a deixar-me desconfortável.
Gostava de conhecer as impressões de quem leu o livro e gostou de forma a tentar perceber se conseguiram detetar coisas que me poderiam ter escapado. Quem leu o primeiro volume, ficou com vontade de ler os seguintes? O que é que te apaixonou no livro?
Para mim é sempre complicado quando tenho que partilhar uma opinião menos favorável relativamente a um livro. É ainda mais difícil quando: 1) o livro é de um escritor português e 2) o livro foi-me disponibilizado pelo(a) escritor(a).
A escrita está associada a sonhos pessoais. Uma opinião menos positiva significa quebrar e estilhaçar o ego de quem ousou lutar pelos seus sonhos. Apesar disto, sinto que tenho de ser sincera. Partilhar uma falsa opinião não irá contribuir para a evolução de quem ousou seguir o seu sonho. Por esta introdução já conseguem antever a minha experiência com este livro.
Há umas semanas fui contactada pela Telma, a autora deste livro, com um convite para ler a sua obra. Tenho sido mais seletiva com estes pedidos, mas decidi arriscar (só correndo riscos tenho oportunidade de descobrir). Ela enviou-me o e-book e eu comecei a ler. Depois de ler meia dúzia de páginas, já estava completamente desmotivada para a leitura.
“A rainha desejada” tem Ana como protagonista. Ana vive no século XX, mas um incidente leva-a numa viagem pelo tempo. Estas viagens no tempo podem ser perigosas para o escritor. Exigem pesquisa, conhecimento e coerência no conteúdo que introduzem. Neste livro sente-se muito a falta deste conhecimento e do brio em colocar as coisas em consonância. É tudo “despejado” para o texto de uma forma pouco cuidada e demasiado amadora. Eu gosto de ler romances históricos e de época, mas gosto de ver as coisas com sentido e bem alinhadas. A forma como tudo foi conduzido parecia que ia culminar num desrespeito pelo que de facto aconteceu com a História de Portugal. E, em parte, acabou por se verificar.
Não apreciei a forma como a narrativa foi conduzia. Eu não conseguia visualizar a beleza de D. Manuel I (basta uma pesquisa rápida na internet para perceber que beleza era um conceito que não se aplicava ao físico deste rei). Acho que a imagem que a escritora passou ultrapassa a realidade; mexer num aspeto tão específico da história de Portugal, dando-lhe uma conotação diferente, fez-me confusão. Fez-me imensa confusão uma jovem do século XX, achar as roupas do século XV confortáveis (dada a quantidade de peças e acessórios que compunham o vestuário feminino). Fez-me muita confusão os banhos na praia em pleno século XV. O comportamento de Ana e restantes personagens estava completamente descontextualizado da época que pretendia retratar. Há poucos elementos que situam o escritor na época, e os que existem estão mal descritos e são deturpados em função dos interesses da escritora.
O desenvolvimento da narrativa não foi o único problema. A escrita é fraca e com bastantes erros ortográficos. É tudo demasiado contado e pouco descrito. A pontuação é outro aspeto que carece de uma revisão profunda. Várias vírgulas entre sujeito e predicado; ausência das mesmas quando a autora usava o vocativo; diálogos e frases totalmente mal pontuadas. Isto revela falta de cuidado na revisão e um grande amadorismo na escrita. No fundo, temos um livro com graves problemas na estrutura narrativa e mal escrito.
É uma escrita muito desleixada. Sinto que é necessário muito trabalho. É preciso ler mais e escrever mais para que isso se reflita numa escrita cuidada e cativante.
Acho que com alguns exemplos, poderão perceber o que é que funcionou mal nesta obra.
“O primeiro a despertar foi Ana, que abriu os olhos lentamente e vislumbrou o rosto de Manuel, que dormia um sono profundo e reparador. Ana acariciou-o carinhosamente no belo rosto, e assimilou amar muito aquele homem, com todo o seu coração e que desejava verdadeiramente ficar a seu lado para sempre, mesmo que isso significa-se nunca regressar ao seu século.” – Para além da má construção frásica, podemos ver o encontrar um tipo de erro que se repete até à exaustão ao longo da obra.
“Naquele dia de verão, ao pôr do sol e observando Lisboa do lado oposto, Ana sentia-se ansiosa, como se no ar crepita-se algo, como se a brisa suave que sentia nos seus longos e ondulados cabelos estivesse a sussurrar-lhe aos ouvidos, mas desvalorizou o sentimento, sacudiu os seus pensamentos e continuou o seu passeio, observando o rio e as suas cores fortes de origem vermelha que o pôr do sol espelhava nas águas calmas.” – Aqui temos um mau exemplo de pontuação (um entre muitos outros ao longo do livro).
Para além dos problemas que já identifiquei, estes parágrafos são uma ilustração de uma escrita pouco rudimentar e que precisa de bastante trabalho para que seja aperfeiçoada.
O final foi desastroso. Eu percebo o motivo que conduziu àquele desfecho, mas fez-me confusão. Sim, foi demasiado fantasioso para as minhas preferências. Houve situações em que me ri, dado a quantidade de disparates que ali foram enumerados. Foi horrível perceber a tentativa forçada de incluir a pandemia; a estupidez de dar um final feliz à Ana, aspeto que implica mexer com dados concretos da História de Portugal e o amadorismo que se espelha na forma como os acontecimentos são revelados. Os próprios comportamentos destas últimas páginas reforçam a falta de sensibilidade para colocar no papel a experiência pessoal de quem passa por um evento que lhe altera completamente a vida.
Numa frase, “A rainha desejada” é uma adaptação barata e péssima da série Outlander.
Nota: Não posso deixar de referir um aspeto que me deixou um pouco indignada e justifica o detalhe esta opinião. Penso que nunca escrevi uma opinião tão dura. No início da semana, enviei um e-mail à Telma. Expliquei-lhe o que achei do livro, dei-lhe algumas sugestões de melhoria, enviei-lhes uns links para se informar e o pdf com alguns comentários que fui fazendo ao longo da leitura. A autora revelou uma enorme falta de humildade. Ela afirmou que ia não ler a opinião, porque não queria desanimar agora que a convidaram a escrever um novo livro. Está no seu direito. Porém, senti que desprezou a informação que lhe passei e todas as minhas observações. Não sou uma perita em livros (tenho muito para aprender), mas considero que tenho experiência suficiente para identificar o que é ou não um bom livro. De boa vontade, partilho o que achei e tento dar sempre soluções para uma melhoria dos manuscritos. É óbvio que não espero que aceitem tudo, mas achar que o trabalho está bom e que não precisa de melhorias releva uma falta de humildade atroz. Talvez deva deixar de aceitar estes pedidos e de dar sugestões. Há pessoas que não merecem o nosso tempo nem a nossa bondade.
Descobri a minha paixão por romances históricos já tarde no meu percurso de leitora. Talvez tenha acontecido porque o meu interesse pela História também chegou já no final da adolescência. Hoje em dia é sempre com algum entusiasmo que me "atiro" numa leitura com uma forte componente histórica.
"A Rainha Perfeitíssima" é um livro dedicado à Rainha D. Leonor, que é, também a narradora de todos os acontecimentos.
A sequência narrativa é muito confusa. Ainda ponderei se esta confusão advinha dos meus escassos conhecimentos relativamente a este período da História de Portugal. Porém, já li outros livros históricos, que retratavam épocas e acontecimentos completamente desconhecidos para mim e com os quais não senti nenhuma dificuldade. Aliás o meu conhecimento no fim da leitura aumentou. Por esta razão, considero que o problema está mesmo no livro, mais especificamente na forma como a história foi contada. A leitura tornou-se um pouco aborrecida. Os factos eram narrados de uma forma demasiado factual. Faltou um toque mais emocional. Faltou a inclusão de elementos capazes de enriquecer aquilo que D. Leonor ia contando.
Na capa prometia: "Esta é a história de Leonor de Lencastre, a mais culta e rica das rainhas portugueses. E também a mais trágica". No meu entender, ficou-se pela promessa porque os acontecimentos narrados eram desprovidos de emoção e intensidade ilustrativas de uma vida trágica. Também é um livro carente na capacidade de mostras as características das personagens que integram a narrativa. Há demasiada narração e pouca demonstração.
Paula Veiga tem outro livro publicado, também ele um romance histórico. Ainda não sei se quero ler. Preciso de tempo para esquecer esta leitura. Talvez, mais tarde, depois de esquecer esta leitura, dê uma nova oportunidade à escritora e, assim, ter a oportunidade de construir uma opinião mais sólida.
Ao contrário daquilo que possam pensar, não é fácil escrever sobre um livro que não gostei. É uma tarefa complicada! Enquanto desmontamos o quanto não gostamos de um livro, acabamos por ferir um pouco os sonhos daquele(a) que o escreveu. Torna-se ainda mais complicado quando é um livro escrito por um autor português.
Antes de escrever a opinião, enviei um e-mail à Ana (a autora do livro) com uma série de aspetos que acho que ela poderá melhorar na narrativa. Ela tinha disponibilizado o livro de formar gratuita e eu decidi arriscar a enviar-lhe uma visão mais detalha e pessoal. Tive a sorte de as minhas sugestões terem sido bem recebidas.
Li o ebook em epub. Não estava completo, devido a algo alheio à autora. Neste momento estou a ler o que me resta, mas ao mesmo tempo a fazer revisão. Por este motivo, decidi publicar a opinião relativa às paginas que li apenas enquanto leitora. Tenho uma veia de ovelha ronhosa muito saliente, por isso não seria justo vir escrever sobre o que estou a rever.
Enquanto leitora, devorada de histórias e que se derrete com boas histórias de amor este livro ficou longe de me satisfazer os sentidos. A história de amor pobre, com incongruências à mistura e cheia de estereótipos deu cabo do meu cérebro. Os meus dedos vibravam com a necessidade de escrever comentários e fazer correções. O livro merecia crescer, o amor merecia sair daquelas páginas para o coração do leitor, porém faltava-lhe a magia de uma história bem narrada, com personagens reais e com descrições capazes de estimular os sentidos. Os acontecimentos, as personagens e a forma como a autora decide dar corpo às ideias que andam na sua cabeça carecem de mais trabalho. É importante dar um tom credível àquilo que queremos oferecer ao leitor. Além da credibilidades, é importante humanizar as personagens, dando-lhe qualidades e defeitos. Sei que não é fácil materializar em palavras aquilo que nos vai na imaginação, mas é importante transformar a nossa imaginação numa história que prenda o leitor e que o envolva nos acontecimentos.
Aos diálogos falta-lhes a garra e a capacidade de os materializar enquanto situações reais. Também lhes falta emoção. A narração precisa de mostrar mais o que se está a passar do que apenas contar o que vai acontecendo.
Outra dor de cabeça para mim foi a pontuação. Não sou a Guro das regras gramaticais, também dou os meus pontapés, porém a pontuação neste livro dificultou a leitura pois algumas passagens tornavam-se confusas.
Falar sobre livros é subjetivo. A minha experiência com este livro não foi a mais feliz, porém no Goodreads existem muitas vozes contrárias à minha, e ainda bem que existem. Acima de tudo, espero que sejam sinceras e que transmitam aquilo que verdadeiramente sentiram na leitura. Devido a esta subjetividade, eu procuro opiniões literárias junto das pessoas que partilham alguns dos meus gostos ou cuja fundamentação me convence. Posto isto, esta minha opinião é o reflexo da minha experiência com o livro. E vocês poderão viver uma experiência completamente diferente. É nesta diferença que o mundo enriquece. Por isso, se gostaram do livro, se tiveram outra visão sobre as coisas, comentem! Assim, quem cá passar poderá conhecer experiências de leitura diferentes.
Autor: Agustina Izquierdo Ano: 1985 Editora: Asa Número de páginas: 144 páginas Classificação: 1 Estrelas Desafio: De A a Z...
Sinopse
Na cidade de Barcelona, ao abrigo das muralhas, perto do claustro da catedral, a dois passos da porta de Santa Eulália, vivia um homem que era ao mesmo tempo piedoso e músico e se chamava Padre Guimerà. Era maestro do coro da Església dels Sants Just i Pastor. Tinha vergonha de ser músico porque lhe parecia estar a roubar a Deus, à oração e à humilhação o tempo dedicado ao seu cargo de maestro do coro."
Barcelona, inícios do século XVIII. Um padre, Ferran Guimerà, vive pobremente num quarto insalubre e divide o seu tempo entre a oração e a música. Executante talentoso de alaúde e dotado de uma voz que emociona quem o ouve, o padre Guimerà é convidado pelo intendente do Senhor Conselheiro a instalar-se em sua casa, a fim de mais confortavelmente dar asas ao seu talento. O padre aceita. Então, no conforto bde uma mansão acolhedora, desenvolve a sua arte e descobre o amor carnal de uma jovem criada que se consagra a ele como outros se consagram a Deus...
Agustina Izquierdo, o misterioso autor de Um Amor Puro, e Pascal Quignard, o romancista de Todas as manhãs do mundo , são uma e a mesma pessoa? O rumor corre com insistência, apoiado em alguns indícios seguros. Haja o que houver a respeito dessa hipótese inverificável, o que importa é que estamos diante de um livro a todos os títulos soberbo.
Opinião
Trouxe este livro da biblioteca para o desafio literário De A a Z. Não conhecia a autora nem nunca tinha lido nenhuma opinião ao livro.
Eu não gostei do livro. A história não tem uma abordagem cativante dos acontecimentos, ou seja, não há espaço para que as coisas sejam bem desenvolvidas.
Este livro conta-nos a história de amor entre uma empregada e um padre. Acho que as questões que vão levantando fazem algum sentido e são pertinentes. Assim como as questões morais, as dúvidas e as incongruências comportamentais. Contudo, houve aspectos que se perderam. Houve partes da história que ficaram por contar o que tornou a história confusa em determinados aspectos.
Ao final, também, poderia ter sido oferecida maior emoção. E foi um pouco vazio em termos de conteúdo.
Autor: Zoran Živković Ano: 2011 Editora: Cavalo de Ferro Número de Páginas: 238 páginas Classificação: 1 Estrela Desafio: De A a Z...
Sinopse
Uma série de mortes misteriosas na Livraria Papyrus conduz o inspector Dejan Lukic, aficionado por literatura, a uma investigação. Aqui ele encontra a atraente proprietária, Vera Gavrilovic, e descobre que a única relação existente entre as vítimas é o facto de momentos antes das suas mortes estarem a ler o mesmo livro – O Último Livro.
Com a multiplicação do número de mortes aparentemente sem explicação, envolvem-se no caso a Agência de Segurança Nacional – uma seita secreta e apocalíptica, e um exótico salão de chá; ao mesmo tempo a crescente ligação entre Dejan e Vera é ameaçada por pesadelos e uma eminente sensação de perigo. Estará um louco apaixonado por literatura à solta, assassinando leitores de acordo com o método apresentado em O Nome da Rosa?
Numa corrida contra o tempo, o inspector Lukic precisa de descobrir o segredo do Último Livro e também porque sente que já leu algures tudo o que lhe está a acontecer. O desenlace extraordinário revela verdades escondidas sobre o choque de diferentes realidades, e o incrível poder da imaginação.
Opinião
Andava eu na biblioteca à procura de um livro para o meu desafio de A a Z quando me deparei com este livro. Li a sinopse e os comentários na contracapa do livro e pensei que estaria aqui uma boa leitura. Um polícia amante de literatura, uma livraria como local do crime e um livro letal são o ponto de partida do autor para a construção do enredo. Infelizmente, o livro revelou-se uma verdadeira decepção: narrativa pouco desenvolvida, personagens pouco dinâmicas e pouco complexas, falhas ao nível da construção frásica, falhas na pontuação e um final incompreensível.
Começando pela narrativa, posso dizer que o autor simplesmente se limita a contar os factos sem se preocupar em acrescentar descrições que tornem o texto mais rico e que criem mais mistério. Há mortes. Há teorias. Há procura. Falta é a profundidade na exploração dos factos e dos cenários da morte, falta a construção de uma sequência narrativa mais lógica e cativante.
O romance entre Djan (inspector da polícia) e Vera (gerente da livraria) é muito básico. Não me senti encantada por estes dois e são poucos os momentos do livro que façam referência aos seus sentimentos. Tudo é escrito muito a correr e dá a sensação que o autor queria terminar o livro o mais depressa possível.
O final do livro fez-me sentir ignorante!!! Percebi mais ou menos o desenlace do mistério em torno das mortes e do tão falado Último Livro, mas não fez qualquer sentido para mim. É tudo muito vazio e com sentido ambíguo. Pior do que isto, só a última página do livro onde ainda estou para descobrir o que se passou ali entre o Djan e a Vera.
A escrita é pouco envolvente. Penso que um escritor deve tentar seduzir o leitor pelas palavras e pela forma como as conjuga de modo a livro num todo coerente e interessante. Neste livro, o escritor esqueceu este aspecto da sedução e limitou-se a apresentar factos sem os aprofundar o suficiente. Pode parecer ridículo, mas houve alturas em que parece que estava a ler um livro escrito por tópicos.
Este livro faz inúmeras referência ao livro O nome da rosa. Nunca li o livro mas pelas indicações que iam surgindo ao longo da história fiquei com a ideia que havia aspectos em comum com este livro, porém a forma como as coisas terminam é diferente.
Autor: Rodrigo Guedes de Carvalho Ano: 2006 Editora: PublicaçõesDom Quixote Número de Páginas: 295 Classificação: 1 Estrela Desafio: De A a Z/ Ler em português de Portugal
Sinopse
Uma criança desaparece. Estava à guarda do seu pai. O choque da notícia atira a mãe para um abismo de amnésia. Sem memória, é incapaz de chorar um filho que não sabe que tem. Como podemos continuar a viver se caminhamos vazios. E há um homem que arranja uma amante enquanto visita a mulher no hospital. Ladrões que roubam cinzas de uma morta. Há as maldades desumanas do amor, um sopro pérfido que o diabo sussurra aos ouvidos. Em fundo, a irracional violência do divórcio. A bestialidade das palavras que atiramos uns aos outros como pedras. Uma mulher que espera ainda e sempre, à janela. Porque o coração é um bicho e não ouve. E uma pergunta a que não se ousa responder: Para onde vão os amores que foram um dia.
Opinião
O meu primeiro contacto com os livros de Rodrigo Guedes de Carvalho foi à cerca de 5 anos atrás quando recebi num aniversário o livro Daqui a nada. Não cheguei a acabar o livro. Tive muitas dificuldades em compreender tudo: a história, as personagens, os acontecimentos...
Entretanto uma colega falou-me muito bem deste livro e que tinha gostado muito. Bem, pensei que estava na altura de dar uma segunda oportunidade. Infelizmente senti os mesmo problemas, contudo desta vez consegui terminar o livro e percebi um pouco melhor aquilo que o escritor quis transmitir.
A sinopse está muito apelativa. No que me diz respeito, aguçou-me logo os sentidos. Porém, a forma como as coisas são concretizas e a forma como evolui a narrativa não foi capaz de me cativar o interesse. É de realçar que Rodrigo Guedes de Carvalho te uma forma muito própria de escrever e de desenvolver os acontecimentos. Por vezes não há pontuação, há parágrafos cortados e intercalados por comentários que aprecem entre parêntesis, repetições de palavras ou expressões e uma linguagem que me causa uma certa estranheza (uso frequente de palavrões e expressões um pouco rudes). Eu sei que este tipo de linguagem é comum no nosso quotidiano mas, pessoalmente, não gosto quando ela aparece de forma excessiva nos livros.
As temáticas abordas no livro são do meu interesse e facilmente despertam a minha atenção. Começamos por ter uma criança desaparecida, o Afonso (não consegui perceber a idade, mas penso que seria um dado importante), quando estava na companhia do pai, Paulo. Laura, a mãe, perde a memória após saber do desaparecimento do filho. Esta foi uma forma de protecção por parte do corpo de Laura em confronto com uma notícia chocante. Laura e Paulo são divorciados mas com uma relação muito mal resolvida. Senti falta de uma exploração mas minuciosa desta relação no livro. Aquilo que nos chega é, por vezes, confuso.
Uma outra temática foi a homossexualidade. Acho que neste caso, o autor foi um pouco mais feliz no desenvolvimento das personagens. Sérgio, o irmão de Laura, e Dulce, a irmã de Paulo, vivem atormentados pelo preconceito em relação à sua sexualidade. Confesso que um acontecimento particular na vida de Sérgio provocou-me arrepios. Apesar da brutalidade do acontecimento e da descrição que o acompanha sei que é algo mais comum do que aquilo que gostaria que fosse. A falta de respeito pelo outro e pelas opções dos outros causa-me muita irritação. Odeio quando vejo pessoas a olhar de lado para dois homens/mulheres que passam de mãos dadas. A mim são coisas que me passam ao lado. Pode causar-nos confusão visto ser algo que foge à norma do que é vigente na sociedade, mas isso não nos dá o direito de não respeitar as opções das outras pessoas.
Gostei de alguns momentos finais do livro. Mas ele acaba literalmente em branco. Não vou dizer mais sobre o final porque não quero estragar a surpresa a quem quiser ler o livro. No meu caso, foram determinados pontos que me motivaram para chegar ao final do livro e se vos revelasse o que é que quero dizer com o "terminar em branco" posso quebrar a vossa motivação e eu não quero que isso aconteça.