Escrever uma opinião acerca de um livro em que acompanhamos o seu crescimento e nos envolvemos emocionalmente com ele, não é uma tarefa muito fácil. Quem conhece o meu trabalho como leitora beta, sabe que sou exigente, chata, picuinhas, implicativa com tudo e com nada... E com este escultor, a Carina aturou todas estas minhas manias a triplicar... Sim, porque quando eu embirro com alguma coisa, sou muito aborrecida. Mas valeu o esforço, e aqui está um livro diferente do estilo habitual da autora.
O escultor, para mim, tem como palavra chave, suspense. Não o considero muito misterioso no que toca à descoberta do(a) responsável pelas esculturas especiais que vocês vão certamente conhecer... Contudo, aquilo que ele(a) vai fazendo ao longo da narrativa é que terá a capacidade de tirar a respiração ao leitor. É muito interessante aceder a esta mente complexa! Uma mente que sofre, que se inquieta, que pensa e que explode de ideias. Uma mente que habita um corpo que se deixa dominar por tudo aquilo que de pior pode ser a personalidade humana.
Mas o escultor é apenas uma das muitas personagens que desfilam ao longo da narrativa. Mariana, a personagem feminina principal, é uma mulher de luta e de coragem. Tens os seus fantasmas, as suas inseguranças... Acho, até, que ela tem um pouco de obsessivo na forma como encara a vida e o seu trabalho. É muito estruturada e rígida, apesar de ter sido criada numa espaço de amor. Talvez a constante luta e a sua personalidade contida lhe gritassem que, para ter segurança, tinha de ter controlo.
É nesta fase controlada e estrutura que lhe chega o furacão Alice. Com tudo de bom e mau que carrega, Alice vem para desarrumar o pensamento estruturado de Mariana. Reconheço que, em algumas coisas, gostava de ser como Alice. Desprendida, capaz de arriscar, capaz de sair da concha e socializar com todas pessoas, agarrar a felicidade nos pequenos momentos... Apesar de também ser morena, de olhos castanhos com raios de verde, tenho uma personalidade muito mais próxima de Mariana. Contudo, consegui entender as duas, adorei a dinâmica que elas criaram e acho que se complementam. E, nas entrelinhas, conseguimos perceber que aquilo que as aproxima vai muito mais além daquilo que as distância. Eu sou muito sensível às amizades, e a destas duas tocou-me e enterneceu-me. Amizades assim devem ser para a vida, valorizadas e alimentadas.
Pedro, André e Marco são os homens principais desta narrativa.
Pedro é descontraído e divertido... Um homem talentoso, com um enorme amor à arte. Aspeto que cativa Mariana. Esta, por sua vez, assume um lugar especial na vida deste homem, ela é o seu amor por revelar. Por ela fez tudo, a quem deu as melhores oportunidades profissionais.
André, o jovem polícia da judiciária, vai arrancar suspiros e gritos de desespero. Vai inspirar ternura e respeito. Tem uma carapaça dura, o homem da "bófia" que não descansa enquanto as coisas não estiverem claras e corretas. Tem as suas fragilidades e fantasmas, mas nem sempre passam para o exterior, a sua dura carapaça guarda-as de uma forma feroz... Porém, alguém a vai tornar permeável e aos poucos vamos aceder as camadas que o compõem. Quanto mais descobrimos deste homem, mais nos deixamos encantar por ele.
Marco é mais descontraído de todos, acho que só ficamos a conhecer o seu lado mais carinhoso e divertido. Ele representa a parte leve e descontraída da estória, que nos surpreende em termos de crescimento da sua maturidade. Aprende muito com os acontecimentos que vai ter de enfrentar. Há mais personagens que contribuem para enriquecer o enredo. Personagens ligadas à arte, ao amor, a mundos profissionais... Cada uma com a sua função na estória. Quanto ao escultor, este poderá ser homem ou mulher, cabe a vocês descobrirem.
Sei que não foi um livro fácil de construir. Eu perdi a conta ao número de vezes que o li. Se podia ser diferente em alguma coisa, isso todas as obras podiam sê-lo. Mas, para mim, tudo é perfeito na sua imperfeição. Neste caso em particular, acho que tentaria adensar mais o mistério, baralhar mais as cabeças dos leitores... Trazer outro tipo de personagens que adensassem o lado mórbido da narrativa! No fundo, tornar as coisas ainda mais complexas.
Acho o livro muito bem escrito. Os diálogos que a Carina constrói são, para mim, muito palpáveis, realistas e intensos. São verdadeiros espelhos emocionais das personagens.
Quando estamos a rever texto, a sensação e experiência da leitura é muito diferente daquela de quando lemos um livro concentrados apenas em desfrutar daquilo que as palavras nos oferecem... Mas digo-vos que, algumas vezes, enquanto revejo os textos da Carina, dou por mim a reler os diálogos só para absorver as emoções que ela tenta passar através.
O final espelha a personalidade das personagens. Está bem construído, não é apressado e capta a essência daquilo que fomos conhecendo das personagens ao longo da narrativa. Tudo é resolvido e apresentado ao leitor. Senti-me completa no final da leitura.
Quem gosta de coisas um bocadinho mórbidas, com um toque de romance e emoções, este livro é o ideal. Tenho a certeza que não haverá lugar para arrependimentos.
E agora, Carina? Vamos a um romance histórico/época???
Sonhos Malditos é o conto mais recente escrito pela autora Carina Rosa. Neste conto, podemos ver que a Carina também se pode reinventar, viajando por outros géneros acabando por sair da sua zona de conforto e da sua área de interesse literário. Ao longo destas páginas somos convidados a entrar no mundo paranormal através do olhar e da vida de Teresa. Com a Teresa vamos descobrir o poder dos sentidos e entrar num mundo paralelo que nos vai surpreendo com o desenrolar dos acontecimento.
Para dar o seu toque mais pessoal, a autora traz-nos um pequeno toque de drama. Este toque vem na pele de Henrique e que é transformado pelo olhar de Teresa,
E assim temos as duas personagens que dão corpo a esta história. Teresa e Henrique são duas personagem bem caracterizadas, completas e coesas. Ao jeito dão um toque diferente à narrativa e vão estimulando a curiosidade do leitor. Vemos envolvidos num entrelaçar de acontecimentos estranhos que culminam num final bastante surpreendente e interessante. Acho que é um final para que o leitor possa dar asas à sua imaginação e tirar as suas próprias conclusões. Eu diverti-me bastante a ler o final.
Para mim é mais complicado dar um opinião de uma leitura beta, mais complicado ainda quando esse trabalho é da Carina. Passei a acompanhar muito de perto o trabalho dela e é rara vez que leio o conto/livro apenas uma vez. No fundo, ela envolve-me no processo de construção do seu trabalho e isso faz com que se desenvolvam laços mais emocionais e afetivos. Apesar disso sou sempre sincera com ela, que goste ou não do seu trabalho. Mas há certas coisas às quais não posso apontar o dedo, passo a nomear:
A capacidade de trabalho e de luta: procura sempre melhorar e é muito atenta a todas as sugestões que lhe faço. Nem que tenhamos que as discutir.
A notória evolução no processo de escrita: personagens, enredos, construção de diálogos, organização da narrativa... São aspetos que foram crescendo e se desenvolvendo ao longo do seu trabalho. Do que tenho acompanhado posso dizer que ela cresceu imenso enquanto escritora.
Preocupação com os leitores: uma das grandes preocupações dela é saber se o trabalho dela chega aos leitores e se eles o apreciam.
Pode ter-me escapado mais alguma coisa... Mas penso que são condições interessantes para que os leitores apostem nela. Podem gostar mais de um trabalho, menos de outro. Ela tem o seu estilo que pode ser mais ou menos agradável consoante o gosto dos leitores... Mas é importante que nós sejamos capazes de lhe dar oportunidade e de conhecer o seu trabalho.
Sonho Malditos é um conto capaz de agradar aos que nutrem um amor pelo paranormal, mas ao mesmo tempo gostam de ver ali um despontar romântico. Para quem não dispensa drama, aqui pode encontrá-lo na sua forma q.b e misturado com acontecimentos místicos que fogem à nossa racionalidade. No fundo, penso que encontramos aqui muitos e variados ingredientes que podem fazer a delícia de muitos leitores.
O Natal está aí à porta e a autora Carina Rosa decidiu oferecer aos seus leitores um conto em forma de "Um presente Inesperado".
O conto é gratuito e podem fazer o download aqui. Não há desculpas para deixarem este conto passar ao lado das vossas leituras. É pequenino, de leitura agradável e guarda em si o espírito de Natal.
Opinião
Um presente inesperado é um conto ligeiramente diferente dos trabalhos anteriores da Carina. Com este trabalho a autora conseguiu trazer um tema que consegue conjugar uma situação mais triste com ternura e alguns momentos engraçados.
Este forma mais ligeira de olharmos para um tema que pode ser triste é da responsabilidade da personagem principal. É fácil olharmos para o Simão e gostarmos dele quase instantaneamente, porque é uma personagem leve, diferente e com uma forma muito própria de encarar as circunstâncias da vida.
Através deste conto, a Carina consegue transmitir ao leitor diferentes mensagens que são importantes valores no Natal. Assim, o amor que sentimos pelos outros, a importância de cuidarmos dos outros e de atender às suas necessidades (sem esquecer as nossas, é um facto), da partilha e do perdão são lugares comuns que vamos encontrando ao longo da leitura.
Ao acompanharmos os diferentes trabalhos da Carina vamo-nos apercebendo da sua evolução ao nível da escrita e da construção das narrativas.
Se querem encher o vosso coração e a vossa mente com o espírito de Natal não deixem de ler e fazer o download deste conto. Será fácil deixarem-se inundar pela ternura que acompanha cada um dos momentos que acontecem na história.
Autora: Carina Rosa Ano: 2015 Número de páginas: 50 páginas Classificação: 3 Estrelas Sinopse:Aqui
Opinião
A Rapariga do Lago é o mais recente trabalho da autora Carina Rosa e que ficou disponível para todos os leitores no passado dia 12 de Setembro.
Esta novela oferece-nos uma pequena história de amor entre dois jovens com mundo interiores muito semelhantes e ambos apaixonados por duas expressões artísticas bem distintas.
É uma história onde descobrimos os sentimentos associados ao primeiro amor... Ao amor simples e descomprometido. É um texto romântico e leve que enche o coração do leitor de diferentes sentimentos.
Mais uma vez, a Carina mostra-nos a sua evolução enquanto escritora. Assim, presenteia-nos com uma escrita fluída e cativante que nos faz avançar pela leitura de forma interessada.
A história de amor que aqui nos é contada é leve, romântica e carinhosa. Pessoalmente, não me senti muito cativada por este universo e por estas personagens. Houve alguns aspetos que não concordei e que achei que poderiam ser retirados. Na minha opinião, um enforque mais conciso no romance dos jovens com outro tipo de explorações seria mais interessante. Penso que o facto de não simpatizar com a novela poderá prender-se com o facto de aqui estar presente uma história de amor entre dois adolescentes. É uma faixa etária que nos livros não inspira a minha simpatia. Para estas idades, tenho que ler algo muito especial para me conseguir cativar e fazer-me sentir completamente presa ao universo que me é apresentado.
Porém, aqui assistimos a um estilo mais descontraído da autora, não esquecendo um pequeno toque de dramatismo e intensidade sentimental.
Não amei a história, não vibrei com ela nem com todos os acontecimentos. Contudo, a Carina procurou criar momentos de interação entre os dois jovens pautados pelos sentimentos, diálogos bem estruturados e com momentos de reflexão para cada um dos jovens. Em alguns casos, estes momentos de reflexão acabam por se estender um pouco ao leitor.
Também quero aqui reforçar a determinação e trabalho desenvolvido pela Carina. Eu costumo fazer alguns trabalhos como beta, e posso dizer que a Carina é daquelas que vai à luta, "ouve" com muita atenção aquilo que os/as betas lhe dizem e tem sempre em mente fazer melhor. Por esta humildade, força de trabalho, insistência e vontade de fazer sempre melhor, a Carina merece o respeito daqueles que leem o seu trabalho e merece que mais gente procure ler as suas histórias. Como a Carina, existem outros autores e autoras portuguesas que se esforçam para que os seus trabalhos cheguem até nós. Por isso, cabe-nos a nós leitores ler os trabalhos deles e divulgá-los. Temos de perder o preconceito de que não há boas histórias de escritores portugueses. Se não formos nós os portugueses a ler, quem o fará? Dêem uma oportunidade aos trabalhos nacionais!
Para quem gosta de histórias de amor queridas poderá gostar de viajar por estas páginas. Podem adquirir o conto, gratuitamente, no seguinte link: https://www.smashwords.com/books/view/576633
Autora: Carina Rosa Ano: 2014 Número de páginas: 312 páginas Classificação: 5 Estrelas Sinopse:Aqui
Opinião
Apesar deste livro ter sido o terceiro livro publicado pela Carina, foi o primeiro livro que li da autora. Foi uma experiência como leitora-beta que me trouxe coisas muito boas. E da qual poderia dizer tanto e ao mesmo tempo não conseguir transmitir nada. Porque há coisas que não se explicam, sentem-se apenas...
Já li o livro várias vezes, porém quis ler novamente antes de deixar a minha opinião formal aqui no blog e no goodreads.
Antes de chegar à publicação, o livro passou por algumas mudanças, mas desde a primeira leitura que me deixei encantar pela história de Clara, Hugo e Santiago. Cada um deles apresenta uma personalidade muito distinta, mas credível aos olhos do leitor. Nenhum deles é o bom, ou o mau da fita, porque cada um deles tem os seus momentos, sejam eles melhores ou piores aos olhos de quem os passa a conhecer através do livro. Porque é que eu gostei tanto destas personagens? Porque é fácil olharmos para o mundo real e cruzarmo-nos com elas.
Este livro apresenta-nos a história de Clara, uma jovem que vive com o seu coração apertado por um passado mal resolvido. Hugo faz parte desse passado! Um homem a quem ela deu tudo o que tinha e de quem sempre esperou aquilo que ele não lhe soube dar. Considero Hugo um personagem intrigante e que, apesar de tudo o que ele vai fazendo não me provocou sentimentos maus, ou qualquer tipo de ódio. É apenas alguém a quem a vida não correu bem e que foi tentando (sobre)viver ao mundo que lhe apontava o dedo, ao mundo que ele própria não compreendia, porque a única pessoa que o poderia ajudar a compreender era Clara, mas a quem ele tinha medo de mostrar o sentimentos... Ou talvez não os soubesse mesmo demonstrar.
Clara conseguiu provocar-me sentimentos mistos. Nem sempre gostei dela, mas nunca a cheguei a odiar. Tentei compreendê-la à luz daquilo pelo qual tinha passado. Os momentos em que me deixava mais irritada eram quando se mostrava algo exigente e insensível para com o marido, que sempre fez tudo por ela. É certo que Santiago pode ser apelidado de "nice boy", um tipo de homem que por vezes não dá desafio numa relação, mas depois de ter passado por tudo o que passou, Clara era muito ingrata para com alguém que a tratava tão bem. Mas Santiago não é bem o "nice boy" que ela pensava ter em casa. Quando precisa de ir à luta e soltar a fera que há dentro dele, não há ninguém que o pare. Até aos momentos mais decisivos o que faltou a Santiago foi autoconfiança e assertividade. Não conseguiu demonstrar muito bem a sua posição perante Clara. Ele sempre respondia às exigências dela, mas ele nunca exigia muito.
Relativamente à escrita da Carina, convenhamos que já não é novidade para mim. Nota-se uma boa evolução ao longo dos livros. E esta evolução é também papável ao nível da construção da narrativa e das personagens.
Neste livro a Carina continua a usar bastante as analepses, as conversas interiores das personagens e os pensamentos das personagens. Para quem não é fã, isto pode aborrecer um pouco a leitura. Eu não desgosto e percebo a intenção dela. E no fundo é um pouco a aproximação ao mundo real. Eu pelo menos passo muito tempo a conversar comigo própria e a esmiuçar os meus pensamentos... Acho que partilho este aspecto de personalidade com a Carina. Como ela olha para isto como algo normal do seu quotidiana acaba por o transportar para as suas histórias.
Desde o início que fiquei apaixonada por esta leitura e por esta história, por isso recomendo a leitura todos aqueles que gostem de ler sobre o amor, o perdão, os acertos com o passado e um novo recomeço de vida. Recomendo a todos aqueles que gostam de um final doce e com um toque de romantismo enternecedor. Recomendo a todos aqueles que não desistem de dar uma oportunidade a jovens autores portugueses.
Este foi o primeiro livro lido para o desafio criado por mim e pela Marta, Português no feminino. Para finalizar este mês, ainda será publicada uma entrevista da autora.
Acompanho o crescimento literário da Carina acerca de um ano. E a forma como a tenho visto crescer deixa-me ao mesmo tempo feliz e orgulhosa. Para mim, este conto é um boa amostra daquilo que a autora ainda nos tem para dar.
Em "Olhos de Vidro", a Carina consegue entrar no mundo das perturbações psicológicas. Amanda vive tão intensamente a sua vida como actriz ao ponto de confundir realidade com ficção. A forma como a autora consegue transmitir isto ao leitor está soberba e deixa-nos (pelo menos a mim deixou) com vontade de ler mais e de entrar na vida desta actriz que deu tanto, ao ponto de se perder na sua loucura. Uma personagem bem caracterizada, assim como todo o cenário que a envolve.
É um conto intenso, com um jogo psicológico muito bem elaborado, dramático e cativante. E quando chegamos ao fim, só pensamos, EU QUERIA LER MAIS.
Aproveitem para ler o conto e fiquem a conhecer um bocadinho do trabalho da Carina, tenho a certeza de que vão gostar.
Autor: Carina Rosa Ano: 2012 Editora: Chiado Editora Número de páginas: 190 páginas Classificação: 2 Estrelas
Sinopse
Sara é uma mulher deprimida e atormentada por um passado trágico. A casa que outrora pensara ser um refúgio contra as lembranças de uma vida que desejava esquecer, é agora um antro de sombras que a perseguem.
O reencontro com Martim, um rosto que lhe é de alguma forma familiar, de um passado longínquo, provoca-lhe uma avalanche de sentimentos que poderão mudar a sua vida para sempre. Mas o passado nunca poderá ser apagado e Sara vê-se obrigada a tomar decisões que podem fazer a derradeira diferença ente a vida e a morte.
Poderá Martim salvá-la de uma realidade que foge ao seu alcance? Ou poderá afundá-la ainda mais naquele poço sem fundo, em que não há saída possível, senão a morte?
Opinião
O Intruso foi o primeiro livro publicado pela a autora Carina Rosa e é o 4º que leio da autora. O facto de ter começado por ler os livros mais recentes permite-me ter uma noção bem clara do quanto a Carina já evoluiu. Posso dizer que se nota uma boa evolução na sua escrita, na forma como descreve os acontecimentos e na forma como dá corpo às personagens.
Relativamente a este livro, quero referir que gostei da ideia que serve de base à construção da história. Porém, a forma como essa ideia foi operacionalizada deixou-me insatisfeita.
O que faltou?
Personagens
Melhor caracterização emocional das personagens.
Clarificação das relações estabelecidas (mais diálogos e mais situações de interacção).
Narrativa
Melhor exploração dos acontecimentos - há situações descritas no livro que deveriam ter sido mais exploradas. Acontecia tudo demasiado depressa que não deixava tempo para que as personagens crescessem e para que o leitor se sentisse mais envolvido com tudo aquilo que o livro nos tem para oferecer.
As analepses aparecem de uma forma que, por vezes, deixa o leitor um pouco confuso.
Incongruências temporais - no final do livro dá a sensação que o presente da Sara é diferente do Martim, ou seja, na mesma altura um está num mês enquanto que o outro já está num outro mês, mas a autora dá a sensação que os dois estão no mesmo "espaço" temporal.
Apesar destes pequenos pormenores, é um leitura agradável e que consegue prender o leitor à escrita e à história. Consegue manter o curiosidade no leitor em relação a uma explicação para tudo aquilo o que faz com que se avance rápido na leitura.
Relativamente ao final foi diferente daquele que eu tinha pensado, mas gostei e fiquei curiosa por saber mais. Carina, nunca pensaste em dar continuidade ao livro?
Autor: Carina Rosa Ano: 2013 Editora: Alfarroba Número de páginas: 240 páginas Classificação: 4 Estrelas Desafio: Ler em Português de Portugal
Sinopse
Desde que o seu casamento de vinte anos terminou, David é um homem solitário. É no stand de automóveis que dirige que afoga as memórias do passado e a solidão do presente. Afastado de casa e dos filhos, é obrigado a gerir sozinho as acções e as escolhas que fez ao longo da vida, nas quais Diana, uma amiga de infância que considera irmã, tem um papel fundamental. Diana é o seu porto de abrigo e o seu braço direito, mas foi mais do que isso durante o seu casamento agora destruído.
A afinidade entre David e Diana, também divorciada, é quebrada pela chegada de uma mulher ruiva que revela muito pouco de si própria. Laura é atraente e misteriosa, e a atracção entre si e David é mútua e intensa. Será ela a mulher doce e simples que aparenta ser? Entre a joalharia e o stand, passa a alternar-se a languidez dos dias com a turbulência das noites e David acaba por se embrenhar num mundo perigoso de segredos, mentiras e traições. Dividido entre duas mulheres, estará David a encaminhar-se para o fundo do abismo?
Opinião
Em primeiro lugar, quero agradecer à Carina a possibilidade que me deu de ler mais um trabalho dela (já tinha lido um outro trabalho como beta-reader). MUITO OBRIGADA, CARINA!
As gotas de um beijo foi uma verdadeira avalanche de sentimentos. Sofri, sorri e fiquei irritada com as personagens. Houve momentos em que só sentia uma enorme vontade de entrar no livro e dar-lhes um grande abanão.
Partindo de uma visão mais geral, quero destacar a fantástica escrita da Carina. É uma escrita cativante e capaz de deixar o leitor preso aos acontecimentos e cada uma das personagens que os propiciam. O conteúdo narrativo, nem sempre despertou em mim as emoções mais positivas, mas consigo perceber as qualidades que estão presentes. Este facto também não deve ser encardo como um aspecto negativo, muito pelo contrário. Esta experiência só vem mostrar que o livro não me deixou indiferente.
Em relação ao enredo que marca este livro, posso dizer que está bem construído. Tem uma sequência lógica que nos faz sentir que tudo aquilo poderia ser real. Ao longo da leitura assistimos a passagens muito bonitas com diálogos profundos e marcados pela emoção.
Senti que houve aspectos que não foram muito bem explorados e que me deixaram dúvidas, nomeadamente o filho de Laura, César. Este rapaz é descrito e apresentado de uma forma que me deixou muitos pontos de interrogação. No início do livro, a personalidade de César não ficou bem clara, assim como toda a sua posição perante o seu núcleo familiar. Apesar de ele não ocupar a posição central no livro acabou por assumir um papel importante na forma como as coisas evoluíram a partir de determinado momento. Foi essa mudança de atitude de César, do início para o final do livro, que não é muito coerente nem está bem delineada.
David, Diana e Laura constituem o grande foco do livro. Constituem um bom triângulo amoroso, muito bem desenvolvido por parte da Carina. A autora conseguiu levar a indefinição de David ao limite deixando poucas certezas ao leitor sobre a forma como este triângulo se iria dissolver.
David e a sua falta de assertividade deram-me cabo dos nervos. Este foi o personagem que me fez querer saltar para o livro mais vezes e dar-lhe uns valentes abanões para ver se ele se tornava mais decidido e mais confiante nos seus sentimentos e decisões.
Laura consegui despertar em mim emoções contraditórias. Ao mesmo tempo que consegui gostar dela consegui, igualmente, causar-me indiferença. Não a considero uma personagem muito forte, porque a meu ver, faltou-lhe uma certa atitude em determinadas situações.
Deixei para o fim a personagem que mais gostei. Diana cativou-me logo desde o início. Uma personagem com "boa onda", com uma energia muito positiva. Diana oferece ao livro emoções muito bonitas e consegue atingir o coração dos leitores.
O final deixou-me.... Pois, não vou dizer porque facilmente vos deixaria antever o que se passa naquelas páginas. Ainda hoje não consigo lidar muito bem com aquilo que o final despertou em mim. Penso que, só lendo, é que vocês iriam perceber aquilo que as últimas páginas escritas pela Carina me provocaram. Tenho a certeza que se lerem irão deixar-se envolver de tal forma na história que sentirão estes personagens como alguém real que invade o vosso espaço imaginário.