Gosto de pegar num romance de época quando preciso de descontrair ou ler algo que me desanuvie o espírito. Sarah MacLean é uma escritora que, dentro do género, me consegue sempre oferecer aquilo que eu espero deste género de livros.
Lily é uma jovem inocente que acredita nas primeiras palavras de amor que lhe dirigem. A sua alma solitária encanta-se por essas palavras e acaba por pousar nua para uma pintura e a sua reputação perante a alta sociedade fica comprometida. O seu tutor, perante esta situação, decide sair do seu lugar de conforto para salvar tentar salvar a sua protegida.
É partir daqui que o leitor se cruza com avanços e recuos nesta relação que se vai construindo. Há alguns momentos divertidos, porém considero que este lado humorístico foi mais desenvolvido noutros livros da escritora.
Como é esperado deste tipo de livros, o final feliz é garantido. Por isso, foi uma leitura que permitiu descontrair, que me ofereceu energias positivas que só um final feliz o consegue fazer e possibilitou-me alguns momentos divertidos que possibilitaram aligeirar a minha mente.
Assim, posso concluir que encontrei neste livro aquilo que eu procurava. Contudo, considero que já li livros mais divertidos desta escritora e com maior capacidade para me surpreender.
Conheci as obras de Vi Keeland pelas mãos da Daniela. Foi encantamento à primeira vista, uma vez que fui conquistada pelo sentido de humor das obras e pela leveza da narrativa. O que é certo foi que fiquei com imensa vontade de ler todos os livros da escritora.
No início do ano, aproveitei um vale de desconto e comprei O egomaníaco. A premissa deste livro foi o facto decisivo para a escolha recair nele. Temos uma psicóloga, especialista em terapia familiar e de casal e um advogado especialista em divórcios que vão partilhar o mesmo escritório. E aqui temos os ingredientes essenciais para criar um ambiente engraçado, divertido e com muitos momentos embaraçosos capazes de arrancar bons sorrisos (ou até gargalhadas) aos leitores.
Foi com estas expetativas que avancei para a leitura. Encontrei momentos engraçados, mas sem a capacidade de me encantar tanto como os livros anteriores da escritora. Foi uma leitura agradável e aditiva, mas sem o encanto de outros livros. Acho que a culpa deste desencanto foi do Drew Jagger, o nosso advogado especialista em divórcios. Não apreciei muito o seu estilo um pouco grosseiro e deselegante na relação. O seu discurso vulgar queimou qualquer encanto que pudesse surgir em mim.
Confesso que estranhei o facto da Emerie apreciar este estilo vulgar. Talvez tenha criado expetativas irrealistas em relação a ela. Talvez a tenha lido à luz das minhas características e isso tenha condicionado a forma como a interpretei e aquilo que esperava dela. Isto não é bom nem mau, é apenas uma condição inerente a cada leitor. Nunca conseguimos ler um livro com a mente em branco. As nossas leituras são feitas tendo em consideração a nossa carga emocional, as nossas vivências, valores e características de personalidade. Uma bagagem que, inevitavelmente, condiciona a forma como interpretamos e acolhermos a histórias.
Apesar de tudo foi uma boa leitura para dias quentes, que não exigiu muito do meu espaço cognitivo e que me divertido em doses mais modestas. Contudo, terminei com a certeza de querer continuar a ler livros da escritora.
Já eram muitas as saudades de partilhar os meus devaneios literários contigo. Prometi que iria voltar aos poucos, e é isso que estou a tentar fazer
Ler livros do género onde se encaixa o Palavras amargas é, para mim, o equivalente a ver uma boa comédia romântica. São livros com uma narrativa divertida, pautada por momentos de humor e com muito amor à mistura. Apesar da leveza das histórias e da tonalidade descontraída associada a estes livros, há também espaço para abordar assuntos mais sérios, como por exemplo, no caso deste livro, a doença e o luto associado ao fim das relações. São dimensões com impacto na dimensão psicológica das personagens e que acabam por dar alguma profundidade à história.
Este livro começa com um bilhete com uma mensagem romântica preso a um vestido de noiva, que está à venda numa loja em segunda mão. Charlotte cruza-se com ele e começa a divagar sobre as intenções e os sentimentos por detrás daquele bilhete. Para ela, aquele bilhete significa a existência de um tipo de amor que ela ambiciona para si própria. É claro que, nestes livros, o destino é generoso e acabou por levá-la ao autor de tal gesto, o Reed.
A partir daqui vamos conhecer uma Charlotte bastante insistente e persuasiva e um Reed cauteloso. Estes comportamentos são bem explicados pela personalidade de cada um e também pelas vivências que cada um coleciona na sua história de vida. Charlotte é mais descontraída em relação ao seu passado; já Reed experimentou um conjunto de acontecimentos que o deixaram mais cauteloso e influenciaram a forma como ele escolheu viver.
É na tentativa destes dois se equilibrarem que o leitor descobre a mensagem que Charlotte e Reed acabam por oferecer: é importante aproveitar cada um dos momentos da nossa vida, independentemente deles serem ou não para sempre. Alimentar o encanto pelas coisas que a vida oferece, independentemente do tempo de duração das mesmas é algo que acrescenta valor ao ser humano, o deixa mais capaz para enfrentar situações menos positivas e o torna mais resiliente.
Aqui está um bom livro para ler de forma rápida, onde os momentos de diversão estão garantidos e que permite que a nossa cabeça desligue da realidade mais stressante e cognitivamente mais exigente.
Partilha comigo as tuas impressões acerca deste livro! Também costumas ler livros com uma tonalidade mais divertida? Deixa-me sugestões.
Se há escritora que consegue transformar emoções e sentimentos em palavras é a Colleen Hoover. Todos os livros que li da escritora conseguem carregar uma carga emocional que me liga quase de imediato às suas histórias. Esta característica dos livros é muito importante. É uma forma do leitor trabalhar a sua própria competência emocional.
"Sempre tu" reúne a história de dois olhares: o de Morgan e o de Clara. Estas páginas reúnem os relatos de uma mãe e de uma filha sobre a realidade onde estão inseridas. São relatos marcados pela personalidade de cada uma. Morgan traz-nos uma parte da sua voz adolescente que contextualiza algumas partes da sua voz adulta. A voz de Clara espelha os dilemas, dramas e confusões de uma adolescente.
É um livro preenchido por diferentes formas de amor. Há amores imutáveis, que o tempo não os desvanece; há os que se transformam após uma revolução, tornando-se mais maduros; há os que nascem da inocência, uns com mais brilho, outros que se perdem na luz ofuscante de um sentimento ambíguo. Tantas maneiras diferentes de amar e cada uma com um papel relevante para a história que este livro conta.
O drama é o ponto central do livro. Há um acidente com com Chris, o marido de Morgan e pai de Clara, que origina um conjunto de transformações. Não foi muito difícil adivinhar a linha narrativa que iria orientas as dinâmicas de algumas das personagens. Os acontecimentos são previsíveis, mas a forma como eles são contados transformam-nos num desencadear muito diversificado de emoções. É esta componente emocional que anula o possível aborrecimento que as coisas previsíveis podem originar.
O drama assenta no desmoronar de uma vida que se acreditava alinhada. É interessante olhar para a Morgan e vê-la a desconstruir as suas escolhas e os acontecimentos que marcaram a sua existência. Há ali uma história paralela que merecia ser contada. Eu queria ter sabido o conteúdo daquelas cartas e daquelas postais. Gostava de conhecer o outro lado da história. Estes elementos causaram-me alguma frustração. Ficou demasiado espaço para a imaginação e muitas interrogações.
E, enquanto tudo à sua volta ruía, Morgan revirava o seu interior para atender às necessidade da sua filha. Clara, qual adolescente rebelde, assumiu uma postura um pouco mimada e egocêntrica. A interação entre estas duas pode originar alguma momentos de frustração. Muitas vezes me apeteceu saltar para dentro do livro e oferecer um banho de humildade à Clara, mas sabia que a autora iria ser capaz de enquadrar os momentos de tensão que estas duas protagonizaram.
Com Miller, Clara tem uma postura mais adulta. Porém, nos momentos em que se deixa consumir pela raiva que alimenta em relação à mãe, ela transforma-se num ser um pouco desprezível e choca com a serenidade do Miller. Miller é um rapaz mais carismático do que aquilo que inicialmente parece. Aquele capítulo final onde ele despe toda a sua alma é bastante emocionante. Foram das cenas mais bonitas que eu já li em livro.
A leitura é viciante. Há muito dinamismo na narrativa o que torna a leitura muito fluída. Foi uma excelente leitura de férias.
Tenho andado mentalmente casada, fruto de um trabalho mais intelectual. Sinto que este cansaço não é muito benéfico para a leitura. Níveis de atenção mais baixos, menos capacidade para assimilar conteúdo... Um cocktail um pouco prejudicial para quem gosta de se perder num livro. Perante este estado emocional, há pessoas que gostam de deambular pelas redes. No meu caso, só me apetece ver televisão e pegar em livros mais leves, descomplicados e a atirar para um lado mais romanceado. Conclusão, o livro "Duquesa do meu coração" foi a leitura certa para estes dias de stress. Consegui focar a minha atenção, consegui avançar na leitura a um ritmo simpático e fiquei inundada da sensação positiva que só uma bonita história de amor é capaz de deixar.
O livro tem um lado leve e cativante, mas trata de um tema muito sério. Jillian conheceu um lado negro do casamento e, assim que lhe foi possível, revestiu-se de coragem e enfrentou a sociedade conservadora da época. Foi importante ler sobre estas dinâmicas e perceber de que forma a afirmação pessoal da Jillian colidia com os ideias esperados para uma senhora naquela época. Além disto, a Jillian também deixa outra lição nem sempre o ataque ou uma postura marcada pela hostilidade é a opção ideal para se vingar dos sentimentos menos positivos.
Outro aspeto que também gostei particularmente neste livro foi a amizade de Jillian com Case. Só por si, esta amizade constituía um desafio às normas sociais da época. A relação foi bem desenvolvida e ofereceu um tom ainda mais doce à história e à felicidade final.
É claro, este livro tem de ter um romance a deslizar nas páginas. Inicialmente, estava um pouco reticente à forma como tudo se estava a desenvolver. Acho que foram as páginas finais e a atitude de Justin que conquistaram o meu coração.
Nem tudo neste livro e no desenrolar da narrativa é surpresa. Há uma linha narrativa que é particularmente previsível, mas isso não afetou a minha diversão na leitura nem interferiu com a minha capacidade de apreciar os factos e ficar feliz com desfecho de tudo.
Será uma série para seguir. Penso que o Case também terá direito a um livro dedicado ao seu universo. E eu gostei tanto do Case que também o quero ver a provar a doçura que só um amor correspondido pode oferecer.
Os livros de Chris Carter são escritos de forma uma forma que eu apelido de inteligente. São narrativas extremamente bem construídas, com uma sequência de acontecimentos bem encadeados e que revelam um enredo complexo e extremamente viciante. Sim, eu vicio nestes livros logo nos primeiros capítulos! Há ali uma escrita que é especial. Traz imagens muito vívidas e concretas dos acontecimentos e isto permite-me uma experiência de leitura muito gráfica.
Estes são denominadores comuns a todas as obras que li deste escritor. Eu não li esta série pela ordem de publicação. Comecei no quarto. São livros que podem ser lidos de forma independente, mas a leitura pela ordem de publicação permite-te um conhecimento mais gradual das personagens residentes. Pessoalmente, o facto de conhecer o Robert Hunter de obras posteriores fez-me olhar para o seu desempenho neste livro de uma forma mais reticente.
"O assassino do crucifixo" traz-nos um assassino perfeito. Comete os seus crimes sem deixar uma única pista útil aos investigadores. Como te disse atrás, o escritor tem um talento especial para complexificar as situações. Neste livro, a complexidade revela-se nos pormenores inerentes à investigação, na construção dos crimes e na pessoa responsável por semear aquele terror. Foi engraçado que, ao contrário do que senti noutros livros da série, neste eu estava particularmente ansiosa por saber quem era a pessoa que andava por ali a espalhar o terror e qual as suas motivações. Nos outros livros da série, estava mais curiosa em saber qual o próximo passo do(a) criminoso(a) do que propriamente saber quem foi responsável pelos crimes.
Quando a pessoa responsável pelos crimes foi revelada eu senti-me ligeiramente defraudada. O Robert Hunter que eu conheço de outros livros não teria sido tão ingénuo. O problema é que não te consigo explicar melhor porque não quero dar-te nenhum spoiler e estragar-te a leitura. Provavelmente, quem já leu deve conseguir perceber o que é que eu quero dizer. Acho que ele foi um atentado à inteligência deste homem.
Apesar deste pequeno incidente, o livro merece ser lido. Tenho a certeza de que os fãs do género deliram com este livro e os menos fãs encontram aqui uma história que os possa tornar fãs. Porém, acho que o livro só poderá ser um pouquinho problemático para pessoas mais sensíveis. As descrições deste livro, por vezes, obrigam a pausar a leitura para recuperar a orientação.
Gostas de policiais? O que é que achas dos livros desta série e deste em particular?
Não há nada tão pessoal como a forma como cada ser humano escolhe lidar com a dor emocional. Gerir emoções negativas é um processo individual e que obedece a leis muito próprias. Infelizmente, o julgamento social sobre o comportamento adotado na hora de lidar com emoções tristes ainda está muito presente.
A gestão emocional é um dos assuntos mais profundos retratados neste livro. É interessante perceber que um assunto tão sério é abordado de forma muito inteligente recorrendo a um tom divertido e descontraído. Esta forma descontraída de abordar coisas séries parece ser uma característica muito pessoal de Beth O'Leary.
Eileen e Leena, avó e neta. Mantêm uma relação especial, mas as respetivas vidas precisam de uma certa agitação. Eileen tem sede por conhecer a vida na cidade, Leena precisa de sair da ilha para ver a ilha. As duas acabam por trocar de lugares: Eileen vai para a casa da neta em Londres e Leena vai para a casa da avó que fica numa zona mais rural e cheia de particularidades. Cada uma, à sua maneira, me ofereceu momentos muito divertidos. O quotidiano de cada uma delas é cheio de peripécias que conjugam um lado divertido com um lado mais sério relacionado com o luto, superação e auto-conhecimento.
A questão do auto-conhecimento é um elemento muito forte neste livro. Acho que todas as personagens o vão desenvolvendo à medida que a narrativa avança. Eileen olha para a cidade e vê nela apenas um espaço para bons momentos. A sua passagem por Londres permitiu que ela apreciasse de outra forma a sua vida num lugar mais pacato. Aprendeu imenso na sua vida na grande cidade, conseguiu levar o seu espírito comunitário para o meio da selva citadina e soube olhar para dentro dela com outros olhos. Leena foi quem mais cresceu. Conseguiu ver para além da agitação dos seus dias, esforçou-se por aceder ao coração de um conjunto de pessoas que passou a ser importante para ela. Identificou os seus limites e as suas necessidades, redefiniu sonhos e atribuiu um novo significado ao amor romântico.
Há um grupo de idosos super divertido que confere à história uma dinâmica muito interessante. Também a vida deles é um equilíbrio entre o lado engraçado da vida e o lado sério e com problemas urgentes para serem resolvidos.
Foi bom descobrir uma esta autora. Li o livro numa altura em que necessitava de uma história com uma mensagem positiva e com um final feliz. Este tipo de livros é uma "vacina" contra os dias taciturnos e problemas pessoais que me obrigam a reagir. "A troca" foi um "aspirador" mental das más energias. Fiquei com imensa vontade de ler mais livros da escritora.
Já leste algum livro desta escritora? Qual foi a impressão com que ficaste da leitura?
"As gémeas do gelo" é loucura do início ao fim. As personagens têm um nível de doidice que eu nunca encontrei noutros livros. É tudo maluco, adultos e criança.
Para mim, o tema central do livro é o luto patológico. Associado a este luto estão as relações humanas que se vão deteriorando. Não é fácil lidar com a perda de um filho, não é fácil perder-se a irmã gémea. Acho que o livro tentou mostrar essa dificuldade, oferecendo ao leitor um conjunto de acontecimentos sinistros e dando o protagonismo a personagens que são demasiado más para parecer reais.
Senti falta de alguma "normalidade" emocional nos pais. E cheguei a um momento da leitura em que estava demasiado baralhada com os acontecimentos para aproveitar a história e me embrenhar nos acontecimentos. Foram demasiadas dúvidas lançadas em torno da gémea que sobreviveu. Tudo se foi tornando um pouco aborrecido, confuso e repetitivo.
Apesar deste embrulho de coisas em que o livro se foi tornando, o meu lado mais mórbido continuava agarrado ao livro de forma a descobrir o que é que de facto se tinha ali passado. É um livro que nos oferece uma história negra, como uns toques de sobrenatural e terror. Acho que foi escrito com o intuito de nos baralhar as ideias e de mexer com a sugestionabilidade de quem se atreve a lidar com tanta doidice.
Ficou pouco da história, mas quero conhecer outras obras do autor para formular uma opinião mais consistente.
Perante estes dias de incerteza o melhor que podemos fazer é pegar num livro descontraído e bem humorado. Por isso, nada melhor que um livro da Tessa Dare.
Até ao momento só li dois livros desta escritora, mas o balanço é bastante positivo.
"O Duque da Ruína" trouxe algumas surpresas em termos das personagens. A personagem feminina, Penny, tem uma paixão por animais. Foi dos elementos que mais gostei no livro porque permitiu-me conhecer melhor a Penny, assim como defini-la em termos de personalidade. E através desta paixão pelos animais que sobressai o seu talento para cuidar de todos os que estão à sua volta. Penny é também um rapariga inteligente, pelo que tive pena que isso não sobressaísse mais em termos de narrativa. A autora reduziu-a muito à sua condição de cuidadora.
Gabriel carrega um passado um pouco tortuoso. Quer manter a sua imagem de homem frio e racional, mas a forma como ele descobre o amor e a importância dos afetos acaba por dar a conhecer um bom com muitas qualidades relacionais.
Há momentos de amor. Há muitos episódios caricatos que despertam o riso. Aliado a este aspeto mais cómico e ligeiro, muito próprio deste género de livros, surge um elemento mais sério que surgiu na vida de Penny e que acabou por condicionar o seu comportamento. Este aspeto deixou-me a pensar em aspetos da minha vida pessoal e profissional e em algumas situações que também condicionaram a forma como eu me comportava com os outros e como lidava com as interações sociais. Para quem pensa que estes livros são "ocos" e de onde não se pode retirar reflexões, estão um pouco enganados. Reconheço que são livros mais descontraídos, mas há situações em que o teor da narrativa convida a pensamentos e a reflexões. Pessoalmente, este foi um desses livros. E destas minhas análises e reflexões, nasceu a minha admiração e carinho pela Penny. Acho que seriamos boas amigas.
Em suma, na minha opinião este é um romance de época com os ingredientes essenciais ao sucesso: amor, paixão, diversão e um final feliz.
Nota: Este livro foi-me disponibilizado pela editora em troca de uma opinião honesta. Leitura com o apoio de...
Partilhar a minha opinião acerca do livro "Verity" sem usar spoilers será um verdadeiro desafio. Demorei a conseguir sentar-me e escrever uma opinião acerca do mesmo porque não sabia colocar em palavras a confusão cerebral que se instalou na minha cabeça.
Assim que terminei de ler a última página, o meu primeiro pensamento foi Isto não faz o menor sentido. Desculpem-me a ousadia deste pensamento, principalmente aqueles que vibram e deliram com as obras desta escritora, mas para o perceberem tem de saber duas pequenas coisas sobre mim. Eu não consigo ler um livro e dissociar de mim dois aspetos que condicionam a forma como interpreto as coisas à minha volta. 1) Sou uma pessoa que racionaliza tudo, procuro uma explicação lógica, científica e verdadeiramente possível para grande parte das coisas que me rodeiam (daí a minha dificuldade com os livro de fantasia) e 2) Muitas vezes o meu olhar de psicóloga interfere na forma como interpreto as histórias que me vou cruzando. Muitas vezes consigo desligar estes dois botões mentais. Outras há em que eles estão em estado On e colocam o meu cérebro num verdadeiro turbilhão de sinapses.
"Verity" foi um dos livros que ativou estes meus dois lados. Era impossível isso não acontecer tendo uma mulher, Verity, com um perfil psicológico muito particular e um homem, Jeremy, bonito e atencioso com um profundo amor pelos filhos com uma aura de mistério que nos intriga. Se isto já não fosse suficiente, juntamos Lowen, uma escritora tímida com uma imaginação bastante fértil. Claro que tudo foi cuidadosamente apimentado de tragédias e dramas capazes de fazer parar o cérebro. Digam lá se eu não tinha aqui um cocktail explosivo para o meu cérebro "psico-racional".
A leitura foi compulsiva e sempre com a certeza que tinha desvendado tudo sobre a Verity (que, em alguns momentos levou a minha memória até à Amy, a protagonista do livro "Em Parte Incerta"). Lia na expetativa de constatar como é que toda aquela loucura iria terminar. A narrativa foi construída de forma muito interessante pois tudo adensava o mistério e a expetativa que pairava sob aquelas personagens. Até os cenários físicos onde as personagens se moviam estavam em congruência com o lado negro que a escritora quis passar ao leitor. No meu caso, eu imaginei sempre aquela casa e aquele lago envoltos em neblina e com um ambiente marcado pelo cinzento. Aliás, todos os cenários que davam corpo às cenas eu imaginava-os como sendo passados em dias nublados. A meu ver é uma boa ilusão de ótica que as palavras da escritora criaram na minha cabeça. Friso que isto é um único produto da minha imaginação. A história não dá indicações precisas sobre o estado do tempo, mas como já vos expliquei mais atrás a minha atividade cerebral é um bocado estranha (nada temam, apesar de estranha é completamente funcional).
E foi neste embalo cinzento que fui até às últimas páginas e atiraram por terra todo o meu raciocínio lógico, muito bem construído e alinhado. Aquele fim dá aso a uma infindável panóplia de interpretações. É um final aberto que deixa espaço à nossa imaginação e à nossa sensibilidade emocional e racional. Eu acreditei na Verity! Isto porque, para mim, era racionalmente impossível as coisas se terem passado de outra forma. Só temos acesso à sua visão dos factos, não sabemos como Jeremy interpreta a sua vida. Porém, depois de ler aquelas últimas páginas era, para mim, racionalmente impossível viver-se com uma pessoa sem lhe conhecer alguns lados mais obscuros (a não ser que andássemos muito cegos em relação às pessoas com quem lidamos). Acho muito pouco provável que Jeremy não conhecesse a verdadeira essência da sua esposa, principalmente no que se refere à forma como cuidada e olhava pelos seus filhos. Apesar de tudo, tenho uma vozinha interior que não deixa que o meu cérebro desligue e o coloca a pensar no lado oposto desta minha interpretação. E isto é uma sensação horrível! Não permite que o livro fique simplesmente arrumado na nossa memória.
Tendo em conta esta minha minuciosa descrição acerca do livro, devem estar a perguntar-se "Então, se sentiste isto tudo, porque é que apenas deste 4 estrelas ao livro?". É uma questão muito legítima. Eu gostei muito do livro, foi uma leitura desafiante em termos de interpretação... Contudo faltou-me algo que me encaminhasse para um desfecho mais concreto. É uma questão de gosto pessoal. Tenho a certeza, que os leitores que são apaixonados por finais em aberto irão delirar com o desfecho do livro. No meu caso, deixou uma imensa frustração.