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Por detrás das palavras

Opinião | "A vida sem ti" de Tânia Ganho

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É o segundo livro que leio da Tânia Ganho e prevaleceu a mesma sensação da leitura anterior: a dificuldade em me conectar com as personagens e em sentir empatia pelas fragilidades das mesmas. 

Neste livro acompanhamos a história da Ana, uma jovem mulher que procura ser amada. É nas suas buscas pelo amor que conhece Richard, um homem que vai lhe mostrar o lado feio do amor. 

Numa escrita muito cuidada e limpa, fui acompanhando os desafios e os conflitos internos da Ana sem nunca me sentir perto dela ou conectada. Era apenas uma leitora espetadora que assistia de forma passiva e pouco envolvida ao desenrolar das situações que iam pautando o quotidiano desta mulher.

Poder-me-ia ter sentido desolada e zangada com a vida que ela vivia com Richard; poder-me-ia ter sentido triste com a dor do seu luto familiar; poder-me-ia sentir compaixão pela sua vida laboral. Tantos sentimentos que me poderiam ter surgido, mas simplesmente lia as coisas de forma extremamente desligada. Talvez não tenha gostado da Ana, talvez me tenha revoltado com as suas más escolhas, talvez não me identificasse com o seu padrão de vida. E no meio destes talvez fui apenas uma leitora passiva que estava um pouco impaciente para chegar ao momento de rutura da narrativa que representasse uma real mudança na apatia a que a Ana se tinha entregado. 

Não fica muito deste livro. Nem pelo bem, nem pelo mal. Persiste a sensação de uma leitura mediana, que me foi entretendo as viagens para Braga. 

Ainda não desisti de Tânia Ganho, mas aguardo com alguma ânsia por uma história que toque o meu coração e me ligue às personagens.

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Opinião | "Sei lá" de Margarida Rebelo Pinto

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Margarida Rebelo Pinto é uma autora com bastante espaço na literatura em Portugal. É mulher que escreve sobre mulheres. 

Não é uma autora desconhecida para mim, mas o crescimento e o amadurecimento enquanto leitora fizeram-me perder o encanto nas suas obras.

Tinha visto o filme que foi adaptado deste livro e fiquei com curiosidade em ler. 

Madalena é a personagens central. Através dela, o leitor fica a conhecer as suas amigas, as personalidades, sonhos, ambições e comportamentos de cada uma delas. 
São personagens que abarcam alguns estereótipos que fazem com que a leitura perca um pouco do seu entusiasmo. Não me identifiquei com aquelas mulheres apesar de estar na mesma faixa etária e isso afastou-me da leitura. 

Acabei por terminar facilmente o livro. Apesar do conteúdo narrativo não me ter entusiasmado, o livro é relativamente pequeno e a escrita é muito fluída. Não exige muito poder de concentração ou de ligação ao livro.

É um livro que retrata a sociedade dos anos 90, o que pode ser interessante para quem quiser conhecer um pouco da sociedade da altura do ponto de vista de mulheres adultas, com formas distintas de olhar para a vida.

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Opinião | "Cuba libre" de Tânia Ganho

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Não é da atualidade o meu desejo de ler uma obra da Tânia Ganho. Em 2020, a autora ganhou um bom destaque com o seu livro "Apneia", mas o meu interesse é muito anterior a isso. Ele surgiu depois de uma pessoa ter lido "A mulher casa" e me ter falado maravilhas do livro. 

O preço deste livro é muito bom, só por isso merece ser lido. Contudo, a qualidade deste livro é inegável. Fiquei maravilhada com a escrita da Tânia Ganho. É uma escrita que parece ser um pouco elaborada; mas quando mergulhamos a fundo na história que ela nos apresenta, é como se estivéssemos perante um rio de água cristalina onde conseguimos ver o fundo.

Quanto à narrativa em si, a minha experiência caracteriza-se tendo em conta diferentes fases de leitura. Não me consegui apaixonar pelas personagens nem pelos acontecimentos que elas relatam. Por vezes, senti que a relação que eu tentava estabelecer com elas se quebrava com os avanços e recuos temporais da narrativa. 

A ação centra-se em Clara. Acompanhamos a sua vida desde a adolescência até à idade adulta. Não é uma personagem fácil de se gostar. Ela é extremamente volátil, cínica e pouco assertiva nas suas ideias. É uma mulher emocionalmente confusa e essa confusão passou para mim e exasperou-me. Acho que só no final consigo atingir um grau de compreensão para a forma como ela dirigiu a sua vida. Contudo, sobra a frustração de perceber que ela não lutou assim tanto pela sua individualidade. Parece que andou a flutuar no tempo, passando pelas pessoas sem deixar que grande parte delas acedesse àquilo que ela realmente era.

Não é uma personagem irreal ou mal construída, muito pelo contrário. Acho que existem pessoas assim e cujas vidas mergulham numa complexidade estranha aos olhos dos outros. É verdade que me irritei com esta Clara algumas vezes, mas até aqui se vê a qualidade com que a escritora conduziu a sua obra.

Não é uma história memorável ou capaz de permanecer no meu coração. Foi um boa estreia com a escritora e quero conhecer mais obras.

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Opinião | "Marquesa de Alorna" de Maria João Lopo de Carvalho

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Foi a ler romances históricos que eu percebi o quanto gosto de História. Tive História até ao 9º Ano do ensino básico. Gostava bastante da disciplina e dos conteúdos; mas, afinal, gostava mais do que aquilo que eu pensava. Muitas vezes, após ler um romance deste género, dou por mim a pesquisar mais sobre as pessoas, os acontecimentos e os locais. 

"Marquesa de Alorna" não me levou a pesquisas adicionais porque teve detalhe suficiente para me satisfazer a minha curiosidade. É um livro bastante detalhado, com muitos pormenores históricos e deixa que se conheça em profundidade a vida daquela que se tornou a Marquesa de Alorna.

A narrativa inicia-se em 1755, onde o terramoto do dia 1 de Novembro é usado como referência histórica para a narração dos acontecimentos. Seguem-se muitos outros marcos Históricos, acontecimentos que abalaram Portugal, a Europa e o Brasil e todos eles serviram de apoio à história de vida de Leonor. 

É um livro extremamente bem escrito. Apesar de algumas partes serem mais densas, nunca me senti aborrecida com a leitura. A narração mantém um bom ritmo, sempre com coisas relevantes a acontecer. Os capítulos curtos também ajudaram imenso, deixando a sensação de que a leitura avança de forma bastante fluída.

Leonor, a personagem central, era uma mulher com uma personalidade e espírito único. Ela respirava criatividade, talento, conhecimento... Foi uma mulher à frente do seu tempo. Uma mulher curiosa em relação ao mundo e àquilo que ele tinha para lhe oferecer. Lutou pelo espaço feminino e pelas suas ideias. Sempre defendeu a voz das mulheres e teve a ousadia de se afirmar nas diferentes cortes por onde passou. Uma personagem da nossa História com ideias e lutas que ainda hoje são atuais. Só me aborreci com os seus "achaques", doenças e a forte ligação à religião. Porém, atendendo à contextualização social da época a questão da religião faz sentido. 
Cheguei à conclusão que Leonor tinha um lado um pouco maluco que permitia que ela levasse tudo à frente. Foi apaixonante conhecê-la! A vida dela, as suas paixões, os seus amores e desamores e as suas lutas fascinaram-me e deixaram-me a pensar sobre a coragem que ela precisou para derrubar os preconceitos que imperavam naquela época e nos meios onde ela circulava.

"Marquesa de Alorna" é um livro muito rico, quer no conteúdo quer na forma brilhante com que a narrativa foi conduzida. 
Nunca tinha lido nada de Maria João Lopo de Carvalho. A experiência muito positiva desta leitura deixou em mim a vontade de ler mais obras desta escritora portuguesa.

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Opinião | "À espera de Moby Dick" de Nuno Amado

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A leitura de opiniões ao livro "À espera de Moby Dick" permitiram-me perceber que o livro parece pouco consensual. Há leitores a manifestarem um verdadeiro agrado pelo livro e outros a quem o livro não encantou. 
Sou naturalmente curiosa. Gosto de ler opiniões aos livros que leio, mas reconheço que elas não influenciam muito a minha decisão de ler ou não ler determinado livro. Leio essas opiniões com o intuito de gerar a minha própria discussão ou de discutir o livro com o outro leitor
Como sabemos, o universo literário é extremamente subjetivo e, por isso, aquilo que eu gosto/ não gosto poderá não ser aquilo que o(a) outro(a) gosta/ não gosta. Para mim, é nesta incerteza afetiva literária que reside a magia dos livros e o processo pessoal de descobrir as histórias.

O que é que me atraiu para este livro?
Para além da dualidade de opiniões, o facto de ser escrito de forma epistolar e a história estar centrada no desenvolvimento pessoal de um homem foram aspetos que me empurraram para a leitura deste livro.

A personagem principal deste livro é um homem sem nome, o que na realidade poderia ser qualquer homem à face da terra. Um homem comum, com aflições e problemas que poderiam pertencer a qualquer um dos mortais. Penso que este seja o motivo para que este nosso personagem não tenha um nome próprio. Uma espécie de personagem-tipo, alguém que representa um grupo de pessoas.

Este homem atravessa uma fase de vida complicada. Está em busca de uma "cura" para as suas dores emocionais e decidi mudar-se para o Açores, considerando-o como um bom local para ganhar forças. Lá começa a sua correspondência com um amigo. Esta correspondência é unidirecional e isso deixou-me chateada porque me pareceu que faltava qualquer coisa.

Há cartas mais interessantes do que outras. Os acontecimentos que vão pautando o livro nem sempre conseguiram captar o meu verdadeiro interesse.
Foi uma leitura suave, mas sem os ingredientes suficientes para que se tornasse numa leitura memorável e verdadeiramente inspiradora.

A escrita é boa e cuidada, mas não foi o suficiente para me fazer vibrar com a história. Porém, foi suficiente para deixar em mim a vontade de quer ler outros livros do escritor e, assim, tentar definir melhor a minha opinião.

Classificação
 

Opinião | "O Rio das Flores" de Miguel Sousa Tavares

P_20190919_113719.jpgClassificação: 4 Estrelas

Em 2013 li o livro "Equador". Dessa leitura ficou-me a escrita agradável e uma história interessante e cativante. Ficou-me, também, a vontade de ler mais obras do escritor. Fui sempre adiando! Este ano, e depois do miserável números de escritores nacionais que li no ano passado, tinha de pegar neste livro.

A escrita bonita e agradável mantém-se. Em nada aborrece a forma como o escritor escolhe contar a história dentro da História de Portugal e do Mundo. Fui avançando na leitura, umas vezes com mais rapidez, outras com a velocidade lenta imposta pelas rotinas do dia. Assim, a demora na leitura deste livro (quase um mês) em nada se deveu à falta de qualidade do mesmo ou à existência de algum tipo de aborrecimento. 

Achei este livro mais masculino. A história é muito centrada nos homens da família Ribeiro Flores e as mulheres que vão surgindo não têm o destaque merecido. 
O livro apresenta-nos uma viagem de 30 anos de História. A Primeira República Portuguesa, a Guerra Civil Espanhola, o Estado Novo e agitação política Brasileira na década de 30 servem de cenário a Manuel e Maria da Glória, a Diogo e Amparo, a Pedro e a Angelina. 

De todas as personagens, Maria da Glória foi aquela que reuniu a minha maior simpatia. Os meus sentimentos por ela foram consistentes ao longo de todo o livro. Para as outras personagens desenvolvi sentimentos um pouco antagónicos. Simplesmente, havia coisas que eu gostava e coisas que não gostava. Não é uma experiência necessariamente má, o problema foi aborrecer-me com algumas coisas que faziam. 
Diogo deixava-me os cabelos em pé. Gostava do seu perfil liberal e idealista, mas depois tinha comportamentos demasiado imaturos, que não acompanhavam a minha ideia de evolução pessoal. Pedro é muito consiste ao longo da obra. Uma personagem muito dura, muito agarrada ao regime e às hierarquias sociais. Um homem embrutecido que o amor amoleceu, transformou. Porém, foi este mesmo amor que o embruteceu ainda mais. Houve rasgos de humanidade em algumas situações de maior brutalidade, mas não foram suficientes para que eu criasse uma boa ligação com esta personagem.
Quanto às mulheres, gostei de Angelina e da forma como manifestava a sua independência e feminilidade. Uma personagem que soube a pouco. Amparo também me deu cabo dos nervos. O escritor descrevia-a como sendo detentora de uma fibra e de uma personalidade vincada que eu não consegui identificar. Chegou a uma altura em que ela optou por uma posição mais passiva, de vitimização... Acho que foi incapaz de lutar por aquilo que ela dizia fazê-la feliz. 

O que alguns leitores acham aborrecido, os conteúdos históricos, eu achei interessante. De todos os períodos históricos narrados, confesso que o contexto brasileiro foi o que mais despertou o meu interesse. Algumas coisas já conhecia (os acontecimentos relacionados com Olga Benário e Luís Carlos Prestes), outros foram novidade (agitação política brasileira). 

Apesar de ter gostado muito do livro, não me conseguiu cativar tanto como o "Equador". Porém ficam as boas memórias da leitura, a aprendizagem história e a escrita suave que embalou ao longo destas páginas.

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