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Por detrás das palavras

Por detrás da tela | "Um dia de mãe"

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Tenho aqueles dias em que o meu cérebro precisa de desligar, em que precisa de receber uma estimulação mais passiva. No fundo, preciso de estar a fazer algo que não me obrigue a pensar muito, nem que me leve por reflexões intermináveis. Nestes momentos, apostar num filme de comédia é garantia de sucesso para o descanso cerebral.

Foi precisamente num desses dias que decidi apostar no filme Um dia de mãe. Fui bem sucedida na escolha. Um filme divertido e com um tom bem-disposto que me ajudou a desligar do mundo. É um filme focado em diferentes relações humanas: relações de casal (heterossexual e homossexual); relações entre pais e filhos(as); relações entre ex-casais; e, relações entre irmãos. 

Luto e preconceito são duas temáticas presentes no filme. Não foram abordadas de forma pesada, não me incomodaram, nem me chocaram. Senti que o tom positivo e descontraído conferido a estas situações ao longo do filme, não as minimizou aos meus olhos, nem lhes retirou importância. Foram abordadas de uma forma que ajuda a pensar no impacto das mesmas nas relações humanas, mas há espaço para a mudanças e para que a resiliência prevaleça. 

O divórcio é outra temática que figura na linha narrativa deste filme. Foi muito engraçado assistir a este núcleo de personagens. A forma como a família se organizou deixou espaço para explorar emoções menos prazerosas, ao mesmo tempo que deixou espaço para o desenvolvimento de relações saudáveis e onde as crianças e a sua proteção assumiu o maior interesse das crianças. 

Um dia de mãe é um excelente filme para um momento descontraído em família e para que as pessoas se possam inspirar em forma de relacionamento menos tóxicas e mais protetoras das pessoas com quem nos relacionamos. 

Por detrás da tela | "A dama de ferro" (2011)

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O meu ano cinematográfico de 2022 não foi muito ativo. Vi poucos filmes e poucas séries, algo que quero que seja diferente este ano.

Gosto muito de ver filmes biográficos pela possibilidade de conhecer um pouco de figuras históricas que marcaram a época em que viveram. 

A dama de ferro é um drama biográfico baseado na vida de Margaret Thatcher, uma política britânica que ocupou o cargo de primeira ministra do Reino Unido entre 1979 e 1990.

Não quero discutir e esmiuçar as escolhas políticas de Thatcher, acho que, como qualquer outro político, fez boas e más escolhas. Das suas escolhas políticas, conseguiu agradar a algumas pessoas e a outras não. Foram escolhas e, na cabeça dela, elas teriam sentido. O que é inevitável é a forma como ela marcou a história de um país e o papel das mulheres na esfera política.

Se de facto tudo aconteceu como é retratado no filme, reforço que admiro a forma como esta mulher lutou por ser ouvida num universo inteiramente masculino. Uma mulher com ideias certas que foi perdendo o medo de as partilhar num grupo de homens. Tinha objetivos definidos e lutou por eles. Numa luta de cedências e mudanças foi ganhando voz no meio político e alcançou o lugar que talvez nos inícios nunca lhe tinha passado pela cabeça. 

Outro aspeto que despertou a minha atenção e me deixou muito sentimento positivo foi a relação que ela construiu com o marido. Um homem que a incentivou, que a fez ir mais longe porque não a limitou à tarefa de dona de casa. É certo que ela esclareceu logo no início da relação que não se revia no estereótipo da mulher que fica em casa a cuidar dos filhos. Ela queria e precisava de algo mais na sua vida. E este homem, apesar do período histórico em questão, aceitou, incentivou e fez com que ela crescesse e desenvolvesse as suas capacidades. 

Numa análise mais formal à sequência do filme, inicialmente foi confusa para mim. Não é uma narrativa linear. Há o tempo principal da história que é complementado com recuos ao passado de Thatcher e à sua ascensão no universo político. Com o avançar do filmes, as coisas foram-se tornando mais claras e contextualizadas e fiquei mais conectada com a história. 

Foi o primeiro filme que vi em 2023 e considero que foi uma boa forma de inaugurar o meu ano cinematográfico. 

Por detrás da tela | "Gambito de dama" (2020)

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Poderia ser apenas uma série sobre xadrez, contudo Gambito de dama conseguiu oferecer-me enormes momentos reflexivos ao mesmo tempo que me deixou completamente fascinada pelo jogo.

A série é a história de Beth, uma jovem com um percurso de vida complexo que vai determinando a evolução da narrativa. Cada episódio é uma verdadeira avalanche de emoções, vicia; fidelizou-se à série de uma forma verdadeiramente obsessiva. Foi muito fácil ver os nove episódios em dois dias, porque a forma como se me senti absorvida motivou a necessidade de conhecer o percurso desta rapariga, fascinar-me com o seu prodígio e a sua resiliência; mesmo nos momentos em que quebra e se embrenha em comportamentos menos saudáveis.

Ao longo dos episódios conhecemos uma Beth criança, onde uma fatalidade faz com que ela seja acolhida num orfanato. Este local irá alicerçar o melhor e pior da sua vida. Aqui ela irá desenvolver um talento admirável, irá adquirir capacidades que lhe permitirão afirmar-se num meio dominados pelos homens. Por outro lado, será o local que a fará conhecer o lado das dependências, aspeto que a destruirá ao longo do seu percurso de vida. Apesar tudo, o crescimento da Beth e aquilo que ela alcance mostram que o nosso passado não determina o nosso futuro. Temos sempre a possibilidade de construir uma versão mais positiva ou mais negativa do nosso futuro. E é aqui que vamos assistindo o desenvolvimento da resiliência de Beth e a procura por uma versão melhor de si mesma. 

O talento e a inteligência de Beth andam de mãos dadas com o seu sofrimento psicológico. Ela busca no xadrez a forma de cobrir os buracos emocionais que caracterizam a sua essência. Há momentos de desconforto, onde queria abraçar a Beth e mostrar-lhe que haviam mais caminhos para além daqueles por onde ela enveredava. E eu não estava sozinha nesta vontade. A série demonstra a importância de ouvirmos as mentes lúcidas que nos rodeiam e que nos ajudam a desenvolver a melhor versão de nós próprios, mas para isso precisamos de estar disponíveis para adotar essa versão. Beth precisou de algum tempo para interiorizar esta constatação.

De facto, não devemos tornar-nos escravos das nossas paixões. É importante que não vivamos obcecados pelos nossos interesses, para não corrermos o risco de sermos engolidos por eles ao mesmo tempo que anulamos todas as outras áreas da nossa vida.  

Mas a vida é aprendizagem e os nossos talentos devem ser cuidados e alimentados, mas isto a Beth sempre soube como fazer. Foi curiosa, autodidata! Tornou-se numa verdadeira inspiração.

Acredito que o sucesso da série advenha das brilhantes interpretações, do guarda roupa lindíssimo e da banda sonora que dá uma tonalidade ainda mais especial às cenas. Pessoalmente, sinto que a série será inesquecível pois viverá na minha memória por muito tempo.

Por detrás da tela | "Doce" (2021)

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No ano passado, a RTP 1 exibiu a série DoceEsta série retrata a vida da primeira girls band e, pelo que li, é uma versão mais alargada do filme Bem bom.

Acho que esta banda povoa o imaginário de muitos portugueses. A mim deixa-me uma especial reflexão: a banda terminou antes de eu nascer, mas as músicas delas fizeram parte da minha vida. Tinha primas mais velhas que tinham as músicas das Doce, gravadas em cassetes. Hoje temos música acessível através da internet. Naquela altura, esperava-se que a música passasse na rádio para a gravar em cassetes. Eu também fiz as minha gravações em cassetes.  

Há sempre uma curiosidade mista em conhecer melhor a história de pessoas que fazem parte da História cultural de um país. Esta curiosidade é ainda maior, quando temos consciência que a obra venceu o esquecimento e se impõe ao tempo. Eu sentia isso em relação às Doce.

Ter a oportunidade de conhecer a história de vida deste grupo de mulheres foi um enorme privilégio. Num país onde as marcas da ditadura ainda se faziam sentir, quatro mulheres desafiaram uma sociedade conservadora, cinzenta e brilharam com as suas músicas divertidas e contagiantes. Em muitos momentos tiveram de se impor, de mostrar a sua força e fazer frente ao machismo que não lhes reconhecia o talento e a forma especial de dar voz às suas canções. 

Além disso, conseguimos acompanhar o crescimento delas enquanto artistas e a forma como a relação entre elas foi sofrendo com as pressões e com o mediatismo que cresceu à volta delas. É muito interessante olhar para esta história de vida e refletir sobre a evolução das relações, a conquista dos sonhos e a condição feminina num Portugal dos anos 80. 

Esta minha perceção resulta daquilo que eu inferi da série. Acredito que o argumento tenha sido o mais próximo possível da realidade. As atrizes referiram que chegaram a conversar com os elementos das Doce para construir as suas personagens. 

A série está muito bem conseguida. Eu fiquei vidrada nos cenários, nas interpretação e a banda sonora fez-me viajar até à infância. Estou com imensa curiosidade em ver o filme, mas estou ciente que os assuntos não foram abordados com a mesma profundidade. 

Por detrás da tela | "Elementos secretos" (2016) e "A ganha pão" (2017)

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Quando li o livro "Elementos secretos" fiquei um pouco desiludida. Achei um livro demasiado factual e de leitura pouco aliciante. Estava muito curiosa para perceber como é que a adaptação tinha sido feita. E que bela surpresa eu encontrei!

O filme está extremamente fiel ao livro, porém a transformação dos factos em imagens ofereceu um tom mais realista e envolvente à história de Katherine, Dorothy e May. É muito entusiasmante assistir à transformação que estas mulheres operaram no mundo da engenharia, da astronomia e da matemática. Mulheres, negras a vencer e a lutar num mundo dominado por homens brancos.

A ação decorre numa época em que a população negra ainda se confrontava com muitas barreiras, como por exemplo casas de banho e escolas só para população negra. As oportunidades eram muito diferentes e estas mulheres sofriam isso.

Para mim, o filme foi muito bem conseguido e transmite uma mensagem inspiradora.

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"A ganha pão" é uma verdadeira obra prima. É um filme sensível, duro e que dá voz a uma realidade tão dolorosa e à qual não devemos ignorar.

Parvana é apenas uma menina de apenas de 11 anos que vê a sua vida mudar com a chegada dos Talibã ao Afeganistão. O pai acaba por ser preso injustamente e ela, a irmã e a mãe ficam numa situação extremamente delicada. Pelas regras Talibã, as mulheres não podem trabalhar fora de casa, nem andar na rua sem estarem acompanhadas por um homem da família.

Esta criança reinventa-se e tentar salvar-se a si, à sua família e ao seu pai. Parvana corta o cabelo, veste roupa de rapazes e infiltra-se numa realidade de injustiças que revolta o espetador. 
Foram tantas vezes que me apeteceu saltar para dentro do ecrã e abraçar Parvana. Queria dar-lhe colo, queria mostrar-lhe que há lugares onde as meninas e as mulheres podem sê-lo em liberdade. Podem estudar, escrever histórias e vivê-las. 

O poder das histórias também está muito bem representado. São as histórias que inspiram esta menina, que lhe dão coragem e força para fazer frente à realidade com que é confrontada.

Foi o último filme que vi em 2021. Ficar-me-á na memória e vou querer rever pela beleza da mensagem e para não me esquecer que ainda há lugares no mundo onde as meninas só conhecem a liberdade através da sua imaginação.

Por detrás da tela | "A forma da água" (2017), "Bohemian rhapsody" (2018) e "Suite francesa" (2014)

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A forma da água
Tinha enormes expetativas em relação a este filme. É claro que estas expetativas eram fruto de tudo o que se já se partilhou sobre este filme e pelo facto de ter ganho o Oscar de melhor filme. 
Eu não sou fã de fantasia em livros, mas em filmes até costumo gostar. Porém, acho que a fantasia foi um grande problema para mim. Que monstro tão temível e poderoso era aquela que precisou de alguém para o salvar? 

Realmente esperava algo mais deste monstro aquático. Inferiorizaram demasiado este ser sobrenatural, o que acabou por lhe retirar o encanto.

A Elisa é uma personagem curiosa. Achei alguma piada ao seu feitio mais introvertido e a forma como se entregava, resignadamente, à rotina diária. O monstro veio abalar a sua pacatez e fê-la descobrir o amor. Alguém que se sentia diferente, precisava de uma pessoa diferente na sua vida. O monstro veio dar uma nova vitalidade à vida desta mulher. 

As imagens são muito bonitas e oferecem um dinamismo muito bom ao filme. Enchem o olho e prenderam-me ao ecrã.
A história não é tão cativante como eu pensava. Tem um final bonito, mas não foi suficiente para se tornar um filme memorável.

Bohemian rhapsody
As músicas dos Queen são intemporais. Gosto de quase todas e adoro ouvi-las. É difícil escolher uma, porque cada uma delas revela um pouco da criatividade musical dos elementos deste grupo. É claro que o Freddie Mercury se destacava. Um homem inteligente e com um talento inigualável para a música. Morreu demasiado cedo. Tens noção da quantidade de boas músicas que ela ainda nos poderia ter deixado? Este foi o pensamento que me ficou depois de ver o filme. O mundo da música perdeu imenso com a morte deste homem. Perdemos um bom cantor e um excelente compositor. 

Acho que é complicado saber até que ponto a realidade do Freddie foi exatamente apresentada no filme. Porém, acho que o filme foi muito bem conseguido. Despertou em mim emoções, reflexões e deixou-me a pensar no homem que estava por detrás de um cantor brilhante. Ficou-me a ideia que ele tinha tanto genialidade como de personalidade difícil. Penso que era tanta a criatividade dentro dele que, por vezes, era difícil gerir. E esta gestão levou-o, muitas vezes, a não fazer as escolhas mais acertadas no seu percurso de vida e na forma como ele escolhia manter e desenvolver as suas relações.

Admiro a relação que ele construiu com a Mary. A pessoa com quem ele conseguiu experienciar diferentes tipos de amor. A dedicação que ela lhe ofereceu é enternecedora e deixou-me com a sensação de que ela deverá ser uma pessoa sensível e boa. 

É de louvar todas as interpretações, mas Rami Malek merece destaque. Eu adorei a interpretação dele e a forma como ele se entregou ao papel de Freddie Mercury. Acho que é daqueles trabalhos que ele jamais esquecerá.

Ficarão para sempre as músicas dos Queen e o lado mais conturbado da vida daquele que deva voz à música.  

Suite francesa
As minhas memórias acerca deste filme já são escassas. Apenas guardo a sensação de ter gostado e uma memória muito particular do final com uma reviravolta cheia de dramatismo. 

A ação do filme decorre durante a ocupação alemã em França, na Segunda Guerra Mundial. Só por este aspeto, dá para perceber que o drama será o guia de toda a narrativa.

Um bom filme para ocupar uma tarde de domingo. 

Por detrás da tela | "Book club" (2018), "O grande showman" (2017), "O impossível" (2012), "Antes de vos deixar" (2017) e "Blue valentine" (2010)

Tenho imensos filmes para partilhar contigo, por isso estou a condensar muitas partilhas num só post. O objetivo é só deixar os filmes vistos em dezembro para partilhar em 2022. 

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"Book Club"
Este é daqueles filmes super descontraídos que tornam uma tarde de domingo bastante risonha. 
É um filme onde os livros dividem protagonismo com quatro amigas que alimentam um clube de leitura.
Um pouco cansadas da sua rotina decidem apostar numa leitura conjunta do livro "As cinquenta sombras de Grey". Aqui, fica lançado o mote para cenas divertidas e que me arrancaram umas boas gargalhadas.

É um filme que apresenta um conjunto de mulheres adultas, mas com espaço para viveram as suas fantasias e promoverem mudanças nas suas vidas. 

Os livros são um elemento de união e é interessante assistir à forma como eles representam um elemento importante no seu quotidiano.

"O grande showman"
Este filme é de 2017 e desde que uma amiga me falou do filme que andava com imensa vontade de o ver. 
É um filme que tem como premissa a busca pelos sonhos, o não desistir das nossas ambições e dos nossos projetos. Agora, qual o perigo de nos deixarmos ofuscar por estes mesmo sonhos ou pela grandiosidade das nossas conquistas?

A diferença e a valorização da mesma também é uma questão abordada no filme. A importância de valorizarmos as qualidades do outro e de lhe darmos uma oportunidade são elementos que acompanham muitas das cenas do filme. 

Os pontos de conflito surgem quando as conquistas ofuscam a realidade e impedem que se continue a valorizar aqueles e aquelas que estiveram presentes desde o início. 

São várias cenas que convidam à reflexão e a capacidade humana de corrigir os erros que cometeu.

Como bom musical, a banda sonora é inesquecível e essencial para o filme.

"O impossível"
A 26 de dezembro de 2004 alguns países da Ásia são atingidos por um violento tsunami. Eram muitas as pessoas que estavam a passar férias na Tailândia, um dos países mais afetados. Lembro-me bem das imagens que passaram na televisão e no horror da devastação que esta catástrofe natural provocou. 

Este filme, baseado numa história verídica, relata as vivências de uma família que sentiu esta tragédia. O filme é forte e oferece acontecimentos muito duros de assistir.
Sobreviver no meio do caos, num país com muitas carências no que respeita a cuidados de saúde e da facilidade com que as pessoas dispersavam perante a tragédia são aspetos muito vincados nos diferentes momentos do filme.

Considero que foi uma boa surpresa de 2021. Cruzei-me por acaso com este filme e foi um dos que mais gostei de assistir. 

"Antes de vos deixar" 
Os primeiros minutos deste filme foram um verdadeiro teste à minha capacidade de compreensão. O filme todo foi um verdadeiro teste à minha capacidade de concentração. A ação é muito repetitiva e este aspeto enfraqueceu a minha capacidade de atenção e de conexão com o filme. 

A premissa não é inovadora. Temos uma jovem que terá a oportunidade de viver várias vezes o seu último dia de vida. Nestas oportunidades, ela irá fazer uma análise do seu comportamento, das suas escolhas e das suas relações. 
Esta análise é interessante e levou-me, também, a refletir sobre a minha própria vida e as minhas escolhas. Contudo, este carácter repetitivo torna-se um pouco desgastante e torna o filme um pouco aborrecido.

Só depois de ver o filme é que me apercebi que ele é baseado no livro com o mesmo nome da escritora Lauren Oliver. Ainda não me decidi se quero ler ou não o livro. 

"Blue valentine - Só tu e eu"
De todos os filmes que estão neste post este é aquele que mais me desassossegou. É um filme com uma ação emocionalmente intensa e com uma enorme carga dramática. As boas interpretações e os planos certeiros das filmagens adensam a inquietação que o desenrolar da história foi deixando em mim.

Cindy e Dean são um casal jovem com uma relação extremamente desgastada. Decidem passar um fim de semana juntos com o objetivo de reacenderem as emoções que os uniram. Neste período de tempo, são apresentadas memórias que mostram todo o desenvolvimento desta relação. 

Há muitas dores e muitas feridas emocionais. Inquieta a forma como tudo se foi desenrolando na vida deles. Inquieta como as coisas se foram desmoronando e da incapacidade deles entregarem outro destino à relação.

É uma abordagem muito realista, muito crua e muito dura das relações humanas. 

Por detrás da tela | "Call me by your name" (2017) e After (2019)

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Call me by your name
Assim que terminei de ler o livro, achei que era uma boa ideia ver o filme. Foi a decisão mais acertada! 
Temos um filme bastante fiel ao livro, porém há passagens no filme que eu só as compreendi na sua totalidade porque tinha lido o livro (mais especificamente a sequência de cenas com os calções do Oliver). 
É um filme que cheira a verão. Que me fez querer ir uns dias para aquela casa, para aqueles pomares , só para sentir o cheiro da fruta madura e a frescura das águas. Isto resulta de um excelente trabalho na construção das cenas e numa boa captação dos cenários.

A narrativa do filme acompanha a narrativa do livro, exceto a parte final. A intensidade da história de Elio e Oliver, a descoberta daquele amor, as dificuldades em geri-lo são aspetos que fazem parte da ação central do livro e que aparecem muito bem representados no filme.

Eu estava com algum receio relativamente à forma como o livro seria transportado para o filme. Este receio tinha como base a minha experiência com a leitura. O livro é muito introspetivo. Vivemos a história sobre a perspetiva do Elio, sendo que grande parte do livro reflete as emoções, os pensamentos e as vivência deste jovem. 
Fiquei feliz quando vi e senti que o filme conseguiu captar esse lado mais introspetivo. Há muitas cenas sem grandes diálogos, há espaço para que os acontecimentos se desenrolem e que ganhem o protagonismo que merecem. Considero que isto também só foi possível devido às brilhantes interpretações de Armie Hammer (como Oliver) e Timothée Chalamet (como Elio). Na minha perspetiva, eles conseguiram encarnar muito bem as personagens que ficaram na minha cabeça após a leitura.

O final do livro dá-nos acesso a um pouco daquilo que foi o futuro de Oliver e de Elio. O filme não proporcionou essa possibilidade. Fiquei um pouco triste! Estava à espera que tudo estivesse ali representado.
Sei que o livro tem continuação e espero que o mesmo seja adaptado ao cinema.

After
Ao contrário do anterior, vi este filme sem ler o livro. Fi-lo porque não tenho muita vontade de ler os livros da série. Acho que são demasiado adolescentes para mim. Optei por ver o filme, porque me pareceu uma boa forma de desligar do stress do trabalho. 

O filme reúne um conjunto de clichés adolescentes. Acabaram por funcionar no filme, foi capaz de entreter. Contudo, penso que nos livros iria ser mais do mesmo e não me iria divertir ou entreter tanto.

Há ali alguma toxicidade na relação amorosa entre a Tessa e o Hardin. Não achei que estivesse romantizada, e considero que será um bom ponto de partida para um discussão com adolescentes sobre relações amorosas e sobre como as desenvolver. 

O Noah é muito desvalorizado e a relação que ele tem com a Tessa é um pouco estranha. Eles assumem-se como namorados, mas todo o comportamento sugere a presença de uma amizade. É uma relação um pouco oca, vazia... Deixa muito espaço à Tessa para ela achar piada a outras pessoas. Penso que ela poderia ter sido construída de outra forma para que o dilema da Tessa fosse mais intenso e fizesse pensar mais. 

É um filme que cumpre o seu propósito de entreter e fazer com que o telespetador desligue da realidade. 

 

Por detrás da tela | "Everything, everything" (2017), "Bel canto" (2018) e "Eurovision song contest: A história dos Fire Saga" (2020)

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Hoje partilho aqui no blog mais três filmes que vi nos últimos tempos. 

Everything, Everything 

Vi este filme numa tarde de grande preguiça. A premissa deste filme não é nada inovadora. Temos uma adolescente que tem de viver num ambiente esterilizado, sem contacto com outras pessoas, devido a um problema de saúde.

É um filme que permite pensar sobre alguns aspetos inerentes ao desenvolvimento humano e às necessidades dos adolescentes.
Privar uma adolescente de socializar com pessoas da sua idade é limitá-la no seu quotidiano e no seu desenvolvimento. Foi interessante assistir ao questionamento da Maddy e à sua crescente insatisfação perante a condição à qual ficou condenada. 

O filme tem um desenvolvimento previsível e isso deixou-me um pouco frustrada. Porém, considero que o enredo deixa algum espaço para reflexão sobre o comportamento dos adolescentes e do pais desses adolescentes. 

Bel canto

O meu desconhecimento relativamente a este filme era total. Vi que ele iria passar na RTP e coloquei a gravar para ver quando me apetecesse. 

O filme oferece-nos muitas histórias e diferentes perspetivas. Temos a Roxane Coss, uma cantora lírica, que foi convidada para um concerto privado num país da América do Sul que vivia sobre uma ditadura militar. O pretexto desta festa é o aniversário de Katsumi Hosokawa, um empresário japonês apaixonado por ópera. 
O que não estava nos planos daquelas pessoas era que a casa seria tomada de assalto por um grupo de guerrilheiros que exigia a libertação dos presos políticos e torna reféns os convidados da festa. 

As cenas do filme decorrem quase todas no mesmo espaço, não havendo grandes mudanças de cenário. Contudo, as mudanças emocionais e relacionais acontecem de uma forma muito intensa. Cada uma das personagens vai ganhando um pouco de destaque no filme e, por isso, foi muito interessante conhecer a personalidade, os interesses e as motivações de todos aqueles homens e mulheres.

Há períodos de grande tensão, mas outros onde o lado humano sobressai. As cenas finais são muito intensas e duras. Não estava à espera que as coisas acabassem de forma tão dura. O ter sido apanhada de surpresa deixou-me bastante impressionada. 

Eurovision song contest: A história dos Fire Saga

Eu sou apaixonada pela a Eurovisão, por isso este filme já andava debaixo de olho há muito tempo. A RTP 1 decidiu transmiti-lo no sábado da final do festival. 
O enredo centra-se no sonho de dois amigos: a participação na final da Eurovisão. 

Acho que o filme conjuga um lado mais cómico com outro mais sério. Se por um lado temos uma dupla aparentemente desajustada àquilo que são os objetivos da Eurovisão; por outro temos mensagens importante presentes na história destes dois amigos. A persistência, a importância de lutarmos pelos nossos sonhos e as relações que construimos com os outros são elementos muito marcantes no filme e que acabam por oferecer alguma profundidade ao filme.

Não é uma obra prima do cinema, mas é um filme engraçado, divertido e que aquece o coração. De bónus, ainda podemos assistir à participação de alguns cantores emblemáticos que passaram pelo palco da Eurovisão. É daqueles filmes que deixou em mim a vontade de o voltar a ver. 

Por detrás da tela | "A dog's journey" (2019), "Como não esquecer" (2018) e "Sei lá" (2014)

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Já há muito tempo que não vinha aqui partilhar os filmes que ando a assistir. Houve aí uns meses em que vi muitos e seguidos. Ultimamente não tenho visto tantos como gostaria. 
O mês de agosto será para colocar em dia todas estas partilhas

A dog's journey

Eu derreto-me com cães. São animais fieis, carinhosos, únicos. Marcam a vida de qualquer humano por quem passem. Este filme é uma continuação do filme A dog's purpose e permite ao espetador acompanhar as diferentes reencarnações de um cão. 

Há lugar para muitas emoções! É fácil rir com os momentos cómicos e chorar com aquelas situações construídas especialmente para nos mexer com as emoções. 

É um filme que nos ensino que o amor do nosso animal é eterno; que devemos apostar em pessoas que estimulem o nosso potencial e não nos desvalorize; que devemos manter por perto as pessoas que nos fazem bem e que nos ajudem a ultrapassar os nossos fantasmas; e que quando as relações são positivas e verdadeiras não há tempo nem distância que as destrua. 

A dog's purpose é daqueles filmes que irei rever sempre que me cruzar com ele.

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Como não esquecer

Como não esquecer  é uma comédia romântica bem engraçada e ótima para dias em que a nossa cabeça ande demasiado ocupada com as preocupações do quotidiano. 

A premissa não é novidade, temos uma homem que todos os dias, quando acorda, não se lembra de nada da sua vida. Quando acorda, perde algum do tempo da manhã a recordar quem é, o que faz, com quem se relaciona e como foi o seu passado.

Esta premissa irá desencadear uma série de situações caricatas e irá comprometer o romance que irá nascer.

Não é uma obra prima cinematográfica. Também não é um daqueles filmes que tenho vontade de rever. A sensação que me ficou foi de que ele apareceu no momento certo, foi fácil de ver, entreteve mas não marcou com a intensidade que outros filmes marcaram.

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Sei lá

Este foi um dos piores filmes que já vi na minha vida. 

Nunca li o livro que serviu de inspiração ao filme, mas não fiquei com vontade.

O filme é a história cliché de três mulheres de classe alta todas com vidas mais ou menos invejáveis. E depois há os estereótipos de sempre: a traída, a liberal, a abandona e a que só quer encontrar um romance igual ao que aparece nas páginas do livro.

Achei o filme deselegante, de difícil conexão e que me proporcionou um nível de entretenimento mediado. Vi-o mais pela curiosidade mórbida em saber como é que a vida daquelas mulheres se iria resolver do que pelo entusiasmo que o filme me provocada. Há uma tentativa de dar um toque policial ao filme, mas correu mal porque me pareceu muito artificial. 

É daqueles filmes que basta ver uma vez.

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