É hábito por esta altura do ano responder à Tag dos 50%. Este ano não responderei porque há categorias para as quais não tenho resposta. Comparativamente a anos anteriores, este tem sido um ano de poucas leituras.
Até ao final junho li 18 livros. Tive meses bons onde consegui ler muito, e outros em que o ritmo de leituras abrandou imenso. Março foi dos piores meses, onde só consegui ler um livro.
Há cinco livros que ocuparam o top de melhores leituras. São eles:
💗 "Viver depois de ti" de Jojo Moyes 💗 "Verity" de Colleen Hoover 💗 "O duque da ruína" de Tessa Dare 💗 "Os pássaros" de Célia Loureiro Correia 💗 "Antes de nos encontrarmos" de Maggie O'Farrell
Espero ler um pouco mais na segunda metade do ano.
Equilíbrio é a palavra que descreve as minhas leituras do mês de Agosto. Não me deparei com livros arrebatadores, nem com livros que me irritassem por não corresponderem às minhas expetativas. O mês iniciou-se com uma surpresa. Uma passagem pelo Chipre (Hotel Sunrise - Victoria Hislop) que esperava gostar menos do que aquilo que realmente gostei. Apesar de não me ter arrebatado o coração, contribuiu para o meu conhecimento e permitiu-me conhecer uma realidade que eu não fazia a mínima ideia da sua existência. Ainda me faltavam muitos dias para leituras arrebatadoras, por isso não fechei a porta à esperança de me cruzar com personagens magníficas. Porém, a porta seguinte revelou-se angustiante (Ao fechar a porta - B. A. Paris). Fiquei extremamente incomodada no início desta leitura, porém as coisas foram acalmando, assim como o meu entusiasmo relativamente às loucuras de Jack e ao desespero de Grace. Estava a precisar expurgar estas más energias e meti-me a ler umas cartas... Bem, eram cartas de alguém que se afogou numa depressão sem fim à vista (As últimas linhas destas mãos - Susana Amaro Velho). Mas com uma escrita tão bonita e sensível, foi fácil perder-me na história e nos dilemas e sentimentos das personagens. Ainda embalada pela beleza destas palavras atiro-me a um livro que me trouxe alguns dissabores (Sedução perigosa - Jess Michaels). Não foi um livro credível aos meus olhos. Faltou-lhe aquele toque especial de uma boa narrativa para suportar todo o erotismo que habitava aquelas páginas. Estava a ser uma miscelânea de assuntos. Para aumentar ainda mais a diversidade atiro-me a um livro mais técnico (Lavrar o mar: um novo olhar sobre o relacionamento entre pais e filhos - Daniel Sampaio). Foi bom ler sobre as relações pais-filhos e sobre a forma como muitas vezes a adolescência é diabolizada por pais e profissionais. Gostei muito da abordagem do autor relativamente à infância e à importância futura das relações que se constroem nesta etapa da vida. Ainda houve tempo para um conto que não me ofereceu não fez as minhas emoções borbulhar (Abraça-me para sempre - Carla Ribeiro). Acabei por ler mais do que aquilo que estava à espera, mas foi bom ter conseguido todas estas leituras.
Ler livros é como fazer um passeio por diversas paragens. Há locais que gostamos, locais que nos deixam um sentimento especial, passeios que mais tarde nem iremos recordar e passeios que, de certeza, mais tarde iremos querer repetir. Para quem lê com alguma frequência, num único mês pode experimentar todos os tipos de "passeio" e mais algum.
Então, como foram os "meus passeios" durante o mês de Julho? Não foram muitos, mas foram todos experiências diferentes.
Consegui dar um salto a França e mexer com as minhas memórias familiares (Longe do meu coração - Júlio Magalhães). Queria ter sentido mais deste passeio, queria que me desse mais emoção. As personagens e os locais não viverão em mim durante muito tempo. Em seguir quis pisar terreno perigoso. Queria um passeio com emoção e com imagens que me impressionam e consegui-o (Um por um - Chris Carter). Página a página cada vez me ia impressionando mais com as descrições gráficas que me inundaram a mente e, consequentemente, pelas sensações algo nojentas que ia provocando. Foi passeio bom de tão duro e sangrento que foi. Mas precisava de um passeio para lavar a mente e nada melhor do que passeios à beira-mar, falésias, flores perfumadas, sons de paz, amor e mistério (As calhoun - Nora Roberts). Limpei a mente, abri o coração e deixei que o meu pensamento fluísse, livre e sempre pressa de chegar ao fim. Eram histórias para saborear lentamente, para que as imagens ficassem em mim. Ainda tive tempo de terminar um passeio algo turbulento que já se arrastava há alguns meses. Ficaram sensações agridoces, pois tive bons momentos e momentos mais chatos (Felicidade Clandestina - Clarice Lispector). Pouco vai ficar deste passeio mais longo, mas resta a hipótese de descobrir que outras paisagens Clarice Lispecto me poderá oferecer.
Junho foi a antítese de Maio. Se em Maio as leituras integraram os melhores sabores, as de Junho arrefeceram até se tornarem amargas. No fundo, o meu eu leitor arrefeceu com as chuvas de verão e vi-me no meio de uma ressaca literária que denegria todas as leituras com que me ia cruzando. Não me impediu de ver a beleza de algumas, porém nenhuma me encheu o coração como esperava. Saída de uma grande história terminada no mês anterior, entrei devagar, a apostar em algo que seguro e que me consegue, no geral, agrada. Embrenhei-me em relações familiares complexas (Laços familiares - Danielle Steel) com alguma emoção à mistura, mas emaranharam-se demais e não ofereceram toda a complexidade que eu esperava. Em busca de algo que me aquecesse a alma e me libertasse a mente investi em novas paragens. Sem numa ter lido as palavras da autora, atirei-me por emoções proibidas que nasciam de um erotismo bem conseguido mas a quem faltava contexto (Emoções proibidas - Jesse Michaels). Continua insatisfeita e a ressaca adensava-se. Pensei que o melhor era apostar em palavras nacionais. Foi a pior escolha que fiz no mês, e uma leitura que eu esperava entusiasmante, na companhia de uma das minhas poetizas preferidas (Florbela, Apeles e eu - Vicente Alves do Ó) tornou-se um suplício que se arrastou até ao final do mês. Continuei em modo nacional, intercalando novos sabores de forma a adoçar um pouco o amargo que se estava a instalar em força. Comecei com o ácido do limão (Limões na madrugada - Carla M. Soares) que apesar da história ácida, o aroma fresco e reconfortante da escrita prevaleceu. Inundada pelo cheiro a limão não estava à espera de ser quebrada por uma história medíocre e sem emoção (Sorrisos quebrados - Sofia Silva). Só não me quebrou a frustração nem a incompreensão perante tanto fascínio dos leitores para com uma história cheia de falhas e que está longe de provocar falhas nas batidas cardíacas. Pelo meio, fui alimentando a minha ressaca com alguns contos do livro que continua a ler da Clarice Lispector. São contos muito metafóricos, mas foram insuficientes para ressuscitar a minha veia leitora.
A inspiração está em baixo... Tão em baixo que ando há dias a tentar articular as ideias para vos apresentar o meu resumo literário do mês.
Maio não se traduziu em muitas leituras, mas as que aconteceram foram das boas. O mês começou misterioso e mergulhado no mundo complexo do crime, mas aqui com uma novidade: misturado com psicanálise (O psicanalista - John Katzenbach). Foi um livro saboreado lentamente, absorvendo as voltas e reviravoltas de um psicanalista de sucesso que teve de usar os seus conhecimentos científicos para sobreviver à pessoa que o perseguia. Depois de tantos dias na companhia deste homem inteligente e de quase sufocar com o stress a que ele foi sujeito, veio uma leitura no formato de balão de oxigénio. Ler um romance, é como regressar a um lugar onde fui feliz. Assim, entreguei-me a um momentos de felicidade a ver o amor nascer das cinzas e dos escombros (Regresso a casa - Deborah Smith). De coração cheio parti ao desconhecido. Gosto de apostar em autores que nunca li, e nesta incursão pela obre de um novo autor o risco era mais ou menos calculado. Fui sem medo, na expetativa de me cruzar com uma boa história. Aquilo que eu não esperava era ser "atropelada" pelas emoções, pela simplicidade das palavras e pela intensidade de uma história (Perguntem a Sarah Gross - João Pinto Coelho). Foi uma leitura avassaladora, uma leitura que me despertou o coração enchendo-o de sentimentos contraditórios. Foi uma intensidade que deixou pouco espaço para a leitura seguinte. Pelo meio destes três livros, ainda me perdi nuns contos de Clarice Lispector, mas nenhum foi digno de desvanecer da minha memória a força e singularidade de Sarah Gross, a determinação de Ursula Power aliada a instrospeção de Quentin e a perspicácia de Frederick.
Por tudo o aqui escrevi não tenho um livro menos bom. Em Maio floresceram as flores na terra e na minha vida só apareceram bons e inesquecíveis livros. Há só apenas aquele que me deixou um buraco de emoções, umas mais coloridas outras mais cinzentas, no meu coração. E esse livro foi:
Março tinha sido um mês de leituras sangrentas. Foi demasiado crime para um mês só. Assim, ao iniciar Abril a minha vontade era ler daqueles romances capazes de nos provocar uma diabetes literária. As leituras, tal como em tudo na minha vida, não correram de acordo com aquilo que eu tinha idealizado.
Dada a minha sede pelo amor literário, nada melhor do um beijo daqueles de soltar suspiros. Melhor ainda é quando esse beijo vem acompanhado de cenas de nos levar às lágrimas de tanto rir (Aquele beijo - Julia Quinn). Já foi tanto o açúcar que a Denise quis evitar uma crise de glicémia e obriga-me a voltar as cenas de crime. As cenas não tiveram a intensidade de outros ambientes de crime, acho que houve uma sobrevalorização dos criminosos e fiquei aborrecida com algumas coisas (Confissões - Kanae Minato). Eu sei, eu sei... Esta minha mania de pensar demasiado naquilo que leio e de racionalizar as situações nem sempre é saudável, mas não consigo evitar. Com este alinhamento literário e voltar a pequenas doses de açúcar. Sabemos o quanto o açúcar vicia e nos deixa a salivar perante a ideia de saborearmos uma pequena amostra de uma guloseima. Tem que ser com regra, por isso recorri aos contos (Uma amizade sincera, Duas histórias a meu modo e O meu primeiro beijo de Clarice Lispector) e deliciei-me com diferentes formas de amor. Bem, já que tinha quebrado com os meus desejos iniciais, por isso voltei ao crime. As cenas foram pouco entusiasmantes, talvez falte a Portugal daqueles seres avariados que são capazes de crimes que não lembram ao mais comum dos mortais (O homem que sonhava ser Hitler - Tiago Rebelo). O entusiasmo literário estava um pouco fragilizado, e claro, eu tinha que o fragilizar mais e meter-me a explorar um ano francês (O ano francês - Daniela Rodrigues) que de França não tinha nada. Estava em situação de fraqueza estrema, era urgente pegar em alguma coisa suficientemente doce para me animar o espírito, mal eu sabia que estava perante uma bomba calórica de açúcar (Acordo com o Marquês - Sarah MacLean). E aqui, chegada ao final do mês de Abril, lambuzei-me até à ultima página e fiz algo que já não fazia há muito: poupei a leitura para que o sabor durasse mais tempo.
Decidi voltar aos resumos do mês. Deixei cair o nome de Lugares (Des)Encantados que lhe dei em 2014 porque deixei de acreditar no lado mágico e ingénuo. Quis dar mais racionalidade ao tópico e aqueles lugares ressuscitaram em resumo com o espaço para o melhor e o pior do mês.
Como andava (e ando) desencantada com o mundo quis mergulhar na infância (Emocionário, Cristina Núñez) onde tudo é mais fácil e mais simples. Foi uma grande viagem pelas emoções, pois já contava pô-las à prova na leitura seguinte (És o meu destino, Lesley Pearse). E foram mesmo postas à prova! Conviver com personagens tão marcantes, com narrativas tão intensas fazem com que o meu coração acabe por falar umas batidas e apaixonar-me pelas personagens a cada página devorada. Mas as emoções ainda não estavam esgotadas, estava na altura de seguir uma direção mais negra, mais sangrenta, e nada melhor que um policial dos bons (Duplo crime, Tess Gerritsen) para me mexer com os nervos e me fazer pensar, pensar e pensar em formas de desconstruir todo aquele quebra-cabeças. Estava a precisar de alguma calma emocional, mas ainda não estava preparada para grandes aventuras. Mesmo assim, sabia que precisava de drama... Mas não estava à espera de um drama tão frouxo e desprovido de emoções (Tua para sempre, Luanne Rice). Depois de tantos os dias com elas à volta, senti-me demasiado aborrecida e adormecida por uma história que não me ofereceu muito. Estava na altura de voltar ao nacional, com a esperança de me colocar o coração a falhar novas batidas. Espera uma história de amor intensa (A boneca de Kokoscka, Afonso Cruz), daquelas que nos mostra o amor em todos os estados. A sinopse prometia, mas a obra não cumpriu. Deixou-me envolta e confusão e em desilusão. E já que estava em fase negativa, nada melhor de agarrar-me ao desconhecido (O conto da ilha desconhecida, José Saramago) para não estragar nova leitura. Dadas as baixas expetativas, associadas ao meu receio em desbravar nova ilha e com a pitada de uma má experiência literária não estava à espera de ver as emoções novamente aos pulos. Não pularam muito, mas o conto, nas sábias palavras de Saramago, foi suficiente para me deixar surpreendida com o facto de os medos nos deixarem muito às escuras e de não nos deixarem abrir portas com tão boas coisas por detrás delas à nossa espera. Estavam as minhas emoções em crescendo quando cheguei à última leitura do mês. Não esperava que elas pulassem mais, mas enganei-me! Numa viagem a uma época passada (Verão em Edenbrook, Julianne Donaldson) o meu coração voltou a falhar. Afinal, ele não consegue resistir a uma boa história de amor, pincelada pela magia da amizade.