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Por detrás das palavras

Opinião | "O que seria eu sem ti?" de Guillaume Musso

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Já há alguns anos que gosto de ler obras do Guillaume Musso, autor que me foi apresentado pela Daniela. Têm sido experiências de leituras diferentes. Há livros que gosto mais, e livros que gosto menos. No caso deste livro, posso dizer que foi um livro que gostei de ler, mas que não me arrebatou. 

As primeiras páginas do livro prometem uma história de amor intensa. Dois jovens apaixonam-se, mas o facto de viverem em continentes diferentes assombra a felicidade deles. A separação é inevitável, mas fica a dúvida de se ambos serão capazes de alimentar um amor à distância.

Depois destas primeiras páginas, o livro entra numa fase completamente distinta. Há resquícios desta história de amor, mas a ação passa a centrar num conjunto de crimes que envolvem obras de arte.

Estas duas linhas narrativas cruzam-se. Contudo, a expetativa criada pelas primeiras páginas interferiu de forma um pouco negativa na minha experiência de leitura. Sim, foram as expetativas que condicionaram a minha leitura, mas a verdade é que não me permitiu usufruir de forma mais intensa da leitura que estava a ter.

Quando se inicia a última parte do livro, a história de amor ganha novamente um pouco de destaque. Consegui perceber a sequência narrativa e todas as escolhas do escritor. Tudo faz sentido na história que escolher contar! Há coerência nos acontecimentos e nas opções tomadas pelas personagens, no entanto isso não foi suficiente para me fazer ver o livro de outra forma.

Guillaume Musso gosta de dar um toque sobrenatural às suas histórias. Para mim, é uma imagem de marca do escritor. Há livros em que gosto desse encaixe, e outros em que acho que não funcionada muito bem. Neste caso, gostei e acho que funcionou. Foi um espécie de período de reflexão das personagens que, do meu ponto de vista, enriqueceu o texto. 

Em suma, foi uma leitura agradável e que cumpriu o seu propósito de me entreter. Porém, não deixou o rasto de fascínio que uma história memorável consegue deixar.

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Opinião | "Bolt" Adaptação de Malgorzata Strazalkowska

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Todas as pessoas estranham quando a minha pequena leitora em construção, com dois anos de idade, pede de presente um livro. E mais espantadas ficam com a reação da miúda quando abre a prenda e vê que é um livro. Posso dizer-te que a reação dela é impressionante. Fica eufórica e pede logo a alguém que lhe leia a história. Ela vibra com cada livro que recebe. E sabes o que é mais engraçado? Já diz que os adultos trabalham para lhe comprarmos livros. 

Uma pessoa amiga da família começou a oferecer-lhe os livros desta coleção. Este foi o primeiro que lhe consegui ler do princípio ao fim sem ela dispersar. São livros pouco adaptados à idade dela. Têm muito texto e exigem um grau de atenção que ela ainda não tem. Ela está acostumada a ter uma imagem que acompanhe a frase que se lê. Nesta coleção isso não acontece, e a minha pequena leitora passa o tempo a pergunta "Onde 'tá isso?", "Onde 'ta?". 

Bolt tem mais imagens e frases mais curtas, o que funcionou bem com ela. Conseguiu acompanhar a história, fez as suas perguntas e comentários. Que comentários deves estar tu a pensar? São coisas simples, designadamente: "Coitadinho" quando alguma personagem passa por algo triste ou que o prejudica; "tão uindo", quando gosta de alguma coisa. E não menos vezes distribui umas "cocas" (beijocas) pelas personagens. 

Com o cãozinho Bolt, a minha pequena leitora em construção riu, sentiu tristeza, fez festinhas e ficou feliz porque nas histórias infantis nós já conhecemos o fim e nunca, ou quase nunca acaba mal

Na minha perspetiva, não achei uma história muito cativante. O Bolt é um cão que não consegue separar a ficção da realidade e nesta confusão perdi-me da real essência da história. Tudo me pareceu um pouco desconexo, apesar de no final tudo ter feito sentido.

Ainda não houve repetição desta história, porque ainda não foi pedido. Sim, imagina o que é leres a mesma história várias vezes por semana ou mesmo por dia. As crianças gostam do que é conhecido e da rotina, por isso é perfeitamente normal elas quererem sempre as mesmas histórias. Eu é que algumas já alcancei a fase do enjoo.

Hei de sobreviver. 

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Opinião | "Boneca de trapos" de Daniel Cole (Fawkes and Baxter #1)

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Foi com grandes expetativas que iniciei a leitura do livro Boneca de trapos. Tinha lido boas opiniões em relação ao livro e recordo-me que na altura do seu lançamento, a editora apostou numa divulgação bastante original. No fundo, tinha aqui um conjunto de elementos que despertaram o meu interesse relativamente ao livro.

Este livro tem um ponto que considero diferenciador. Há uma lista com as vítimas e os agentes da polícia entram numa corrida contra o tempo para tentar evitar as diferentes mortes anunciadas. Assim, mais do que saber como cada uma destas pessoas iria morrer, o meu interesse estava muito relacionado com os aspetos que interligavam cada uma destas pessoas e os motivos que levaram a que elas entrassem na mira de um assassino. 

William Fawkes é um polícia com uma personalidade peculiar e que traz um densidade especial à história. Não simpatizei com ele, senti-o como uma personagem demasiado arrogante e com uma teimosia que se atravessou na minha mente. 

Relativamente à minha experiência de leitura, esta foi um pouco estranha. Houve momento em que li de forma compulsiva e tinha uma verdadeira vontade de desvendar o crime; e depois passei por partes de leitura que me deixaram aborrecida, em que senti que as coisas não avançavam. No fundo, senti que a história tinha partes interessantes e que contribuíam para o bom desenvolvimento da história, e outras que as senti como uma necessidade de encher espaço na história.

O final foi surpreendente. Não esperava aquele desfecho. E este foi um ponto positivo para o livro, oferecendo um culminar inesperado para todo o processo criminal que fui conhecendo ao longo da leitura. 
Apesar de não ter sido uma leitura fenomenal ficou a vontade de dar continuidade à série. 

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Opinião | "Uma aposta perversa" de Emma Wildes

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"Uma aposta perversa" marca a minha estreia com as obras de Emma Wildes. Não ia com expetativas elevadas. Encontrei aquilo que eu esperava encontrar: um livro com uma narrativa ligeira, descontraída e com muito romance romântico à mistura.

Este livro parte de uma aposta entre dois amigos: o Conde de Mandervile e o Duque de Rothay. Para dar continuidade a esta aposta, eles precisavam de uma mulher. Alguém que pudesse dizer qual dos dois seria o melhor amante. 

Partindo desta premissa, encontrei uma história que me cativou. Foi interessante assistir ao nascimento do romance, à quebra das barreiras que condicionavam o comportamento de Lady Caroline. Contudo, desagradou-me a perfeição física que a escritora atribuiu a todas as suas personagens. Há algum exagero da escritora na descrição da componente física e da valorização da beleza física. Acho que começo a ficar com pouca paciência para este tipo de livros.

Em suma, tudo se desenvolve de forma bastante previsível. Não há nada que se destaque, nem nenhum acontecimento que torne a narrativa surpreendente. É um livro que se lê bem, com descrições pormenorizadas que conferem um tom realista à narrativa, mas não surpreende. Quero ler mais obras da autora e perceber se mantém algum padrão na escrita das suas histórias. 

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Opinião | "A terapeuta" de Gaspar Hernández

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O título deste livro foi a primeira coisa que despertou o meu interesse. Através da sinopse percebi que poderia ser um livro interessante para ser lido. A história deste livro acompanha a vida de Hèctor Amat, um ator famoso que sofre de ataques de ansiedade. Este ator acaba por se ver envolvido num terrível crime, mas por mais que se esforce não se consegue lembrar do que aconteceu, não conseguindo explicar porque é que apareceu num parque de estacionamento, junto de uma mulher assassinada. Deparado com este problema, Héctor opta por recorrer à psicóloga Eugènia Llort. 

Partindo daqui, o leitor acompanha a jornada de Hèctor nas consultas e acaba envolvido numa teia um pouco confusa. Até um pouco mais de metade do livro, o que sobressai da história é a relação de dependência que Héctor constrói com Eugènia. Esta dependência, o fascínio do cliente pela terapeuta e a obsessão que o cliente vai construindo em volta da sua terapeuta foram os elementos que mais me cativaram no livro. Pareceram-me bem caracterizados, bem descritos e credíveis. É certo que, enquanto profissional, me fui sentindo irritada com os comportamentos quer da terapeuta quer do cliente. Irritou-me, principalmente, a falta de brio profissional da terapeuta. 

Considero que as consultas poderiam ter sido um pouco mais exploradas e detalhadas. Acredito que este elemento traria mais informação e dinamismo ao livro. Achei que o escritor queria acelerar um pouco estas partes o que contribuiu para alguma confusão relativamente ao objetivo da história. Eu sei onde comecei a história, sabia para onde queria que me levassem, mas não senti que isso tenha acontecido.

A narrativa vai avançando e a poucas páginas do fim, há uma mudança de direção que me baralhou ainda mais. Percebi porque é que ela aconteceu, mas não foi benéfica para a compreensão dos acontecimentos que motivaram o início deste livro.

Tudo fica confuso e prevaleceu a sensação de que o fio condutor que norteava o livro se perdeu algures. Pessoalmente, eu não consegui perceber o que de facto aconteceu com Hèctor e isso deixou-me bastante frustrada. 

Para mim, esta leitura valeu pela exploração dos limites pessoais e profissionais inerentes a processo terapêutico. Foram elementos que me fizeram refletir na prática profissional e naquilo que deve ser feito.

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Opinião | "Eu sei o que vocês fizeram" de Dorothy Koomson

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O primeiro livro de Dorothy Koomson chegou até mim através de um empréstimo de uma amiga. O livro que essa amiga me emprestou foi "A filha da minha melhor amiga", livro que devorei num espaço de dias. E desta primeira experiência ficou a vontade de ler toda a obra da escritora. 

Dorothy Koomson evoluiu enquanto escritora. Este aspeto é visível ao longo das obras que foi publicando. É com base nesta evolução que anseio sempre pela publicação de um livro seu. 

"Eu sei o que vocês fizeram" é um thriller psicológico cuja ação se passa em 2020 e explora as relações de vizinhança. Foram muitas personagens e muitas histórias paralelas que fizeram com que a leitura se tornasse confusa. Eu fui-me sentindo muito perdida no meio das coscuvilhices e segredos da vizinhança. Além de perdida foi algo que me incomodou um pouco. Talvez este incomodo se deva ao desconforto crescente da Rae que se foi sentindo ameaçada pelo meio onde vivia. 

Um ponto positivo que consigo identificar no livro foi a forma como a autora conseguiu ilustrar os problemas de Rae e o impacto que a pandemia teve sobre eles. Penso que, neste ponto, muitas pessoas se poderão identificar com a personagem e o seu sofrimento psicológico. Por outro lado, poderá, também, constituir um gatilho emocional para pessoas que viveram os confinamentos em sofrimento.

Pessoalmente, tive dificuldade em criar uma ligação emocional com o livro. Não me senti cativada, nem envolvida. Acredito que estas dificuldades se devam à variedade de histórias que a autora tentou encaixar. Na minha perspetiva, esta opção na construção da história não permitiu que a autora mostrasse o seu já reconhecido talento na construção de narrativas emocionalmente imersivas e onde os relacionamentos entre as personagens têm um destaque relevante.

Apesar desta experiência menos intensa, continuarei a ler mais obras da escritora.

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Opinião | "Cerimónia mortal" de J. D. Robb (Série Mortal #5)

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Desde 2015 que não pegava num livro da Série Mortal escrita por J. D. Robb. Quando descobri esta série, delirei com as histórias. A sua essência futurista, a sua veia policial e uma relação amorosa transcendente foram elementos certeiros e com uma enorme capacidade de captar o meu interesse enquanto leitora. 

Atendendo à minha experiência anterior, parti para a leitura com a expetativa de rever personagens queridas e uma história alucinante. A realidade é que a leitura não foi capaz de responder de forma eficaz às boas expetativas que tinha. É certo, eu cresci enquanto leitora! A minha disponibilidade mental não tem andado nos melhores dias. E, claro, acho que os meus interesses literários já não vão ao encontro dos elementos que caracterizam esta série e estes livros. 

Nesta leitura, a realidade futurista oprimiu-me. A poluição atmosférica, que aparece muitas vezes retratada nas cenas exteriores, deixou-me nauseada e incomodada. Uma sensação estranha que incomodou a minha leitura. Eve e Roarke não me encantaram da mesma forma que em leituras anteriores. O crime envolto em cultos e crenças não me entusiasmou, nem me espicaçou o interesse. Talvez por ser uma aspeto pelo qual não sinto interesse ou vontade de saber mais. 

Não estou a colocar em causa a qualidade do livro. Não detetei incongruências na narrativa; não houve cenas incompletas ou mal explicadas; no fundo, não encontrei nada que pudesse colocar em causa a qualidade da narrativa e da sua construção.
Foi a minha experiência pessoal com o livro, e a esta minha opinião resulta de uma incompatibilidade com aquilo que o livro me ofereceu.

Agora fica a dúvida se devo ler mais livros da série ou encerrar por aqui a minha experiência com estes livros. É certo que eles marcaram uma fase da minha vida e que me ofereceram boas leituras e bons momentos. Será que os devo deixar nessa fase? Será que voltarei a desiludir-me? Muitas questões para as quais ainda não tenho resposta!

Que livros vos entusiasmaram numa determinada fase da vida e que hoje já não vos oferecem bons momentos de leitura?

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Opinião | "A Maldição do Marquês" de Tiago Rebelo

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A História de Portugal é rica em acontecimentos capazes de alimentar boas narrativas. As mãos de um(a) bom(a) escritor(a) conseguem pegar nos eventos e trazerem histórias memoráveis aos leitores.

A Maldição do Marquês é um livro que retrata o Portugal desde o terramoto de 1 de novembro de 1755 até ao final do reinado de D. José I. É um livro extenso que se debruça sobre as consequências do terramoto, o papel do Marquês de Pombal neste período histórico e a execução dos Távoras. 
Estes pontos despertam o meu interesse, contudo achei que foram demasiado acontecimentos para um livro só. Cada um deles tem informação suficiente para protagonizarem um único livro. Senti que o escritor, ao querer abordar tudo, não foi suficientemente profundo na sua análise. Mais, a diversidade de acontecimentos conduziu a uma diversidade de personagens. Foram muitas pessoas, muitos acontecimentos cruzados e isto dificultou-me a leitura. 

Apesar desta minha incompatibilidade com o livro, algumas das abordagens foram muito importantes e permitiram-me algumas reflexões.
Começo pelo Marquês de Pombal e pela versão romanceada que me venderam nas aulas de História. Nas aulas, ele foi sempre apresentado como o responsável pela reconstrução da capital e por mudanças legislativas que ajudaram ao progresso nacional. Contudo, a este homem também se deve um massacre que mancha a História nacional. O Marquês foi um homem que protegeu a sua posição junto do Rei, que soube arquitetar os maiores planos para controlar o comportamento do Rei e fazer valer as suas ideias. Nas minhas aulas de história nunca se falou nos Távoras. Só tomei conhecimento deste acontecimento através dos romances históricos, porém ainda não consegui perceber todos os contornos associados a esta situação; algo que irei colmatar com o livro que me ofereci no Natal.

Outra reflexão que o livro me suscitou está relacionada com o cognome de D. José I. Este rei recebeu o cognome de o Reformador. Por esta leitura, percebi que muitas das reformas foram da responsabilidade do Marquês, onde o Rei se limitou a aceitar as mudanças que o seu ministro decidiu aplicar ao reino.

Reconstruir uma cidade depois de uma tragédia enorme foi uma enorme desafio que o Marquês soube assumir e dirigir. Contudo, ele não o fez sozinho e senti que houve pouca referência a este aspeto. Continua-se a centrar na figura do ministro os louros pela reconstrução. Sim, ele foi importante; aliás, foi essencial para estruturar a população e orientá-la no sentido da reconstrução. A que custo é que isto foi alcançado? O povo deve ter trabalhado imenso. Sim, eles seguiram ordens e orientações; mas é a eles que deve o trabalho duro da reconstrução, limpeza e no restabelecimento da ordem e da saúde pública.

É inevitável a comparação com outros(as) escritores(as) nacionais que escrevem ficção histórica. E nessa comparação este livro fica a perder. Perde pela incapacidade abandonar a dispersão, perde pela escrita menos apelativa e pelo enorme conjunto de personagens que não me ajudaram a acompanhar a história.
Por outro lado, este é um excelente livro para conhecer um conjunto de acontecimentos importantes na História nacional, e isso foi importante para mim  enquanto leitora.

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Opinião | "Cuba libre" de Tânia Ganho

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Não é da atualidade o meu desejo de ler uma obra da Tânia Ganho. Em 2020, a autora ganhou um bom destaque com o seu livro "Apneia", mas o meu interesse é muito anterior a isso. Ele surgiu depois de uma pessoa ter lido "A mulher casa" e me ter falado maravilhas do livro. 

O preço deste livro é muito bom, só por isso merece ser lido. Contudo, a qualidade deste livro é inegável. Fiquei maravilhada com a escrita da Tânia Ganho. É uma escrita que parece ser um pouco elaborada; mas quando mergulhamos a fundo na história que ela nos apresenta, é como se estivéssemos perante um rio de água cristalina onde conseguimos ver o fundo.

Quanto à narrativa em si, a minha experiência caracteriza-se tendo em conta diferentes fases de leitura. Não me consegui apaixonar pelas personagens nem pelos acontecimentos que elas relatam. Por vezes, senti que a relação que eu tentava estabelecer com elas se quebrava com os avanços e recuos temporais da narrativa. 

A ação centra-se em Clara. Acompanhamos a sua vida desde a adolescência até à idade adulta. Não é uma personagem fácil de se gostar. Ela é extremamente volátil, cínica e pouco assertiva nas suas ideias. É uma mulher emocionalmente confusa e essa confusão passou para mim e exasperou-me. Acho que só no final consigo atingir um grau de compreensão para a forma como ela dirigiu a sua vida. Contudo, sobra a frustração de perceber que ela não lutou assim tanto pela sua individualidade. Parece que andou a flutuar no tempo, passando pelas pessoas sem deixar que grande parte delas acedesse àquilo que ela realmente era.

Não é uma personagem irreal ou mal construída, muito pelo contrário. Acho que existem pessoas assim e cujas vidas mergulham numa complexidade estranha aos olhos dos outros. É verdade que me irritei com esta Clara algumas vezes, mas até aqui se vê a qualidade com que a escritora conduziu a sua obra.

Não é uma história memorável ou capaz de permanecer no meu coração. Foi um boa estreia com a escritora e quero conhecer mais obras.

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Opinião | "O falcão" Sveva Casati Modignani

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Os livros da Sveva Casati Modignani marcara a minha transição entre as leituras infato-juvenis e as leituras mais adultas. Na altura, devorei todos os livros que a biblioteca municipal tinha e conheci histórias que me marcaram e fizeram refletir. "Lição de tango" é, até hoje, o meu livro preferido da escritora. Não sei se o encanto se manteria caso decidisse reler o livro. O meu "eu" leitora cresceu, está diferente e tenho necessidades literárias diferentes. Por isso, evoco só a memória sem perspetiva de uma releitura (não vá a magia quebrar-se).

Apesar de tudo, os livros desta escritora funcionam como leituras de conforto. Sabe-me bem perder-me nas suas histórias, nos seus dramas familiares e nas narrativas alimentadas de emotividade e clichés diversos. 

"O falcão" representa um desvio na rota de escrita desta autora. Geralmente, é uma mulher que assume o protagonismo das suas histórias. Aqui, é o Rocco Di Falco que protagoniza grande parte da ação. Há também um mulher com um papel importante, Giulietta Brenna. Contudo, os acontecimentos importantes têm como ponto de partida Rocco.

Rocco e Giulietta partilharam um amor muito intenso na juventude. Um acontecimento doloroso marca um afastamento e a vida, e a vontade de Rocco, proporcionam um reencontro. Neste reencontro são evocadas memórias e Rocco apresenta a sua vida como se estivesse a limpar os nós e a confusão de fios de um novelo de lã. 

Há dores para curar. Há segredos para desvendar. Verdades para assumir. Dores emocionais que abrem feridas que afinal não estavam muito cicatrizadas. As revelações ativam muitas emoções e sentimentos e agiram a existem deste dois adultos em busca de respostas para o que lhe ficou por explicar.

Ao mesmo tempo que se dedicam a uma amor mais maduro, Rocco e Giulietta alinham as peças conjuntas da sua vida que foram desalinhadas pelos acontecimentos com os quais se confrontaram. 

Não foi uma leitura intensa nem memorável. Mas foi um livro que me permitiu descontrair, conhecer o lado tumultuoso e sereno do amor e desfrutar de uma leitura menos exigente.

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Nota: O livro foi-me disponibilizado pela editora em troca de uma opinião honesta.

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