Este foi o livro que demorei mais tempo a ler durante este ano (espero não repetir nova proeza de estender a leitura de um livro durante 3 semanas). Foi uma leitura bastante aborrecida e custou-me imenso ler. Só senti algum interesse nas últimas 150 páginas. Tendo em conta que é um livro com quase 500, estão a ver o grau de sofrimento. Devem-se estar a perguntar porque é que não desisti da leitura... E eu nem sei bem que resposta dar a essa pergunta. Talvez por estar com esperança que melhorasse, talvez porque é raro desistir de uma leitura, talvez por me ter interessado nas dinâmicas de um pequeno grupo de personagens (Krystal e Terri Weedon).
A premissa do livro e todo o enredo criado em volta da mesma não é desinteressante. Porém, a forma como a autora lhe decidiu dar corpo é que torna tudo demasiado aborrecido. Em primeiro lugar é um núcleo de personagens muito extenso; em segundo, esperar mais de 150 páginas pelo funeral de um homem e ler acerca de várias reações à sua morte até chegarmos ao funeral sem que na significativo aconteça no livro e de fazer trepar paredes; e, em terceiro, falta ação, faltam conflitos que nos façam ler de forma compulsiva.
O título é um bocado desadequado. Sim, tudo começa com uma morte súbita e essa morte condicionará muito do que as personagens vivem, mas é a disputa por um lugar e as intrigas em torno da população de uma comunidade pequena que merecem destaque. Neste sentido, o título em inglês está muito mais adequado ao foco central da temática do livro.
A autora é muito conceituada junto daquelas que amam Harry Potter. Eu não faço parte desse grupo. Li o primeiro livro da série acerca de dois anos e foi não fiquei fã, mas reconheço-lhe a criatividade e o facto de escrever bem. Por isso, sendo este um livro para adultos esperei identificar-me mais com este enredo.
Como escrevi mais atrás, as últimas 150 páginas são mais interessantes. As coisas começam a acontecer com outro ritmo, outra intensidade e preenchidas por momentos que nos deixam curiosas. Gostei bastante do final e da forma como o livro termina. Foi este final que salvou o livro de levar 1 estrela. Porém, não considero que o final tenha compensado todo o aborrecimento que se vive até chegar até ele.
O meu aviso para quem pretenda ler este livro é que não crie altas expetativas. Esperem por um livro que demora a desenvolver e em que as coisas acontecem de forma lenta e nem sempre com grande interesse ou impacto. Por vezes, tudo parece demasiado banal e isso gerou-me muito aborrecimento, frustração e sensação de que a história não tinha muito para me oferecer.
Quem acompanha as minhas leituras aqui pelo blog sabe que o género literário ligado à fantasia não é o meu género de eleição. Sou muito difícil de conquistar com a fantasia. Tenho consciência de que esta minha opinião e classificação não está em sintonia com as opiniões da maioria. Mas da mesma foram que eu respeito e aceito as opiniões daqueles que gostam e amam esta série, peço apenas que respeitem a minha.
Uma coisa positiva que destaco no livro é a originalidade e a criatividade da escritora. Nestas páginas, ela consegue introduzir aspetos inovadores e criativos em toda a história e que são visíveis nos comportamentos das personagens, na forma de fazer feitiços e as vivências de um ano escolar numa escola diferente. Outro aspeto que acho bom é que, apesar de ser uma escola especial, os problemas entre os miúdos são comuns ao "nosso mundo" e isso poderá ser importante para as crianças e jovens que leem este livro. Estes foram as únicas coisas de que gostei e que, em certos momentos, me impressionaram.
Quando penso nas personagens, acho que algumas são bem fraquinhas e com pouco conteúdo. Isto deixa-me ligeiramente irritada, principalmente quando elas assumem um papel de algum destaque no livro. Harry Potter, para mim, é das personagens mais desinteressantes do livro. Eu sei que ele é detentor de determinados contornos de vida que potenciam algumas coisas e que explicam alguns comportamentos e situações. Porém, em nenhum momento, senti que ele fosse inteligente, perspicaz e decidido. Ele é uma "lenda" por aquilo que os pais representaram e por ter sobrevivido a alguém muito maléfico. E o que é que o torna assim especial aos olhos de toda a gente? Eu não consigo perceber, principalmente quando ele chega à escola e não se vê emergir nada de revelador e interessante. No fundo, a sensação com que fico é que Harry consegue tudo através dos outros e sempre com muita ajuda dos amigos.
Outra situação que me pareceu algo estúpida é o jogo. Há uma boa que é muito difícil de apanhar e cabe ao Harry, no decorrer do jogo, apanhá-la. Quando lhe explicaram as regras do jogo disseram-lhe que levava muito tempo a apanhá-la (se não estou em erro penso que chegaram a referir meses). Harry chega ao jogo e consegue logo apanhá-la. É um pouco estúpido quando estamos a falar de um miúdo comum que até ao momento da história não nos apresentou nada de especial. No fundo, algo que me desilude é o facto de tudo nele ser inato. Não há esforço, trabalho ou empenho que justifique aquilo que ele vai conseguindo. Até para fazer os trabalhos de casa precisa de ajuda. É uma personagem tão desinteressante que me chega a aborrecer de morte. Não tem uma personalidade que o destaque e nos faça entender o porquê de ele ser olhado como herói e de ter conseguido salvar-se (ainda para mais era um bebé).
Existe uma outra coisa que acho pouco credível. Há um certo momento na história em que falam do basquetebol (na altura em que falam do jogo dos feiticeiros) e dizem ao Harry que não conhecem os jogos do mundo comum... Mais há frente já conhecem o futebol. Não faz muito sentido conhecerem um e não conhecerem o outro. Assim como não faz sentido nenhum eles não conhecerem a realidade dos que não são feiticeiros quando passam os primeiros anos de vida no mundo deles.
Só houve duas personagens que me despertaram o interesse: Snape (que afinal não é assim tão mau) e Malfoy (maldade em miniatura - uma personagem interessante com uma personalidade muito particular).
Infelizmente não fiquei com vontade de ler os restantes livros da série. Talvez se tivesse pegado neste livro com 10/11 anos ficasse a gostar. Nesta altura da vida não me senti nada cativada.