Ainda não consegui alinhar tudo o que tinha pendente de 2021. Não querendo esperar mais, vou avançar e apresentar-te os desafios literários para 2022. Já sabes, és livre de participar naqueles que eu criei. Nos que pertencem a outros, é só falarem com a pessoa responsável e tenho a certeza que o poderão fazer na mesma.
Ler 30 livros
O meu ritmo de leitura anda muito instável. Por isso, vou baixar a fasquia comparativamente a 2021.
Abecedário Literário e Autores de A a Z
Eu gosto muito de fazer estes desafios do abecedário. O Abecedário literário já me acompanha há alguns anos. Consiste em preencher as letras do alfabeto com os sobrenomes dos(as) escritores(as).
Este ano descobri o Autores de A a Z, um desafio dinamizado por duas meninas do Instagram. Neste caso, temos de completar as letras do alfabeto com o primeiro nome dos(as) escritores(as). Decidi juntar-me a elas e será interessante perceber em qual das opções terei mais sucesso.
Mestre do crime 2022
Criei este desafio em 2020 e como tem tido algum sucesso decidi dar-lhe continuidade. Neste desafio os livros de mistério/thriller e policiais são os protagonistas. É um desafio divido em 4 níveis:
Nível 1 - Ter 4 livros lidos e um deles ser escrito por uma mulher Nível 2 - Ter 8 livros livros lidos e um deles escrito por um autor nunca lido Nível 3 - Ter 12 livros lidos e um deles ter uma personagem principal feminina Nível 4 - Ter 16 livros lidos e um deles ter sido publicado em 2021
Viajar através dos livros
Este desafio é da responsabilidade da Iolanda do blog e página do Instagram Horizonte dos livros. Este ano o desafio e completar um cartão Bingo com algumas categorias.
A palavra-chave
Este desafio é também bastante genérico. Para cada mês existem três palavra-chave e terei de ler um livro que se relacione com uma (ou mais delas).
Ataque à estante
A Daniela criou este desafio em 2020 e eu vou dar-lhe continuidade. O objetivo é ler livros da nossa estante e atribuir pontos de acordo com a sua antiguidade. Assim, um livro que tenha entrado em 2022 será contado com um ponto, os que entraram em 2021 com dois pontos e assim sucessivamente. O meu objetivo será fazer 50 pontos.
Português no feminino e no masculino / Alma Lusitana
Vou juntar o meu desafio ao desafio da Andreia. O objetivo é ler seis livros escritos por escritoras portuguesas e seis livros escritos por escritores portugueses. Ao mesmo tempo, vou tentar completar as categorias criadas pela Andreia.
Porto | Um livro que dê voz a minorias Aveiro | Um livro com sabor Coimbra | Um livro com viagens dentro Leiria | Um livro de um autor pouco conhecido Évora | Um livro de capa azul Guimarães | Um livro só com uma palavra no título Sintra | Um livro sobre natureza Bragança | Um livro de/sobre famílias Gaia | Um livro de regressos/recomeços Lisboa | Um livro censurado Braga | Um thriller Óbidos | Um livro intimista/que conforta
Tal como o ano passado, não consegui ler seis livros escritos por homens. Já no que respeita a livros escritos por mulheres, ultrapassei o número seis.
6 livros escritos por homens 1. "O teu rosto será o último", João Ricardo Pedro 2. "A célula adormecida", Nuno Nepomuceno 3. "Quando o sol brilha", Rui Conceição Silva 4. "A mão que mata", Lourenço Seruya
6 livros escritos por mulheres 1. "A rainha desejada", Telma Monteiro Fernandes 2. "Encontro em Itália", Liliana Lavado 3. "Acredita: A vida sabe o que faz", Júlia Domingues 4. "A breve história da menina eterna", Rute Simões Ribeiro 5. "O cavalheiro inglês", Carla M. Soares 6. "Até os comboios andam aos saltos", Célia Correia Loureiro 7. "Cuba libre", Tânia Ganho 8. "Sei lá", Margarida Rebelo Pinto
Estou bastante satisfeita com este resultado. Estou longe de números antigos no que respeita a leituras de livros escritos por autores(as) nacionais, por isso será sempre um comportamento a melhorar.
Quantos livros de escritoras nacionais leste ao longo de 2021?
Este desafio foi criado pela @marciafilipa15 e consistia em ler um livro por mês para cada um dos temas definidos. Comecei muito bem. Depois, a vida aconteceu, sobressaiu e o desafio descarrilou. Mesmo assim faço um balanço bastante positivo. Só falhei em três meses.
Janeiro: histórias inspiradoras- Svetlana Alexievich: "Vozes de Chernobyl" Fevereiro: romance- Stepnhie Laurens: "Inocência Impetuosa" Março: poesia- Rupi Kaur: "O que o sol faz com as flores" Abril: não-ficção- Júlia Domingues: "Acredita: A vida sabe o que faz" Maio: clássicos- James Baldwin: "Se esta rua falasse" Junho: leitura nacional- Rui Conceição Silva: "Quando o sol brilha" Julho: ficção- Cara Hunter: "Pura Raiva" Agosto: young-adult - Colleen Hoover: "Sempre tu" Setembro: literatura erótica Outubro: romance histórico Novembro: thriller- Dorothy Koomson: "Conta-me o teu segredo" Dezembro: fantasia/sci-fi
A Daniela criou este desafio com o objetivo de despachar os livros que estão na nossa estante.
As leituras foram pontuadas de acordo com o ano em o livro tenha chegado cá a casa.
O meu objetivo no início do ano era chegar ao nível 3 (Nível 3 - 50 a 120 pontos). Será que consegui?
- "Segredos do passado", Debora Smith (2019): 3 pontos - "Vozes de Chernobyl", Svetlana Alexievich (2020): 2 pontos - "O teu rosto será o último", João Ricardo Pedro (2019): 3 pontos - "Inocência impetuosa", Stephanie Laurens (2021): 1 ponto - "Mistérios do sul", Danielle Steel (2017): 5 pontos - "Seita maldita", Tess Gerritsen (2020): 2 pontos - "Ninguém me conhece como tu", Anna McPartlin: 6 pontos - "Encontro em Itália", Liliana Lavado: 1 ponto - "Acredita: A vida sabe o que faz", Júlia Domingues: 1 ponto - "Quando o sol brilha", Rui Conceição Silva: 1 ponto - "Duquesa do meu coração", Maya Banks: 1 ponto - "Sem medo do destino", Nora Roberts: 4 pontos - "Pura Raiva", Cara Hunter: 1 ponto - "Não contes a ninguém", Karen Rose: 5 pontos - "O cavalheiro inglês", Carla M. Soares: 2 pontos - "Susana em lágrimas", Alona Kimhi: 1 ponto - "O falcão", Sveva Casati Modignani: 1 ponto - "Uma mulher em fuga", Lesley Pearse: 4 pontos - "Até os comboios andam aos saltos", Célia Correia Loureiro: 1 ponto - "Cuba libre", Tânia Ganho: 1 ponto - "Sei lá", Margarida Rebelo Pinto: 1 ponto
Total: 47 pontos
Por três pontos não atingi o objetivo. Li, no total, 21 livros da minha estante o que considero um bom número tendo em conta o meu total de leituras.
Não sei a Daniela, vai dinamizar novamente este desafio. Eu conto repeti-lo em 2022. Será que é para o ano que consigo chegar ao nível 3?
A imsilva do blog Pessoas e coisas da vida lançou o desafio de escrevermos um conto de Natal. Depoois de alguns dias a marinar a ideia, lá consegui escrever alguma coisa. Espero que gostes Isabel.
― O que fazes aqui? – Rodrigo levantou os olhos da sua ceia de consoada para a encarar.
Ela sorrio e encolheu os ombros. Começou a despir o casado. Enquanto o colocava na cadeira perguntou-lhe:
― Onde é que posso pegar num prato e pegar na minha ceia.
Rodrigo continuava a olhar para ela. Ainda não acreditava que ela estava ali, à sua frente. A voz dela despertou-o.
― Então, vais dizer-me ou não?
Ele acenou com a cabeça e com o dedo apontou-lhe para um espaço ao fundo da sala.
― Obrigada! Agora come um pouco mais devagar. Melhor! Para de comer e espera por mim. Vim aqui para jantar contigo.
E lá foi ela em direção ao local onde estava a mesa com a loiça e a comida.
2 horas antes
― Não podes estar bem!! Como é que me dizes que não vais passar a consoada connosco, a tua família!!
― Queres que repita, mãe?
― Não, essa parte eu percebi! O que eu não percebi são os motivos que te levam a trocar a tua família por um bando de pessoas desconhecidas.
Sofia enterrou o corpo no sofá e respirou fundo. Estava a dar-se tempo para se justificar perante as acusações da mãe.
― Mãe, já sou adulta. Sempre me senti deslocada nestes jantares e almoços. Contigo e com o pai é diferente. Consigo estar de forma descontraída e sem uma ponta de ansiedade. Com os tios, as tias e os primos é um sufoco. Sinto que não pertenço ali! É sempre um esfoço enorme para conseguir passar aquelas horas em que estamos todos juntos.
A mãe abanava a cabeça. Não consegui compreender este lado reservado e calado da filha. Não conseguia compreender o seu gosto pelos momentos solitários.
― Não faz sentido nenhum. O Natal é com a família! – A voz da mãe já saía alterada.
― Tens razão, mãe! Natal é com a família, com a de sangue ou com aquela que escolhemos para ser.
Sofia olhava a mãe em busca de compreensão.
― Vá lá, mãe! Não dificultes as coisas. Permite um Natal diferente, um Natal onde me possa sentir eu. Sem aquela sensação de estar a fazer um frete. Sem ansiedade.
A mãe só abanava a cabeça. Estava surpreendida com este comportamento da filha. Sempre a viu muito calada nos encontros de família. Interagia pouco, não fazia conversa. Para ela a justificação era simples: Sofia é um “bicho-de-mato” que não sabe fazer conversa, que não se esforça por se integrar.
― Podes dizer-me pelo menos onde vais passar o Natal.
― Sim, claro. Vou passar na associação que dá apoio aos sem-abrigo e que é apoiada pela empresa onde eu trabalho.
― Há alguma razão especial para preferires passar o Natal com os sem-abrigo em vez da tua família?
― Há… É um lugar onde posso ser eu.
A mãe acenou com a cabeça. Sabia que não iria ganhar esta batalha. Não podia obrigar a filha, adulta, a ir onde não queria, mas estava intrigada com esta ideia dela consoar com os sem-abrigo.
****
Sofia vinha toda animada com o seu prato e a sua bebida. Sentou-se em frente do Rodrigo.
― Obrigada por esperares por mim – sorriu-lhe e estendeu a mão para tocar na dele. – Este bacalhau cheira muito bem. Bom apetite.
― Sofia? – Rodrigo esperou que ela olhasse para ele. – Não devias estar aqui. É Natal, devias estar com a tua família.
O olhar sério dela assustou-o. O que será que ela teve de fazer para estar ali com ele?
― Também és minha família, Rodrigo! Mais do que isso: és a minha inspiração. Este ano poderias estar em tua casa, mas escolheste vir para aqui. Ajudaste-me imenso este ano.
Pela primeira vez naquela noite ele sorriu a olhar para ela.
― Isso não é lá muito justo. Quem me ajudou foste tu. Afinal, és a minha superior!
As sobrancelhas de Sofia levantaram-se em jeito de interrogação.
― Não me estava a referir à nossa relação profissional. – Sofia corou e baixou o olhar. De repente a sua coragem tinha ido pelo cano abaixo.
Rodrigo apertou a mão dela, que continuava em cima da sua. Queria captar-lhe novamente o olhar. E ela olhou-o.
― Há três anos, esta era a minha única refeição quente do dia. Vivia no meu carro e usava cada cêntimo que ganhava trabalhos que ia arranjando ou roubava, desta última parte sinto bastante vergonha, para pagar a universidade. Aos 30 anos ser sem-abrigo e estudante parecia uma coisa que só cabia nos romances. Aqui sentia-me em família. Depois terminei o curso e tive a sorte de me cruzar com uma superior, que me orientava no serviço, tão calada quanto eu. Aquela que almoçava na cantina da empresa enquanto os olhos vagueavam por um livro. Um dia ganhei coragem e sentei-me na mesa dela. Perguntei-lhe sobre o livro e ela quase nem conseguiu falar. Acho que até se engasgou com um greiro de arroz que, teimosamente, foi para onde não devia. Depois deste dia almoçamos muitas vezes em silêncio até que conseguimos ultrapassar a nossa timidez e começamos a falar. Eu contei-lhe a minha história e ela chorou. Ela convidou-me para ir ao cinema e fiquei em pânico. Não tinha dinheiro para esses luxos, precisava de preencher a minha nova casa que estava despida. As conversas foram ganhando profundidade e o meu coração foi colapsando ao ritmo das palavras dela. E esse coração quase parou há seis meses, quando ela se virou para mim e disse que queria ser minha namorada. Depois de um primeiro beijo tosco e desajeitado, seguiram-se muitos outros, menos desajeitados e menos toscos – Sofia deu uma pequena risada pelo meio das lágrimas que lhe corriam pelo rosto, mas Rodrigo continuou. – O nosso amor não cobra tempo e espaço do outro e preenche-nos de uma forma que só nós percebemos. Nunca lhe pedi que viesse aqui passar o Natal comigo. Eu precisava de vir. Nos últimos anos já não me limito a comer a refeição quente, ajudo na sua confeção e distribuição. Mas eu preciso de vir aqui, e ela sabe isso, respeita isso. Hoje decidiu dar-me a melhor prenda de Natal e aparecer aqui, de surpresa. Feliz Natal, Sofia!
Sofia não aguentou mais. Levantou-se, contornou a mesa e abraçou com toda a força que lhe foi possível. Rodrigo nunca falava tanto tempo seguido, exceto no dia em que lhe contou a sua história. Hoje excedeu-se, e ela gravou cada palavra dentro de si. A sala encheu-se com o som dos aplausos àquele abraço cheio de amor. Era a vez de Sofia retribuir:
― Um dia, se nos casarmos, quero que seja aqui, na noite da véspera de Natal! Feliz Natal, Rodrigo! – Sofia segredou-lhe estas palavras ao ouvido e foi a vez de Rodrigo chorar.
Há umas semanas questionei o grupo que aderiu a este desafio com objetivos de: 1) perceber em que nível iam e 2) conhecer os favoritos do primeiro nível.
Dos participantes que me responderam resultaram os seguintes livros favoritos:
"Verity" de Colleen Hoover
"A menina do papá" de Mary Higgins Clark
"A paciente silenciosa" de Alex Michaelides
Conhecem os livros? O que têm a dizer sobre eles?
A categoria obrigatória do nível 2 é ler um livro de mistério/thriller/policial que seja escrito por um escritor português. Têm alguma sugestão?
Verity é um livro que, entre outros temas, nos fala de maternidade, apresentando-nos uma visão um pouco diferente.
O teu desafio será fazer uma pesquisa, de forma a compilares uma pequena lista de livros que contenham a temática da maternidade.
Está na altura de responder a este desafio e partilhar uma lista de livros sobre a materninda. Desde já quero agradecer a todas as pessoas que acederam ao meu pedido e partilharam comigo livros que abordem a questão da maternidade.
Vou dividi-los em dois grupos: os livros que eu já li e os livros que ainda não li.
O Mundo mudou e eu tive que mudar com ele. E em todo este processo de mudança a vontade de escrever, de ler, de partilhar coisas com vocês desapareceu. Têm sido dias complicados, exigentes e marcados por alguma tristeza. Nunca pensei presenciar tal situação enquanto fosse viva. Não me angustia ficar em casa. Eu adoro estar em casa! Porém sinto falta de algumas das minhas rotinas profissionais e do impacto de toda mudança profissional na minha saúde financeira. Mas quero acreditar que vai correr tudo bem e, enquanto tiver saúde, tudo se encaminhará.
São tempos de mudanças, de olhar para dentro de nós e redescobrir a calma, o sossego e a liberdade mental. A nossa capacidade de imaginação e da criatividade são infinitas e nada melhor do que este isolamento para a colocar em prática.
Foi duro criar novas rotinas, dar resposta a novos desafios e sofrer ao ver o quanto o Portugal do interior não tem literacia digital. Para os pais aqui da minha zona tem sido uma dor de cabeça este acompanhamento escolar online. Sei de meninos que não têm computador e/ou internet. Estou a falar de um aldeia onde há pais sem a escolaridade mínima obrigatória. Pais pouco sensíveis às diferentes formas de aprender. Isto tem-se sugado um pouco a energia, mas as coisas começam a orientar-se. Estou com receio de como será o terceiro período, mas eu acredito na capacidade de aprendizagem do ser humano e sei que tudo ficará bem.
Hoje tinha de vir aqui escrever qualquer coisa. Partilhar algo positivo e bonito! E nada melhor que poesia. A poesia é um verdadeiro alimento intelectual. Hoje é o Dia Mundial da Poesia e quero partilhar com vocês um dos meus poemas preferidos. É daqueles poemas que leio em busca de conforto, de esperança, de energia para enfrentar o mundo.
O poema da imagem foi escrito por Miguel Torga. Gosto muito da poesia de Torga. Ainda tenho muito para conhecer deste escritor português, mas o que conheço gosto muito. Este poema acaba por ser especial para mim. Numa altura menos feliz deste meu percurso, uma amiga ligou-me, leu-me este poema e falou-me da forma como ele a inspirava. E a partir dessa altura passou a inspirar-me também.
Daqui a umas semanas recomeçaremos, espero que sem angústias e com menos a pressa do antigamente. Quando as notícias forem boas e nos libertem desta pandemia, este será o poema que irei ler na primeira manhã em que poderei sair à rua sem medo de trazer elementos indesejáveis para casa.
Fica aqui, também, a minha participação no desafio da Alexandra e mostro a minha letra ao mundo digital. Já venho um bocadinho tarde, mas acho que ainda a tempo.
Desafio para o livro “O Clube Mefisto”, de Tess Gerritsen Mãos à obra
O teu percurso ao lado da autora tem estado recheado de peripécias!
Depois de a ajudares a criar um novo serial killer e de sugerires um título para uma das suas obras, eis que ela tem uma nova surpresa para ti: vai deixar-te matar uma personagem!!
Num pequeno texto de 500 palavras, dá asas à tua imaginação e aniquila uma personagem! (Podes aproveitar e imaginar que te estás a vingar de alguém que conheças!)
Estás pronta para o desafio?
Cá fica a minha resposta...
As coisas complicaram-se. Ficar retido na prisão após o motim que se instalou não fazia parte dos planos de Gabriel. Ele tinha sido chamado para ajudar a acalmar os ânimos e acabou nas mãos dos presos.
O barulho é muito. Gritos de protesto, o som de objetos a varrer os gradeamentos das sela e, ocasionalmente, tiros que se fazem ouvir por entre o barulho que ali se instalou.
Ninguém sabe ao certo como toda aquela confusão começou, mas havia alguma desconfiança relativamente à participação de alguns guardas prisionais.
Gabriel estava ali para perceber o que tinha originado o motim e ajudar a colocar um fim a toda a aquela confusão, mas estava ser muito complicado. Estava algemado e ao pé daquele que parecia ser o chefe dos presos que se rebelaram contra o sistema. Pela observação, o agente do FBI percebia que ele estava nervoso. Os cigarros sucediam-se uns aos outros. Gabriel queria começar a dialogar, mas sentia que do outro lado ainda não havia recetividade. Aguardou mais uns minutos. Tinha de ser paciente. O momento certo chegaria… De repente um silêncio estranho espalhou-se pelo espaço.
Esta mudança de cenário alterou o comportamento do recluso que estava com ele. Ficou mais alerta. Levantou-se da sua cadeira e foi até ao corredor. O semblante carregado e o olhar atento faziam com que ele parecesse assustador. Ouviram-se passos. Eram de outro recluso que corria em direção ao local onde eles estavam.
− Chefe, as coisas complicaram-se lá em baixo. Uma patrulha da polícia entrou aqui dentro. Houveram muitos disparos.
− Eu ouvi os disparos, mas pensei que fossem vocês a tentar dar conta do recado.
− E nós retaliamos, chefe, – defendeu-se o recluso – mas eles eram muitos. Vinham bem organizados. Eles atingiram alguns dos nossos, mas nós conseguimos abater um deles. Uma mulher. Parecia um furacão quando entrou.
O recluso que guardava Gabriel soltou uma risada e disse:
− Foram mesmo estúpidos deixar que uma mulher comandasse o grupo.
− Parece que ela era das duras. A equipa respeitava-a! Ficaram ainda mais agressivos e não tarda nada chegam aqui.
Gabriel ficou extremamente apreensivo com a conversa dos reclusos. O coração apertou-se mais quando ouviu que uma mulher tinha sido abatida. Só pensava em Jane. Rezou, como há muito não o fazia, para que a vítima destes selvagens não fosse a sua esposa.
Ouviram-se mais passos nos corredores. Eram passos raivosos e decididos.
− Deitem as armas ao chão e coloquem as mãos atrás da cabeça.
Aquelas vozes eram conhecidas. Os companheiros de Jane. Não deram tempo para que os reclusos reagissem. Imobilizaram-nos e prenderam-nos. Depois viram-se para Gabriel e soltaram-no. Os olhares de silêncio doloroso que trocaram entre eles confirmaram os receios de Gabriel.
− Onde é que ela está? – a voz saiu revestida de dor.
− Está à entrada da ala norte. Estamos à espera da doutora Maura. Lamento, Gabriel. – disse um dos agentes.
Gabriel saiu disparado em direção à ala norte. Correu como se a sobrevivência de Jane ainda dependesse dele.