Tenho aqueles dias em que o meu cérebro precisa de desligar, em que precisa de receber uma estimulação mais passiva. No fundo, preciso de estar a fazer algo que não me obrigue a pensar muito, nem que me leve por reflexões intermináveis. Nestes momentos, apostar num filme de comédia é garantia de sucesso para o descanso cerebral.
Foi precisamente num desses dias que decidi apostar no filme Um dia de mãe. Fui bem sucedida na escolha. Um filme divertido e com um tom bem-disposto que me ajudou a desligar do mundo. É um filme focado em diferentes relações humanas: relações de casal (heterossexual e homossexual); relações entre pais e filhos(as); relações entre ex-casais; e, relações entre irmãos.
Luto e preconceito são duas temáticas presentes no filme. Não foram abordadas de forma pesada, não me incomodaram, nem me chocaram. Senti que o tom positivo e descontraído conferido a estas situações ao longo do filme, não as minimizou aos meus olhos, nem lhes retirou importância. Foram abordadas de uma forma que ajuda a pensar no impacto das mesmas nas relações humanas, mas há espaço para a mudanças e para que a resiliência prevaleça.
O divórcio é outra temática que figura na linha narrativa deste filme. Foi muito engraçado assistir a este núcleo de personagens. A forma como a família se organizou deixou espaço para explorar emoções menos prazerosas, ao mesmo tempo que deixou espaço para o desenvolvimento de relações saudáveis e onde as crianças e a sua proteção assumiu o maior interesse das crianças.
Um dia demãe é um excelente filme para um momento descontraído em família e para que as pessoas se possam inspirar em forma de relacionamento menos tóxicas e mais protetoras das pessoas com quem nos relacionamos.
O meu ano cinematográfico de 2022 não foi muito ativo. Vi poucos filmes e poucas séries, algo que quero que seja diferente este ano.
Gosto muito de ver filmes biográficos pela possibilidade de conhecer um pouco de figuras históricas que marcaram a época em que viveram.
A dama de ferro é um drama biográfico baseado na vida de Margaret Thatcher, uma política britânica que ocupou o cargo de primeira ministra do Reino Unido entre 1979 e 1990.
Não quero discutir e esmiuçar as escolhas políticas de Thatcher, acho que, como qualquer outro político, fez boas e más escolhas. Das suas escolhas políticas, conseguiu agradar a algumas pessoas e a outras não. Foram escolhas e, na cabeça dela, elas teriam sentido. O que é inevitável é a forma como ela marcou a história de um país e o papel das mulheres na esfera política.
Se de facto tudo aconteceu como é retratado no filme, reforço que admiro a forma como esta mulher lutou por ser ouvida num universo inteiramente masculino. Uma mulher com ideias certas que foi perdendo o medo de as partilhar num grupo de homens. Tinha objetivos definidos e lutou por eles. Numa luta de cedências e mudanças foi ganhando voz no meio político e alcançou o lugar que talvez nos inícios nunca lhe tinha passado pela cabeça.
Outro aspeto que despertou a minha atenção e me deixou muito sentimento positivo foi a relação que ela construiu com o marido. Um homem que a incentivou, que a fez ir mais longe porque não a limitou à tarefa de dona de casa. É certo que ela esclareceu logo no início da relação que não se revia no estereótipo da mulher que fica em casa a cuidar dos filhos. Ela queria e precisava de algo mais na sua vida. E este homem, apesar do período histórico em questão, aceitou, incentivou e fez com que ela crescesse e desenvolvesse as suas capacidades.
Numa análise mais formal à sequência do filme, inicialmente foi confusa para mim. Não é uma narrativa linear. Há o tempo principal da história que é complementado com recuos ao passado de Thatcher e à sua ascensão no universo político. Com o avançar do filmes, as coisas foram-se tornando mais claras e contextualizadas e fiquei mais conectada com a história.
Foi o primeiro filme que vi em 2023 e considero que foi uma boa forma de inaugurar o meu ano cinematográfico.