Finalmente consegui terminar de ler todos os contos deste livro. Aqui seguem as opiniões aos últimos dez contos.
Conto: Cem anos de perdão
Classificação: 4 Estrelas
Neste conto reside a inocência da infância e no valor das coisas para quem vive com pouco. Também acho que aquela menina teria 100 anos de perdão por roubar uma rosa daqueles jardins que pertenciam às casas das pessoas ricas. Tenho a certeza que nenhuma daquelas pessoas ricas valorizava tanto aquelas rosas como a pequena ladra de flores.
Conto: A legião estrangeira
Classificação: 2 Estrelas
Deste conto pouco me ficou na memória. Achei-o confuso e sem sentido específico. No fundo, não percebi de onde parti nem para onde a autora me queria levar. Ficou apenas a beleza da escrita e o magia do crescimento de uma criança.
Conto: A repartição dos pães
Classificação: 1 Estrela
Este conto tem apenas duas páginas. Olho para ele como se ele fosse uma pequena reflexão acerca da forma como queremos que o tempo passe e a forma como olhamos para a partilha.
Conto: Os obedientes
Classificação: 3 Estrelas
Um conto que nos traz a história de um casal comum, que vive uma vida comum regida pelos padrões e regras próprias. Em alguns momentos senti-os como um casal claustrofóbico, que vivia preso aos seus próprios padrões. Acho que a mensagem do conto é acerca da forma como uma vida a dois deve ser vivida e encarada. Acho, também, que o conto quer mostrar que apesar da rotina ser importante não nos devemos vergar a ela, porque isso mata-nos a alma.
Conto: Miopia Progressiva
Classificação: 2 Estrelas
Sinto-me bipolar ao ler os contos desta autora. Há contos onde a mensagem me parece óbvia e se alia a uma escrita cativante. Outros contos eu não consigo perceber qual a mensagem subjacente.
Este insere-se naqueles que são um enigma para mim. Percebi o conto sem compreende-lo na sua totalidade. Até mim, chegaram apenas os fragmentos de uma mensagem que presumo que seja mais complexa.
Conto: Perdoando Deus
Classificação: 3 Estrelas
Este é um conto muito reflexivo. Um conto que nos mostra que nem sempre estamos a olhar para o local certo. Muitas vezes atravessamos a vida sem ver verdadeiramente aquilo que nos rodeia. de forma bastante interessante, a escritora explora estas formas de olhar o mundo e vai mais longe ao abordar as questões do amor próprio e da auto-estima.
Conto: O grande passeio
Classificação: 4 Estrelas
Este conto retrata a velhice e a forma como os mais novos olham para os idoso. Achei engraçada a ideia de dar aqui um papel mais ativo a esta idosa, não a vitimizando, nem diminuindo. Apesar dos outros não a quererem ela consegui sempre dar a volta ao contexto, valorizando as coisas boas que daí poderia retirar.
Conto: As águas do mundo
Classificação: 2 Estrelas
Um conto simples que pretende retratar a relação de uma mulher com o mar. Aquilo que mais gostei no conto foi o jogo de sensações que a autora conseguiu dar ao texto.
Conto: Encarnação involuntária
Classificação: 3 Estrelas
Um conto curto que nos deixa a pensar até que ponto somos permeáveis às influências e aos preconceitos dos outros. É claro que o conto apresenta uma visão exagerada das coisas, mas deixa-nos a pensar.
Conto: A mensagem
Classificação: 1 Estrela Mais um conto a somar pontos à minha ignorância. Não consegui perceber qual o sentido da história deste conto. Foi tudo tão confuso, que me fui perdendo ao longo da leitura.
Continuo a dar continuidade ao livro da Clarice Lispector para tentar terminar este livro de contos. Como são 25, vou lendo os que consigo ao longo dos meses. Aqui fica a opinião aos contos que li este mês.
Conto: Uma esperança
Classificação: 2 estrelas
Este é um conto curto que nos fala da esperança recorrendo a uma abordagem metafórica. Dado o tema e complexidade que o mesmo encerra, achei que a história ficou um pouco vazia. Senti falta de uma maior desenvolvimento para me inteirar mais acerca da forma como a autora contextualiza a esperança e no formato que ela lhe pretende dar.
Foi um conto confuso e necessitava de uma maior desenvolvimento.
Conto: Os desastres de Sofia
Classificação: 3 Estrelas
Os desastres de Sofia foi o conto mais longo deste livro que li até agora. Tenho sentimentos ambivalentes em relação à história que nos foi apresentada. Se por um lado achei engraçado e olhei com alguma ternura para o facto de o conto nos trazer o amor de uma menina pelo seu professor, por outro achei que, para uma criança de nove anos, o enredo e os sentimentos complexos eram demasiado artificias. Em certas alturas, achei que o tom narrativo se inclinava para uma sensualidade que em nada tem que ver com a idade da personagem principal.
Conto: A criada
Classificação: 3 Estrelas
Mais um conto bem pequeno (uma página e meia) que nos fala da Eremita. Uma criada que tinha os seu lado encantador e o seu lado negro. Gostei desta dualidade de impressões e no quanto o seu lado recatado e silencioso encobria as sombras que ela ia semeando.
Conto: Uma história de tanto amor
Classificação: 3 Estrelas
Achei este conto muito engraçado pela amizade peculiar que me deu a conhecer. Aqui conhecemos uma menina que faz das galinhas o seu animal de estimação. Uma menina que fica triste porque o galo não consegue amar nenhuma galinha em especial.
Neste conto também está subjacente a ideia de que podemos amar os outros, mesmo que os outros não gostem de nós. Assim era a amizade entre a menina e as suas galinhas. Ela sabia que da parte delas não havia aquela reciprocidade de amigo, mesmo assim, achava que elas mereciam o seu amor e sua consideração.
A parte final foi a que eu menos gostei. A forma como a menina passa a encarar a morte das suas galinhas e a forma como se alimentou de uma galinha em particular foi estranha e não gostei muito.
Este mês continuei a apostar nos contos da Clarice Lispector. Espero ir lendo alguns contos durante o mês e terminar o livro assim que me seja possível. Hoje vou deixar-vos a opinião a três contos.
Conto: Uma amizade sincera
Classificação: 4 Estrelas
Este é um conto que fala sobre a vida de uma amizade. Apresenta-nos o seu início, o seu desenvolvimento e o seu fim.
É conto simples mas carregado de significado. O tempo, a vida e a nossa própria evolução pessoas, em algumas vezes "atropela" as amizades, que podem modificar-se ou terminar. E este conto mostra-nos mesmo isso. O impacto que o crescimento e as nossa vivências têm nas nossas relações de amizade.
Conto: Duas histórias a meu modo
Classificação: 1 Estrelas
Este conto foi, para mim, uma verdadeira confusão. Duas personagens, duas situações e algo que as liga e/ou afasta (confesso que não percebi bem) originaram um conto estranho e que não me conquistou.
Conto: O primeiro beijo
Classificação: 4Estrelas
Este conto é muito engraçado. Achei uma forma muito original de se falar em crescimento.
Aqui temos um rapaz a descobrir a sua sexualidade de uma forma muito original. Apesar deste estranho primeiro beijo, todas as emoções internas que esta descoberta faz emergir são muito importantes.
O encontro veio até mim através de uma miúda do 9º ano, a J., que precisava de ler o conto e de escrever o seu resumo. Para que eu a pudesse ajudar tinha de ler o conto. Surgiu aqui uma excelente oportunidade de ler alguma coisa de um autor que li no secundário e fiquei a gostar.
Estava a ler o conto ao mesmo tempo que a J. e ia sentindo algumas das suas dificuldades. Numa escrita difícil e uma narrativa onde há muitos "buracos" no que respeita à contextualização das personagens e da ação foi difícil motivá-la para a leitura (tinha sido obrigada pela professora de português). Enquanto líamos, ia contextualizando-a e vendo o que é que ela estava a perceber.
Como o conto é pouco desenvolvido deixa muito espaço à nossa imaginação. Temos como personagem principal um engenheiro que deixa a grande cidade, Lisboa, para se estabelecer numa pequena aldeia do interior. O seu comportamento não é do agrado da população e geram-se ali algumas inimizades.
À medida que avançava na leitura ia conseguindo contextualizar-me em alguns aspetos, mas outros são produto da minha dedução tendo em conta os acontecimentos.
Apesar de um início de leitura complicado e confuso, eu gostei de ler este conto, particularmente da forma como terminou. Foi um final que apanhou de surpresa, mas que fez sentido tendo em conta a carga dramática que o autor parece querer dar ao seu texto.
Nunca ter lido nenhuma obra de José Saramago era uma grande falha minha. Medo, receio de não me adaptar ao seu género de escrita e porque não me sentia atraída para as suas obras alimentavam a minha resistência em ler as suas obras. Penso que, acima de todas estas questões, era o receio de me cruzar com narrativas difíceis, sem pontuação e acabar por não perceber. Ao fim desta primeira leitura, acho que me enganei.
Para colmatar esta minha falha e ter uma primeira experiência com o autor decidi começar por um conto. É uma obra mais pequena e achei que era o ideal para me familiarizar com a escrita do autor e ver como me sentia com a leitura.
Como esperava, encontrei pouca pontuação. Os diálogos não estão assinalados, há muitas vírgulas, muitos diálogos misturados com pensamentos... mas isso não interferiu com a minha compreensão da obra nem com a minha perceção acerca do desenrolar dos acontecimentos. É engraçado constatar que, enquanto lia, eu ia fazendo a pontuação na minha cabeça, tornando a leitura bastante fluída e agradável.
A escrita é muito bonita. Em cada palavras sentimos a sensibilidade do autor e a sua capacidade de nos colocar a pensar sobre a história, as personagens, o mundo e sobre nós próprios.
A narrativa d'O conto da ilha desconhecida é um verdadeiro convite à reflexão. Deixa-nos a pensar sobre a sociedade, naquilo que os outros esperam de nós e de que forma somos vistos quando ousamos abraçar a aventura, o pensar "fora da caixa". É um conto que me levou a explorar no meu interior a importância de pensar diferente, explorar aquilo em que acreditamos e não deixar de perseguir os meus sonhos.
Só não consigo atribuir uma pontuação mais elevada porque achei que terminou de forma muito abrupta. Estava tão submersa na narrativa que senti que acabou demasiado depressa. Queria mais, queria continuar embalada por aquelas palavras e por aquela sensibilidade.
Depois desta experiência tão positiva quero aventurar-me por mais obras do autor. Qual recomendem para minha próxima leitura?