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Por detrás das palavras

Opinião | "Boneca de trapos" de Daniel Cole (Fawkes and Baxter #1)

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Foi com grandes expetativas que iniciei a leitura do livro Boneca de trapos. Tinha lido boas opiniões em relação ao livro e recordo-me que na altura do seu lançamento, a editora apostou numa divulgação bastante original. No fundo, tinha aqui um conjunto de elementos que despertaram o meu interesse relativamente ao livro.

Este livro tem um ponto que considero diferenciador. Há uma lista com as vítimas e os agentes da polícia entram numa corrida contra o tempo para tentar evitar as diferentes mortes anunciadas. Assim, mais do que saber como cada uma destas pessoas iria morrer, o meu interesse estava muito relacionado com os aspetos que interligavam cada uma destas pessoas e os motivos que levaram a que elas entrassem na mira de um assassino. 

William Fawkes é um polícia com uma personalidade peculiar e que traz um densidade especial à história. Não simpatizei com ele, senti-o como uma personagem demasiado arrogante e com uma teimosia que se atravessou na minha mente. 

Relativamente à minha experiência de leitura, esta foi um pouco estranha. Houve momento em que li de forma compulsiva e tinha uma verdadeira vontade de desvendar o crime; e depois passei por partes de leitura que me deixaram aborrecida, em que senti que as coisas não avançavam. No fundo, senti que a história tinha partes interessantes e que contribuíam para o bom desenvolvimento da história, e outras que as senti como uma necessidade de encher espaço na história.

O final foi surpreendente. Não esperava aquele desfecho. E este foi um ponto positivo para o livro, oferecendo um culminar inesperado para todo o processo criminal que fui conhecendo ao longo da leitura. 
Apesar de não ter sido uma leitura fenomenal ficou a vontade de dar continuidade à série. 

Classificação

Opinião | "Aquorea - Inspira" de M. G. Ferrey

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Fantasia é um género literário que mais dificilmente me conquista. Sempre que preciso de dar alguma indicação de livros deste género acabo sempre por indicar livros da Liliana Lavado e da Juliet Marillier. Para mim, são duas escritoras de referência neste género. 

Aquorea-Inspira agitou a comunidade literária. Foi muito bonito assistir à forma como os leitores deliraram com esta história e foi inspirador ver a forma elegante, empática e simpática com que a escritora se ligou à comunidade. A conjugação destes dois elementos que me fizeram decidir ler este livro quando me cruzei com ele na biblioteca. 

Aquorea-Inspira cativou-me, mas não me conquistou. Para um primeiro livro, considero que tem um enredo organizado, com sentido, sem incoerências e com uma escrita que deixa o leitor vinculado à história. De facto, assim que comecei a ler a entrar na história, a minha vontade em continuar a ler foi aumentando com o desenvolvimento da ação. Acho que isto é mérito da escritora, pois é devido à sua capacidade de escrita que acontece esta vontade de continuar a ler. 

O universo criado nesta história é muito interessante e foi enriquecido com pormenores que possibilitam a visualização do espaço e a criação de imagens mentais dos espaços físicos onde decorre a narrativa. Este aspeto mais gráfico é importante para o leitor, ajuda a que ele se sinta parte do mundo que foi criado. 

Apesar de todos estes aspetos positivos, o livro, na minha opinião, apresenta algumas carências. 
Começo pela ação da história. Há muitos jantares, almoços, festas, visitas e situações que pouco acrescentam ao enredo. Este tipo de descrição faz com que no livro prevaleça o contar e não o mostrar. São diversas as descrições de alimentos, refeições, roupa para vestir; porém, apesar de estarem bem escritas não acrescenta muito ao desenvolvimento da ação. Um leitor mais experiente procura outro tipo de conteúdo e não um relato pormenorizado de acontecimentos muito circunscritos àquilo que são as rotinas diárias das personagens. Atendendo a estes aspetos, considero que faltou ação e faltaram situações com maior relevância para demonstrar conflitos com a capacidade de enriquecer a dinâmica da narrativa. 

Analisando as personagens e as dinâmicas que foram construídas à volta delas, mais uma vez há alguma carência no mostrar. Há muita descrição, mas pouca profundidade. 
Ara é descrita, muitas vezes, como especial e alguém muito importante para Aquorea. Sei que é uma série e que, provavelmente, isso poderá surgir de forma mais concisa num próximo volume. Contudo, eu precisava que neste livro me mostrasse um pouco mais da relevância desta personagem e os aspetos que a tornavam tão importante. De facto, há coisas que não basta dizer, é importante mostrar ao leitor para que a ligação entre obra e leitor se estreite ainda mais.

Ara é uma jovem adulta, já no fim da adolescência. Atendendo à sua idade, senti que, por vezes, ela foi demasiado imatura. Esperava uma maior capacidade de reflexão e outro tipo de atitudes. As hormonas não justificam tudo. O próprio relacionamento entre Ara e Kai é demasiado clichê. O romance entre eles tem um início demasiado tóxico. Kai é um rapaz tão importante para a comunidade e tem comportamentos que não estão ao nível da sua idade e da maturidade que lhe é exigida.

O mundo à superfície também continua. Aqui senti que houve uma necessidade em contar ao leitor que as coisas descarrilam e que o mundo emocional daquelas pessoas ruiu. Tem sentido tendo em consideração os acontecimentos. Porém, não lhe foi dada a devida profundidade. Colt, por muito querido que seja da família, acaba por estar ali um pouco descontextualizado. A forma como ele se mantém na narrativa foi a única coisa ao longo da leitura que não faz grande sentido para mim. Consigo perceber que ele tem uma posição muito importante na família de Ara, mas é um pouco irrealista a participação na viagem e todo o seu papel depois do desaparecimento de Ara. 

Reconheço que este poderá ser um bom livro para leitores menos experientes, para adolescentes e jovens adultos. Acredito que a forma como a narrativa está construída seja mais apelativa a leitores que detenham este tipo de interesses.

Reforço que a leitura foi agradável e que representa uma boa estreia para a escritora. 

Ainda não sei que quero continuar a explorar este universo, mas gostava de ler outras obras da escritora.

Classificação

 

Opinião | "O homem das castanhas" de Søren Sveistrup

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"O homem das castanhas" andava na minha lista de interesses há muito tempo, muito por causa das boas impressões que iam sendo partilhadas.

O momento que marca o início desta história é bastante intrigante. Uma mulher foi brutalmente assassinada e uma das mãos foi decepada e levada pelo assassino. Junto ao corpo, foi deixado um boneco feito de castanhas e paus. Esta pista acrescenta um lado ainda mais misterioso ao cenário do crime. Sem qualquer explicação são encontradas impressões digitais de uma pré-adolescente que desapareceu há um ano e que foi dada como morta. Esta jovem era filha de uma importante figura política do panorama político do país.

Esta ligação agita outros aspetos da narrativa, nomeadamente, a posição política da ministra e os dramas familiares que se tecem em torno destas pessoas. 
As ligações entre dramas familiares, crimes e personagens que vão aparecendo na narrativa são cativantes e instigam a curiosidade. Contudo, o meu ritmo inconsistente de leitura dificultou-me a construção mental da história e do papel de cada personagem nos acontecimentos que se iam sucedendo. Esta leitura beneficia de um ritmo de leitura constante e consistente ao longo dos dias, por isso as paragens e a leitura de poucas páginas por dia dificultam a  minha imersão na narrativa. No fundo, são muitas personagens e muitos acontecimentos que têm pontos de contacto entre si e que precisam de uma leitura consistente para não perdermos os pontos de interação que nos levam a uma explicação global. O tamanho reduzido da letra da letra também dificultou o meu processo de leitura. Achei-a demasiado pequena! 

Gostei muito da escrita gráfica e pormenorizada das cenas de crime e relacionadas com o desenvolvimento do enredo que culminaria com a explicação de todas as pontas soltas que foram sendo semeadas ao longo do livro. Foi muito inteligente a forma como o escritor foi conduzindo o leitor por diferentes teorias e raciocínios, mas todos eles interessantes e bem construídos.

A dupla detetives, Naia Thulin e Mark Hess também protagonizam momentos interessantes e intrigantes. Mark tem o seu lado mais misterioso que acaba por oferecer outro ponto de interesse à história. Gostei da dinâmica entre os dois e da forma como constroem a sua relação profissional e pessoal.

Este livro reforça o prestigio que os(as) escritores nórdicos estão ganhar relativamente à escrita de thrillers e policiais. Fiquei com vontade de conhecer mais obras deste autor.

Classificação

Opinião | "A reclusa" de Debra Jo Immergut

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Trouxe este livro da biblioteca partilhando das expetativas da bibliotecária Este livro tem uma premissa muito interessante. Desperta a curiosidade de um leitor. Quando peguei no livro e ouvi isto da parte dela, concordei com a expetativa que ela tinha criado em relação ao mesmo. Ela ainda partilhou que, assim que eu o devolvesse, seria a próxima leitora a requisitá-lo. 

Afinal, o que é que serve de mote ao desenvolvimento desta história? Temos uma jovem adulta, Miranda, que inesperadamente se envolve numa situação que a leva à cadeia. Lá passa a receber acompanhamento psicológico. Frank, o psicólogo do estabelecimento prisional já conhecia Miranda, a jovem por quem esteve apaixonado durante o liceu. E, ao que parece, essa paixão não ficou na adolescência.

Um aspeto muito curioso, e que funcionou como bom gatilho para o meu interesse na leitura, foram os títulos de alguns capítulos. Como forma de nomear os capítulos, a autora escolheu artigos do código deontológico dos psicólogos. Foi interessante confrontar os acontecimentos com as diretrizes que norteiam as boas práticas profissionais. Quantas vezes pode um profissional quebrar o código de ética e deontológico que rege a sua atividade profissional? O Frank consegue ensinar muito este aspeto através do seu comportamento. 

Infelizmente, a linha narrativa foi perdendo o foco, dispersou e trouxe confusão à mensagem que pretendia transmitir. Foi muito interessante ler sobre os percursos de Frank e Miranda. Contudo, muitas vezes senti que era uma abordagem demasiado superficial. Faltou profundidade, faltou mais contextualização e faltou mais passagens que mostrassem mais a ligação que se começou a desenhar entre Frank e Miranda.

Depois de algum desânimo com a leitura, o final ofereceu-me algum alento. Foi inesperável e algo surpreendente. A narrativa sofreu uma boa reviravolta. Apesar de ter ficado agradavelmente satisfeita com o final, o mesmo não foi suficiente para apagar o desagrado que se instalou ao longo da leitura.

Nunca me cruzei com opiniões acerca deste livro, mas gostava de conhecer outras perspetivas sobre o mesmo.

Classificação
  

Opinião | "Confissões" de Kanae Minato

Confissões
Classificação: 3 Estrelas

Confissões foi o último livro enviado pela Denise para o nosso Empréstimo Surpresa. Parti para a leitura sem criar expetativas, apenas sabia que era um livro que ela tinha adoro e que a surpreendeu. Quando terminei a leitura fiquei sem saber o que escrever acerca do livro e sem saber que classificação lhe dar. Foi um leitura que me provocou sensações estranhas e no meio dessa estranheza fiquei bastante indecisa sem saber muito bem o que fazer. 

Começando por uma análise mais global, acho que a forma como foi escrito, a escolha das personagens a quem foi dada a voz e toda a sequência que se foi instalando. Contudo, em certos aspetos torna-se repetitivo e cheguei a sentir-me aborrecida por, em alguns momentos, ter de ler novamente sobre a mesma situação.
A linguagem é simples e a escrita bastante acessível. 

Relativamente à narrativa senti-me estranha ao lê-la. Não tenho filhos e só consigo imaginar aquilo que Moriguchi sentiu ao perder a filha, contudo não sei até que ponto é que forma que ela usou para vingar a morte da filha seja legítima ou se até não está a usar uma vingança infantil. Assustei-me com a frieza dela e com a forma calculista para desenhar tal plano pouco tempo depois de sentir uma dor tão atroz.

Relativamente aos pré-adolescentes que vão ganhando protagonismo, acho que há certas coisas que me pareceram demasiado à frente para miúdos de 12/13 anos, que se inserem num padrão de desenvolvimento mais ou menos normal. Excetuando um deles que foi bastante estimulado pela mãe, os outros pareceram-me alunos que respeitavam os padrões normais, com maior ou menos apetência para as tarefas escolares. Estes aspetos fizeram-me olhar para eles com alguma desconfiança.

O final acabou por me surpreender um bocadinho. Contudo achei que foi tudo demasiado ficcional. Senti falta de qualquer coisa que me fizesse acreditar em tudo aquilo que aconteceu com aquelas personagens. 

Nunca me senti ligada ao livro, em nenhum momento me emocionei ou me senti incomodada com os acontecimentos. Não achei que fosse um mau livro, considero que foi apenas um livro que cumpriu a sua função de entreter mas não deixou qualquer tipo de marcas. Talvez não tenha funcionado muito bem comigo, o que acaba por ser curioso. Achei este livro bastante racional, o que poderia fazer um click positivo com a racionalidade que vive dentro de mim, mas tal não aconteceu. Bem... talvez a dose entre razão e emoção não estivesse no equilíbrio perfeito afastando-se da minha mente emotivo-relacional. 

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