Estes dois desafios representam a minha maior derrota de 2022. Li pouquíssimos escritores portugueses e isso refletiu-se num desempenho medíocre nestes desafios.
Li cinco livros escritos por escritores nacionais. Gostava de inverter este resultado no próximo ano, mas não sei se irei consegui-lo.
De homens li dois livros: 1) A maldição do marquês, Tiago Rebelo 2) A máquina de fazer espanhóis, Valter Hugo Mãe
De mulheres li três livros: 1) Aquorea -Inspira, M. G. Ferrey 2) Intervenção psicológica com ludoterapia, Raissa Santos 3) A vida sem ti, Tânia Ganho
Isto fez com que só conseguisse completar cinco categorias no desafio Alma Lusitana.
Porto | Um livro que dê voz a minorias--> A máquina de fazer espanhóis, Valter Hugo Mãe Aveiro | Um livro com sabor --> Intervenção psicológica com ludoterapia, Raissa Santos Coimbra | Um livro com viagens dentro --> A vida sem ti, Tânia Ganho Leiria | Um livro de um autor pouco conhecido Évora | Um livro de capa azul--> A maldição do marquês, Tiago Rebelo Guimarães | Um livro só com uma palavra no título Sintra | Um livro sobre natureza Bragança | Um livro de/sobre famílias --> Aquorea -Inspira, M. G. Ferrey Gaia | Um livro de regressos/recomeços Lisboa | Um livro censurado Braga | Um thriller Óbidos | Um livro intimista/que conforta
Não é da atualidade o meu desejo de ler uma obra da Tânia Ganho. Em 2020, a autora ganhou um bom destaque com o seu livro "Apneia", mas o meu interesse é muito anterior a isso. Ele surgiu depois de uma pessoa ter lido "A mulher casa" e me ter falado maravilhas do livro.
O preço deste livro é muito bom, só por isso merece ser lido. Contudo, a qualidade deste livro é inegável. Fiquei maravilhada com a escrita da Tânia Ganho. É uma escrita que parece ser um pouco elaborada; mas quando mergulhamos a fundo na história que ela nos apresenta, é como se estivéssemos perante um rio de água cristalina onde conseguimos ver o fundo.
Quanto à narrativa em si, a minha experiência caracteriza-se tendo em conta diferentes fases de leitura. Não me consegui apaixonar pelas personagens nem pelos acontecimentos que elas relatam. Por vezes, senti que a relação que eu tentava estabelecer com elas se quebrava com os avanços e recuos temporais da narrativa.
A ação centra-se em Clara. Acompanhamos a sua vida desde a adolescência até à idade adulta. Não é uma personagem fácil de se gostar. Ela é extremamente volátil, cínica e pouco assertiva nas suas ideias. É uma mulher emocionalmente confusa e essa confusão passou para mim e exasperou-me. Acho que só no final consigo atingir um grau de compreensão para a forma como ela dirigiu a sua vida. Contudo, sobra a frustração de perceber que ela não lutou assim tanto pela sua individualidade. Parece que andou a flutuar no tempo, passando pelas pessoas sem deixar que grande parte delas acedesse àquilo que ela realmente era.
Não é uma personagem irreal ou mal construída, muito pelo contrário. Acho que existem pessoas assim e cujas vidas mergulham numa complexidade estranha aos olhos dos outros. É verdade que me irritei com esta Clara algumas vezes, mas até aqui se vê a qualidade com que a escritora conduziu a sua obra.
Não é uma história memorável ou capaz de permanecer no meu coração. Foi um boa estreia com a escritora e quero conhecer mais obras.
Tal como o ano passado, não consegui ler seis livros escritos por homens. Já no que respeita a livros escritos por mulheres, ultrapassei o número seis.
6 livros escritos por homens 1. "O teu rosto será o último", João Ricardo Pedro 2. "A célula adormecida", Nuno Nepomuceno 3. "Quando o sol brilha", Rui Conceição Silva 4. "A mão que mata", Lourenço Seruya
6 livros escritos por mulheres 1. "A rainha desejada", Telma Monteiro Fernandes 2. "Encontro em Itália", Liliana Lavado 3. "Acredita: A vida sabe o que faz", Júlia Domingues 4. "A breve história da menina eterna", Rute Simões Ribeiro 5. "O cavalheiro inglês", Carla M. Soares 6. "Até os comboios andam aos saltos", Célia Correia Loureiro 7. "Cuba libre", Tânia Ganho 8. "Sei lá", Margarida Rebelo Pinto
Estou bastante satisfeita com este resultado. Estou longe de números antigos no que respeita a leituras de livros escritos por autores(as) nacionais, por isso será sempre um comportamento a melhorar.
Quantos livros de escritoras nacionais leste ao longo de 2021?
Descobri a minha paixão por romances históricos já tarde no meu percurso de leitora. Talvez tenha acontecido porque o meu interesse pela História também chegou já no final da adolescência. Hoje em dia é sempre com algum entusiasmo que me "atiro" numa leitura com uma forte componente histórica.
"A Rainha Perfeitíssima" é um livro dedicado à Rainha D. Leonor, que é, também a narradora de todos os acontecimentos.
A sequência narrativa é muito confusa. Ainda ponderei se esta confusão advinha dos meus escassos conhecimentos relativamente a este período da História de Portugal. Porém, já li outros livros históricos, que retratavam épocas e acontecimentos completamente desconhecidos para mim e com os quais não senti nenhuma dificuldade. Aliás o meu conhecimento no fim da leitura aumentou. Por esta razão, considero que o problema está mesmo no livro, mais especificamente na forma como a história foi contada. A leitura tornou-se um pouco aborrecida. Os factos eram narrados de uma forma demasiado factual. Faltou um toque mais emocional. Faltou a inclusão de elementos capazes de enriquecer aquilo que D. Leonor ia contando.
Na capa prometia: "Esta é a história de Leonor de Lencastre, a mais culta e rica das rainhas portugueses. E também a mais trágica". No meu entender, ficou-se pela promessa porque os acontecimentos narrados eram desprovidos de emoção e intensidade ilustrativas de uma vida trágica. Também é um livro carente na capacidade de mostras as características das personagens que integram a narrativa. Há demasiada narração e pouca demonstração.
Paula Veiga tem outro livro publicado, também ele um romance histórico. Ainda não sei se quero ler. Preciso de tempo para esquecer esta leitura. Talvez, mais tarde, depois de esquecer esta leitura, dê uma nova oportunidade à escritora e, assim, ter a oportunidade de construir uma opinião mais sólida.
Ano: 2002 Número de páginas:122 páginas Classificação: 5 Estrelas
Opinião
Trouxe este livro da biblioteca para o desafio Português no Feminino, porém quando me deparei com a altura de o ler a vontade não era muita. Olhava para ele e não sentia vontade de o ler, mas não tinha outro para ler e não queria, agora na reta final, não cumprir com o desafio acabei por lhe pegar. E ainda bem que o fiz.
Contas e lendas de Macau é um livro que reúne seis contos sobre a cultura oriental que são uma verdadeira delícia.
Os contos são os seguintes:
As árvores que ninguém separa (5 Estrelas)
O que sabem os pássaros (5 Estrelas)
As mãos de Lam Seng (4 Estrelas)
Uma voz no fundo das águas (4 Estrelas)
Um estranho barulho de asas (5 Estrelas)
O templo da promessa (5 Estrelas)
Cada conto, à sua maneira, aborda um tema que lhe têm associado uma lição de moral.
É uma leitura rápida e interessante. Retiramos, sempre, alguma reflexão importante de cada um dos contos.
Ano: 2014 Número de páginas: 13 páginas Classificação: 2 Estrelas Sinopse: Aqui
Opinião
Como este mês o tempo para ler foi escasso, decidi-me por um conto para o desafio mensal Português no Feminino.
Atendendo ao facto de em Outubro festejar-se o Dia das Bruxas pensei que este seria um bom conto para ler de forma a assinalar a data.
Era um conto que eu já queria ler há muito tempo. Costumo visitar o blog da Nádia e, como já devem saber, estou sempre de olhos nas obras de autores e autoras portuguesas. Gosto de conhecer o seu trabalho e divulgá-lo.
Não adorei este conto. Foi uma leitura agradável, mas a escrita revela algumas falhas ao nível da construção da narrativa e das personagens.
A forma como a história é narrada consegue, em alguns momentos, manter o interesse e o mistério, mas há outros em que as coisas aparecem de forma repentina e com pouca articulação entre os factos. Falta, também, um certo envolvimento na escrita que me permita olhar para os acontecimentos como sendo situações que estão a ocorrer e não algo que me está a ser contado. Em alguns momentos, quando estamos a ler é como se um amigo nosso nos estivesse a contar o que se passou ali na rua recorrendo a um método meramente expositivo. Falta aquele elementos que nos leve para aquele lugar onde entramos numa quase inconsciência de estarmos perante uma situação fictícia.
Desta forma, posso afirmar que a ideia que está na base da construção da narrativa não é má, a forma como está desenvolvida é que não me deixou satisfeita.
Acho que foi um bom ponto de partida para a autora. É uma forma de ganhar experiência com a escrita e partir para novas histórias.
Autora: Rute Silva Correia Ano: 2014 Número de páginas: 208 páginas Classificação: 1 Estrelas Sinopse:Aqui
Opinião
O ano em que não ia haver Verão foi o livro eleito para o mês de Setembro do desafio Português no Feminino e o que posso dizer é que foi uma das piores leituras até ao momento. É um livro com uma história pouco interessante e pouco cativante. Juntando à baixa qualidade do conteúdo é um livro que não está muito bem escrito e existem algumas incongruências a longo do desenrolar dos capítulos.
Neste livro ficamos a conhecer uma quantidade de pessoas que fazem parte da alta sociedade lisboeta, ou seja, a nata da nata. Assistimos aos seus dramas, romances que começam e acabam num piscar de olhos, encontros e desencontros, traições e outras coisas que tais.
Tudo isto é uma grande confusão, porque a forma como tudo nos é contado e apresentado é de baixa qualidade literária. Nada desperta interesse ou curiosidade na leitura. Para mim é um livro vazio do qual não retirei nada, nem sequer entretimento ou diversão.
As coisas surgem como se fossem uma grande embrulhada sem ponta por onde se lhe pegue. As personagens surgem como cogumelos e não lhes é dado espaço para crescerem e se apresentarem aos leitores. No fundo, posso dizer que o livro até poderá ser uma boa metáfora daquilo que é a alta sociedade portuguesa e pelo mundo.
Para além de todo este meu desagrado houve uma coisa que me irritou solenemente. Raúl e Pedro são-nos apresentados no início do livro como psicólogos. Mais a meio surgem como psiquiatras!!! Psiquiatras e Psicólogos são duas categorias profissionais distintas. Podem trabalhar para um público-alvo com algumas semelhanças, mas há muitos aspetos que os diferenciam. Não é a primeira vez que assisto a estas confusões e acho que é um elemento que revela pouco cuidado dos autores no momento de revisão do texto.
Esta foi a minha estreia inicial com Carla M. Soares. Até ao momento só tinha lido um livro da autora como leitora beta.
Estava bastante curiosa para ler este livro. Esta curiosidade surge das boas críticas presentes no goodreads, pelo título e pela minha constante vontade de conhecer o trabalho dos autores portugueses. Assim sendo, quando em finais de 2014 crio com a Marta do blog I only haveo desafio Português no Feminino, este livro ficou imediatamente debaixo de olho para ler num momento em que tivesse um pouco mais de tempo livre.
A Chama ao Vento é um livro onde o passado e o presente se entrelaçam numa história de amor eterno. Assistimos a um passado que procura dar um significado ao presente cheio de fantasmas de Francisco.
Francisco, Teresa são almas do presente, enquanto que João tem a sua alma dividida por estas linhas temporais. João é um belo narrador da história passada onde ele assume um papel de grande destaque. Francisco, o homem dos fantasmas, é fechado e reservado. Pouco dado à partilha daquilo que preenche o seu mundo interior. Ele é uma verdadeira ilustração do icebergue da Teoria Psicanalítica de Freud. Aquilo que ele mostra, o que está à superfície da sua personalidade, é uma pequena parte de tudo aquilo que ele tem e guarda no seu inconsciente (e que muitas vezes vem ao seu consciente estragar-lhe a vida e a forma como ele se relaciona com os outros). É certo que não simpatizei muito com ele. Achei que muitas vezes ele adoptou uma postura demasiado arrogante e infantil, parecendo, em alguns momentos mal educado. Por muitos que sejam os fantasmas que lhe preenchem o coração ele poderia tentar sobrepor-se a eles. No final percebi melhor os fantasmas dele e consequentemente o seu comportamento... Mas não deixou de me irritar ao longo do livro. Tudo isto se deve a problemas de ligações importantes e que devem ser estabelecidas na infância. Este foi um aspecto muito bem abordado e desenvolvido pela autora.Consigo perceber a personagem, entender o seu comportamento e motivações, mas não é alvo da minha simpatia.
Da Teresa vi muito pouco para ter uma opinião muito fundamentada. Houve alturas em que a achei imatura e com atitudes de adolescente. Mas agora, pensando melhor sobre tudo o que compõem o livro, acho que eram mais respostas às atitudes adolescentes do Francisco. Era como se ela quisesse responder à altura,
E depois temos a história do passado e aquela que verdadeiramente me apaixonou. Carmo, Dekel, João, Manuel... Vidas que se entrelaçam em segredos e palavras silenciosas que condicionam o futuro das gerações seguintes.
Gostei muito da Carmo e do João. São duas personagens com uma personalidade cativante. Carmo no seu jeito inocente, a sua mente perspicaz e os seus modos de menina que descobre a cidade, cativou-me profundamente. Ao início não a estava a ver como uma chama ao vento (de acordo com a interpretação que eu fazia da metáfora), queria mais dela para constatar. Porém, com a chegada do final do livro percebi mais claramente o contexto e o facto de Carmo se ter "apagado". Adorei a metáfora!!!
João é o verdadeiro significado da amizade eterna. E este respeito e dedicação que João tem por aquilo que ele considera como amizade tem a minha total admiração. Quando ao Dekel gostei dele, mas a parte mais obscura da sua personalidade deixava-me com o pé atrás. Compreendo todas as motivações que estão por detrás dos comportamentos dele, mas o mistério que ele transporta é algo negro e sombrio que acaba por me afastar dele. Por fim, temos o Manuel. Um homem desinteressante e que as circunstâncias de vida o tornaram num homem amargo.
Esta minha experiência oficial com o trabalho da Carla foi muito positiva. Gostei bastante do livro e nada me foi indiferente. As minhas emoções e ideias foram balançadas e acho que isso é muito importante quando lemos um livro, porque no findo é isso que nos permite recordá-lo.
Ano: 2012 Número de páginas: 24 páginas Classificação: 5 Estrelas Sinopse:Aqui
Opinião
É difícil sentir-me satisfeita como leitora quando leio um conto. Ao fim de cada conto lido sinto sempre que falta qualquer coisa. Ou é a história que não foi profunda o suficiente, ou porque ficaram muitas pontas soltas ou por qualquer outra razão inerente ao conteúdo do conto. Porém, a minha experiência com este conto foi totalmente diferente.
Até ao momento, da escritora Célia Loureiro só tinha lido um livro e foi como leitora beta. Quando me cruzei com este conto, achei que poderia ser uma boa escolha para o desafio Português no Feminino. E, de facto, foi uma excelente escolha. Adorei!!!
Tanto a minha experiência com livro como com este conto, sinto que a Célia tem uma maneira muito própria de trabalhar as palavras. Ela consegue juntá-las numa dança de conteúdo harmoniosa e muito cativante.
Cinzas e Neve dá-nos a conhecer a história de um casal afastado pelo destino e pelas personalidades. No fundo, não lhes foi permito viver o amor que os unia. Afastaram-se e reencontraram-se. E é neste reencontro que ficamos a saber tudo o que os uniu e os afastou, aquilo que foi condicionando as suas vidas e as suas perspectivas em relação a um futuro próximo.
É um conto carregado de sentimentos, de lágrimas, sorrisos e recordações. Um conto onde não fica nada por contar e onde ficamos a conhecer o Henrique e Cristina através dos olhos e da voz de Cristina. Nunca sabemos onde esta voz nos vais levar. Vamos seguindo, embalados nas palavras, sem saber que final nos vai ser oferecido. Final este, que só ficamos a conhecer na última frase do conto.
Dos vários contos que já li, este foi o que mais gostei até ao momento.
Este é um dos desafios de 2015 que melhor está a correr. Chegou então o mês de Agosto e é necessário escolher uma nova autora e a sua respetiva obra. Este mês apetece-me ler um livro e deixar os contos para meses mais complicados. Assim, vou pegar num livro que já quero ler há muito tempo.
Eis a autora e livro eleito:
Carla M. Soares
A chama ao vento
Quem é que desse lado já leu?
A única obra que li da autora foi uma em versão Beta, por isso está será a minha estreia com os seus livros já publicados.