Opinião | "O homem das castanhas" de Søren Sveistrup
"O homem das castanhas" andava na minha lista de interesses há muito tempo, muito por causa das boas impressões que iam sendo partilhadas.
O momento que marca o início desta história é bastante intrigante. Uma mulher foi brutalmente assassinada e uma das mãos foi decepada e levada pelo assassino. Junto ao corpo, foi deixado um boneco feito de castanhas e paus. Esta pista acrescenta um lado ainda mais misterioso ao cenário do crime. Sem qualquer explicação são encontradas impressões digitais de uma pré-adolescente que desapareceu há um ano e que foi dada como morta. Esta jovem era filha de uma importante figura política do panorama político do país.
Esta ligação agita outros aspetos da narrativa, nomeadamente, a posição política da ministra e os dramas familiares que se tecem em torno destas pessoas.
As ligações entre dramas familiares, crimes e personagens que vão aparecendo na narrativa são cativantes e instigam a curiosidade. Contudo, o meu ritmo inconsistente de leitura dificultou-me a construção mental da história e do papel de cada personagem nos acontecimentos que se iam sucedendo. Esta leitura beneficia de um ritmo de leitura constante e consistente ao longo dos dias, por isso as paragens e a leitura de poucas páginas por dia dificultam a minha imersão na narrativa. No fundo, são muitas personagens e muitos acontecimentos que têm pontos de contacto entre si e que precisam de uma leitura consistente para não perdermos os pontos de interação que nos levam a uma explicação global. O tamanho reduzido da letra da letra também dificultou o meu processo de leitura. Achei-a demasiado pequena!
Gostei muito da escrita gráfica e pormenorizada das cenas de crime e relacionadas com o desenvolvimento do enredo que culminaria com a explicação de todas as pontas soltas que foram sendo semeadas ao longo do livro. Foi muito inteligente a forma como o escritor foi conduzindo o leitor por diferentes teorias e raciocínios, mas todos eles interessantes e bem construídos.
A dupla detetives, Naia Thulin e Mark Hess também protagonizam momentos interessantes e intrigantes. Mark tem o seu lado mais misterioso que acaba por oferecer outro ponto de interesse à história. Gostei da dinâmica entre os dois e da forma como constroem a sua relação profissional e pessoal.
Este livro reforça o prestigio que os(as) escritores nórdicos estão ganhar relativamente à escrita de thrillers e policiais. Fiquei com vontade de conhecer mais obras deste autor.
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