Não é da atualidade o meu desejo de ler uma obra da Tânia Ganho. Em 2020, a autora ganhou um bom destaque com o seu livro "Apneia", mas o meu interesse é muito anterior a isso. Ele surgiu depois de uma pessoa ter lido "A mulher casa" e me ter falado maravilhas do livro.
O preço deste livro é muito bom, só por isso merece ser lido. Contudo, a qualidade deste livro é inegável. Fiquei maravilhada com a escrita da Tânia Ganho. É uma escrita que parece ser um pouco elaborada; mas quando mergulhamos a fundo na história que ela nos apresenta, é como se estivéssemos perante um rio de água cristalina onde conseguimos ver o fundo.
Quanto à narrativa em si, a minha experiência caracteriza-se tendo em conta diferentes fases de leitura. Não me consegui apaixonar pelas personagens nem pelos acontecimentos que elas relatam. Por vezes, senti que a relação que eu tentava estabelecer com elas se quebrava com os avanços e recuos temporais da narrativa.
A ação centra-se em Clara. Acompanhamos a sua vida desde a adolescência até à idade adulta. Não é uma personagem fácil de se gostar. Ela é extremamente volátil, cínica e pouco assertiva nas suas ideias. É uma mulher emocionalmente confusa e essa confusão passou para mim e exasperou-me. Acho que só no final consigo atingir um grau de compreensão para a forma como ela dirigiu a sua vida. Contudo, sobra a frustração de perceber que ela não lutou assim tanto pela sua individualidade. Parece que andou a flutuar no tempo, passando pelas pessoas sem deixar que grande parte delas acedesse àquilo que ela realmente era.
Não é uma personagem irreal ou mal construída, muito pelo contrário. Acho que existem pessoas assim e cujas vidas mergulham numa complexidade estranha aos olhos dos outros. É verdade que me irritei com esta Clara algumas vezes, mas até aqui se vê a qualidade com que a escritora conduziu a sua obra.
Não é uma história memorável ou capaz de permanecer no meu coração. Foi um boa estreia com a escritora e quero conhecer mais obras.
Autor: Andreia Ferreira Ano: 2012 Editora: Alfarroba Número de Páginas: 295 páginas Classificação: 2 Estrelas
Fica aqui um agradecimento especial à autora por me ter presenteado com os dois primeiros volumes da série no âmbito de um passatempo dinamizado no seu blog. Sinopse
Depois de descobrir que o sobrenatural não representa um medo irracional e que as criaturas caminham lado a lado com os humanos, Carla tem de enfrentar as consequências do seu envolvimento com o Caael.
Os demónios já deixaram marcas na vida da Ana e da Raquel e a Carla começa a sentir algumas dificuldades em encontrar-se.
Entre lacunas na memória, sentimentos e novas preocupações, surge uma existência virada do avesso com a linha da vida mais ténue do que nunca.
Com a ausência do Caael, assomam revelações que levantam um plano ancestral de uma disputa entre iguais. A Carla vê-se num tabuleiro de xadrez, como um rei isolado, com a rainha a jogar contra ela.
Quem estiver interessado em adquiri-lo com dedicatória e autógrafo contacte d311nh4@gmail.com(less)
Opinião
Este é o segundo livro da Trilogia Soberba e já demonstra alguma evolução em comparação com o primeiro volume. Nota-se um maior cuidado na escrita (encontrei menos erros) e a própria narrativa torna-se um pouco mais interessante com a introdução de capítulos onde a Carla deixa de ser a narradora e surgem as histórias da Ana, do Ricardo e da Raquel. Este último aspecto é muito positivo, só tenho a apontar que por vezes é um corte confuso entre a narração da Carla e a passagem para outro personagem (talvez não fosse má ideia colocar no início do capítulo o nome da personagem, na minha opinião tornaria a leitura mais organizada).
Continuo a não simpatizar com a Carla, a personagem feminina principal. Neste volume, a chorosa e confusa Carla não mostra evolução em comparação com o primeiro livro e o seu papel de protagonista poderia ser facilmente substituído pela Ana e até mesmo pela Raquel. Nunca pensei em escrever bem da Raquel, mas é um facto, neste volume fiquei positivamente surpreendia com a evolução desta personagem e acho que ela merecia um maior destaque e o seu caminho na narrativa poderia ter ido por outros lugares. A Ana também apresentou uma boa evolução em comparação com o volume anterior e também merecia mais protagonismo. O Ricardo surge neste livro para interferir no romance de Carla com Caael. Este último está ausente durante grande parte do livro e o certo é que não senti a mínima falta desta personagem, o Ricardo é um bom substituto, apesar de que sempre me cruzava com o Ricardo o achar uma cópia imperfeita do Eric da série Sangue Fresco de Charlaine Harris. Ricardo tem uma história interessante e que também merecia ser mais explorada (durante o capítulo em que é apresentada a história há uma situação que não faz muito sentido).
Um grupo de personagens que a meu ver também não fez sentido foram os familiares americanos. Chegam e partem depressa de mais... Dá a sensação que foram ali colocados porque a autora não tinha mais nada para colocar... Na minha opinião, não fez muito sentido a presença deles e o papel de Sean poderia facilmente ser substituído por outra personagem.
Um aspecto que também gostei foi o facto de a autora aproveitar um pouco mais da cidade de Braga e dos seus espaços.
Veremos o que nos traz a finalização desta trilogia onde todos os mistérios serão esclarecidos.