Comecei esta leitura com uma enorme vontade de desbravar intensamente aquelas páginas. Os livros anteriores que li de Victoria Hislop deixaram boas recordações e estava curiosa para ver o que este livro reservava.
Longe de ser um leitura compulsiva, Hotel Sunrise convida a uma leitura mais lenta e mais atenta. O início foi um pouco confuso para mim. Estava a custar-me imenso envolver-me com a história, estava com dificuldades em compreender e assimilar o contexto histórico a que o livro reportava e não me estava a sentir muito cativada com o conteúdo daquelas páginas.
Perante estas dificuldades a leitura avançou devagar e de forma pausada, numa tentativa de amar a história. Paixão, já não iria acontecer, mas o amor poderia nascer da relação com aquelas palavras. E o amor apareceu. Não foi intenso, não foi fulminante e não me arrebatou tanto como aconteceu nos outros livros. Foi um amor confortável e aconchegante e que me levou a pesquisar sobre Famagusta.
Famagusta é a cidade onde grande parte da ação narrativa se desenrola. É uma cidade Cipriota, muito relacionada com o turismo. A descrição da cidade é maravilhosa e dá vontade de mergulhar os pés naquela água. Associa a esta cidade temos o Hotel de luxo Sunrise, os seus proprietários Aphroditi e Savvas e, dos vários empregados destacam-se elementos de duas famílias com origem distintas. Os cipriotas turcos e os cipriotas gregos.
Eu tinha um desconhecimento total acerca da história do Chipre e penso que isso dificultou um pouco a minha compreensão inicial. Apesar de as coisas se irem clarificando à medida que a narrativa avança, ainda ficaram resquícios de dúvidas e coisas por esclarecer. Claro tudo porque não sei nada acerca das origens deste pais e em como ele foi construído.
Conseguimos perceber as rivalidades, que são mais alimentadas pelo políticos do que pelos habitantes (como deve ser na maioria dos casos) e vamos acompanho as vidas pacatas das personagens até que a guerra se instala. E é a partir daqui que o livro ganha outra dimensão para mim. Foi aqui que o amor nasceu. Passei a perceber melhor as personagens, apesar de terem ficado lacunas na caracterização de Afrodite de Savvas. São duas personagens importantes, mas que são pouco desenvolvidas. Aphroditi é uma mulher que vai aprender a confiar nos seus instintos da pior maneira possível. Tive pena de ela e Savvas terem sido um pouco desprezados no fim. Parece que a autora os queria despachar e não nos deixou grandes pormenores.
É interessante ler sobre as movimentações de guerra e sobre as estratégias de sobrevivências das pessoas. De que forma a nossa personalidade se modifica só para garantir a nossa sobrevivência e há aqueles que apenas a tentam esconder para que depois de se revele da pior maneira.
Apesar de ter gostado do livro reconheço que ele poderá não ser do agrado de todos os leitores. O início um pouco lento, a falta de conhecimento em relação ao contexto em que a história se desenrola e as personagens pouco desenvolvidas poderão levar alguns leitores a desistir, o que é uma pena. Insistiam um pouco para descobrirem o outro lado da narrativa, um lado que nos prende e nos deixa curiosos.
Autor: Victoria Hislop Ano: 2008 Editora: Civilização Editora Número de Páginas: 460 páginas Classificação: 4 Estrelas
Sinopse
Nas ruas calcetadas de Granada, sob as majestosas torres do Alhambra, ecoam música e segredos. Sonia Cameron não sabe nada sobre o passado chocante da cidade; ela está lá para dançar. Mas num café sossegado, uma conversa casual e uma colecção intrigante de fotografias antigas despertam a sua atenção para a história extraordinária da devastadora Guerra Civil Espanhola.
Setenta anos antes, o café era a casa da unida família Ramirez. Em 1936, um golpe militar liderado por Franco destrói a frágil paz do país e, no coração de Granada, a família testemunha as maiores atrocidades do conflito. Divididos pela política e pela tragédia, todos têm de tomar uma posição, travando uma batalha pessoal enquanto a Espanha se autodestrói.
Cativante e profundamente comovente, o segundo romance de Victoria Hislop é tão inspirador como o seu romance de estreia e bestseller internacional A ilha.
Opinião O Regresso é o segundo livro que leio de Victoria Hislop e não me desiludiu. Apesar de ter gostado mais do primeiro, este conseguiu cativar-me o suficiente para lhe atribuir a mesma pontuação. Este livro leva-nos numa viagem a uma Espanha marcada pela Guerra Civil e envolve-nos na história de uma família que vive de perto as consequências e as injustiças desta guerra.
O livro inicia-se com a história de Sonia, uma mulher que passa por alguns problemas no seu casamento e onde uma das suas poucas alegrias são as danças latinas, mais em concreto a salsa. E é numa viagem a Espanha que ela acaba por encontrar o seu caminho e as respostas às suas dúvidas e tristezas.
Em Espanha ela ouve atentamente a história da família Ramirez. Uma família que sofre enormes perdas ao longo do tempo, mas que consegue manter a sua integridade e os seus ideias. Gostei muito dos progenitores desta família, principalmente da mãe Concha. Eram pessoas cheias de força e de coragem, e Concha é a grande representante dessa coragem. Aprecia as felicidades da vida da mesma forma que aguenta estoicamente as vergastadas que a vida lhe dá e fazem curvar, mas nunca cair. Em relação aos filhos, houve um que destacou pelo lado negativo, o Inácio. Um homem frio e cruel que me levou a odiá-lo, ainda tinha a agravante de ser toureiro (não gosto de touradas e sou contra, não consigo ver espectáculo naquilo). Mercedes era a única filha mulher desta família e uma das grandes protagonistas do livro. Apaixonada pelo flamenco. Toda ela respira dança é a sua grande motivação e aquilo que a faz sonhar. É com esta grande paixão que ela descobre uma outra, Javier, um tocador de guitarra. Gostei muito das passagens em que Mercedes dançava. Ficava fascinada com tudo e principalmente com a facilidade com que a escritora passou para o papel a entrega que ele dava a dança. Era como se a estivesse a ver dançar! Infelizmente, o romance dela com Javier não me convenceu. Não me senti enfeitiçada pela paixão destes dois. Acho que não transpareceu a intensidade que a escritora pretendia que passasse. Na minha opinião, para que essa intensidade passe teria de ter havido mais momentos no livro que passassem a relação dos dois.
Houve aspectos descritivos em relação à guerra que me aborreceram um pouco. Acho que, muito facilmente, a escritora podia resumir para menos páginas e tornaria a leitura mais fluída e menos aborrecida.
Houve uma aspecto no livro que me desiludiu um pouco. É confuso eu explicar-vos o que de facto aconteceu sem meter aqui um grande spoiler, coisa que eu não quero fazer. O ponto chave da narrativa é revelado no livro duas vezes. A primeira vez penso que foi um pequeno lapso da escritora, porque umas páginas à frente é que ele revelado com toda a intensidade que merece (apesar de ser fácil para o leitor descobrir muito antes).
Qual é vossa opinião? Nos vossos caminhos pela leitura já se cruzaram com Victoria Hislop? Espero que sim porque vale a pena ler um livro dela. Se ainda não leram nada, marquem um encontro numa paragem ao longo desse mágico caminho!