Margarida Rebelo Pinto é uma autora com bastante espaço na literatura em Portugal. É mulher que escreve sobre mulheres.
Não é uma autora desconhecida para mim, mas o crescimento e o amadurecimento enquanto leitora fizeram-me perder o encanto nas suas obras.
Tinha visto o filme que foi adaptado deste livro e fiquei com curiosidade em ler.
Madalena é a personagens central. Através dela, o leitor fica a conhecer as suas amigas, as personalidades, sonhos, ambições e comportamentos de cada uma delas. São personagens que abarcam alguns estereótipos que fazem com que a leitura perca um pouco do seu entusiasmo. Não me identifiquei com aquelas mulheres apesar de estar na mesma faixa etária e isso afastou-me da leitura.
Acabei por terminar facilmente o livro. Apesar do conteúdo narrativo não me ter entusiasmado, o livro é relativamente pequeno e a escrita é muito fluída. Não exige muito poder de concentração ou de ligação ao livro.
É um livro que retrata a sociedade dos anos 90, o que pode ser interessante para quem quiser conhecer um pouco da sociedade da altura do ponto de vista de mulheres adultas, com formas distintas de olhar para a vida.
Acho que os livros infantis não têm idade, ou seja, não são apenas para crianças são para pessoas de todas as idades. Esta é a minha opinião porque, na generalidade, estas histórias trazem mensagens e valores importantes e que estimulam a reflexão do leitor.
Leio menos livros deste do género do que aquilo que eu gostaria; mas sempre que tenho uma oportunidade de ler, aproveito.
"Que ossos curiosos" conta a história de dois esqueletos que decidem fazer umas travessuras na noite de Halloween. Esperava um pouco mais da mensagem desta narrativa. Tornou-se tudo demasiado repetitivo, fazendo com que a narrativa perdesse um pouco a profundidade e o sentido.
Poderá ser engraçado para os miúdos explorarem as palavras, os sons repetidos e explorarem as ilustrações. O pormenor da capa (os esqueletos brilham no escuro) também poderá ser atrativo.
Trouxe este livro da biblioteca partilhando das expetativas da bibliotecária Este livro tem uma premissa muito interessante. Desperta a curiosidade de um leitor. Quando peguei no livro e ouvi isto da parte dela, concordei com a expetativa que ela tinha criado em relação ao mesmo. Ela ainda partilhou que, assim que eu o devolvesse, seria a próxima leitora a requisitá-lo.
Afinal, o que é que serve de mote ao desenvolvimento desta história? Temos uma jovem adulta, Miranda, que inesperadamente se envolve numa situação que a leva à cadeia. Lá passa a receber acompanhamento psicológico. Frank, o psicólogo do estabelecimento prisional já conhecia Miranda, a jovem por quem esteve apaixonado durante o liceu. E, ao que parece, essa paixão não ficou na adolescência.
Um aspeto muito curioso, e que funcionou como bom gatilho para o meu interesse na leitura, foram os títulos de alguns capítulos. Como forma de nomear os capítulos, a autora escolheu artigos do código deontológico dos psicólogos. Foi interessante confrontar os acontecimentos com as diretrizes que norteiam as boas práticas profissionais. Quantas vezes pode um profissional quebrar o código de ética e deontológico que rege a sua atividade profissional? O Frank consegue ensinar muito este aspeto através do seu comportamento.
Infelizmente, a linha narrativa foi perdendo o foco, dispersou e trouxe confusão à mensagem que pretendia transmitir. Foi muito interessante ler sobre os percursos de Frank e Miranda. Contudo, muitas vezes senti que era uma abordagem demasiado superficial. Faltou profundidade, faltou mais contextualização e faltou mais passagens que mostrassem mais a ligação que se começou a desenhar entre Frank e Miranda.
Depois de algum desânimo com a leitura, o final ofereceu-me algum alento. Foi inesperável e algo surpreendente. A narrativa sofreu uma boa reviravolta. Apesar de ter ficado agradavelmente satisfeita com o final, o mesmo não foi suficiente para apagar o desagrado que se instalou ao longo da leitura.
Nunca me cruzei com opiniões acerca deste livro, mas gostava de conhecer outras perspetivas sobre o mesmo.
Não é da atualidade o meu desejo de ler uma obra da Tânia Ganho. Em 2020, a autora ganhou um bom destaque com o seu livro "Apneia", mas o meu interesse é muito anterior a isso. Ele surgiu depois de uma pessoa ter lido "A mulher casa" e me ter falado maravilhas do livro.
O preço deste livro é muito bom, só por isso merece ser lido. Contudo, a qualidade deste livro é inegável. Fiquei maravilhada com a escrita da Tânia Ganho. É uma escrita que parece ser um pouco elaborada; mas quando mergulhamos a fundo na história que ela nos apresenta, é como se estivéssemos perante um rio de água cristalina onde conseguimos ver o fundo.
Quanto à narrativa em si, a minha experiência caracteriza-se tendo em conta diferentes fases de leitura. Não me consegui apaixonar pelas personagens nem pelos acontecimentos que elas relatam. Por vezes, senti que a relação que eu tentava estabelecer com elas se quebrava com os avanços e recuos temporais da narrativa.
A ação centra-se em Clara. Acompanhamos a sua vida desde a adolescência até à idade adulta. Não é uma personagem fácil de se gostar. Ela é extremamente volátil, cínica e pouco assertiva nas suas ideias. É uma mulher emocionalmente confusa e essa confusão passou para mim e exasperou-me. Acho que só no final consigo atingir um grau de compreensão para a forma como ela dirigiu a sua vida. Contudo, sobra a frustração de perceber que ela não lutou assim tanto pela sua individualidade. Parece que andou a flutuar no tempo, passando pelas pessoas sem deixar que grande parte delas acedesse àquilo que ela realmente era.
Não é uma personagem irreal ou mal construída, muito pelo contrário. Acho que existem pessoas assim e cujas vidas mergulham numa complexidade estranha aos olhos dos outros. É verdade que me irritei com esta Clara algumas vezes, mas até aqui se vê a qualidade com que a escritora conduziu a sua obra.
Não é uma história memorável ou capaz de permanecer no meu coração. Foi um boa estreia com a escritora e quero conhecer mais obras.
A leitura deste livro marcou a minha estreia com a as obras de Megan Maxwell. De uma forma geral, este livro reúne romance, diversão e paixão. Estes ingredientes surgem bem misturadas por um discurso ligeiro que se assume como uma narrativa rápida e cativante.
Ana é uma fotografa inglesa a viver e trabalhar em Madrid. Esta mudança representa uma fuga de uma realidade que a asfixiava. Esta jovem adulta é descontraída e autoconfiante. Tem uma personalidade vincada, é assertiva nas escolhas que faz, mas tem um lado mais inseguro. Estas inseguranças são o resultado das vivências que motivaram a sua fuga. Um dia ela cruza-se com Rodrigo, um bombeiro espanhol que a deixa a suspirar.
Inevitavelmente surge uma ligação entre eles que origina cenas muito divertidas. Há encontros e desencontros emocionais, há conflitos caricatos que surgem de mal entendidos que se vão complexificando ao longo do livro. Tudo isto confere um tom muito divertido à história e eu dei por mim a descontrair do stress do quotidiano.
O assunto que motivou a fuga da Ana é muito importante. Tive pena da forma superficial com que ele foi abordado. Sei que este não era o foco do livro, mas como ele foi introduzido merecia um pouco mais de destaque.
O livro serviu o seu propósito de entreter e divertir. Permitiu-me desligar da realidade e experienciar emoções positivas e cheias de amor. Não é uma obra memorável, mas ofereceu-me bem-estar e deixou-me com vontade de recorrer a mais obras da escritora quando precisar de reduzir o stress do dia a dia.
Cá continuo na saga de partilhar as opiniões de livros que li em 2021. Poderia deixar de as publicar, mas não me faz sentido deixar de partilhar só porque foram lidos o ano passado. Peço-te mais um pouco de paciência com a enchente de publicações, mas quero deixar tudo alinhado para me dedicar ao conteúdo deste ano.
Os livros mais recentes de Dorothy Koomson representam um afastamento do seu estilo inicial. Os mais recentes têm alguns contornos que os aproximam mais do género thriller/suspense. Independentemente do género pelo qual a escritora opte, eu gosto quase sempre dos seus livros. Gosto da escrita, dos bons diálogos e da forma como ela consegue colocar em palavras as várias tonalidades da essência humana.
O assassino da venda é o elo de ligação entre a voz narrativa de Pieta e a voz narrativa da Jody. Uma é jornalista, a outra é inspetora da polícia. As vivências pessoais de cada uma delas cruzam-se no presente, mas é no passado que se começa a delinear aquilo que as une na atualidade. O assassino da venda deixou marcas na vida destas duas mulheres e é essa pessoa que as vai levar por novos caminhos.
Jody tem uma necessidade pessoal de encerrar o caso e dar descanso aos fantasmas que as atormentam. A Pieta só quer que os seus fantasmas permaneçam no lugar onde ela os decidiu encerrar há muito tempo. São duas posições antagónicas que geraram conflitos e adensaram a narrativa. Foram também estas posições que possibilitaram o crescimento das personagens e um melhor reflexo daquilo que eram as vulnerabilidades de cada uma delas. Além disso, a partir daqui que novas informações sugiram com o avançar da narrativa. Alguns aspetos eram previsíveis, mas a escritora conseguir criar bons pontos de tensão e interrogação no leitor. Assim, apesar de eu já desconfiar de algumas coisas relacionadas com Pieta, o meu interesse na narrativa manteve-se. Isto aconteceu porque a minha maior motivação era aceder ao universo emocional desta personagem.
Para mim, o ponto forte do livro está relacionado com a tentativa da autora em desmistificar o papel de vítima. Há fatores de risco que aumentam a vulnerabilidade de uma pessoa e, consequentemente, fazem disparar a probabilidade de se ver envolvida em determinadas situações de risco e/ou perigo. Por exemplo, ser-se mulher aumenta a probabilidade de ocorrência de situações de abuso sexual; um bebé com um temperamento mais difícil aumenta o risco para a ocorrência de situações de maltrato ou negligência. É com base nos fatores de risco que, muitas vezes, se constrói o perfil da vítima. Porém, é essencial que haja sentido crítico e abertura para entender e assimilar situações que se possam afastar destes perfis.
Dorothy Koomson expõem esta situação de uma forma muito compreensiva. Além disso, foi capaz de construir cenas que sensibilizam para a importância de não nos agarrarmos àquilo que são os "típicos" perfis de vítima. Foi a primeira vez que me cruzei com esta abordagem nos livros. Considero que o assunto foi bem abordado, quer pelo lado das vítimas, expresso no receio de pedir ajuda policial pois sentiam que as suas queixas seriam ignoradas; quer pelo lado das autoridades/pessoas próximas da personagem que desvalorizavam os pedidos de ajuda por não acreditarem nas histórias nem no estatuto de vítima associado àquela pessoa. É muito importante termos consciência dos fatores de risco que aumentam a vulnerabilidade humana, pois são eles que ajudam a delinear intervenções dirigidas aos grupos que pretendemos capacitar e, também, facilitam a ativação de estratégias de apoio. No entanto, estes fatores de risco não devem ser olhados de uma forma inflexível, uma vez que ela nos pode cegar perante situações diferentes.
O final é imprevisível e bastante surpreendente. Dificilmente me irei esquecer das reviravoltas que as realidades da Pieta e da Jody sofreram, bem como da revelação do assassino da venda.