"O cavalheiro inglês" foi a minha última leitura das férias. As expetativas estavam altas! Depois de ter adorado "O ano da dançarina" espera cruzar-me com uma leitura capaz de me oferecer bons momentos e uma história para recordar. Esta história conseguiu estar à altura das minhas expetativas e foi uma excelente forma de terminar as leituras das minhas férias.
A ação deste livro decorre no final do século XIX, num Portugal ferido pelos ingleses em consequência do Ultimato Inglês e com muito descontentamento relativamente à Monarquia. O contexto social está muito bem apresentado. Foi muito fácil conseguir-me situar naquele tempo, naquele espaço e viver o desafios sociais, económicos e políticos que marcaram aquela época.
Numa escrita muito acessível e sem floreados, a escritora levou-me numa viagem por outros tempos. As descrições dos espaços, das roupas, das personagens e do seu mundo interior são aspetos muito bem conseguidos e que oferecem um realismo muito grande ao livro.
Sofia é quem merece o destaque da obra. Ela e o irmão alimentam o dinamismo do livro. Partilham uma relação única, mas vivem a realidade de forma diferente. É uma personagem feminina capaz de inspirar as leitoras. Numa época em que as mulheres não tinham voz ativa na sociedade, Sofia ousou ser diferente. Foi muito interessante assistir às suas lutas, aos seus dilemas morais e à forma como desafiou preconceitos e vontades masculinas. Teve a capacidade de se afirmar no seu espaço e fazer conquistas que lhe trouxeram muita felicidade. Robert parecia ser mais feroz. Um inglês respeitador, trabalhador e que protagoniza diálogos muito, muito realistas. É fácil reconhecê-lo no livro.
O elemento romântico que alimenta a história é crescente e simboliza liberdade, conquista e a quebra de preconceitos. Os protagonistas desta história de amor sabem alimentá-la; se por um lado olham para a união como um negócio e uma forma de resolver a situação, por outro os sentimentos vão crescendo e permitem a criação de laços mais coesos.
Nesta narrativa há espaço para muito elementos: História, amor, aventuras, crime e fugas. É um livro cheio de dinamismo, sem espaço para aborrecimento.
É um livro que ilustra o crescimento da escritora. Comparativamente ao livro "Alma rebelde", este está mais coeso, com as passagens bem desenvolvidas e descritas e mais aprofundado na contextualização histórica. Colocando-o na balança de preferências, este é umas gramas mais leve que "O ano da dançarina".
O Ano da Dançarina foi uma leitura maravilhosa. Daquelas que me completa os sentidos e me enche a alma de energia positiva.
Eu adoro a escrita da Carla. Mesmo quando há algo na história que não gosto ou com que simplesmente não me identifico tanto, a leitura continua a ser bastante prazerosa por que as palavras têm uma espécie de magia que me encanta e me liga ao livro.
Este livro, para mim, conseguiu reunir tudo. Por um lado encontrei o encanto de uma história bonita e cheia de acontecimentos inesperados, por lado tudo tudo me foi dado a conhecer através de uma dança de palavras muito bem coreografada.
Assim que comecei a ler facilmente viajei no tempo. Entrar nestas páginas é respirar o ambiente de 1918. No livro povoam muitos elementos que me permitiram ver com clareza tudo o que vivia nessa época. Achei que algumas referências aparecem um pouco forçadas ao longo da narrativa, mas na sua maioria foram pertinentes e permitiram-me sentir uma boa contextualização da época e da agitação que se vivia num Portugal marcado pela participação na Primeira Guerra Mundial e pela instabilidade política.
São poucos os livros que li que se debruçam sobre este período histórico. Eu sou, por natureza, muito curiosa. Com os anos e com o amadurecimento passei a apreciar de forma especial os romances históricos. Saciam a minha curiosidade, permitem-me visitar outras épocas e outros costumes e deixam-me bonitas histórias de amor que a minha alma romântica recordará até eu ser bem velhinha. E neste livro vivem todos estes aspetos que foram tão bem desenhados pela mão da Carla. Quando mais leio dela, mais sinto que o dom dela centra-se neste género literário. Ainda me falta ler O Cavalheiro Inglês, mas adorei o Alma Rebelde e os momentos do passado descritos no livro A Chama ao Vento foram a parte que mais gostei do livro. Por tudo isto, acho que a Carla tem mão para este escrever este género.
Afinal, o que é que esta história pode oferecer aos leitores? Para mim, há muitos pontos de interesse. O Nicolau traz-nos as dificuldades de sobreviver ao pós-guerra. Só muitos anos mais tarde se começou a falar em Stress Pós Traumático, mas de certeza que ele já estava presente. Pelas mãos da Carla e através da pele de Nicolau, consegui perceber bem o que a guerra faz a quem dela faz parte. Um homem interessante, cheio de ângulos muito bem explorados no livro e que protagoniza uma das histórias de amor mais bonitas do mundo literário que eu já conheci.
Para além de Nicolau, toda a sua família tem um contributo muito importante. Todos os seus irmãos têm as suas particularidades, mas eu tenho que destacar Bernarda. Uma mulher à frente do tempo e a quem a família alimenta os sonhos. Adorei-a desde o primeiro momento em que apareceu. Amei o espírito livre dela e gostava de ter a sua audácia. É fiel e a amizade que constrói com Cecília teve um enorme significado para mim. Talvez porque tenha olhado para elas duas e identificar tudo aquilo que eu valorizo e respeito numa amizade.
Também a Cecília me ficou no coração... Mas é algo que terão de descobrir com a leitura. É forte, inteligente, sensível e reúne um conjunto de aspetos que a tornam especial.
São todas estas personagens que dão corpo a uma sem fim de acontecimentos que me marcaram a leitura. Não há lugar para aborrecimentos! Eu não tive tempo para isso. O livro tem a dinâmica necessária capaz de me deixar presa às personagens, aos momentos e amor que brota no meio do desespero.
No fim só queria ter a oportunidade de abraçar todas as personagens. Perante esta impossibilidade só me restou fechar o livro, abraçá-lo, fechar os olhos e sonhar com toda a energia positiva e de esperança que recolhi do livro.
É com orgulho que escrevo sobre ele. Esta obra representa o que de melhor se faz a nível da literatura nacional. Para todos aqueles que gostam de históricos, corram para ler este livro. Todas as vossas expetativas serão superadas.
Iniciei esta leitura cheia de expetativas. Já tinha lido outros livros da Carla M. Soares e ficou sempre a sensação de boas leituras e de históricas cativantes. Esperava tanto uma história que me encantasse e quebrasse o ciclo de ressaca literária em que me encontro, que logo nas primeiras páginas fiquei frustrada perante o aborrecimento que me invadia. Era aborrecido avançar na leitura e ficar com a sensação que não acontecia nada. Assim, senti falta de ação, de acontecimentos que marcassem a leitura de forma mais significativa e senti falta de algo que me ligasse às personagens. Acabei por me sentir muito distante da história e das personagens que cheguei a passar por fases que nem me apetecia ler.
Adriana é a personagem principal desta história. Ela procura desvendar o passado da família paterna que ficou em Portugal. Pessoalmente, nunca senti que Adriana tivesse grande vontade ou necessidade de descobrir o que motivou a partida dos pais para a Argentina. Mesmo nos últimos capítulos, enquanto conversava com o pai, houve ali uma brecha do passado que se abriu, mas não senti que isso tivesse grande eco em Adriana. Não senti a curiosidade borbulhante a nascer dentro dela ao ponto de a empurrar na busca pelo passado. Nunca a vi interrogar-se acerca da partida dos pais. Acho que essa interrogação foi nascendo de forma ligeira quando ela já estava em Portugal.
Talvez Adriana, ao vir a Portugal, estava a tentar fugir dos seus próprios fantasmas, aqueles que a inquietavam no presente e relacionados com a sua própria vida.
Sensivelmente a partir de metade do livro, os acontecimentos surgem de forma uma pouco mais intensa o que acabou por melhor a minha leitura. Apesar desta melhoria, nunca cheguei a empatizar nem com a história nem com nenhuma das personagens.
Apesar do meu desencanto com a história, quero realçar um ponto muito positivo e que confere uma qualidade especial ao livro: a escrita. Carla M. Soares faz com que as palavras se entrelacem numa dança suave e envolvente. E assim, mesmo com uma história simplista, sem grande impacto e que não fez o meu coração palpitar, consegui retirar o prazer de palavras escritas numa sintonia muito própria. O livro tem uma escrita muito bonita, que fluiu de forma muito suave ao longo da minha leitura, deixando um rasto de boas sensações.
Andei muito tempo a pensar sobre que classificação atribuir ao Alma Rebelde. Eu gostei muito da narrativa e das personagens, porém aquele final deixou-em bastante frustrada e estava a condicionar a minha reflexão sobre o livro. Para ser mais justa, procurei deixar as minhas frustrações de lado e olhar de forma mais racional para o livro. E então vêm as quatro estrelas.
O que também me estava a condicionar a decisão era o facto de estar a comparar este livro com o A chama ao vento. Quando olho para os dois sinto que gostei mais do livro A chama ao vento. Porém, o Alma Rebelde também está bem escrito e tem uma história que me deixou agarrada. Só o final é que me faz gostar menos dele quando comparado com o outro livro da Carla. Por isso, achei que esta classificação se adequava.
Joana é a personagem feminina que vai dominando a narrativa. Uma alma rebelde que se sente frustrada pela sua pouca sorte. Uma mulher que é obrigada a casar com alguém que ela não conhece. Na sua cabeça cria uma imagem do homem que lhe foi destinado, uma imagem totalmente diferente daquela que conheceu. Joana acabou por se cruzar com outra alma rebelde, o Santiago. Enquanto ela tentava reprimir esta sua personalidade, Santiago desde logo que se mostrou em toda a sua rebeldia, deixando-a "desarmada".
Nem sempre gostei da Joana. Em alguns momento achei-a demasiado irritante. Apesar de perceber a situação que ela foi obrigada a viver, acho que ela se queixou muito e manteve uma personalidade demasiado reservada. Gostava de ter visto um bocadinho mais desta sua alma rebelde e pouco conformada com as condições sociais. Santiago e a D. Ana, mãe de Santiago, são duas personagens muito interessantes e que despertaram logo o meu interesse. Cativaram-me e era como se elas fossem reais aos meus olhos.
Penso que havia temáticas, situações que podiam ter sido mais esmiuçadas. Acho que houve certas coisas que aconteceram demasiado depressa e que não tiveram tempo para criar raízes na histórias e memórias no leitor.
Um aspeto muito interessante do livro foi a forma como a narrativa foi conduzida. As cartas trocadas entre Ester e Joana e entre Santiago e o Rei e os pequenos apontamentos do diário de Joana ofereceram uma boa dinâmica ao livro e à história. Gostava de ter lido mais partes do diário de Joana.
O final foi frustrante. Parece que autora estava com pressa de terminar a história. Consigo perceber a intenção em terminar desta forma. No fundo, conseguisse oferecer uma forma diferente de terminar a narrativa que não deixa de ser interessante, Eu é que sou insatisfeita e, como gostei tanto das personagens, queria sugar mais acontecimentos e mais vivências deles.
Esta foi a minha estreia inicial com Carla M. Soares. Até ao momento só tinha lido um livro da autora como leitora beta.
Estava bastante curiosa para ler este livro. Esta curiosidade surge das boas críticas presentes no goodreads, pelo título e pela minha constante vontade de conhecer o trabalho dos autores portugueses. Assim sendo, quando em finais de 2014 crio com a Marta do blog I only haveo desafio Português no Feminino, este livro ficou imediatamente debaixo de olho para ler num momento em que tivesse um pouco mais de tempo livre.
A Chama ao Vento é um livro onde o passado e o presente se entrelaçam numa história de amor eterno. Assistimos a um passado que procura dar um significado ao presente cheio de fantasmas de Francisco.
Francisco, Teresa são almas do presente, enquanto que João tem a sua alma dividida por estas linhas temporais. João é um belo narrador da história passada onde ele assume um papel de grande destaque. Francisco, o homem dos fantasmas, é fechado e reservado. Pouco dado à partilha daquilo que preenche o seu mundo interior. Ele é uma verdadeira ilustração do icebergue da Teoria Psicanalítica de Freud. Aquilo que ele mostra, o que está à superfície da sua personalidade, é uma pequena parte de tudo aquilo que ele tem e guarda no seu inconsciente (e que muitas vezes vem ao seu consciente estragar-lhe a vida e a forma como ele se relaciona com os outros). É certo que não simpatizei muito com ele. Achei que muitas vezes ele adoptou uma postura demasiado arrogante e infantil, parecendo, em alguns momentos mal educado. Por muitos que sejam os fantasmas que lhe preenchem o coração ele poderia tentar sobrepor-se a eles. No final percebi melhor os fantasmas dele e consequentemente o seu comportamento... Mas não deixou de me irritar ao longo do livro. Tudo isto se deve a problemas de ligações importantes e que devem ser estabelecidas na infância. Este foi um aspecto muito bem abordado e desenvolvido pela autora.Consigo perceber a personagem, entender o seu comportamento e motivações, mas não é alvo da minha simpatia.
Da Teresa vi muito pouco para ter uma opinião muito fundamentada. Houve alturas em que a achei imatura e com atitudes de adolescente. Mas agora, pensando melhor sobre tudo o que compõem o livro, acho que eram mais respostas às atitudes adolescentes do Francisco. Era como se ela quisesse responder à altura,
E depois temos a história do passado e aquela que verdadeiramente me apaixonou. Carmo, Dekel, João, Manuel... Vidas que se entrelaçam em segredos e palavras silenciosas que condicionam o futuro das gerações seguintes.
Gostei muito da Carmo e do João. São duas personagens com uma personalidade cativante. Carmo no seu jeito inocente, a sua mente perspicaz e os seus modos de menina que descobre a cidade, cativou-me profundamente. Ao início não a estava a ver como uma chama ao vento (de acordo com a interpretação que eu fazia da metáfora), queria mais dela para constatar. Porém, com a chegada do final do livro percebi mais claramente o contexto e o facto de Carmo se ter "apagado". Adorei a metáfora!!!
João é o verdadeiro significado da amizade eterna. E este respeito e dedicação que João tem por aquilo que ele considera como amizade tem a minha total admiração. Quando ao Dekel gostei dele, mas a parte mais obscura da sua personalidade deixava-me com o pé atrás. Compreendo todas as motivações que estão por detrás dos comportamentos dele, mas o mistério que ele transporta é algo negro e sombrio que acaba por me afastar dele. Por fim, temos o Manuel. Um homem desinteressante e que as circunstâncias de vida o tornaram num homem amargo.
Esta minha experiência oficial com o trabalho da Carla foi muito positiva. Gostei bastante do livro e nada me foi indiferente. As minhas emoções e ideias foram balançadas e acho que isso é muito importante quando lemos um livro, porque no findo é isso que nos permite recordá-lo.