Há quanto tempo é que eu queria ler este livro? Praticamente desde que vi o filme. Não costumava ver filmes baseados em livros sem primeiro ter lido o livro. Hoje em dia é algo que não me afeta particularmente. Por conseguinte, surgiu a oportunidade de ver o filme sem ler o livro e vi... Chorei! Chorei como há muito tempo não chorava a ver um filme. E depois dessa vez, vi-o mais umas quantas vezes, chorando outras tantas sem nunca me aborrecer. Tinha de ler o livro! Aproveitei uma promoção na Wook e, assim, fiz a minha última compra de 2019.
Já desconfiava que seria uma leitura fenomenal, por isso escolhi-o para primeira leitura do ano. Foi uma leitura avassaladora. Dei por mim a ler e a saber os diálogos de cor! Ver o filme tantas vezes permitiu que muitas conversas entre Lou e Will ficassem gravadas em mim. Melhor ainda era quando o diálogo que sabia do filme era enriquecido de uma forma que apenas o livro o permite. Foram boas surpresas que se traduziram em momentos de genuíno sorriso! Acredito que as histórias precisam de tempo para crescer e, geralmente, o cinema não consegue ter tanto tempo para que isso aconteça. Assim, no livro os diálogos ganharam uma profundidade diferente e no meu imaginário as cenas ganhavam forma, cor e som. Foi impossível ler e não associar os nomes às caras que tão bem conhecia do filme.
"Viver depois de ti"é a história de Louisa Clark e de Will. Dois jovens que olham para a vida de forma distinta, mas que por vicissitudes da vida acabam nas mãos um do outro. É uma narrativa cheia de um positivismo muito clarkeniano. As cores e o movimento alegre e descomplicado nascem da vivacidade uma jovem simples. A todo este brilho junta-se o humor negro e inteligente de Will. E desta combinação nasceu em mim o amor, o riso e as lágrimas. Foi uma leitura tão boa que quero guardá-la em mim por muito e muito tempo. É um daqueles happy places onde gosto de levar a mente em dias menos positivos. Apesar de todos os contornos dolorosos que caracterizam este livro, considero que todo o processo no qual as personagens vivem e crescem deixa uma mensagem importante onde a vida, o respeito pelo próximo, o amor verdadeiro e a amizade cabem num espaço comum. Espaço esse cheio de dúvidas, de incertezas e de decisões difíceis. É um livro cheio de humanismo e onde as relações humanas estão construídas de uma forma que pareciam reais, com pessoas que conhecia e observava à distância.
Há uma grande proximidade ente o livro e o filme. Tirando o facto esperado de que o livro consegue uma maior profundidade nos diálogos e nas relações que se constroem, na minha opinião há um aspeto divergente que me saltou ao olhos. Há uma personagem que o filme denegriu demasiado. Patrick, o namorado de Lou, é muito idiota no filme. Acho que a forma como ele surge no livro é mais realista (no filme assume uma postura exageradamente aparvalhada).
Nem sei o que fazer em relação à continuação. Fiquei com memórias tão boas deste livro que tenho receio de me desencantar com a Lou. Na minha cabeça, a Lou conseguiu ir mais além na sua vida. Conseguiu ser feliz, realizou sonhos, viveu o amor nas suas mais diversas dimensões e, em todos esses momentos, o Will pairou na sua memória e fez com que o seu coração palpitasse de uma forma especial. Sim, é algo demasiado romanceado! Talvez demasiado irrealista! Talvez esteja carregado de um otimismo exagerado! Mas se a vida nem sempre me oferece isto, será assim tão mau imaginá-lo num livro? Por isso não quero destruir estas boas memórias de uma continuação que eu própria criei. Por outro lado, a curiosidade de descobrir por que caminhos enveredou Lou é demasiado tentadora.
Para quem leu a continuação, acha que vale a pena o investimento?
Nota: Enquanto escrevia opinião só sentia vontade de me perder novamente na leitura deste livro. Não é uma obra prima da literatura, mas detém a sensibilidade necessária para me baralhar as emoções e me deixar presa a ela como se de uma pessoa importante se tratasse.
Este livro constitui a minha terceira experiência com Jojo Moyes. O primeiro livro que li, Um violino na noite, não me deixou rendida à autora. Seguiram-se Silver Bay - A Baía do desejo e A última carta de amor. Estas duas últimas experiências com autora fizeram-me apaixonar pela escrita e pelos enredos. Porém, ainda sinto falta de mais qualquer coisa para que me sinta rendida ao trabalho de Jojo Moyes.
No livro A última carta de amor somos presenteados com duas histórias paralelas que acontecem em tempos históricos diferentes, porém com uma tónica comum: a infidelidade. Não simpatizo muito com este tema. Abomino-o! Por isso, nas leituras faz com eu desenvolva um certo ódio de estimação pelas personagens que o praticam... Neste livro, este ódio não foi assim tão linear!
Senti ódio pela Ellie. E porquê? Então, estamos perante uma mulher moderna e inteligente que se deixa arrastar pelas palavras reles de um escritor. Claro que só muito tarde ela abre os olhos e adorei a forma como ela os abriu. Mereceu aquele encontro e mereceu ser rebaixada e envergonhada. A Ellie é a história do presente e não oferece grande conteúdo ao livro. No fundo, ela serve de veículo à história passada e vê nessa história um pouco da sua própria vida. Eu não encontrei muitas semelhanças entre as duas histórias para além da infidelidade.
Relativamente à história do passado posso dizer que, nos primeiros capítulos há ali alguma confusão. Penso que uma localização temporal de alguns capítulos ajudaria o leitor a situar-se temporalmente na narrativa. Eu precisa de saber mais da Jennifer e da sua vida antes do acidente... Precisava de assimilar a essência da sua vida, para a compreender enquanto mulher insatisfeita com o seu casamento. Com o desenvolvimento da narrativa vamos conseguindo intuir que Jennifer não se sentia completa e que o marido não era aquilo que talvez ela esperasse do marido. Devido a isto, juntamente com mais uns acontecimentos dramáticos pelo meio, vou conseguindo entender a infidelidade... E à luz da sociedade da época consigo entender os comportamentos de cada um deles. Gostei muito de ler sobre esta história passada. É cativante e consegue agarrar-nos a história. Ao longo da leitura vamos torcendo por um determinado final...
E chegamos ao final... E aqui acho que a autora falhou... Acho pouco provável que duas pessoas a viverem na mesma zona, sendo uma delas demasiado conhecida em sociedade, passe despercebida a um homem que trabalha num jornal. E assim acho que a Jennifer e o Anthony poderiam ter-se encontrado mais cedo... Não consegui engolir aquele desencontro. Pode acontecer?? Sim, mas acho pouco provável dadas as circunstâncias.
Autor: Jojo Moyes Ano: 2009 Editora: Porto Editora Número de Páginas: 416 páginas Classificação: 4 Estrelas
Sinopse
Mike Dormer chega a Silver Bay, uma pacata vila costeira da Austrália, com um único e secreto intuito que abalará por completo a vida dos seus habitantes.
Mas Silver Bay reserva-lhe um destino diferente.
Liza McCullen e a sua filha Hannah, de dez anos, residem no familiar Hotel Silver Bay - tão excêntrico como a sua proprietária Kathleen - onde Mike se hospeda. As suas personalidades enigmáticas exercerão um fascínio inexplicável sobre o pragmático executivo londrino, que se deixará envolver irremediavelmente pelos membros da pequena comunidade de Silver Bay e pela magia que descobre no seu modo de vida. Em pouco tempo, Mike sentir-se-á dividido entre a culpa e o desejo, a responsabilidade... e a paixão inesperada. Paralelamente, a vida de Liza sofrerá uma reviravolta inevitável.
Prisioneiros de uma perigosa teia de segredos e mentiras, estarão eles preparados para enfrentar os acontecimentos que se avizinham?
Opinião
Contactei pela primeira vez com Jojo Moyes este ano. O primeiro livro que li foi Um violino na noite e não me arrebatou. Porém Silver Bay superou-o e levou-me numa leitura compulsiva pela noite dentro. Há algum tempo que já não chorava com um livro, mas este chegou e as suas últimas páginas atingiram as minhas emoções de uma maneira que eu não estava à espera. As personagens são muito boas. Cada um a com as suas qualidades e defeitos. Cada uma guardando em si o seus segredos e as suas angústias. Acho que são elas que vão tornando o livro especial, uma vez que a história é contada por todos (cada capítulo é narrado na primeira pessoa e pertence a uma personagem diferentes).
Liza é uma mulher reservada, os seus segredos e as suas dores mais profundas estão encerrados no lugar mais distante do seu coração. Dores com as quais nem sempre é fácil de lidar, mas que parecem adormecias ao mesmo tempo que não se deixam esquecer. É uma mulher sensível que vai buscar toda a sua força de viver à filha Hannah, ao mar e aos animais marítimos (em especial). Esta é a mulher que constitui o grande segredo que preenche cada página do livro. Não é difícil deduzir a forma geral que envolve este segredo, mas deixa o leitor um pouco longe de imaginar os pormenores que preenchem a temática geral que dá forma a este segredo. Na minha opinião, o segredo de Liza foi muito bem construído e coerente.
Mike é o homem que chega para destabilizar a calma vivida em Silver Bay. Gostei muito da evolução dele e da forma como ele passou a olhar para o mundo que o rodeia. A dada altura ele percebeu que aquilo que é essencial a uma vida feliz é invisível ao olhar. Só o coração, o amor e a amizade permitiram que ele visse quais são bases de uma vida feliz. O dinheiro e a ambição haviam-lhe provocado uma espécie de cegueira sentimental, mas aquela pequena terra Australiana fê-lo ver mais além, fê-lo crescer enquanto pessoa, fê-lo avivar os valores que estavam adormecidos algures nas profundezas da sua personalidade.
Hannah, a filha de Liza é uma jovem adorável. É muito sensível e desde muito cedo vê-se obrigada a guardar as suas próprias dores. Um aspecto curioso é que é ela que acaba por devolver a paz ao lugar onde mora e de uma forma muito inteligente.
Em relação às personagens, quero ainda destacar Kathleen. Uma mulher madura e sensata que consegue ver para além das aparências. Gostei muito dela pelo simples facto de ser uma personagem consciente e prática, que é capaz de seguir em frente depois de uma grande tempestade.
Penso que este livro tem tanto de previsível como de surpreendente e foi isso que me apanhou desprevenida. Podemos ter uma noção geral do que vai acontecer, contudo as individualidades que dão corpo e estrutura à narrativa não nos deixam indiferentes.
Apesar de ter gostado muito não lhe dei a pontuação máxima porque existem algumas incongruências e o final foi demasiado apressado.
No que respeita às incongruências, essas prendem-se com aspectos temporais. Lara é amiga de Hannah e no início é referida uma certa diferença de idades. Porém, mais ou menos a partir de metade do livro dá a impressão que afinal são da mesma idade e andam na mesma turma.
Outro aspecto é a idade de Hannah. Ela começa o livro com 10 anos. Assinala-se o aniversário dos 11 anos e depois de passar mais de um ano (é essa a sensação que a autora dá porque não existem muitas referências temporais) Hannah continua com 11 anos.
Em relação ao final acho que ficaram coisas por dizer. É certo que tudo ficou um pouco à imaginação do leitor, mas pessoalmente queria ter visto mais. Faltaram mais descrições acerca da nova vida de Liza, faltou um acerto na relação dela com Mike (só um aparte, mas esta relação merecia ter sido mais explorada logo desde o momento em que começa a ser construída. A autora não lhe dei o protagonismo que ela merecia).
Este final fez-me questionar o porquê dos autores apressarem os finais... Será cansaço? Será que estão fartos de escrever sobre as personagens? Infelizmente, este final fez-me sentir que a autora estava a despachar as coisas. Na minha opinião, o final podia ter sido mais emocionante se não fossem deixadas tantas pontas soltas.
Por fim, quero apenas referir que todos os aspectos relacionados com as baleias, os golfinhos e o impacto ambiental conferem um toque didáctico ao livro. Aprendi coisas acerca das baleias, assuntos relacionados com a preservação ambiental. Gostei muito de ler estas passagens e o meu carinho pelas baleias aumentou.
Quem olha para este livro pode pensar que é apenas mais um romance, mas não se deixem enganar. Estas páginas vão muito mais além. O título engana um pouco! Acho que seria suficiente colocar apenas Silver Bay (nome da localidade Australiana onde se desenrolam os aspectos centrais do livro), aliás este é o título original, e retiraria a parte d'A Baía do desejo pois não se enquadra muito bem com o conteúdo do livro.
Autor: Jojo Moyes Ano: 2010 Editora: Porto Editora Número de Páginas: 407 páginas Classificação: 3 Estrelas
Sinopse
Isabel Delancey, uma mulher frágil e ainda jovem, alheada das vicissitudes do dia-a-dia, vivia para a música - era violinista numa orquestra sinfónica.
O que a prendia à realidade era o amor que sentia por Laurent, o seu marido. Quando este morre num brutal acidente, Isabel vê-se obrigada a confrontar-se com a terrível situação financeira em que o marido deixou a família e a assumir o papel de mãe que sempre tinha sido desempenhado por uma ama.
A Casa Espanhola, uma propriedade que herda inesperadamente, sendo uma fonte inesgotável de problemas, vai ser ao mesmo tempo um desafio à sua coragem e determinação, transformando Isabel numa mulher madura.
Ali, vai encontrar uma solidariedade inesperada, um rancor visceral e o amor.
Um Violino na Noite é um romance que nos fala de obsessões, vulnerabilidades, paixões e escolhas. A história envolve completamente o leitor, tornando este novo livro de Jojo Moyes uma leitura compulsiva e irresistível.
Opinião
Já tinha lido opiniões muito positivas dos livros de Jojo Moyes, por isso estava com alguma curiosidade em descobrir as suas histórias.
Um violino na noite traz-nos a história de uma jovem viúva, Isabel que quando menos esperava fica sem o marido num acidente de viação. Restou a tristeza e um conjunto de dívidas. Esta sua nova condição levou-a a enfrentar uma nova realidade. Uma realidade muito distante daquela que até então a tinha acompanhado.
Isabel, juntamente com os dois filhos, muda-se para a Casa Espanhola. Uma casa, resultado de uma herança inesperada, que lhe trará muitos problemas ao mesmo tempo que a lança numa viagem onde se re-encontra consigo mesma.
A narrativa desenvolve-se a um ritmo um pouco lento, mas não deixa de ser cativante para o leitos, apesar de ter alguns momentos mais aborrecidos.
Isabel é um personagem interessante e bem construída. Todos os seus dilemas, toda a sua inexperiência, a forma como lida com os filhos. com o luto e com os problemas que lhe vão aparecendo à frente espelham a mulher que se foi tornando ao longo dos anos. Uma mulher sensível, com uma personalidade sonhadora e peculiar e que acima de tudo amava a sua música. Enquanto se dedicava de corpo e alma ao violino o seu marido conduzia a vida familiar. Sentia-se segura com esta situação.
Uma outra personagem que apresenta uma boa construção é Matt. Obcecado pela Casa Espanhola vê o seu espírito consumido por essa ideia fixa. Depois de tudo aquilo que ele fez ao longo do desenrolar dos acontecimentos merecia outro final. A sua esposa teve uma atitude fraca. Sempre pensei que ela iria ter coragem para manter o importante passo que deu.
Bryon é outra personagem interessante devido ao mistério que o vai acompanhado. Tive pena da autora não lhe ter oferecido mais páginas no seu livro. Fiquei desapontada com a forma rápida com que a autora despachou o seu mistério e a descoberta do amor.
O final foi mais um indicador da pressa da escritora em terminar a trama. Penso que os acontecimentos surgiram de forma apressada. O Epílogo merecia mais informações e houve aspectos finais que me deixaram confusa.